“Os segredos” de Freixiel

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Ter, 31/01/2006 - 16:00


É já bem antiga a tradição mais conhecida na aldeia de Freixiel, concelho de Vila Flor.

“Os segredos”, segundo Maria Coelho, antiga professora primária da localidade, “eram dados pelas raparigas e depois os seus namorados compravam as caixinhas para ficarem a conhecer os seus segredos”. Actualmente, a tradição mudou, mas continua a realizar-se todos os anos.
No dia 20 de Janeiro, dia de São Sebastião, a população coloca aquilo que quiser numa caixa, que depois é embrulhada e preparada. Nozes, fumeiro e peças elaboradas manualmente são os bens mais utilizados pelas pessoas para dar corpo à tradição. Posteriormente, cada um dos “pacotes” é arrematado, sem que ninguém, à excepção do seu autor, saiba aquilo que contém.
A antiga docente relembra que, “há caixas que, por serem muito grandes e bonitas, são arrematadas por muito dinheiro mas, depois, quando se abrem, não têm nada de valioso”. Antigamente, era costume colocarem-se velharias, ou até pequenos animais mortos, como ratos, o que causava a desilusão dos compradores.
A tradição esteve perdida durante muitos anos, mas Maria Coelho decidiu retomá-la, após a insistência dos seus alunos. “Eu resolvi relançar o costume porque não quis desencantar as crianças”, recorda a professora.
Além dos “segredos”, Freixiel assistiu, anteontem, ao leilão de diversos produtos oferecidos pela população. Os habitantes angariam bens, que depois são arrematados por avultadas quantias em dinheiro.
Faisões, galos, ovos, bebidas, bolos, entre outros, são reunidos pelos locais com grande empenho. Prova disso era a qualidade dos produtos e o facto de muitos produtos serem comprados pelas mesmas pessoas que os tinham doado. A intenção é a mesma que a tradição dos “segredos”: reunir dinheiro que, posteriormente, é oferecido à Fábrica da Igreja para ser utilizado em despesas diversas. A mais recentemente foi a aquisição da casa paroquial, que se situa junto do templo.