Editorial

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A lendária história de António, o santo de Lisboa, a falar aos peixes, na sequência das orelhas moucas dos homens, já inspirou milhentas reflexões, mas continua a constituir um bom ponto de partida para falar da sina deste humilde editorialista.

Vivem-se tempos paradoxais em que, apesar de todas as globalizações, festejadas ou sofridas, os indivíduos se deixam embalar em ilusões sobre redomas que os manteriam a salvo das agruras da história, mesmo quando os sinais de risco se repetem a ritmos avassaladores.

Artificiais são quase todas as fronteiras, muitas vezes fruto de decisões conjunturais que, nalguns casos, prevaleceram por séculos, apesar de impulsos vitais para lhes apagar o risco separador.

Sobre a História não vale a pena derramar prantos, porque o tempo é um caminho sem retorno e o que foi feito não se apaga, pelo contrário, revela-se uma força a ter em conta quando se procuram novos horizontes. 

Ao contrário de Passos Coelho, que se armou em morigerador da balda, logrando a conjugação de protestos dos velhos republicanos e do povo piedoso, valeria a pena fazer as contas para verificar se o país não ganharia com feriados acrescentados ao calendário, principalme

Há uma solidariedade que nos leva a olhar para o resto do país, a leste, faixa inteira até ao interior serrano do reino do Algarve, para dar razão ao aforismo de que mal de muitos é alívio.

Sexta-feira, ao entardecer, sol festeiro em Bragança, deputados em traje casual, já com ar de enfado, depois de algumas horas no distrito do extremo Nordeste, trinta léguas a deslado da urbe que voltou aos sonhos do mundo, como há quinhentos anos.

O fim-de-semana foi quase trágico na região, com dois episódios potencialmente mortíferos, que podiam ter contribuído para agravar o distanciamento com que somos olhados pelo resto do país.

Houve festa de três dias por esse país fora. Enquanto muitos terão sentido as almas radiosas, com o “upgrade” no catálogo de santidades, outros terão deixado referver as vísceras numa marinada de cerveja, amendoins e batatas fritas gordurosas,

A relação dos responsáveis políticos do país com o interior não tem dado mostras de mudança, apesar de intermitentes foguetórios, que anunciam, uma e outra vez, o ritual da penitência pelos males que nos têm sido infligidos, a que anexam promessas d

Em 1971 o país vivia entre a esperança e o desânimo, enquanto pelo resto do lado ocidental do mundo se fazia a festa de todas as liberdades, apesar da cortina de ferro, do muro de Berlim, do cerco a Israel, da guerra do Vietnam e das ditaduras na América Latina e do toca e foge, irritante, um pou

De uma voragem avassaladora cremos ter encontrado refúgio na França, no domingo, ao cair do sol, com promessa de noite de esperança festiva, provavelmente de alegria sem freio, como se, mais uma vez, a madrugada já não escondesse ameaças ao futuro.