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O MANSO E O GUERREIRO V – O PORTO DO VINHO

Hoje o Júlio Manso e o Tomé Guerreiro encontraram-se na Taberna do Pataquim. Uma escuridão sobre o Monte Meão bifurcando-se entre a Lousa e a Cardanha prenunciava borrasca estival. Muitas vezes não passava de susto, mas pelo sim pelo não, era melhor não arriscar. Aproveitavam para alargar o diálogo a outros que igualmente se abrigavam dos humores de S. Pedro que devia ter dormido mal a sesta a avaliar pelo relampejar que estalava no céu seguido de fortes ribombadas.
– Já não passamos sem apanhar com uma boa carga d’água.
– Pode ser que não. Já puseram o S. Martinho à porta – ripostou o Júlio, molhando a palavra e aludindo à tradição centenária de colocar a imagem do Bispo de Tours no cadeirão paroquial sob a arcada da porta de entrada da igreja, para que a tempestade passe ao largo ou que não cause grande estrago.
– Com este calor, se chover, vamos apanhar com uma boa carga de míldio!
– Lá se vai o Vinho do Porto!
– Do Porto? Do Porto porquê? 
– Porque é assim que é conhecido. 
– Aqui não. Aqui é Vinho Fino. Do Porto não tem nada. Só o nome...
– Isso é a mais pura das verdades. Devia ser Vinho Fino do Douro. Mas o Porto é quase como um íman. Atrai tudo o que tem valor e fica com ele.
– O Vinho generoso é uma boa metáfora sobre a auto-intitulada capital do Norte. Serve-lhe às mil maneiras este norte desertificado e esquecido para que a Invicta possa, contrariamente a Lisboa, manter-se dentro da zona de convergência. Mas quando se trata de distribuir os meios adicionais que por nossa causa acaba por receber abotoa-se bem primeiro e só depois é que deixa cair algumas migalhas.
– E às vezes nem isso.
– Tens toda a razão. Às vezes nem migalhas nos tocam. Veja-se o que aconteceu quando o ex-ministro Jorge Moreira da Silva quiz que um pequeníssimo aumento nas tarifas da água nos consumidores do litoral permitisse uma assinalável baixa nos preços unitário do interior que têm custos de exploração mais elevados. Foi o Porto que liderou a contestação e que veio inviabilizar este pequeno gesto de solidariedade.
– O que é válido para a água, não devia ser também para a eletricidade? Os custos não são mais baratos aqui que no litoral? 
– São, claro que são. Contudo o preço que os tripeiros pagam é rigorosamente igual ao dos transmontanos.
– Oh ti Tomé, não me diga que ainda continua com a candidatura da Agência Europeia do Medicamento atravessada.
– Atravessada não está. Porque haveria de estar? Agora, o que eu mais quero é que venha para o Porto, claro. É a única forma que temos de a ter por cá e sempre é melhor que fique em território português do que vá para outro lugar, apesar de tudo.
– Apesar de tudo? Parece pouco convicto, homem. 
– Não são favas contadas, podes crer. Vai ser muito difícil ganhar essa disputa.
– Mas o Porto fez o que lhe competia...
– Pois fez. Só tem a ganhar. Ao contrário de nós. 
– Ao contrário? Porquê ao contrário?
– Porque nessa competição, tal como na questão da água, nem as migalhas vamos arrecadar. Não ganhamos nada nisso e ainda podemos perder...
– Perder? Perder porquê?
– Veja bem: se a proposta portuguesa ganhar o concurso, os louros e proveito vão inteirinhos para o Porto. Para nós nada sobra dessa mesa.
– Não sobrará não, mas também não vejo que prejuízo podemos ter.
– O estrago pode ser grande. Se a União Europeia optar por outra cidade o golpe não atingirá significativamente o Porto que já fez valer e bem o seu peso relativo. Quem vai pagar o insucesso de uma troca de última hora da cidade candidata é o movimento regionalista. O Porto encontrará sempre uma outra benesse compensadora. O centralismo lisboeta é que olhará cada vez com mais desdém para a necessária descentralização.
– Mas isso não é grande novidade...
– Pois não. Só que agora já não se trata apenas de uma posição teórica e de princípio. Agora têm um exemplo para brandir. Poderão sempre argumentar que se a candidatura fosse melhor, entenda-se a original preparada por e para Lisboa, não teríamos perdido esta importante batalha! Tenham ou não tenham razão!

