Costa anuncia nova estratégia transfronteiriça e incentivos aos agricultores
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Ter, 10/09/2019 - 12:06
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Ter, 10/09/2019 - 12:03
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Ter, 10/09/2019 - 12:00
Ter, 10/09/2019 - 10:40
Depois do segundo lugar conseguido em 2018 também no Circuito do Turismo, em Bragança, Manuel Fernandes alcançou este ano o lugar mais alto no pódio.
Ter, 10/09/2019 - 10:37
A mesatenista natural de Mirandela, Rita Fins, sagrou-se, no domingo, vice-campeão da Europa de Ténis de Mesa ao serviço da selecção nacional.
Ter, 10/09/2019 - 10:24
Na capital de distrito vão desfilar 25 Ferraris, dois deles do modelo 488 Pista, sendo que em Portugal existem apenas sete exemplares.
Recomendações na utilização dos medicamentos:
1 – Fazer uma lista dos medicamentos que está a tomar
Ter, 10/09/2019 - 09:58
Como estão os leitores da página do Tio João?
No passado Domingo, dia 8, festejámos a Natividade de N.ª Sr.ª, tendo-se realizado na nossa região três grandes romarias: N.ª Sr.ª da Serra, no alto da Serra de Nogueira (Bragança), N.ª Sr.ª do Naso, na Póvoa (Miranda do Douro) e N.ª Sr.ª dos Remédios, em Tuizelo (Vinhais).
Nesta opaca claridade em que tudo se quer ver e nada se vê, dá-se o arranque das eleições legislativas e os partidos tentam posicionar-se em duas vertentes essenciais, na sua e na dos eleitores e para isso agrupam promessas que não os comprometam e que interessem à maioria dos que vão votar. Infelizmente votam poucos!
Diríamos com um pouco de razoabilidade, que todos comungam dos mesmos objetivos, mas seguindo por caminhos diferentes. Na verdade, o que temos observado neste titubear inicial, é a abordagem de temas comuns, como o ambiente e os impostos. É evidente que é de bom-tom e pode ganhar votos, dizer que se quer baixar os impostos e defender o ambiente que tanta agressão tem sofrido e cuja pureza se nos escapa por entre os dedos.
Engenharia económica e proliferação de projetos todos têm e todos prometem cumprir. Claro que têm de prometer cumprir. Já vimos e sabemos que as promessas não são para cumprir, mas sim para prometer. Se nada se prometer, nada se pode cumprir. E como se ganham votos se nada se prometer? No que a isto concerne, o problema reside essencialmente no modo como se fazem as promessas e em que bases são sustentadas.
Temos vindo a assistir pelas televisões, a debates entre os líderes partidários, onde se esgrimem promessas, aparentemente realizáveis e necessárias para o avanço da economia e da melhoria da situação dos portugueses. Claro, mas isto sempre foi assim. Promete-se sempre o mesmo. Então porque é que não vemos os resultados?
O que temos de diferente neste início de campanha são as bases em que assentam os objetivos. Muito embora se tenha sempre referido o interior como algo a que se te de dar prioridade, a verdade é que as populações que por cá estão não têm visto as promessas cumpridas. Agora António Costa vem apostar em promessas para desenvolver o interior do país já que cá existem inúmeros recursos que têm de ser aproveitados e enaltecidos economicamente. É verdade, mas sempre cá estiveram! E se fizerem o que sempre têm feito, continuaremos na mesma, como sempre estivemos.
Eles sabem e nós também, que aqui o ar é mais puro, que o ambiente é saudável e que existem recursos, sejam hídricos, sejam minerais, sejam hidroeléctricos, sejam agrícolas ou sejam humanos. Afinal temos tudo. Que maravilha. E para que nos serve isso? Para sustentar as promessas que nunca são cumpridas.
Apostar pois no interior e nos seus recursos parece muito bem, mas depois das eleições, quem ganhar, despe a pele que tem e depressa muda de fato. É interessante falar de descarbonização da economia, como diz a Catarina Martins do Bloco. É um termo novo e deixa as pessoas a pensar no que será isso. E como muitos não percebem e ela também não explica, fica tudo muito mais interessante, já que deixa a ignorância predominar e na dúvida, ela falou muito bem, dirá o povo. E como se referia também ao interior, pensar-se-á que é coisa de muito interesse para o povo. É desta que o interior vai arrancar!
Em regiões de baixa densidade como o interior do país, as promessas custam muito dinheiro se forem cumpridas e é por isso que só se promete e não se cumpre quase nada do que se promete. Mas é bom que se saiba que as promessas do PSD custam mais do que as do PS, isto se fossem cumpridas, mas o medo da descapitalização leva a que se fique somente pelas promessas. Mas apesar de tudo Costa veio dizer que há cerca de 1.700 milhões para as empresas do interior no sentido de atrair as populações. Talvez não seja uma promessa, mas o que eu duvido é que as empresas lhe tenham acesso e consigam atrair seja quem for. Não é fácil.
O potencial do interior e a baixa densidade não se conjugam com o desenvolvimento da economia. O potencial existe, mas ninguém lhe toca e a população não cresce e portanto também não pode crescer a economia já que não há desenvolvimento. O interior está sempre em desvantagem.
