Vendavais- Combates desiguais

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Combater é a palavra de ordem sempre que lutamos contra alguma coisa. Gritou-a muitas vezes Napoleão e não foi por isso que venceu todos os combates em que se viu envolvido. Outros grandes chefes o fizeram, não porque lhes soava bem, mas porque enfrentavam grandes batalhas e era necessário estimular os que os seguiam. Era necessário levá-los à vitória. A História está repleta de enormes combates, batalhas memoráveis e, obviamente, vitórias e derrotas marcantes e inesquecíveis. Alguns desses combates foram pensados e avaliados pelas duas partes em presença. Foram combates justos na forma e até nos objetivos, mas muitos foram desiguais pela conjuntura e pelas forças nos campos de batalha. Lembremo-nos, por exemplo, de Aljubarrota que o exército português venceu contra os espanhóis seis vezes mais numerosos que nós. Foi desigual nas forças que se enfrentaram, mas não na determinação e na vontade de vencer. À partida era um combate desigual, mas a vitória caiu para o lado que à partida seria o derrotado. E como este exemplo, muitos outros se poderiam apontar. Hoje os combates são quase todos desiguais, não pelas forças em presença, mas pelos objetivos que deturpam o bom senso e a democracia já que se envolvem numa enorme falta de respeito e responsabilidade. O civismo que tanto gostamos de apregoar, parece fugir do cenário desses combates. Costa ao dar a cara como secretário-geral do PS não pode esquecer-se que é primeiro- -ministro e que não pode confundir os pelouros nem usar as armas de primeiro-ministro para combater como secretário-geral de um partido que se apresenta às eleições autárquicas. Assim, vai distribuindo a sua “propaganda” governativa, esquecendo o dever de “neutralidade” que a CNE lhe exige. Vai esgrimindo as armas que o governo tem, indevidamente, para ganhar votos, como se elas fossem do partido, mas não são. Onde está a imparcialidade? Isto sim, é um combate altamente desigual. Os outros partidos não têm estas armas e resta-lhes acusar Costa de ser imparcial e com razão. O combate que temos enfrentado contra o Covid19 é igualmente desigual. Ele já matou quase cinco milhões de pessoas em todo o mundo e nós não sabemos quantos vírus se conseguiram matar. Será que é possível saber? Não. Mas o combate continua e, ao que parece, estamos a conseguir vencer o inimigo, mas o caminho é longo e desconhecido. Continuará a ser um combate muito desigual e sem fim à vista. No entanto, em Portugal já há 8,1 milhões de pessoas completamente vacinadas. Mas não podemos esquecer que ainda há pelo menos 1.400 funcionários de lares sem estarem vacinados. Irresponsabilidade. Que não precisa de combater muito é Putin pois parece que tem as próximas eleições ganhas antes de tempo. Não tem opositores porque ele os elimina antes que façam estragos irremediáveis. Deste modo, o combate tem vencedor antecipado. Altamente desigual, antidemocrático e irresponsável. O amanhã é sempre imprevisível! Para os lados de Almada já não se passa assim. O combate é entre as duas presidentes, uma que o foi e outra que ainda o é. Aqui parece que o combate é mais ou menos igual e justo. Será que o resultado também o será? A ver vamos. Já no Porto as coisas são diferentes. Ventura, sonhador, quer ganhar o Porto para depois chegar ao governo. Não sei onde está a escada para subir tanto! No Porto não há escadas nem escadotes, mas há rio e … barcos que sobem e descem o Douro. Combates diferentes e de alguma forma também desiguais. O que já não é tão entendível é a candidata do CDS em Palmela ser alvejada a tiro quando colava cartazes da campanha. Não a atingiram e até dizem que o objetivo era outro. Talvez, mas a dúvida instalou-se e dificilmente se apagará. Combates destes são indignos e francamente desiguais. Os atiradores deslocavam-se em moto e estavam armados disparando contra uma mulher desarmada e que estava a pé e sossegada. Isto é um combate igual? Claro que não. Nem é combate. É tentativa de homicídio. A liberdade dada ou a falta dela, que os jovens em Lisboa resolveram assumir, teve como resultado um combate em plena rua, às duas da madrugada, acabando com o esfaqueamento de dois jovens. Um combate desnecessário, irresponsável e desigual. A necessidade de extravasar a energia acumulada durante todo este tempo de confinamento, deu asneira e enquanto a responsabilidade não superar a falta dela, o resultado nunca será bom. Todos nos indignamos com a subida dos preços dos combustíveis, mas ninguém se dispôs a combater este desplante que o governo permite, embora fale e volte a falar sobre o assunto, mas nada fez até agora. A descida parece estar a caminho, mas quando falam de descer de 0,9 a 2 cêntimos por litro, dá-me vontade de rir. Aqui sim, era necessário haver um combate mais justo contra este abuso, porque nós estamos em desvantagem e somos obrigados a pagar e sem refilar. É justo? Não. Definitivamente, não

Luís Ferreira