Pela independência de Trás-os-Montes

Um dos maiores males que presentemente afectam Portugal é o despovoamento persistente de vastas regiões do interior, que em muitas áreas rurais assume mesmo a gravidade do ermamento desolador. Fenómeno que não pode, nem deve ser atribuído a causas naturais, e muito menos ser chamado de desertificação, como levianamente se vem fazendo.
Os, transmontanos, por exemplo, procuram empregos melhor remunerados e com trabalhos mais agradáveis longe da sua terra natal porque, apesar da Mãe Natureza que os criou ser pródiga e diversificada, as prevalecentes actividades agrícolas e pecuárias, continuam a ser árduas, desprestigiadas e pouco rentáveis e, por tudo isso, nada atractivas. Acresce que, até hoje, não se conseguiu que o turismo e negócios correlativos alcançassem significativa expressão local e os empregos que o Estado faculta não são solução.
O problema é sobretudo grave porque a economia nacional continua débil e distorcida por culpa das más práticas políticas, ainda que, verdade seja dita, os resistentes, aqueles que teimam em viver nas cidades, vilas e mesmo aldeias do interior, regra geral, vivam melhor que muitos que vegetam encafuados nos bairros sombrios das grandes cidades.
Fiquei literalmente de olhos em bico quando, um destes dias, ouvi dizer a um político responsável, ainda que de segundo plano, da geringonça ou da oposição não importa (nem mesmo me dei ao trabalho de saber se seria transmontano), que Trás-os-Montes só progredirá quando for vendido aos chineses. E mais argumentava ele, com duvidoso sentido de humor, que “já lhes demos (ou deram eles, digo eu) tanta coisa de mão beijada, de maior dimensão até, como a EDP, por exemplo, que bem lhes podíamos vender agora Trás-os-Montes inteiro, por atacado”. É verdade, pensei para comigo, aos vales do Tua, do Sabor e do Rabagão, que já lhes pertencem, transformaram-nos em albufeiras imensas. Aos transmontanos resta agora aprenderem a “surfar” sem ondas.
Pessoalmente, ironia à parte, duvido, portanto, que essa fosse uma solução aceitável ainda que o problema do despovoamento ficasse resolvido com a caterva de chineses que por cá se radicaria, mesmo que não fosse para arar e semear arroz, que seria o mais certo.
Embora tal ideia não seja mais disparatada que as tão propaladas discriminação positiva e descentralização que muitos insuspeitos governantes alardeiam com o palavreado do costume, mas que não passam de boas intenções ou mesmo de presentes envenenados.
Eu tenho outra ideia melhor e mais séria que passa por dar plena expressão ao Poder Local num contexto de regionalização. Libertem Trás-os-Montes. Soltem-no das amarras partidárias. Inibam os partidos políticos de concorrer em eleições locais e de, por essa via, se apossarem das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia para as converter em coutadas privativas. Acabem com os autarcas delegados políticos dos partidos no poder ou na oposição e com os deputados simbólicos, honorários, vitalícios.
E, claro está, não vendam mais olgas e olivais para a EDP afogar. Deem vida aos rios transmontanos e às suas margens com projectos agrícolas, turísticos, energéticos e culturais convenientemente dimensionados. Façam em Trás-os-Montes os investimentos públicos mais justos e ajustados à Região e não apenas os que melhor servem os interesses do Terreiro do Paço e maiores réditos conferem ao grande capital. E não insistam na loa de discriminar positivamente Trás-os-Montes porque essa é a pior forma de descriminação.
Tornem Trás-os-Montes independente!
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico

Emigrar não é pêra doce

Ter, 08/08/2017 - 11:49


É Agosto e, para muitos Portugueses, as melhores semanas do ano com a família. Aldeias inteiras na região transmontana enchem-se de vida. É como uma segunda primavera a florescer na região, não de plantas, mas de pessoas. Colegas de escola, que não se vêem há anos, encontram-se, com os respectivos filhos, netos, sobrinhos e sobrinhas. Isto não é novo, acontece já há 20, 30 ou 40 anos. Ainda assim, é diferente do que era então.

Ricardo Ribas criticou organização dos Mundiais de Londres

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Ter, 08/08/2017 - 09:52


Ricardo Ribas realizou, no domingo, a última prova ao serviço da Selecção Nacional. O atleta do S.L. Benfica, natural de Miranda do Douro, colocou um ponto final mas competições internacionais desiludido com a prestação na maratona de Londres.

Vitória em francês na chegada da Volta a Bragança

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Ter, 08/08/2017 - 09:49


A terceira etapa da 79º Volta a Portugal terminou, na segunda-feira, em Bragança com a vitória do ciclista Bryan Alaphilippe (Armée de Terre), irmão de Julian Alaphilippe, ciclista do WorldTour. Foi uma estirada de 162,7 km que começou em Figueira de Castelo Rodrigo.