Os generais milhões.

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A história de Aníbal Milhais, o aldeão de Murça que mercê de feitos heróicos na I Grande Guerra ficou conhecido pelo “soldado milhões” é por demais conhecida, embora não tenha amealhado um tostão que seja. Apenas glória e miséria.
É a história de milhares de portugueses a quem a Pátria, quando menos se espera, tira a charrua das mãos, lhes entrega uma arma e os manda combater para longe da terra e da família. A troco de nada, já se vê.
Como aconteceu com outros tantos milhares que foram levados a combater em África e que por lá deixaram pernas, braços e olhos quando não os ossos todos. Ou que foram trazidos de volta, humilhados e desprezados.
Presentemente, não estamos em guerra, felizmente. Mas também não vivemos em paz porque Portugal continua a lutar pela sua sobrevivência, com os humildes contribuintes empurrados para as trincheiras. Não os que amealham milhões mas os que contam os tostões.
Perdidas que estão, ou em vias disso, as batalhas do BPN, do BPP, do BES e do BANIF, já uma nova se inicia, talvez a mais mortífera de todas - a da Caixa Geral de Depósitos. É a nova guerra da Flandres em que Portugal está envolvido, às ordens de Bruxelas, onde a promiscuidade do poder bancário com o poder político só encontra paralelo na Alemanha de Hitler, o que indicia os piores males para a Europa.
Segundo órgãos de informação confiáveis vários milhares de milhões de euros terão sido requeridos pelo banqueiro que o Governo se prepara para colocar a comandar este novo combate. Um novo general milhões, portanto, que não se propõe ganhar a guerra sem soldados, perdão, sem milhões.
Note-se que, segundo o Governo, não se trata de subsidiar a Caixa Geral de Depósitos, mas de um investimento que o Estado faz. Até dá vontade de rir, ou de chorar que é o mais certo!
Porque, mais uma vez, vão ser os contribuintes a embolsar prejuízos, já que os Estado acabará por não reaver um chavo de tão volumoso investimento.
O mais estranho é que esta operação suicida merece o apoio da esquerda unida, a tal que jamais será vencida. Nem vencida nem vencedora. Acéfala é o que é, se bem que a direita não seja mais escorreita.
Portugal continua, assim, à mercê de gestores de fortunas sem pátria, de generais milhões que salvam bancos mas destroem nações.
E esta guerra de milhões, em que os soldados são os contribuintes, não tem soluções políticas à vista.
Porque os nossos políticos, na generalidade, não prestam. São lixo. Tóxico!
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico por vontade do seu autor.

 

Por Henrique Pedro