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Luís Ferreira

Vendavais - Barba rente

O homem faz a barba desde que é homem. Primeiro com pedras aguçadas, com conchas e outros objetos cortantes. Para facilitar a operação e proteger a pele, mais tarde, usou o azeite, a banha e outras gorduras.
Com a descoberta dos metais apareceu a faca que, neste domínio, prestou muito bons serviços, durante séculos. 
Em finais do século XVIII, a grande descoberta deve-se ao francês Jean Jacques Perret que criou uma navalha especial, dobrável e de aço extraordinariamente fino e cortante. Foi a navalha que todos ainda conhecemos, mas que poucos usam. Só nos barbeiros e não é em todos, é que ainda se faz a barba com a célebre navalha.
Esta navalha foi já objeto de grandes discussões e análises e já esteve proibido o seu uso em alguns locais e épocas variadas devido ao uso ameaçador do proprietário quando alguém mais comprometido se sentava na cadeira do barbeiro. 
Realmente ter a navalha no pescoço, era estar a um passo da morte pois a ameaça do manejador sentenciava muitas discussões e também igual número de chantagens. Coitados dos que tinham alguns rabos-de-palha.
Hoje, seria talvez um bom instrumento para endireitar caminhos menos claros que muitos dos nossos políticos percorrem. Tal como a necessidade aguça o engenho, também o medo faz arrepiar caminhos.
Todavia, considerando o elevado preço desta navalha, o americano King Kampfe Gillette fez a grande descoberta que havia de chegar ao mundo inteiro e conquistar todos os mercados: a lâmina de dois gumes, de usar e deitar fora.
Esta não trazia ao mundo nenhuma ameaça e era de uma ligeireza extraordinária, quer no desfazer da barba, quer no seu tempo de utilização e não precisava de ser afiada constantemente como a célebre navalha ameaçadora de pescoços.
Instalada numa pequena máquina de baixo custo, para uso individual, facilmente conquistou os utilizadores. Contudo, os barbeiros não se desfizeram do antigo instrumento de barbear. Resta saber se por comodidade ou se para sua defesa e não só. O barbeiro com a navalha na mão, é juiz em sede própria, ainda que a sentença possa tombar para qualquer lado.
Apesar de tudo, o espírito de economia e poupança breve levou à criação de uma maquineta capaz de afiar estas lâminas já em fim de vida, prolongando-lhes o tempo de duração. A fábrica Allegro, na Suíça e também em Inglaterra, entre os anos 30 e 60 do século XX, criou e difundiu este dispositivo de fácil utilização e de resultados satisfatórios. Tinha o inconveniente do seu custo, relativamente elevado, razão por que a sua generalização se ficou pelas pessoas com maior poder aquisitivo. E se ao tempo, alguns se dedicavam nos tempos mortos a afiar essas lâminas da Gillette, outros que não tinham tempo para essas modernices, limitavam-se a usá-las mais tempo e depois deitá-las fora.
Entretanto, a criatividade do homem encontrou outras alternativas, mais baratas e descartáveis e que não oferecem perigo de maior.
Contudo, o homem imbuído nas andanças das modernices e do progresso, inventaria de seguida a máquina eléctrica de barbear. Mais cara e menos versátil, não é de todo o instrumento preferido para fazer a barba.
A velha navalha de barbear, essa sim, continua a marcar pontos quer no desfazer da barba, quer nas ameaças para quem se senta na cadeira da justiça popular que no dizer do barbeiro, “aqui só senta quem não está comprometido”. Pudera!

 

Vendavais Obesidade mental

Sabemos bem que a obesidade, tão falada nos últimos tempos e olhada como causa de variadas doenças é excesso de gordura física devida a uma alimentação desregrada, mas não só. Há outros tipos de excessos que conduzem aos excessos físicos.

As notícias que hoje circulam tão rapidamente, alertam-nos para os perigos da obesidade, contudo, as próprias notícias são, por si só, tantas e tão alarmantes que são o exemplo da própria obesidade informativa.

É altura de notarmos que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que os decorrentes da obesidade física. A nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares comuns que de hidratos de carbono.

As pessoas viciam-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos e condenações precipitadas, de tal modo que todos têm opinião sobre tudo, mas conhecem pouco ou nada sobre as coisas. E isso parece não interessar muito. A opinião é livre.

Os jornalistas são hoje os “cozinheiros” da “fast food” intelectual e, os comentadores, editores e filósofos contribuem para isso. Dizia alguém, com prioridade, que os telejornais e as telenovelas são os hambúrgueres do espírito e as revistas os donuts da imaginação. Cada vez é mais verdade. Uns pela informação doentia e outros pela informação viciante.

Embora se queira escamotear a situação e dar outras justificações para tudo, o problema central de toda esta panóplia calamitosa está na família e na escola. A verdade é que qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem só doces e chocolates! Engordarão imenso se comerem só hambúrguers. É pois urgente que se informem sobre o que não se deve comer, ou sobre o que não se deve fazer. A sociedade é um palco enorme e complexo, tão mais complexo pela diversidade e quantidade de pessoas que nele contracenam. Então não se entende como é que tantos educadores aceitem que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas para não falar do uso excessivo do telemóvel. Com uma alimentação intelectual tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, como é que os jovens vão conseguir uma vida saudável e equilibrada?

