Barragem pode mudar Santuário

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Sex, 18/03/2005 - 12:40


O culto ao Divino Senhor da Barca terá de ser prestado noutro local, caso a Barragem do Sabor avance

A confraria do Divino Senhor da Barca mostra-se contra a mudança do Santuário, situado em Parada-Alfândega da Fé, caso avance a construção da polémica barragem do Baixo Sabor.
Se o empreendimento hidroe-léctrico avançar, tornar-se-á inevitável a mudança do local de culto, porque os terrenos onde está implantado ficarão submersos. Nesse caso, a Confraria faz algumas exigências: a mudança “tem de ser para um sítio com condições idênticas às já existentes e o Santuário deve manter a traça original”, frisa António Ribeiro, secretário da Confraria do Divino Senhor da Barca.
Há registo de que, pelo menos desde 1473, o Santuário se encontra na margem direita do rio Sabor. É, por vezes, disputado por aldeias vizinhas, dada a devoção que é demonstrada pelas pessoas da região ao Divino Senhor da Barca. O local de culto foi mesmo sujeito a uma ampliação efectuada pelos Távoras.
Agora, o local proposto é conhecido como o Rebentão, situado, igualmente na encosta do rio Sabor, mas a algumas centenas de metros do actual lugar.
Confrontado com a possibilidade da construção da barragem, António Ribeiro diz que está contra o empreendimento, justificando que “o clima vai ser alterado, com condições favoráveis à formação de nevoeiros e mais humidade, o que vai acabar com as culturas agrícolas autóctones e aí será a ruína dos agricultores”.
Confrontado com a importância da barragem para o armazenamento de água, o devoto não tem dúvidas: “para termos água, rezamos ao Divino Senhor da Barca”.
Outra das preocupações de António Ribeiro prende-se com a valorização dos terrenos que ficarão submersos quando a albufeira encher, já que alguns “ainda são bastante ricos em oliveiras e amendoeiras e não vão ser pagos pelo seu preço justo”.
A Junta de Freguesia de Parada (JFP), por sua vez, é a favor da construção do aproveitamento hidroeléctrico. “Pode ser sinónimo de desenvolvimento para a região, já que o armazenamento de água e o turismo da região são dois pontos a ter em conta”, como salientou Armindo Bértolo, secretário da JFP.

Francisco Pinto