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Luís Ferreira

Vendavais Regresso ao passado

Portugal bem podia ser o país das experiências falhadas. Na verdade, já tivemos tantas tentativas para resolver alguns dos assuntos mais prementes e sem sucesso que o melhor será equacionar muito bem o modo de as implementar antes de saírem completamente goradas. De facto não é bom sinal andar a tentar resolver determinadas vertentes sociais e saltarmos de falhanço em falhanço sem avançar um metro que seja.
A Educação é bem o paradigma de tal insucesso e das tentativas falhadas. Sem grande esforço, conseguimos recordar as várias tentativas de reforma na Educação e nos currículos e a desistência de uns e outros para recomeçar numa outra perspectiva. A verdade +e que andamos neste vai e vem há imensos anos e sem resultados papáveis e profundos que sirvam de uma vez por todas, de cimento para a formação de uma sociedade futura digna e conhecedora.
Neste momento e com este Ministério da Educação a Educação volta a estar em risco de mudança profunda. O termo mudança é possivelmente demasiado assertivo. Seja como for, a informação que está a ser veiculada é a de que os currículos vão ser alterados. Os alunos vão ter menos tempos de Português e menos de Matemática, as disciplinas que continuam sem ter grande sucesso em termos de aprendizagem. Vai voltar a Educação para a cidadania e desta vez desde o pré-escolar e em termos obrigatórios. Eu até me atreveria a dizer “ainda bem” perante tanta falta dessa tal cidadania, especialmente no que respeita a aspetos como a corrupção e lavagem de dinheiro e à ladroagem que pulula por este país fora. A este nível até podia dar jeito!
Pois então, tal como em 2001, volta a estar inserida nos currículos a Educação para a cidadania! Nada de novo, como vemos. Mais uma tentativa de formar ou moldar uma juventude para amanhã ser o futuro da nação! Isto faz-me lembrar outros tempos, mas enfim!
As ideias agora avançadas já foram práticas correntes até 2012. Nuno Crato retirou-as e agora estes governantes querem voltar ao passado e experimentar o que não terá dado o resultado esperado. Não me parece muito acertado tal resolução.
O querer pôr em prática um “novo modelo” de ensino e novos currículos, envolvendo as escolas, professores e alunos de diferentes áreas, não me parece exequível. No mínimo, não é fácil face à carga horária quer dos professores, quer dos alunos. Na verdade, os professores não têm tempo para perder com reuniões transdisciplinares, pois o trabalho que têm com os alunos e com as aulas retira-lhes tempo para essas avarias curriculares. Depois ainda temos a pressão que os alunos e os professores têm com os exames, especialmente a nível do ensino secundário.
Acresce a tudo isto o facto de querer dar às escolas a possibilidade de flexibilizar os seus currículos de acordo com as regiões onde se inserem. Pois bem, isto até podia ser uma vantagem se não criasse desigualdades de aprendizagem em termos curriculares, já que os alunos passariam a aprender coisas diferentes de acordo com a região onde vivessem, para não falar também de outro problema que é o dos professores que não pertencem a essas regiões e andam a percorrer Portugal consoante as suas colocações. Estes teriam de passar ano após ano a aprender os assuntos temáticos dos currículos regionais. Parece-me uma aberração.
De tudo isto o que me parece ter algo de positivo é o facto de dar mais tempo às Ciências Sociais especialmente à disciplina de História. Na verdade, a História de Portugal tem passado para segundo plano e parece-me que já é tempo de os alunos aprenderem um pouco mais da História que enche a boca de todos quando se referem aos feitos antigos dos portugueses para preencher a lacuna dos tempos modernos da nossa História.
Se este regresso ao passado é mais uma tentativa para falhar, mais vale deixar tudo como está. Aos olhos dos outros países, que até seguem de perto este percurso sinuoso de tentativas goradas, este passo não merece aplausos da sua parte e não nos dá o retorno que desejamos, nem da juventude, nem de uma sociedade mais justa, equitativa e formada, para um futuro mais próximo.

Vendavais - Os piores cegos….