Quando nas escolas se mencionam disciplinas curriculares como Educação para a Cidadania, leva-nos a equacionar o porquê de querer transmitir aos jovens como comportarem-se na sociedade, quando ao lado, mesmo os pais, lhes deixam espaço para a controvérsia comportamental.

A informação que se transmite tem que ser racionada, no bom sentido, no sentido positivo da realidade. Ora os jornalistas alimentam-se quase só de detritos de escândalos e de restos mortais das realizações humanas. A imprensa não informa, seduz, agride e manipula. Só a parte morta e apodrecida da realidade, chega aos jornais ou são por eles transmitidas. O importante, o cerne das questões, não interessa. Todos sabem que J.F. Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi ele; todos sabem que a capela Sistina tem um teto lindíssimo, mas não sabem para que é que ele serve; todos acham que Saddam Hussein foi mau e que Mandela era bom, mas nem desconfiam porquê; todos ouviram falar de Pitágoras e do seu célebre Teorema, mas ignoram o que é um cateto. Ou seja, as realizações do espírito humano estão em decadência. Perdem importância.

De tudo isto resulta o quê? É simples. A família é contestada, a tradição é esquecida, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda e a arte é fútil e paradoxal. Em contraponto, floresce a pornografia, a imitação e o egoísmo. O âmago de todas as questões, não interessa. O que importa é a superficialidade das coisas. Interessa o quê e não o porquê. É quase uma falsidade compulsiva o que nos chega todos os dias, quer como informação, quer como saber.

É tudo uma questão de obesidade. E não é física. É mental.

O homem moderno está adiposo no raciocínio, nos gostos e nos sentimentos. O mundo precisa de uma dieta mental urgente.

Vendavais - A incapacidade de meia dúzia e o desespero de milhões

Continuará ser uma eterna redundância dizer ou admitir que os portugueses são perpétuos sofredores na perseguição de objetivos que raramente atingem. Diremos o mesmo daqui a um século e os que vierem depois continuarão a dizer o mesmo. Penso que não é por burrice nossa ou desinteresse intelectual. É da própria natureza das pessoas. Somos assim.

A verdade é que quando conseguimos atingir objetivos concretos, tornamo-nos heróis e, se para os atingirmos sofremos como loucos, tanto melhor, pois o sofrimento valoriza substancialmente a vitória. É o caso do que aconteceu com a nossa seleção.

Perdemos ganhando! Claramente. Sofremos etapa após etapa, vitória após vitória, mas ultrapassámos a fase de grupos. Ganhámos e ultrapassámos essa dificuldade para chegarmos aos oitavos. Todos estavam esperançados em mais vitórias para conseguirmos chegar aos quartos. O Uruguai era uma seleção ao nosso alcance. Todos acreditaram nisso. Contudo já muitos sofriam por antecipação. Todos acreditavam que Ronaldo poderia resolver a questão. Puseram aos seus ombros um peso tão grande que quase não se conseguiu mexer em campo perante o muro defensivo do Uruguai.

A tarefa foi da seleção, mas o sofrimento foi de milhões. Portugal parou para ver o jogo. O Brasil parou com os olhos postos nos ecrãs de televisão. No Uruguai, a incerteza cruzava-se com a ansiedade e a esperança. Tudo e todos estavam em suspenso. Parecia que o mundo inteiro dependia do resultado de um só jogo. Até o governo português se mudou para a Rússia! Enquanto a Catarina Martins se insurgia contra a lei das rendas e dos despejos em Portugal, na Rússia apostava-se na vitória da seleção.

A par de tudo isto, em Portugal inteiro não se ouvia falar de política. Tudo se calou. A vitória da seleção resolveria todos os problemas certamente. A alegria colmataria os possíveis problemas que surgissem e faria esquecer todas as desavenças. Mas era necessária a vitória.

Não aconteceu. Ronaldo não resolveu, a seleção não venceu e a vitória resumiu-se ao desespero de milhões que ansiavam por ela. Não podemos dizer que sobreveio a desilusão. Não. Não tivemos sorte. A incapacidade de meia dúzia foi notável perante a eficiência de um só. Nada que não se desconfiasse.

Arredado do mundial, Portugal terá de continuar o seu caminho e agora torcer por quem julgar que merece. Mas quem? Afinal as grandes selecções foram afastadas. Alemanha, Espanha, Portugal, Argentina. Atípico, mas real. Até Madona sofreu com a derrota de Portugal. Seguiu o jogo, minuto a minuto, jogada a jogada na esperança de uma vitória do país que escolheu para viver. Desiludida, manifestou-o publicamente. Nada a fazer. Mesmo parcialmente descontente com o que ainda não conseguiu ter por cá, pelo menos tem a seu favor o facto de a Câmara Municipal de Lisboa lhe ter cedido terrenos para parqueamento das quinze viaturas que lhe pertencem, pela módica quantia de 720 euros por mês. Ou seja 2,78€ por cada viatura por dia. Barato, não? Pois também não é para qualquer um. É que estas mordomias só são para quem tem muito dinheiro!

Pois, mas voltemos à ansiedade dos portugueses. À conta do futebol, tudo passou para segundo plano. Não ouvimos falar os governantes em questões de política interna. Só futebol. A comunicação social só fala e transmite futebol. E agora que a seleção foi afastada, há que realçar o feito de ter chegado aos oitavos de final. Os heróis nacionais foram recebidos de braços abertos no aeroporto de Lisboa. Claro que sim. Mereceram mesmo perdendo. No ar ficou a mensagem de que a seleção continua a ser a melhor e que daqui a dois anos ainda temos algo a dizer. Quem dera!

