Ter, 16/10/2007 - 11:27
A partir daí, Lurdes Caetano confecciona, em média, um tacho de amêndoas por semana, que distribuiu por embalagens apelativas aos olhos dos visitantes.
Trata-se de um produto muito procurado pelos turistas que visitam a vila na época das Amendoeiras em Flor, mas também pela população local e pelos emigrantes, que, na altura do Verão, levam a amêndoa coberta como recordação da sua terra natal.
“A Páscoa, a época das amendoeiras em flor e o Verão são as alturas em que vendo mais amêndoa. Contudo, a confecção de amêndoa é um trabalho que faço ao longo do ano”, salienta a responsável.
Segundo Lurdes Caetano, para fazer a tradicional amêndoa coberta de açúcar é preciso muita paciência, dado que é um trabalho moroso e, ao mesmo tempo, muito cansativo, sobretudo no Verão.
“Eu já compro a amêndoa partida, mas é preciso tirar-lhe a pele, torrá-la e depois trabalhá-la numa calda de água e açúcar. No Verão é complicado, porque o tacho está assente num pote de barro com brasas, porque a amêndoa tem que ser trabalhada a quente”, explica a comerciante.
Amêndoas tradicionais de Moncorvo ganham novos sabores e são cada vez mais procuradas pela população local e visitantes
Apesar da amêndoa coberta ou peladinha ser a mais antiga, Lurdes Caetano também aposta em novos sabores, nomeadamente a amêndoa de canela e de chocolate.
“Aquela que tem mais saída é a amêndoa coberta, mas também há muita gente a procurar os sabores de canela e, até, de chocolate”, sustenta.
A amêndoa trabalhada artesanalmente continua a ser muito procurada, mas quem aprecia este produto faz questão de saber qual o processo de confecção. O Jornal NORDESTE encontrou Lurdes Caetano na II Mostra de Vinhos, Amêndoa e Stocks, em Torre de Moncorvo, onde as amêndoas do bazar regional não passaram ao lado dos olhos dos visitantes.
A par dos diferentes tipos de amêndoa, também o licor de amêndoa foi apreciado por quem passou pelo expositor de Lurdes Caetano, que decidiu expor esta iguaria rara para dar a conhecer o tradicional sabor do licor feito de forma artesanal.
“É uma bebida que dá muito trabalho a fazer e para a qual já é difícil encontrar os ingredientes, nomeadamente a amêndoa amarga. Depois de arranjar a amêndoa através de alguns agricultores que ainda têm amendoeiras bravias (só essa é que é amarga), foi preciso parti-la e deixar os ingredientes a marinar durante cerca de 15 dias. É um processo muito moroso”, explicou.
O gosto pela arte, contudo, leva Lurdes Caetano a continuar a apostar nesta actividade tradicional, que ainda é um trabalho só de mulheres.