As últimas sondagens dão ao partido socialista uma subida notável e à beira de dispensar o apoio tanto do BE como do PCP. Ou seja a geringonça está prestes a desfazer-se!
A simplicidade com que se faz um telefonema e se juntam respostas a uma ou duas questões pré formuladas e com objetivos claros, levam a ter percentualmente um resultado que pode interessar ou não a quem for o objeto do inquérito. As sondagens são o que são e embora não sejam infalíveis, também não são totalmente despiciendas. O interesse delas é que animam as guerrilhas internas especialmente no que diz respeito aos partidos envolvidos nelas.
O facto do PS estar a subir nessas sondagens e situar-se no 42%, faz supor que, a continuar esta subida, o partido socialista irá dispensar o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, desfazendo assim a tal geringonça que lhe permitiu governar numa situação em que tinha perdido as eleições nacionais. Os amigos de ocasião passarão assim aos eternos opositores, dispostos a lutar novamente contra aquele que os ajudou a ter igualmente, alguma visibilidade política. Mas não nos enganemos. Estamos longe das eleições e as polémicas estão agora a começar.
De facto, são várias as vertentes em jogo neste tabuleiro político. A iniciar está no centro Centeno, que se vê acossado pela oposição quanto ao problema da Caixa Geral de Depósitos e sua administração. É uma nódoa que se alastra e que pode não sair facilmente por mais que se lave o fino tecido em que caiu. Será que a ida à Comissão parlamentar para prestar esclarecimentos vai resolver alguma coisa? Afinal há cartas escritas e, segundo parece, o rabo está preso aí mesmo. Quem o irá soltar? Domingues acederá a esclarecer alguma coisa, entalando quem o tentou ajudar? É certo que Domingues fixou salários, incluindo o seu e Centeno aceitou. Há ou não acordos entre os dois? Terá de passar ainda muita água debaixo desta ponte para limpar as nódoas que se vislumbram. E não nos esqueçamos que ela alastra até Belém.
Mas se o PS continuar a subir nas sondagens e acabar por ganhar as eleições, é necessário prepararmo-nos para deixar de ouvir falar de benesses e passar a ter atenção aos cortes que se avizinham passando novamente a uma austeridade galopante. Sim, porque não há milagres a este nível na economia. Ou se tem para pagar, ou não se tem e nós não temos. Todos sabemos disso. A divida portuguesa é astronómica e iremos pagá-la durante os próximos cem anos. Parece muito? Pois parece. O Governo disse que vai entregar ao FMI uma tranche nas semanas próximas no valor de 1,6 mil milhões e até adiantou já os valores aproximados das próximas entregas. Com este ritmo de entregas anuais, levaremos cerca de 80 a 100 anos para liquidar a dívida. Claro que as coisas não se processam com esta simplicidade, pois admito que alguma coisa melhorará neste ciclo económico de crise. Mas são muitos milhares de milhões para pagar e a divida não pára de crescer diariamente. Quem vai herdar este fardo enorme? Parece, no entanto que, segundo informações do governo, já se pagou cerca de 42,5% do empréstimo inicial e a ser assim, talvez consigamos pagar tudo em menos tempo. Talvez! O que nos deixa um pouco descansados é que seremos sempre fiscalizados enquanto não chegarmos a um nível inferior a 200% da dívida. Já imaginaram? 200% da dívida! Uma enormidade.
Se, num laivo comparativo um pouco marginal, dissermos que em Lisboa todos os meses fecham cinco lojas comerciais históricas, isto não ajuda nada a resolver o problema da dívida.
Seja como for, podemos preparar tudo para a suposta vitória do PS nas próximas eleições, mas sem esquecer que se eles endividam cada vez mais o país, será bom que sejam eles a pagar essa dívida, porque estar à espera que outros venham pagar o que eles ficam a dever é pouco ético. É que, em terra de cegos, quem tem olho é rei. E os piores cegos…

Vendavais - Pára Pedro para não caíres

Durante séculos enchemos a boca com a façanha dos Descobrimentos e reclamámos para nós a primazia da chegada aos novos mundos e a novas gentes a quem levámos a nossa língua, a nossa cultura, o nosso saber e a nossa religião. Durante séculos o mundo reconheceu essa extraordinária aventura portuguesa como ímpar na historiografia dos povos desses séculos tão longínquos ao ponto de não reconhecer qualquer alteração ao que nós realmente ensinámos aos povos por onde passámos e com estivemos. O orgulho nacional foi elevado durante muito tempo ao expoente máximo e dele fizemos bandeira que drapejámos em todos os continentes.
Não entendi nem consigo entender as razões subjacentes à necessidade estapafúrdia de alterar a nossa própria língua escrita e fazer para isso um acordo ortográfico que mais não serve do que servir os outros que nem são portugueses, mas que sempre falaram português, aquele que nós lhes ensinámos. Sim, esse mesmo, com acentos, hífens, com consoantes mudas e com todo o resto que da língua fazem e sempre fizeram parte integrante. Nunca quis entender essa necessidade de mudança. Não me convenceram com os milhões que falam a língua portuguesa em todo o mundo, nem com os milhões que não sendo portugueses, falam o português que afinal lhes foi ensinado por nós há muitos séculos. No Brasil sempre se falou a língua portuguesa, embora com as nuances que lhes são peculiares, mas não devem ser essas nuances linguísticas que nos obrigam a mudar a nossa própria língua, a mesma que nós para lá levámos e que eles aprenderam e falam até hoje. Eles sempre se deram bem com isso e sempre souberam falar a língua de Camões e com ela se entenderam ao longo dos séculos sem ver necessidade de alterar fosse o que fosse ao que aprenderam. Então porque haveria de alguém sumamente iluminado propor umas alterações a essa língua tão bonita e tão falada no mundo inteiro? Para mim serve a explicação de fazer o jeito a terceiros baseado em segundos acordos que nada têm a ver com o latim que nos foi transmitido pelos primeiros habitantes deste cantinho privilegiado e os seguidores tão bem privilegiaram. Não aceito as explicações de comodismo de linguagem. A caneta escreve redondo qualquer frase que saia da cabeça de cada um de nós e só escreve o que na cabeça estiver certo. Acertem-se as cabeças pensadoras.
Felizmente ao fim de alguns anos de tanta especulação, tantos a favor e tantos contra estas alterações ortográficas, lá se fez ouvir finalmente a Academia que acaba de sugerir o regresso de acentos, consoantes mudas e do hífen ao famigerado Acordo Ortográfico. Claro que há agora outros problemas a ultrapassar e advêm do facto de ter havido estas espertezas saloias em tempo inoportuno e que se prendem com os alunos que já aprenderam a escrever de modo diferente onde facilitismo supera a ignorância ortográfica. A esses, que não têm culpa do que alguns adultos fizeram e outros tiveram de ensinar, resta-lhes fazer umas correcções e acomodarem-se a um português mais português e mais igual ao que os pais aprenderam.
Dou os meus para bens à Academia ao sugerir este acerto que não sendo um retrocesso ao acordo firmado, pelo menos esclarece alguns vocábulos que francamente, eram uma aberração à língua original de Camões, aquela que nós tanto louvamos e que continuará a ser um emblema da marca portuguesa. Nela se espelha a alma nacional pelos poemas de Bocage e Pessoa, pelos textos de Aquilino e nos contos de Torga. Como é bom voltar a escrever espectador em vez de espetador ou recepção em vez de receção ou pára quando é pára e não para em vez de pára.
Realmente não vale a pena confundir o que é simples nem simplificar o que não deve ser simplificado já que lhe retira o cerne semântico que o caracteriza.
É tempo de parar! Então, pára Pedro para não caíres! Ponto final.