No meio de toda a confusão até a greve dos professores passou ao lado. Mas só por dois dias, porque ela continua esta semana, mesmo com os serviços mínimos decretados ilegalmente pelo ministro. Ofuscado pela seleção, também ele se esqueceu das leis e começou a esgrimir decretos ilegais em vez da bandeira nacional. Coisas de quem está confuso!

Agora que o futebol ainda tem quinze dias para arregimentar algumas atenções internacionais, cá por dentro também mexe com os sentimentos de muitos e continua a ser manchete de jornais. É claro que o Sporting está na frente ao ter já novo treinador e um Conselho Diretivo a trabalhar para reintegrar jogadores que se “ausentaram”. A ver vamos! As eleições serão um desafio. Mas também aqui, um sportinguista ferrenho quer criar um novo partido político. Outro? Que desespero! Já não bastava o futebol? Francamente!

Vendavais - Curioso é apoiar a mediocridade

No portão de entrada de uma Universidade na África do Sul foi afixada a seguinte mensagem para reflexão: “Para destruir qualquer nação não é necessário usar bombas atómicas ou mísseis de longo alcance. Basta apenas reduzir a qualidade da educação e permitir que os estudantes ‘cabulem’ nos exames.”

Nada mais verdadeiro. Bombas para quê? Somente para destruir, matar, arrasar. Mas a verdade é que as bombas matam quem não é culpado e destroem o que todos construíram para bem da comunidade. Arrasam sem nexo porque são obviamente incontroláveis os seus efeitos. E a isto assistimos todos os dias em vários países do globo e quase já achamos natural que assim aconteça tantos são os factos referidos diariamente pelos órgãos de comunicação social. E continuamos a perguntar, porquê e em nome de quê ou de quem se cometem tais atentados. As respostas já todos as sabemos e culpamos sempre os mesmos. Ao fim de tantos anos que progressos se obtiveram? Quer uns, quer outros. Nenhuns. Num mundo que aos poucos se despovoa em algumas regiões do planeta, estes factos acontecem frequentemente, mas os estudos mais recentes chegam igualmente à conclusão de que eles têm lugar em meios onde a educação e o desenvolvimento são efetivamente menores.

A falta de cultura, de educação, de progresso, pode levar a situações deste nível, onde a destruição e a morte surgem como uma vingança e, em muitos casos, em nome de um deus que de todo em todo, não parece um deus menor. Isto leva­nos a concluir que a base essencial de um povo, seja ele qual for, é a educação. Um povo educado é evoluído, é culto e tem obrigação de saber conduzir os seus destinos com discernimento. À razão, o que é da razão. Daqui a analisarmos o que se tem passado em Portugal no que se refere à educação e ao momento presente. Presenciamos esta luta inglória entre os professores e o ministro da educação por uma questão que já deveria estar resolvida há algum tempo. Após discussão dos pormenores gerais, parece que os mais pequenos não se ajustam e daí este braço de ferro em que pagam os alunos, os pais, os professores e o país. Ora as culpas são apontadas em todas as direcções como sempre. Ou são dos professores porque querem o seu tempo contabiliza do integralmente, ou são dos pais que não querem ir para férias sem a avaliação dos seus filhos, ou são do ministro que não cede às exigências dos sindicatos. Não vislumbro uma ponta de sensatez. A greve que está no ar, não vai servir a ninguém, muito embora os professores pensem ganhar alguma coisa com ela. Também os sindicatos pensam que vão tirar dividendos dela, mas não acredito. E o governo, não cedendo, também não fica bem na fotografia. Esta pseudo greve faseada, em que se põe o sistema a funcionar aos bocadinhos e aos empurrões, não acrescenta nada aos objetivos pretendidos. No final, nem o governo cede, nem os sindicatos ganham, nem os professores obtêm o tempo perdido. E porquê? Porque não há dinheiro. Diz o governo. E chega!

O colapso da educação, é o colapso da Nação. Todo o sistema necessita urgentemente de ser revisto e ajustado à nossa sociedade, integrada num amplexo maior e ao qual nos queremos ajustar. Caso assim não seja, arriscamo­nos a ter pacientes que morrem nas mãos de alguns médicos, edifícios que desabam às mãos de alguns engenheiros, a justiça que se perde nas mãos de alguns juízes e dinheiro que se perde nas mãos de alguns economistas.

Não queremos que a mediocridade invada a nossa sociedade. Queremos ter os melhores técnicos, mas para isso temos de ter a melhor educação. Não continuem a brincar com os professores. São eles que formam os melhores. Sem eles, a educação  simplesmente desaparece.

Vendavais - A semana das loucuras

Se todas as coisas corressem sempre tão bem como desejamos, tudo seria muito mais fácil e todos andaríamos muito mais felizes. Infelizmente não é isso que acontece.

Apontarmos um tempo, um momento, um dia em que tudo corre mal, até pode ser fácil, mas verificar que toda uma semana é profícua em acontecimentos que clamam a atenção de todos, é mais difícil. E é tanto mais difícil, quanto os acontecimentos são díspares na sua temática e opostos nos seus objetivos. A sequência dos acontecimentos ao longo da semana quase não deixou espaço para refletir adequadamente sobre cada um, mas deu-nos a sensatez de separar os que poderiam merecer mais atenção. Foi o caso de Alcochete, foi o Sporting, foi o casamento Real, foi a final da Taça, enfim! Claro que cada um teve a sua própria apreciação sobre cada um deles e certamente nem todos acabaram por chegar à mesma conclusão. É natural.

