O peso da agricultura transmontana

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Ter, 20/06/2006 - 15:32


Talvez não saiba, mas Trás-os-Montes é uma das zonas do País com maior número de jovens agricultores, apesar da desertificação que alastra nas aldeias e do envelhecimento da população.

Além do número dos jovens transmontanos, o peso da região no quadro agrícola nacional também se mede em cifrões. Ou seja, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos a 2000, Trás-os-Montes consolidou o segundo lugar nas contas económicas das agriculturas regionais, com um volume de negócios de 435.040.000 euros. Este valor só é suplantado pela lavoura da região de Lisboa e Vale do Tejo, onde os agricultores facturaram 723.200.000 euros. Já os produtores do Alentejo e de Entre Douro e Minho ficaram-se pelos 384.880.000 e 268.270.000 de euros, respectivamente.
Acresce que dados da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) dão conta de aumentos significativos no valor da lavoura da região, no período 2000-2004.
Entre ajudas à produção, candidaturas aos programas Agro/Agris/Ruris/Vitis, medidas agro-ambientais, venda de principais produções agrícolas, agro-indústria transformadora e produção pecuária, calcula-se que os agricultores transmontanos tenham movimentado qualquer coisa como 3.751.115.400 euros. Isto é, uma média de 750.223.000 euros por ano, valor que não tem paralelo em qualquer sector de actividade com expressão na região.

Lavradores em maioria

Outro dos factores que dá conta do peso de Trás-os-Montes no contexto da região Norte é a percentagem de agricultores e o número de explorações existentes.
Entre Douro e Minho conta com 3.242.107 de habitantes, dos quais 248.443 são agricultores. Já em Trás-os-Montes, 196.960 pessoas dedicam-se à agricultura, num universo de 445.186 habitantes.
Em percentagem, a lavoura ocupa 44,2 por cento da população transmontana, enquanto na região de Entre Douro e Minho absorve, apenas, 7,6 por cento dos habitantes.
No que toca a explorações, Trás-os-Montes também leva vantagem, com 70.006 unidades produtivas, contra 65.546 em Entre Douro e Minho.
No quadro da agricultura nacional, dados do IFADAP também colocam os lavradores transmontanos no top dos investimentos ao abrigo do PPDR 1997-1999 (ver quadro 3).
Com 295 projectos candidatados, a região arrecadou 7.869.500 euros, correspondestes a 20,1 do investimento realizado no País no âmbito do PPDR, percentagem que só encontra paralelo na Beira Interior (com 19,9%) e Alentejo (19,6%).

Transmontanos recebem menos

Relativamente ao Programa de Apoio à Modernização da Actividade Florestal 1994-1999, vulgo PAMAF, os números do IFADAP levam a crer que Trás-os-Montes foi a terceira região do País onde o sector conheceu maiores investimentos, a seguir ao Alentejo e Ribatejo e Oeste.
Situação semelhante sucede com a aplicação das verbas dos programas Agro, Agris, Vitis e Ruris, no triénio 2001-2003, em que só os agricultores ribatejanos e alentejanos receberam mais do que os seus colegas transmontanos.
Nas ajudas à produção, Trás-os-Montes passou de quarta a terceira região a receber mais, após ter suplantado os lavradores de Entre Douro e Minho no biénio 2002-2003.
Tal como nos programas atrás referidos, Ribatejo e Oeste, a par do Alentejo, são as zonas do País que absorvem mais subsídios, sendo que os lavradores das planícies estão em clara vantagem. De acordo com o relatório do INGA relativo a 2003/2004, 25.705 agricultores do Alentejo arrecadaram 258.660.000 euros em ajudas à produção, enquanto 14.680 produtores do Ribatejo receberam 71.831.000 euros. Em Trás-os-Montes, a produção de 52.546 homens da terra foi apoiada em 62.285.000 euros. Fazendo as contas, cada agricultor transmontano recebe menos do que os seus congéneres ribatejanos ou alentejanos, situação que pode ser explicada com a dimensão da propriedade, já que as ajudas à produção também variam consoante a área do terreno.
Estes são alguns dos números que dão conta do peso da agricultura de Trás-os-Montes, uma região marcadamente rural.