Ter, 01/03/2022 - 14:25
Os caretos voltaram a chocalhar no genuíno entrudo em Podence, Macedo de Cavaleiros. Depois de um ano sem folia, as ruas da aldeia de Podence encheram-se novamente de cor e de visitantes para celebrar o Carnaval. Ao longo do fim-de-semana, foram muitos os visitantes que quiseram ver de perto facanitos e caretos. Depois do reconhecimento pela Unesco como Património Cultural Imaterial da Humanidade, a curiosidade aumentou ainda mais para conhecer esta celebração. Cristina Cruz veio do Porto para ver ao vivo esta tradição. “Já tinha ouvido falar, Olga Telo Cordeiro é Património Imaterial da Unesco”, mas nunca tinha visto ao vivo. “É a primeira vez que venho cá e estou a gostar muito, é bastante tradicional e pitoresco, não parece uma coisa bastante “turistificada””, afirmou. António Torres de Pontevedra, Espanha, teve curiosidade para conhecer o entrudo chocalheiro depois de ter sabido da realização através das redes sociais. “É a primeira vez que vimos, estamos a gostar muito. É muito bonito, chegamos de manhã cedo e estamos a ver tudo, a disfrutar do ambiente, valeu a pena a viagem e acho que vamos repetir”, afirmou. Carolina Guimarães veio com a família da Maia “por ser diferente”. “Nunca tínhamos vindo e queríamos conhecer”.
“Todos os anos vemos na televisão, esta ano calhou numa data simpática e acabamos por vir. É muito giro, uma animação e a aldeia em si também é muito bonita, bem decorada e cuidada”, sublinha. Apesar de o ano passado, o entrudo ter sido assinalado de forma simbólica, os habitantes e caretos já tinham saudades de voltar a ver as ruas cheias nestes dias. “Faz parte da tradição desta aldeia, se não tivéssemos carnaval não havia esta alegria pelas ruas aqui de Podence. Assim temos mais visitantes, melhora a economia local e é bom para toda a gente”, sublinha Rui Mota, habitante de Podence e que abriu a sua casa para vender produtos à base de castanha. “Para além de ser um contributo financeiro para as pessoas daqui e que exploram aqui os espaços, é sempre uma alegria receber bem quem nos visitas”, conta Luís Rodrigues. Na aldeia de Podence, há 17 tabernas e algumas pequenas bancas de comércio para venda de lembranças e produtos locais. “Fazemos alguma comida tradicional aqui na tasca do mineiro, javali, posta e costeleta”, conta Luís Rodrigues, que é careto há cerca de 40 anos. O regresso dos visitantes também anima a economia local, destaca o presidente da junta de freguesia de Podence e Santa Combinha, João Alves. “Os alojamentos estão cheios, a restauração a mexer bastante, está a vir muita gente em relação àquilo que esperávamos, está até a ser um bocadinho melhor”, afirma. Ainda sem receber enchentes como no pré pandemia, o número de visitantes, numa altura em que se retomam algumas iniciativas que junta mais pessoas, superou as expectativas da organização. “É uma enchente, não estávamos a contar com tanta gente”, salientou António Carneiro, presidente da Associação de Caretos de Podence. No sábado eram já muitos os visitantes que foram ver os facanitos, domingo foram ainda mais os que quiseram conhecer de perto os caretos de Podence. “A marca Caretos de Podence é uma referência a nível nacional, é um Carnaval genuíno e cada vez atrai mais visitantes de norte a sul do país e da vizinha Espanha, inclusive”, afirmou.