A verdade é que até outubro o caminho terá de ser percorrido e quem chegar em primeiro terá de olhar para trás e analisar as promessas que foi fazendo. Depois e para que não pareça muito mal, terá de pegar na peneira e peneirar muito bem as promessas mais viáveis e necessárias, caso contrário poderá não chegar ao fim do mandato. Se o PS tiver maioria, o que parece ser possível, então o caso muda de figura. Já não interessa o que se prometeu. Vale tudo. Não será preciso mudar de pele, como a cobra. E mesmo que mude de pele, a cobra será sempre a mesma. Quem vier depois que pague as dívidas.
Vou escrever sobre beatas e não acerca das beatas queirosianas. Das beatas de vários tamanhos e marcas vistas nos lábios dos homens a repousarem nas ruas e sarjetas de Bragança na minha adolescência. Das beatas mitigadoras do vício e extrema pobreza de velhos desdentados, sujos, maltrapilhos, frequentadores dos locais onde em determinadas horas, em determinados dias a população de beatas aumentava e as catástrofes, enxurradas, lavagens e varridelas não as apoquentavam.
Nunca esquecerei o antigo homem de forças capaz de subir a Costa Grande levando uma pipa de vinho sobre os ombros, o Boneca, a disputar beatas na entra do Cinema Camões em dia de sessão, aqueles olhos salientes, remelosos, a olharem enquanto as mãos encardidas, desajeitadamente, recolhiam quantas pontas de cigarro pudessem a fim de seguidamente retirarem o conteúdo, o almejado tabaco, a fim de ser misturado, enrolado em papel às vezes de jornal, de modo a o paivante ficar parecido com os do Senhor Poças, o qual os mantinha na boca todo o dia enquanto contemplava os clientes do seu café e restaurante.
A apanha de beatas estendia-se às ruas e praças, dava dó ver antigos latagões reduzidos a corpos vítimas da escassez de alimentos e abuso do bagaço retemperador, de olhos postados no chão porque as piriscas variavam de comprimento, as mais cobiçadas tinham filtro a impedir desperdícios, também as das marcas três vintes, vinte cigarros, vinte gramas e vinte tostões, Hig-Life, e Ducados (do outro lado da fronteira) davam azo a disputas envolvendo unhadas porque os cigarros continham mais conteúdo.
Nessa época não era raro vermos adultos descalços, normal as crianças desconhecerem o conforto de botas, quanto mais de sapatos, embolsavam restos de cigarros a fim de os passarem para a mãos dos homens alquebrados, sem forças, o salazarismo lançava campanhas contra o pé-descalço e o escarrar na via pública, os resultados, escassos, não surpreendiam, da mesma maneira o nojento uso do lenço de cinco dedos da mão. Nas tabernas de Bragança os esbanjadores de outrora no decurso da operação de esvaziarem os pequenos copos com aguardente, cálices, volta que não volta assoavam-se de forma a com auxílio dos dedos expelirem as mucosidades esfregando a seguir a mão às calças delidas de onde retiravam a beata ou beatas no formato de cigarros enrolados em imitações de mortalhas.
A descrição pode enjoar nos dias de hoje, na altura todos viam, médicos, agentes de autoridade, burocratas da administração pública, mulheres, eclesiásticos, raparigas, todos, ninguém protestava, este e outros usos vinham de longe, José Leite de Vasconcelos já os tinha denunciado na Etnografia Portuguesa, pobretes, alegretes, a porcaria senão matava engordava.
O Boneca é expoente de um tempo cão, tomei óleo de fígado de bacalhau para fortalecer, a maioria das crianças nada tomavam ou se tossiam a mãe dava-lhe um pouco de aguardente, todos os Bonecas procuravam gastar os dias sem fazerem grandes movimentos, os estômagos não geravam energias, tinham sido fortes na juventude, na antecipação da morte, mercê da caridade de muitas pessoas, maioritariamente senhoras praticantes do segredo da mão direita relativamente à esquerda. A sopa dos pobres (do Sidónio) representava um lenitivo assinalável, após o caldo e o naco de pão umas fumaças bem puxadas davam aos praticantes mitigado prazer, mas tal consolo valia tanto como as cigarradas dos frequentadores do Chave d’Ouro, Central ou Moderno, os melhores e mais salientes no burgo, embora no tamanino Machado os seus clientes bebiam licores finos e os charutos não eram desconhecidos, no rol de despesas do Padre Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, surgem inúmeras referências à compra de charutos fumados no fim de funçanatas gastronómicas na célebre Maria do Rasgão, emérita cozinheira capaz de preparar comeres de substância e grande apuro para gáudio do Senhor Abade e o gourmet Zezinho Montanha de demais companheiros de bródios, sem esquecer convidados ilustres vindos de todo lado. Ora, vários clientes da Senhora cozinheira acabaram a agacharem-se na apanha de beatas, imitando os mariscadores da Ria Formosa.
O Toninho sanfarriã estourava as pulgas na frente de quem passava, um cigarro, pulga exterminada, trabalhava na área da pesquisa de beatas, preferentemente, entre a Praça da Sé e os CTT, numa madruga frígida, na altura de os noctívagos saídos da casa de petiscos e acima de tudo vinho do Sr. Cipriano Augusto Lopes se cruzaram com ele, descalço, de peito aconchegado por jornais, pediu um cigarro. Tremia quanto um sabugueiro treme em noite ventosa. Recebeu vários cigarros, agradeceu, ao mesmo tempo esfregava os pés descalços no chão. Precisava de os aquecer!
Das outras beatas lembro-me das mais madrugadoras, ia deitar-me… O Senhor Padre Machado, fumador inveterado rezava a missa matutina.