O País de Pernas Para O Ar

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O poeta, jornalista e escritor para crianças escreveu um delicioso livro com o título que surripiei para dar nome a esta crónica e, que caracteriza exemplarmente o País nos tempos correntes. Só de pernas Para o Ar a Pátria Portuguesa pode suportar a generalizada gritaria que nem num dia de feira em Bragança nos tempos idos no Toural onde se apregoavam as qualidades de cobertores e atoalhados, por o Sr. António Costa aparecer qual Fantasma da Ópera numa comissão de honra de colorido do meu clube. O Benfica. Só na Pátria do Diabinho da Mão Furada, tunantes de tomo é possível entender fugas de informação e julgamentos populares de processos judiciários ainda não julgados ficando os visados piores que o mártir S. Sebastião no pelourinho mediático. Apenas neste País à beira-mar plantado temo o privilégio de saber como a ministra da Saúde cortou a cabeça da princesa algarvia Jamila, tão destramente quanto a Dama de Copas saída da toca da Alice no País das Maravilhas. Fazendo todos nós parte desse maravilhoso País não espantamos ante a verborreia de JJ, sim o regressado do sertão de cimento brasileiro de novo envergando a capa de ilusionista pago principescamente. Aqui nada espanta, agora andamos entretidos a ouvir as prédicas do émulo do Dr. Mandrake, refiro-me a Costa e Silva mágico na crença milagreira do rejuvenescimento por decreto da população portuguesa e apego auto- -militante dos jovens ao estudo, à disciplina, sem esquecer a prática do normativo sanitário. Se fosse possível o temível caceteiro padre Lagosta José Agostinho de Macedo varreria os palcos das redes sociais tal qual o esquecido Malhadinhas varria as feiras de Lamego a Viseu conferindo perene fama às Terras do Demo. O espectáculo continua feérico e vibrante, o Homem-Hidrogénio, Galamba do brinco, continua a dizer às orgulhosas gentes do Barroso que o lítio vai ser explorado, e muito. A ministra da Agricultura, minha vizinha, apresentou um plano destinado a fazer do denominado interior o território do sol na eira e chuva no nabal, a Dama Pé de Cabra, do Sr. Alexandre Herculano rejubilou, pudera, vai poder tasquinhar nos parques naturais enquanto as avós desapareceram do Gerês e serras adjacentes. As mulheres vão estar representadas nas próximas eleições presidências, Marisa Matias cuja voz quente acicata a memória de Maysa Matarazo, ao invés a estridente de Ana Gomes obriga os pombos a soltarem dejectos apanhando socialistas das várias tendências incluindo a da outra margem do falecido Fonseca Ferreira a quem Miguel Relvas o facilitador muito ficou a dever, prefácios, estudos e lisonjas. Era a vida! O Sr. Ventura granjeia tempo e espaços mediáticos, ele agradece a deferência dos bacocos de serviço e generalistas do óbvio, a História ensina o modo de combater os Venturas, porém, por cá os rapazões das ciências sociais, incluindo o inefável Boaventura Sousa Santos, vivem obcecados com o desejo de obrigarem a rogar de joelhos perdão não se sabe bem de que pecados cometemos muito depois dos muçulmanos sem ousarem abordar o tema. O pastelão lacrimoso Toutinegra do Moinho a par da Rosa do Adro figuram como exemplo de péssima literatura, o Manuel António Pina escrevia primorosamente, as comparações são odiosas, mas não é odioso lermos romances pavorosos dos literatos regionais amantes de se Bem podiam reflectir lendo António Guerreiro às sextas-feiras no Público. Um tronco de negrilho acabou numa escultura de serrote a represei uma fotografia da obra. Hedionda. Os troncos de negrilho em casa da minha avó materna geravam deliciosas repolgas. Uma coisa é o bom gosto gastronómico, outra, a do gosto bastardo dos émulos do crítico de Apeles. Esculpir e escrever com os pés só os desaparecidos tamanqueiros. O nosso vizinho Zé do Telhado viveu antes do tempo, ele não passou de ladrãozeco de estradas e caminhos na zona do Marão, ora e agora empregaria a astúcia em sugar centenas de milhões de euros digitalizando (a panaceia da moda) ordens de saque sem custo, o custo do processo judicial não passava de propina (gorjeta) aos operadores judiciários lendo O Bispo e o Juiz de Hall Caine autor conhecido nos anos sessenta do século em que o Homem pisou a Lua deserta porque os lunáticos tinham emigrado para Portugal pois de «já de cima» o rectângulo lusíada dava a impressão de ser local aprazível, despido de truques de suborno, golpes no baú e cauteleiros operacionais na candonga. O Jarry (sem leitores) aconselha a não continuar a crónica, no entanto, prometo escrever outra assinalando o dogmatismo de jornais e jornalistas pomposos que ao contrário de Ferreira Fernandes preferem a caixa de ressonância ao fósforo, o Manuel Caetano tinha a fama de ter herdado a caixa, o irmão Marcelo o seu conteúdo.

Armando Fernandes