Aquela triste terça-feira de mau agouro e de presságio temeroso, não estava na mais leve esperança de alguém que pudesse acontecer neste país onde o futebol é rei, apesar de nem sempre ser apreciado como deve ser. Nada ainda está explicado. Nada ainda foi julgado. Ninguém ainda foi condenado. Afinal o que se sabe sobre o assunto? Que razões estão por trás deste atentado terrorista levado a cabo por duas ou três dezenas de energúmenos, contra jogadores de um clube nacional? Quem os mandou? Quem os instrumentalizou para este atentado? Quem é o culpado?

Se pensavam que isto não teria consequências estão enganados. Claro que elas são terríveis e ao longo da semana foram bem visíveis. Foi um corrupio de asneiras sequenciais que teve como figura principal o presidente do Sporting. Ele não teve o bom senso, se é que o consegue ter, de estar calado e se ter demitido dando a oportunidade de os sócios poderem escolher nova direção em tempo oportuno. Mas não teve esse discernimento. Durante toda a semana os jogadores ficaram confusos, sem saber o que deveriam fazer e com uma final da Taça de Portugal para jogar. Jogar! Jogaram, mas perderam. Felicidades para o Aves. Mas como haveriam de jogar estes homens agredidos fisicamente, feridos no amor-próprio, acusados pelo presidente, desmoralizados, sem treinar uma semana inteira e tendo somente como referência maior o seu próprio treinador que foi quase um pai para todos eles durante estes cinco dias? Jesus foi o seu único amparo. Que motivações deveriam ter eles para jogar? Pois se calhar até poderiam ter feito mais do que fizeram, claro. Mas não contaram com a força do Aves e isso fez a diferença. Perderam a Taça e perderam a última esperança de ganhar mais alguma coisa e de entrar na Liga Europa pela porta grande. Agora terão obrigatoriamente as eliminatórias. E o que virá daí?

Mas a semana teve também momentos mais alegres e um deles foi o casamento Real. Contudo, a loucura que o rodeou não foi menos intensa do que os outros acontecimentos. Ao longo da semana de tudo se falou sobre este casamento. Foi o desconhecimento do costureiro que fez o vestido da noiva, o costureiro que elaborou o vestido da mãe da noiva, como iria vestido o noivo, quem levaria a noiva ao altar, enfim uma panóplia de questões, que sendo menores, foram enaltecidas suficientemente pela comunicação social. E no sábado aí estavam as televisões de todo o mundo a transmitir o casamento do Príncipe Harry que até é somente o quinto na linha de sucessão ao trono! Para segundo lugar foi remetida a Rainha de Inglaterra que viu tudo passar-lhe ao lado. Para Megan Markel tudo foi novidade, mas não ensaiou bem o papel, embora isto não fosse propriamente mais um dos filmes em que participou ao longo da sua carreira. Seja como for, foi a protagonista e embora a mãe ficasse na sombra já o pai sobressaiu por motivos diversos. Mas que loucura a dos paparazzi comprados para justificar o que não seria justificável, mas que a providência divina acabou por castigar com uma intervenção de urgência que realmente o impediria de comparecer no casamento da sua filha! Só loucuras!

Volto, para acabar, à Taça de Portugal. Parabéns ao Desportivo das Aves. Foi quase humilhante ver a tristeza dos jogadores do Sporting depois de jogo. Mesmo perante o pior cenário que se imaginasse, nenhum deles equacionou a derrota com toda a certeza. E para BdC isso estaria fora do previsível e a vitória seria uma moeda de troca a jogar por ele na semana seguinte. Teve azar. Agora pode ser que caia na realidade e veja as aneiras que tem feito e se demita. Já é tempo. Chega de loucuras.

