Rural Castanea de Vinhais regressa presencialmente com muitos visitantes

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Ter, 09/11/2021 - 10:14


O regresso às edições presenciais da Feira da Castanha aconteceu este fim-de-semana, depois de o ano passado ter sido assinalada com uma edição on-line

Os expositores mostraram-se satisfeitos por voltar ao pavilhão multiusos de Vinhais e afirmam que a afluência foi boa. “Havia muita expectativa e acho que superou as nossas expectativas, apesar da pandemia, estamos muito contentes de voltar à feira. Houve bastante gente e a afluência foi boa”, afirmou Martina Castro, uma das expositoras, que sublinha que são os turistas quem mais compram os frutos secos e outros produtos que trouxe do planalto mirandês. Miguel Águeda participou na feira com uma banca de enchidos, tal como é hábito desde que existe a Rural Castanea. “Correu bem dentro das possibilidades, as pessoas compraram o que podiam. Este ano, ainda há restrições por causa da covid, claro que noutros anos as vendas foram melhores”, afirma. Adriele Taparica levou produtos de doçaria à base de castanha. “Temos ouriços de castanha, broa de castanha, os brigantinos de castanha, amêndoa, mel e azeite, que têm tido muita saída tal como os pastéis de nata de castanha”, afirma a expositora que diz que é importante voltar às feiras. Milhares de pessoas fizeram questão de visitar a feira por também já sentirem falta deste tipo de certames. “Comprei castanha, noz, fumeiro e azeite. Os produtos são bons, já há muitos anos que venho cá comprar”, afirmou Fernando Cerqueira, um visitante de Amarante, que vende alguns destes produtos num mini-mercado. Além da castanha, que não faltou na feira apesar de algum atraso na maturação, são muitos outros os produtos regionais, nomeadamente de Outono, que são vendidos pelos mais de 75 expositores que marcaram presença no pavilhão multiusos de Vinhais. Ester Almendra, de Macedo de Cavaleiros, foi ao certame atraída pela animação musical e pelas castanhas, no entanto aproveitou para adquirir outras iguarias. “Já provámos queijo, compotas, vamos carregadas. E a animação esteve boa”. A visitante admite que já sentia falta deste tipo de iniciativas, “era inesperado até agora, foi muito bom”. Quem também admite que já tinha saudades destas iniciativas é Arnaldo Reis, de Vilar de Lomba, Vinhais, que foi “ver os amigos e passar um bocadinho, vi bastante gente conhecida”. Apesar da pandemia considera que foi “uma boa feira, até ainda foi melhor que nos outros anos, houve muita gente e muito convívio”. António Manuel e Fátima Cerqueira, de Vila Verde, não quiseram faltar à feira e acreditam que “esta edição esteve boa, foi melhor que em outros anos, superou as expectativas de longe”. Nuno Fontoura, de Montalegre, comprou outro fruto seco na feira em que a castanha foi rainha: figos secos. “O que me trouxe a Vinhais foi um passeio, é a primeira vez que visito a feira. Gostei do que vi, gostei do ambiente”, afirma. O presidente da câmara de Vinhais, Luís Fernandes, fez “um balanço muito positivo” deste regresso da feira da castanha, “tendo em conta o contexto”. “Sendo quase o primeiro evento que se realiza no território da CIM de forma presencial superou as expectativas, com muita gente, quer sábado quer domingo, isso deixa-nos muito satisfeitos. Vê-se muita gente de fora do concelho e do distrito, que é um bom sinal em termos económicos, já que dinamiza a economia do concelho. Acho que todos tínhamos muita necessidade de desconfinar”, destacou. Na feira participaram 90 expositores, no exterior, e outros 75, no pavilhão, houve ainda animação musical, jornadas técnicas do castanheiro, uma montaria, um encontro micológico, demonstrações culinárias e equestres, uma chega de touros de raça mirandesa e o Magustão da Família do Tio João, da Rádio Brigantia.

Contrariar efeitos das alterações climáticas nos soutos

Nas Jornadas Técnicas do Castanheiro que se realizaram no primeiro dia da feira, 5 de Novembro, as consequências das alterações climáticas nos soutos e medidas para adaptar as culturas que mesmo na região já são afectadas por estas questões. “Não é só a altitude que é um factor, o nosso souto é das grandes altitudes e é dos que está a ter mais problemas em desenvolvimento. Além da temperatura, há os ventos fortes, que secam e desidratam as plantas, os solos”, refere Abel Pereira da Arborea - Associação Agro-Florestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana, que em conjunto com o IPB e a UTAD, está a participar em dois projectos de estudo sobre as alterações climáticas nos soutos. “Nos últimos 30 anos, há muitas alterações, nota-se que continuamos a aumentar a área de castanheiro e a produção diminui”, explica o técnico. Para a diminuição da rentabilidade também não são alheias as doenças e pragas. As próximas acções dos projectos que já estão no terreno passam por “estudar, estudar, estudar”, mas algumas das soluções para combater estes problemas são apostar em “plantas mais resistentes” e “práticas culturais que permitam reduzir o impacto nas culturas”, como cobertos vegetais e sistemas de regas. O secretário de Estado e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, que marcou presença na inauguração do certame, referiu que “é necessário continuar a fazer um investimento na reabilitação dos regadios e em novos” e considera que será preciso “assegurar maior eficácia das técnicas de rega”.

 

Fernando Cerqueira- Amarante- “A feira esteve muito boa. Já há quase dois anos que não tínhamos feiras, por causa do covid, foi um bocado difícil, agora fiz questão de vir.”

Isilda Gonçalves- Expositora- “É o primeiro ano que participo, trouxe muita castanha e teve procura. O meu filho cismou que tinha que vir à feira, tinha lá muitos produtos e não fácil vendê-los, como o mel e frutos secos, cabritos, com a pandemia foi pior.”

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro