Manifesto Cultural das Terras de Miranda já chegou ao governo

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Ter, 11/08/2020 - 10:29


O Manifesto Cultural das Terras de Miranda já foi entregue ao Governo e estão a ser marcadas reuniões, entre as Associações que lançaram o manifesto e os governantes, para o próximo mês. José Maria Pires, um dos fundadores, fala de “injustiça” quando o tema é receitas geradas pela venda das barragens de Miranda, Bemposta e Picote.

“Em termos de receita privada, praticamente nada é investido no território. Os impostos não vão para os municípios de Miranda do Douro e Mogadouro, mas sim para o de Lisboa”, referiu José Maria Pires, realçando que, no que toca aos custos da exploração e aos impactos ambientais causados, ficam nas terras de Miranda. Outro dos problemas avançados pelos responsáveis do município é a falta de emprego, que poderia ser reduzida caso a riqueza das três barragens seja “justamente distribuída” e “partilhada por todos”. “Quem paga esta injustiça são os jovens da terra de Miranda, porque como não há investimento na terra de Miranda, não há emprego e os jovens têm que emigrar. Isto é a origem da desertificação”. As associações falam ainda das receitas geradas pela cultura da região de Mogadouro e de Miranda do Douro, que parecem também não ficar na região. “Se contarmos toda a riqueza produzida na terra de Miranda, então o município de Miranda é o sexto mais rico, em termos de PIB, por habitante, do país e o de Mogadouro é o vigésimo quinto. Mas se analisarmos do ponto de vista da riqueza que fica nesta região, então Miranda salta para posição 182 e Mogadouro para 227”, explicou. O Manifesto Cultural das Terras de Miranda foi lançado no mês passado e reivindica que as receitas das vendas das barragens do Douro Internacional, a tributação dos lucros anuais das barragens e o IVA da venda da energia sejam aplicados no território. Estima-se que as barragens de Miranda, Bemposta e Picote produzem 30% da energia eléctrica em Portugal e gerem cerca de 300 mil euros por ano.

Jornalista: 
Ângela Pais