Vendavais - Quando cai o pano

A expressão é muito antiga e deixa sempre no ar, uma intriga, um enigma ou a descoberta de algo interessante. Ficar a descoberto nem sempre é bom sinal e quando o pano cai pode descobrir muitas coisas, agradáveis ou não, que estavam encobertas. Assim, nem sempre é desejável ficar a descoberto.
O pano encobre sempre alguma coisa ou alguém. Seja como for, a expressão é deveras interessante, independentemente do objetivo com que se aplique.
Esta semana finda, o pano caiu e deixou a descoberto uma série de coisas deveras desagradáveis. No centro está Sócrates e o PS. O pano que acaba de cair era imenso. Não cobria só Sócrates, se assim fosse não seria necessário ser muito grande, apesar de tudo. Sobre ele muita coisa está descoberta, mas muito mais continua a ser destapada. Sobre tudo o que tem vindo a público sobre o antigo primeiro-ministro, já muito se disse e até se julgou. Todos julgam, todos tecem críticas e opiniões. Haja liberdade! Nada foi admitido por ele que se tem limitado a negar tudo de que é acusado, mas também nada foi proferido com sentença definitiva. As coisas transitam em julgado quando é necessário e depois nada se sabe. Por parte do Partido Socialista, Sócrates não recebeu nunca o apoio que esperava, mas estava com essa esperança na manga, até porque, alguém adiantou que seria um trunfo para as eleições presidenciais. Possivelmente também ele esperava isso mesmo. Esperava. Mas o PS cansou-se e não aguentou mais. Com o desastre do ex-ministro da economia, o tal dos corninhos, e todo o drama que ficou a descoberto e que o liga ao BES e a Ricardo Salgado, o PS puxou o resto do pano que faltava cair. E todos ficámos a saber que o PS ficou envergonhado com as atitudes e trafulhices que se descobriram acerca de Pinho. A venda da casa de Lisboa por cerca de 2 milhões, a compra da casa em Nova Iorque por mais de um milhão e a nova vida que leva em Manhattan e na China, para além das ligações a Sócrates e a Ricardo Salgado, foram demais. A tudo isto juntaram-se as transferências de muito dinheiro para offshores. O PS não aguentou mais e deixou cair o pano de tanta vergonha que tinha e a que se expunha. Foi o mais ajuizado.
Depois do pano cair e já todo descoberto um e outro, também Sócrates, percebendo que todo o apoio que esperava lhe faltou, abandonou o barco e lançou-se a nado em direção a terra. Saiu do PS e caiu por terra todo o sonho que alimentou durante algum tempo de vir a ser candidato às presidenciais.
A verdade é que o Partido Socialista nunca se quis comprometer com a situação do antigo primeiro-ministro. Aliás Costa foi visitá-lo, lembramo-nos bem, quando já se lhe apontava o dedo por não o ter feito logo no início. Foi o último a ir até à prisão visitar o correligionário, como uma obrigação que se impunha e não um desejo que devia satisfazer. A partir daí, nada mais disse. Pronunciou-se agora depois de Sócrates dizer que ia sair do Partido Socialista. E pouco disse a esse respeito.
Mas o PS está ferido de morte. Não sei se consegue aguentar tanto desatino dos seus ex-ministros e mesmo dos atuais, já que alguns estão na porta de saída com tanta farpa que lhes atiram e podem ferir gravemente. Possivelmente o pano que acaba de cair ainda não destapou tudo.
O palco onde toda esta gente se movimenta e contracena, parece ser demasiado grande e isso permite-lhes uma movimentação extraordinária, tão grande que é muito difícil segui-los. Deste modo, mesmo com o pano todo aberto, eles conseguem fugir aos olhares de todos os que estão no recinto. No Teatro, assistimos a peças maravilhosas e conseguimos perceber e entender todas as movimentações dos artistas. Todos têm um papel primordial na trama. Normalmente gostamos de ver, de assistir e aplaudimos no final a enorme representação dos artistas. É normal que assim seja. E quando o pano cai, não fica nada a descoberto. A peça acabou e nós percebemos tudo.
Mas no palco onde se movimentam estes outros artistas, tudo é diferente. O pano caiu para descobrir o que não se devia saber. A peça não estava bem escrita ou era desconhecida. Nós não a conhecíamos. O mal foi o pano ter caído antes de tempo!

Vendavais - O poder a par da burrice

Portugal é um país pequeno, todos sabemos disso. Nascemos de um pequeno território que graças à perseverança e denodo de um rei que não o era efetivamente, mas acabou por ser reconhecido como tal, resolveu ir contra tudo e contra todos, acrescentando palmo a palmo, toda a terra que conseguiu conquistar. Nasceu, pois, um país resultado de muito esforço, muita luta e muita conquista.
Desde então, a vontade de crescer não morreu e nos séculos que se seguiram isso foi demonstrado pelo mundo inteiro onde aportámos, ficámos e aculturámos. Significa isto que ensinámos a muitos povos a nossa língua e a nossa cultura. Até hoje, ainda se fala por lá, a língua de Camões. Infelizmente ou não, não chegámos à América do Norte. Foi pena!
No meio de tantas viagens que os portugueses fizeram, no meio de tantas riquezas transportadas e aureolados pela importância que chegámos a ter, nunca conseguimos ter relacionamentos chegados com a América que se tornaria os EUA. Ficámos pelo sul e para lá levámos o nosso saber tão completo e perfeito que fizemos o que hoje é um país imenso. O Brasil deve-nos essa quota-parte, mas nem por isso somos mais alguma coisa do que a semente que cresceu e floriu. Até a nossa língua querem que se torne subserviente da multidão que por lá pulula, mesmo a mais ignorante.
Entretanto, a América cresceu sem a influência lusa o que lhe permitiu continuar a ignorar o grande povo que descobriu o mundo, mas que por azar não chegou à baía do Hudson ou a outra mais propícia à demanda das nossas caravelas. Coisas do acaso!
Talvez por isso mesmo, passados séculos os americanos continuam a ignorar-nos. Sim, ignorar-nos no sentido de não saberem exatamente quem somos e onde ficamos. Será possível?
Hoje a América é um país poderoso, é verdade, mas é talvez o mais ignorante do planeta. Só se interessam pelo imediato e pelo que lhes diz respeito diretamente. Não sei o que ensinam à juventude deste país, mas sobre o mundo que os rodeia não será grande coisa.
A Jetcost levou a cabo um inquérito cultural e entrevistou um pouco mais de 4.000 norte-americanos com mais de 18 anos. O resultado é triste. 49% dos inquiridos acredita que a África é um país, 39% pensa que o Polo Norte não existe e 9% acredita que a Terra é plana. É preciso dizer que os jovens inquiridos tinham um emprego estável e tinham efetuado pelo menos uma viagem nos últimos dois anos. Isto é inacreditável.
De facto, não chega ser poderoso para saber muitas coisas. É preferível ser pobre e ter conhecimentos do que rico e ignorante! Mas eles são pobres em sabedoria, em conhecimentos o que não supera a riqueza e o poder. São, é verdade, os mais poderosos e mais ricos do mundo, mas de que adianta se nem sequer sabem que Portugal existe? Questionados sobre os países que existiam na Península Ibérica, disseram que só havia um: a Ibéria. Será possível? Para que lhes serve a riqueza e o poder se são completamente ignorantes?
Há uns anos atrás, questionados sobre quem era Al Gore, 25% desconhecia que era o vice-presidente dos EUA. Ora quando nem sobre o seu país conhecem quem os governa, como poderão saber o que vai nos outros países ou onde é que eles ficam?
Realmente fico com pena de os nossos marinheiros não terem chegado às costas da América do Norte. É que pelo menos hoje eles falariam a língua lusa, teriam uma cultura muito maior sobre o mundo e com a riqueza que conseguiram acumular ao longo destes anos todos, seriam não só os mais ricos e poderosos, mas também os mais cultos e com certeza saberiam onde fica Portugal. É que ser pobre e burro é triste, mas mais triste ainda é ser rico e poderoso e ignorante. É a sua sina, talvez. Também quando a rapaziada anda aos tiros dentro das escolas e mata os colegas e professores como forma de afirmação ou vinganças mesquinhas, não se pode esperar grande coisa! O mundo não pode girar só à volta deles!

