Vigo, Ourense, Chaves, Bragança e Zamora

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Qua, 21/02/2007 - 16:31


Já não é a primeira vez que falo deste tema por pensar que o transporte ferroviário é o mais barato e menos poluente e aquele que mais vantagens traz a toda esta região.

Não consigo entender que se tenha acabado com o transporte ferroviário no distrito de Bragança. Sabemos que não poderíamos continuar com os comboios e as linhas que tínhamos, mas devíamos e podíamos ter construído outras. A linha do Tua, depois do triste acidente que vitimou três pessoas, deve ser recuperada e devem ser criadas as condições necessárias para a sua segurança, tornando-a numa mais valia a nível turístico, já que a paisagem que nos é dado contemplar é das mais belas do mundo.
Com o incremento do comboio de alta velocidade – TGV, que prevê a ligação entre Lisboa, Porto e Vigo e daí para o resto da Europa, é necessário apostar em linhas secundárias de ligação a qualquer das estações referidas. Por essa razão e para fazer uma aposta efectiva no desenvolvimento do norte/nordeste de Portugal e das regiões transfronteiriças da Galiza e Castela e León, sugiro que se construam linhas que façam a ligação entre Vigo, Ourense, Chaves, Bragança e Zamora.
Estas ligações luso-espanholas terminariam nas estações do TGV em Vigo, no Porto e em Lisboa.
Obviamente seria necessário construir também uma linha que ligasse o distrito ao Porto e outra ainda que ligasse o sul do distrito à linha de Celorico e daí até Lisboa.
Pode parecer uma ideia megalómana mas parece-me que é uma ideia que visa o desenvolvimento de uma das regiões mais pobres da Europa comunitária.
Somos, quase, filhos de ninguém, o que na realidade se traduz pelo abandono quase absoluto e pelo descaso mais ostensivo que se possa imaginar.
Podemos dizer que a culpa também é nossa e será; no entanto, não estamos sozinhos neste tribunal do acaso. O poder central e os nossos governantes, deveriam, antes de qualquer outra atitude, definir o que desejam para este país. Se Portugal fosse só litoral, Deus ter-nos-ia dado uma ilha.
O ciclo vicioso em que o país entrou é deveras preocupante. A mentalidade de se desenvolver apenas nos locais onde está mais gente leva a que cada vez mais gente abandone o interior já que as suas perspectivas de vida caminham todas em direcção ao mar.
Como é que podemos pensar que alguma vez os nossos jovens regressem à terra que os viu nascer depois de acabarem o seu curso universitário se não têm a menor hipótese de arranjar trabalho?
Como é que podemos pensar em gerar postos de trabalho se todos os grandes projectos estão e são encaminhados para o litoral?
Como é que podemos chegar mais rapidamente aonde é necessário ir se este é o único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada?
De que nos serve estarmos mais perto da Europa se não nos permitem tirar partido dessa proximidade?
O comboio é uma mais valia para esta região e esta linha por mim sonhada pode potenciar esta região luso-espanhola e mudar a vida dos largos milhares de pessoas que aqui habitam.
Que o síndrome da pescadinha de rabo na boca seja um pesadelo de uma noite de Verão e que possamos, finalmente, caminhar a passos largos para um país onde todas as regiões estejam ao mesmo nível de desenvolvimento e não sejamos obrigados a migrar para regiões onde as condições de vida se degradam de dia para dia.

Marcolino Cepeda