Resistência aos antibióticos: Prevenir está nas suas mãos!

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Para que servem os antibióticos? Os antibióticos são medicamentos que tratam infeções causadas por bactérias. A penicilina foi o primeiro antibiótico usado, tendo sido descoberta por Alexander Fleming em 1928. Desde então muitos antibióticos têm sido descobertos, procurando destruir mais bactérias e minimizar os seus efeitos secundários.

Os antibióticos não atuam em infeções causadas por vírus, como é o caso das constipações e da gripe.
Também não servem para tratar a febre ou as dores musculares, de cabeça ou de garganta. Para tal, utilizam-se medicamentos chamados antipiréticos, como o paracetamol, o ácido acetilsalicílico ou o ibuprofeno, entre outros.

Bactérias VS Vírus
As bactérias e os vírus existem por toda a natureza. O nosso corpo tem normalmente tantas bactérias quanto células humanas. A maioria não faz mal ou provoca apenas doenças ligeiras.
As bactérias são seres vivos microscópicos, constituídos por uma única célula. Multiplicam-se rapidamente, a cada 20 minutos. Os antibióticos podem bloquear a capacidade de as bactérias se multiplicarem.
Os vírus são seres vivos mais simples, só visíveis ao microscópio eletrónico. Para se multiplicarem precisam de infetar outras células. Os antibióticos não são capazes de atuar sobre os vírus.

Por que razão existe resistência de algumas bactérias aos antibióticos?
Quando tomamos um antibiótico, as bactérias existentes no nosso corpo que são sensíveis a esse antibiótico acabam por morrer.
No entanto, quando se multiplicam, algumas bactérias sofrem modificações (mutações) que as tornam resistentes ao antibiótico. As bactérias “filhas”, que se vão multiplicando, também são resistentes, fazendo com que o antibiótico deixe de atuar.
Todos os antibióticos podem dar origem ao desenvolvimento de bactérias resistentes. Quanto mais um antibiótico for utilizado, maior é a possibilidade de vir a existir resistência à sua ação.
Os antibióticos não são apenas usados no tratamento de infeções nos humanos. Também são usados em animais, podendo assim estar presentes em quantidades pequenas nos produtos animais e vegetais.

Bactérias multirresistentes ou “superbactérias”
Algumas bactérias são chamadas multirresistentes ou “superbactérias” porque se tornaram resistentes a vários antibióticos. Estas “superbactérias” são de difícil tratamento e obrigam, geralmente, a internamento hospitalar. Para algumas delas apenas existem um ou dois antibióticos eficazes. Noutros casos, atualmente ainda não existe tratamento.
Apesar das melhorias significativas verificadas nos últimos anos, Portugal continua a ser um dos países da União Europeia onde mais se utilizam antibióticos. 

Como se criam bactérias resistentes aos antibióticos?
As nossas bactérias podem modificar-se quando tomamos antibióticos para tratar infeções ou consumimos repetidamente alimentos contendo antibióticos.
Sempre que as nossas bactérias ganham uma resistência, torna-se necessário recorrer a um antibiótico mais forte para combater a próxima infeção. Tal, por sua vez, potencia uma nova resistência, entrando assim num círculo vicioso.
Também podemos criar bactérias resistentes se contactarmos repetidamente com pessoas ou ambientes contaminados. Procedimentos ditos invasivos como a algaliação, entre outros, potenciam igualmente a criação de bactérias resistentes.
Ao viajarmos para certas zonas do planeta podemos também ficar com bactérias resistentes, mesmo que não sejamos internados. 
Podemos ainda contrair essas bactérias se tivermos um contacto muito frequente com animais vivos que delas sejam portadores.

O que podemos fazer para reduzir as bactérias resistentes?
Podemos adotar as seguintes medidas de prevenção:
• Use antibióticos apenas quando indicado: não utilize antibióticos sem que seja um médico a tomar essa decisão e a passar-lhe uma receita;
• Não tome antibióticos quando tiver febre, dor de cabeça ou de garganta: a maioria das situações de febre é causada por vírus e passa ao fim de 3 a 4 dias. Em caso de dúvida consulte o seu médico ou ligue para o SNS 24 - 808 24 24 24;
• Não use antibióticos que sobraram de tratamentos anteriores nem de outras pessoas;
• Pergunte sempre para que infeção está a usar o antibiótico;
• Cumpra cuidadosamente a duração do tratamento e o horário das tomas: se, por acaso, esquecer uma toma, recomece logo que possível e faça um acerto depois;
• Devolva todas as sobras de embalagens de antibióticos às farmácias (nunca as deite fora);
• Cozinhe bem a carne e o peixe: evite deixá-los crus, porque o calor inativa os resíduos de antibióticos que neles possam existir;
• Lave bem os vegetais para eliminar possíveis resíduos neles existentes;
• Lave bem as mãos antes das refeições, após a utilização da casa de banho, após contacto com superfícies de utilização pública ou após contacto com animais;
• Lave sempre as mãos após contactar com doentes, residentes ou com as superfícies com eles relacionadas em hospitais, centros de saúde, unidades de diálise, centros de dia, lares e residências seniores;
• Garanta uma adequada higiene corporal e do vestuário, assim como adequados hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis.

O uso excessivo ou inadequado de antibióticos tem aumentado seriamente o aparecimento de resistências, restringindo o número de antibióticos disponíveis para o tratamento de diversas doenças e tornando-se assim um sério problema de saúde pública. 
Sem antibióticos eficazes, as doenças bacterianas alastrarão. Todos temos, por isso, um importante papel a desempenhar para impedir a resistência aos antibióticos.