Vendavais - Fora de casa

É difícil ajuizar o que pensam alguns políticos, mas não só, em determinadas situações. Também não vale a pena perder muito tempo com esse assunto, mas há casos e casos. São esses casos porventura diferentes do normal funcionamento da política, pelo menos do que podemos esperar dela, que nos levam a expressar a nossa humilde opinião.
Poderíamos questionar a decisão extemporânea de Bruno de Carvalho depois da derrota em Madrid e a reação dos jogadores, mas isso é somente mais uma vertente que justifica o quão mal anda o mundo do futebol. De facto, a bola é e deve ser dos jogadores e são eles que a jogam, muito embora se exija sempre mais do que o que eles dão. Contudo isso não justifica, de forma alguma, o que fez BdC. Uma atitude simplesmente desastrosa e irreverente, como se se tratasse de um menino mimado a quem lhe roubaram o brinquedo preferido. Paciência.
Mas não era este o assunto que me levaria a perder mais alguns minutos. A semana que agora acabou trouxe notícias que mexeram tremendamente com a política internacional. Diretamente não nos toca, mas indirectamente somos, de algum modo, abrangidos, quanto mais não seja pela proximidade.
Lula da Silva foi condenado há já algum tempo. Todos sabemos disso, mas esperávamos que com toda a habilidade política que se conhece, ele conseguisse prolongar no tempo a decisão final que o levaria à prisão e lhe permitiria candidatar-se à presidência do Brasil. Se assim fosse, conseguiria ultrapassar esse desiderato e até convencer o Senado a eliminar essa lei incómoda e a relevar a sua sentença de prisão. Mas não. O juiz Sérgio Moro leu a sentença final e deu ordem para prender Lula. Ponto final.
Muito embora Lula continue a dizer que está inocente e a verdade é que parece que por ter recebido um triplex como suborno de uma construtora em troca de favorecimentos à Petrobrás, isso não o torna um criminoso tão perigoso que deve permanecer 12 anos dentro de uma prisão. Culpado? Talvez, sim. Por corrupção passiva! Mas quantos criminosos andam por aí à solta e por bem menos? Quantos corruptos se passeiam impunemente por este país e pelo Brasil? Mata-se e esfola-se e não se condena ninguém! Lula, quer se goste ou não, teve o condão de elevar o nível de vida dos brasileiros e criar uma classe média que não existia no Brasil. Mais de 12 milhões de brasileiros viram os seus salários aumentarem e permitir-lhes uma vida completamente diferente. Permitiu-lhes sonhar! Não estou a defender nem a condenar. Simplesmente comparo situações que no fundo todos conhecemos e todos condenamos. Para o que se quiser comparar, Lula foi o Presidente do Brasil mais popular e que mais obra mostrou a favor dos mais desfavorecidos. Não sei quantos presidentes não receberam subornos, sejam eles quais forem! Conceder favores? Ele concedeu e todos concedemos. Mas o que aqui está em palco é francamente uma atitude política. Sérgio Moro riu sarcasticamente ao afirmar que se limitou a cumprir o que o tribunal de segunda instância decidiu. Temos um Brasil dividido como está Portugal. Curioso!
Mas se no Brasil se assiste a um suposto golpe político, o que se passa na vizinha Espanha, mais concretamente na Catalunha e com Puigedmeont? É a tentativa de outro golpe político, só que perpetrado por um elemento de um clã que tem dominado a Catalunha e quer a sua continuidade custe o que custar. A família Puigdemont, dona de uma fortuna enorme conseguida à custa de negócios ligados aos governos da Catalunha, face a uma delapidação enorme desse património quer controlar um governo e uma Catalunha independente para poder reinar a seu bel prazer, único modo de voltar a ser rica e poderosa. Ele faz parte de uma oligarquia catalã que quer a todo o custo manter-se à frente dos interesses da região. Mas os espanhóis não são tão burros assim e não lhe querem conceder essa possibilidade. Acusado de rebelião e burla e outras coisas que tais, o senhor em causa vê-se obrigado a andar fora de casa para sobreviver e não ir para a prisão por longos anos. A Alemanha quase o extraditava e se o tivesse feito, Puigdemont estava agora na prisão e a Catalunha sem o seu líder revoltoso. Mas porquê tudo isto? A Catalunha é uma região rica, com enormes potencialidades e onde se situam imensas empresas espanholas e estrangeiras de renome. A tentativa independentista falhada levou a que essas mesmas empresas levantassem ferro e se sediassem em território espanhol, deixando a Catalunha desprovida de interesse económico imediato, o que é demasiado mau para os catalães que pretendiam viver dessa riqueza e à custa dela. Em solo alemão, Puigdemont diz não renunciar ao mandato de deputado no Parlamento da Catalunha, mas para isso terá de regressar e o seu regresso implica prisão. Depois da Alemanha vem novamente a Bélgica, refúgio prisão para quem não tem muito para onde ir. Opções políticas, fora de casa. Por enquanto!

