Tractores fazem 14 mortos

PUB.

Ter, 19/12/2006 - 15:52


Este ano, o distrito de Bragança já registou 14 mortes resultantes de acidentes com tractores agrícolas.

Para contrariar esta realidade “chocante”, o Governo Civil de Bragança, em parceria com a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) e com a GNR, está a levar a cabo acções de sensibilização junto dos agricultores.
Na passada quarta-feira, em Alfândega da Fé, o governador civil de Bragança, Jorge Gomes, afirmou que a maioria dos acidentes ocorrem devido a excesso de facilitismo por parte dos operadores.
“Temos 10 500 tractores no distrito e temos 13 mortos. Há 7 500 viaturas diárias a circular no IP4 e temos 6 mortos registados nas estradas do distrito. Por isso, algo está mal e temos que inverter isso”, frisou Jorge Gomes.
Já o director regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Carlos Guerra, alertou os homens da lavoura para não transformarem os meios de modernização e aumento de produção agrícola em instrumentos de morte.
Na óptica do responsável, a prevenção é a palavra de ordem para evitar tragédias. “Há agricultores que retiram os meios de segurança das máquinas para poderem efectuar mais alguns trabalhos, como acontece com o arco. É isto que temos que contrariar”, realçou Carlos Guerra.

Apesar do aumento do número de tractores, as acções de formação para o manuseamento de máquinas agrícolas têm diminuído significativamente

O perfil do acidentado é uma pessoa com idade avançada, que faz o serviço sobretudo ao fim-de-semana, excedendo, na maioria das vezes, as suas capacidades físicas e as da própria máquina.
Dado que a maioria dos agricultores presentes na acção de sensibilização eram de meia idade, Jorge Gomes temeu o facto destas iniciativas não chegarem ao público-alvo, que são as pessoas idosas.
Mesmo assim, os condutores de tractores foram alertados para os principais cuidados que devem ser tidos em conta durante a execução dos trabalhos.
“Não posso ficar satisfeito quando ouço um pai a dizer que um filho de 5 anos conduz o tractor ou quando um filho diz que o pai com 80 anos ainda faz o trabalho todo na lavoura”, lamentou Jorge Gomes.
Para chamar a atenção dos agricultores já tinham sido colocadas imagens chocantes no verso dos impressos do subsídio do gasóleo agrícola. Como o índice de sinistralidade continua preocupante, vão ser realizadas acções de sensibilização com uma componente teórica e outra prática destinadas aos condutores de máquinas agrícolas.
Apesar do aumento do número de tractores, as acções de formação para o manuseamento de máquinas agrícolas diminuíram de 850, em 2002, para 200 contabilizadas este ano.
Na óptica de Rui Sá, técnico da DRATM e formador na área da maquinaria, a redução da formação é uma incongruência, visto que o programa AGRIS fez com que as pessoas adquirissem mais tractores.