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Alegada insolvência deixa funcionários do restaurante Lazaru's e Tasca Tuga sem emprego e sem salários

Ter, 07/10/2025 - 11:34


Os 12 trabalhadores dizem ter recebido um email que os informou de que a LP Tugas, Lda apresentou um pedido de insolvência, mas dizem que este não existe

Doze trabalhadores da LP Tugas, proprietária da Tasca Tuga e do restaurante Lazaru’s, em Bragança, ficaram subitamente sem emprego e sem salários, numa situação que tem gerado forte indignação e incerteza entre os funcionários.

A situação decorre de um alegado pedido de insolvência mas o processo gerou interpretações contraditórias entre a administração e os trabalhadores.

A LP Tugas destaca, em comunicado, que foi a MR. Silveira Hotels, proprietária do Hotel São Lázaro e sócia da LP Tugas, que exerce a sua atividade na Tasca do Tuga, que deu entrada no Tribunal de Bragança com um pedido de insolvência, alegando que não haveria condições para dar seguimento à atividade. Já a MR. Silveira Hotels, também em comunicado, esclarece que foi a LP Tugas que apresentou o pedido de insolvência no Tribunal Judicial da Comarca de Bragança, dia 19 de setembro, alegando não existir condições financeiras para prosseguir a atividade. Os responsáveis pelo hotel dizem ainda que a restante atividade se mantém sólida e operacional, sem risco para os seus negócios. O comunicado sublinha que a LP Tugas já apresentava “sinais de fragilidade financeira” quando foi adquirida, em novembro de 2024, tendo a MR. Silveira Hotels “suportado, durante meses, salários e despesas operacionais, numa tentativa de recuperação”.

“A decisão de pedir insolvência foi inevitável e legalmente exigida, de modo a proteger credores e trabalhadores”, refere o comunicado, acrescentando que os contratos de trabalho não cessam automaticamente com a insolvência e que todos os créditos salariais serão apurados no processo, com proteção do Fundo de Garantia Salarial, que assegura o pagamento de salários e indemnizações em atraso. A MR. Silveira Hotels rejeitou quaisquer insinuações de fraude e reafirmou que a sua atividade corrente decorre com normalidade.

Por outro lado, os trabalhadores afetados questionam a veracidade e a transparência deste processo. Em comunicado, a LP Tugas acusa a empresa de conduta “altamente fraudulenta e prejudicial”, destacando que 12 famílias dependem diretamente da Tasca do Tuga. Segundo esta versão, os funcionários foram colocados de férias no dia 15 de setembro, com apenas dois dias de aviso prévio, e só no final do mês foram informados de que a empresa estaria em insolvência e que não deveriam retornar ao trabalho.

O testemunho de um dos trabalhadores, Luis Quissak, descreve a situação como “humilhante e angustiante”. “Fomos colocados de férias sem aviso adequado. Quando voltamos, recebemos a comunicação de que a empresa abriu insolvência e que não iríamos receber os salários. São 12 famílias sem receber, sem saber o que fazer”, contou, assinalando que quando regressaram ao trabalho foram “hostilizados” na empresa e até a polícia foi chamada para os “intimidar” enquanto tentavam permanecer nos nossos postos.

Luís Quissak afirma ainda que as tentativas de contacto com a administração foram infrutíferas e que os funcionários não receberam qualquer resposta sobre salários ou encaminhamento para o subsídio de desemprego.

O episódio gerou mobilização junto da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), onde os trabalhadores procuraram informações sobre os seus direitos, e ao Tribunal do Trabalho de Bragança, onde constataram que “não existe”, até ao momento, processo formal de insolvência em curso, situação que tem levantado dúvidas sobre a comunicação feita aos trabalhadores e sobre a legalidade do encerramento da empresa.

Luís Quissak disse ainda que para os trabalhadores o essencial é “obter respostas claras, receber os salários em atraso e ter acesso ao subsídio de desemprego”.

Tentámos chegar à fala com Marcel Silveira, proprietário do Hotel São Lázaro, mas, até ao momento, não obtivemos resposta.

“Boa-fé e responsabilidade – A MR. Silveira Hotels rejeita categoricamente qualquer insinuação de fraude. Desde a aquisição, sempre atuou de boa-fé, suportando custos significativos na tentativa de salvar a LP Tugas e garantir os postos de trabalho”, lê-se ainda em comunicado.

Jornalista: 
Carina Alves