Vendavais - A Escola do desespero

A escola começou por ser um espaço onde alguém ensinava os que queriam aprender e não eram muitos nesse tempo. Desde que a História se iniciou e ela começou precisamente quando se inventou a escrita, logo se equacionou a possibilidade e a necessidade de ensinar outros para que perpetuasse o conhecimento e se transmitisse o saber. Surgiu um espaço adequado a essa nobre missão e um professor para ensinar os que deviam aprender o essencial para mais tarde poder transmitir toda a aprendizagem.
Na Grécia antiga a importância da educação da juventude foi levada ao extremo. O homem tinha de ser perfeito e isso incluía não só os escalões de aprendizagem como também a educação do próprio físico. Foi aqui que nasceu o Liceu, a escola a que nos habituámos a frequentar até há 40 anos atrás. O 25 de abril trouxe as escolas secundárias e com elas novos currículos e novas regras para a educação. Mas nem tudo correu bem.
A escola deve continuar a ser um espaço de aprendizagem onde os alunos se sintam bem, onde os professores possam desempenhar o seu papel com satisfação e onde todo o pessoal sinta que todo o espaço lhes pertence. A escola não pode ser uma prisão para os alunos. Eles querem ser livres dentro desse espaço e sentir-se bem, tão bem que lhes apeteça ir para lá e aprender alegremente o que os professores lhes transmitem.
Há 32 ou 33 anos a Escola Secundária de Vinhais foi inaugurada e eu prezo-me de ter pertencido ao grupo de professores que a inaugurou. Uma família de nome da vila, cedeu um espaço enorme para que fosse possível construir uma escola nova. Fez-se. Era um espaço agradável, não só porque era novo, mas porque tinha uma envolvência maravilhosa que permitia aos alunos, professores e funcionários, uma possibilidade extraordinária de movimentação e uma imensa capacidade de aproveitamento desse mesmo espaço total. Por lá andavam cerca de mil alunos nessa altura.
Hoje os tempos mudaram é verdade. Os alunos hoje são metade dos de antigamente, mas amanhã poderão ser mais. Essa não pode ser a razão para desistir desta escola, plena de potencialidades. Passados trinta anos a escola necessita de melhoramentos. É normal. Outras já foram melhoradas pela Parque Escolar e outras estão neste momento a ser melhoradas. A escola de Vinhais deveria estar nesse lote, mas não. A única razão para não estar parece prender-se com o facto de a Câmara Municipal fazer pressão para se construir outra nova em terreno adquirido para o efeito há algum tempo. Uma questão de terreno! O projeto foi apresentado há dois anos e foi rejeitado liminarmente pelos professores, que são os únicos a saber o que é necessário para que uma escola possa funcionar em condições. Ninguém os quis ouvir. O Ministério ficou na dúvida sobre o que fazer e retardou o processo, não se sabe se por falta de dinheiro, se mesmo por indecisão. Afinal são mais de 3 milhões!
Um projeto de escola que não tem espaço onde os alunos possam brincar, correr, saltar, um recreio digno onde extravasem o seu stress diário e dêem liberdade às suas tropelias, uma escola onde esse recreio está situado num terraço de primeiro andar, perigoso só por isso, restrito também por isso mesmo, uma escola que não tem um polivalente para o exercício de atividades desportivas e físicas, uma escola com muito menos salas do que a atual, não pode ser uma solução digna nos tempos que correm. O dinheiro para a sua construção é muito mais do que o necessário para remodelar e actualizar a escola secundária atual e até fazer mesmo mais um bloco de aulas e laboratórios, estes sim mais necessários do que tudo. A exemplo de outras remodelações modernas, a Escola Secundária de Vinhais, deveria ser urgentemente objeto prioritário para bem dos alunos, da comunidade local, dos professores e de todos os vindouros. Minimizar uma realidade como a que temos é prejudicar toda uma rede de dependências sociais e apoucar verdadeiramente a vila de Vinhais. Não se podem servir outros interesses que não sejam os que estão realmente ligados à educação. Espero que os vinhaenses não se deixem levar no canto da sereia e vão atrás de uma escola nova que não servirá os desígnios futuros do concelho e dos alunos que vão chegar. O desespero é enorme, não só por parte do Município, como dos alunos, dos professores e de alguma forma do Ministério da Educação que não tem dinheiro para estes devaneios. Haja a hombridade para os alertar de que a remodelação da Escola Secundária é imprescindível e urgente, mas que não se metam em aventuras minimalistas. A comunidade escolar e não só, tem essa obrigação. Até porque se acontecer desactivar a Escola atual e os donos do terreno exigirem que o mesmo seja limpo, terão de deitar abaixo todos os edifícios escolares e o dinheiro sai dos cofres do Estado e não vai ser pouco. Deixem-se de aventuras. Quem está habituado a comer em prato de louça, por que razão vai ter de comer em prato de barro?

