À roda dos tachos

PUB.

Qua, 21/02/2007 - 16:34


Não revela o seu segredo, mas avança com parte dos condimentos e ingredientes que fazem do seu fumeiro um produto muito requisitado durante o certame que Vinhais dedica aos enchidos.

Aos 59 anos, Isabel Gonçalves, oriunda de Nunes, no concelho vinhaense, confessa que não se recorda da idade em que começou a fazer fumeiro. “Já nasci neste ambiente e tudo que sei, aprendi com a minha mãe e com a minha sogra”, referiu.
Desde então, fabrica fumeiro para consumo próprio e para vender ocasionalmente, como aconteceu na última Feira do Fumeiro de Vinhais. “Normalmente, só faço para comer em casa, mas alguns anos venho vender para aqui”, explicou a produtora.
Este ano, a chouriceira notou alguma queda no número de compradores mas, mesmo assim, vendeu a produção quase na totalidade. “Vendi muito e, se tivesse clientes durante todo o ano, preferia fazer fumeiro para vender do que andar na lavoura. É um trabalho melhor”, confessou Isabel Gonçalves.
Todos os anos, “mata” três ou quatro porcos, que são desfeitos e transformados em enchidos. “Demoro cerca de oito dias para deixar tudo pronto, mas tenho ajuda das minhas filhas ou de uma vizinha ”, explicou a chouriceira.

Todos os anos, Isabel Gonçalves “mata” três ou quatro porcos que são desfeitos e transformados em enchidos

Os salpicões e as chouriças de carne são fabricadas a partir da “adoba” preparada com vinho, alhos, orégãos e água, entre outros ingredientes não revelados. A carne fica nesta mistura a “marinar” durante dois dias para serem introduzidos nas tripas de porco ou vaca. Passados dois meses de fumagem, estão prontos para comer. “Se quisermos para assar tiramos antes, mas para ser consumidos crus, têm de ficar um pouco mais a secar”, informou Isabel Gonçalves.
Feitos a partir da carne dos animais de criação própria, a chouriceira realça a qualidade dos seus produtos. “São mais saudáveis, porque os porcos só comem o que eu colho e são alimentados à base de hortaliças e verduras”, assevera a produtora.
Consciente que as técnicas e segredos para fabricar o melhor fumeiro não se aprendem na escola ou nos livros, Isabel Gonçalves não esconde o orgulho por ver que as suas filhas já seguem esta tradição “As minha filhas já enchem como eu e gostava que as minhas netas também seguissem esta tradição”, confessa.