Vendavais - Nas “Cristas” das ondas

Num fim-de-semana em que o tempo climatérico esteve muito mau e causou demasiados estragos, outros assuntos estiveram na baila.
É verdade que Portugal tem sido varrido por demasiadas intempéries nestes últimos tempos, desde o Algarve ao Minho. Todo o litoral foi fustigado pela ventania e por ondas enormes que impediram a circulação em estradas importantes como a marginal de Cascais, as zonas ribeirinhas ou a Ponte 25 de abril.
Face a estas intempéries e à quantidade de chuva que tem vindo, poderíamos dizer que finalmente foi feita a reposição dos níveis das barragens e dos níveis freáticos que nos permitirão passar um verão mais descansado, mas não. Efetivamente ainda não chega. Tem sido muita a chuva, mas tudo o que vem demasiado depressa, também vai da mesma forma.
Todo este vendaval vai muito para além disso mesmo. Este ano é um ano de lançamento político. E se nos lembrarmos, decerto concordamos que este temporal já começou antes do Congresso do PSD, quando Passos Coelho se viu obrigado a prescindir da liderança do partido. Vimos e assistimos a uma onda de manifestações sobre quem poderia liderar na época pós-Passos. Santana, Rio ou qualquer outro que estivesse no escuro. E como iria ser? Uma série de incógnitas que só obteriam resposta firme nas eleições internas e no Congresso onde Rio foi empossado como presidente. Passos saía pela porta pequena! Não esteve muito tempo na crista da onda!
Mas as ondas não pararam de agitar o panorama político dentro do PSD. As escolhas de Rio e a necessidade de um líder parlamentar seriam as ondas que agitariam ainda mais todo o espectro político social-democrata. Montenegro resolveu amenizar a situação ao não concorrer para o lugar da bancada parlamentar, mas a solução que veio a lume também não foi pacífica nem convincente. Tal situação não trouxe acalmia nas hostes internas partidárias. Há falta de garra, de acutilância política, de segurança. Rio, interpelado sobre a situação, disse que deveria ser desse modo, com calma, sem arrogância, sem gritaria, que um líder de bancada teria de agir. E que não fosse! Não tinha outra alternativa!
Onda quebrada, ou não, foi a escolha para vice-presidente do partido. Uma onda enorme de vozes contra levantou-se. Outras ondas mais pequenas se levantaram, mas quebraram para não desembocar em temporal. Enfim! Agora, com o mar mais chão, procuram-se limar arestas e rumar seguro até 2019. Mas como fazer oposição? Passos abandonou a bancada parlamentar! Um a menos. Bom ou mau, estava lá e sabia o que se passava. Agora há incertezas. Dava jeito Rio poder ocupar o lugar de Passos. Será que pode? Não! Também se pode fazer oposição cá fora, mas é diferente, muito diferente. O combate político não tem a mesma graça, nem a mesma força. Vamos esperar para ver.
Neste fim-de-semana teve lugar o Congresso do CDS. Uma nova onda! Toda a força e garra que era possível esperar da líder, teve eco. Cristas afirmou-se e adiantou-se na confirmação de líder da oposição. Quer o CDS como um partido forte, seguro, de oposição e também foi o primeiro a apresentar o cabeça de lista para o Parlamento Europeu. Adiantou-se a todos os outros. Cristas está na onda da vitória, por enquanto.
Sem “papas na língua” disse o que queria e ao que vinha. Pediu para dentro e disse para fora. O CDS nunca esteve parado, nem vai ficar parado. Está em movimento e em direção a 2019. Alertou para a esquerda unida e a necessidade de a derrubar. Uma oposição séria e eficaz no palco legislativo por excelência. Pedem-se votos sobre assuntos importantes. Votos ganhadores. É preciso encostar os partidos ou comprometê-los.
Cristas disse e voltou a afirmar que o centro direita está vivo e firme e que o seu espaço é para ocupar plenamente. No centro e na direita. Recado para fora e para quem pode precisar. Os valores e a história não são para esquecer. São para pôr em prática. Deverão enformar tudo o que o CDS fizer ou vier a fazer. Ações. Leis. Diplomas.
Mas Cristas disse mais. Disse que se os portugueses quiserem, ela pode ser a presidente do próximo governo. Claro. Outros o foram sem tantos atributos. Porque não?
É esta garra de líder que leva ao topo os políticos. O guindaste indispensável que eleva e sustenta toda a ambição de quem se quer afirmar e vencer. Na crista da onda, Cristas, navega, por enquanto, em mar calmo. Mas terá de saber surfar e aproveitar bem o vento favorável!