Vendavais - Despedidas e desejos

Toda a separação é uma despedida ainda que temporária e quando queremos bem deixamos sempre um desejo na esperança de que se concretize. Mas nem sempre nos despedimos de uma pessoa mais ou menos chegada, mas o desejo, esse sempre fica no ar.
O ano que agora acaba talvez não tenha deixado a vontade de pronunciarmos muitos desejos para repetir, mas como nem tudo foi mau, algumas coisas gostaríamos que se repetissem dentro de algum tempo, outras, enfim, nem é bom falar delas.
Despedimo-nos de 2016 com a pompa e circunstância a que já estamos habituados e desejamos que o Ano Novo traga sempre o que mais falta nos faz, a nós e ao mundo. Desejamos paz, amor, saúde e felicidade. Alguns ainda desejam dinheiro, esse que tem andado tão arredio das bolsas de muitos portugueses, mas apesar do que se diz, esse é um desejo que ficará mesmo só como desejo. Os aumentos que estão anunciados e que entram agora em vigor vão levar muito dos pequenos aumentos que se apregoaram. Não se pode dar tudo, nem dar o que se não tem!
Mas o ano que passou trouxe muitos desgostos para todo o mundo. Foi demasiado cáustico. As mortes que se contabilizaram foram demasiadas e imerecidas. As catástrofes que se verificaram um pouco por todo o mundo deixaram rasto de miséria e morte como se fosse necessário carimbar o ano com um selo tão caro. Os tremores de terra que abanaram o planeta desde a América do Sul até à Europa e deixaram uma marca terrível na Itália, destruíram casas e sonhos e mataram quem não estava à espera que tamanha crueldade os atingisse. Os que ficaram de pé, despediram-se dos entes mais queridos e desejaram que nunca mais se repetissem estes arrepios que o planeta tem, como se quisesse avisar-nos de algo que não vai bem.
A Europa foi o grande alvo de ataques levados a cabo por gente que não sabe o que quer, não pensa pela sua cabeça e não age por vontade própria. De França à Alemanha, passando por outras localidades, as bombas estoiraram, destruíram e mataram em nome de algo que não se entende, não se percebe e não sei mesmo se existirá. Mata-se por matar como se daí resultasse uma satisfação enorme e a resolução de muitos problemas que possivelmente nem têm. O islamismo não defende este tipo de crimes e muitos não entendem por que se mata em nome do Islão. Porquê? Não têm outra justificação nem defesa. Se um dia Alá aparecesse à frente desses grupos, certamente que veriam o erro e talvez se arrependessem e arrepiassem caminho na malvadez que os envolve. Como se pode envolver uma rapariga de 9 anos com bombas e enviá-la para o meio de uma multidão para que se faça rebentar, matando uma dúzias à sua volta? Como se pode ser tão cruel? Que mentalidade retorcida deu a volta à cabeça desta rapariga? Que medos lhe incutiram? Esta nem teve tempo de se despedir e não deixou certamente nenhum desejo futuro.
Mas ao bater as doze badaladas todos nos despedimos do ano velho e desejámos paz para o ano novo. Ao despedirmo-nos de 2016 e talvez só porque era uma despedida, foi acordado o cessar-fogo na Síria, não sem antes milhares de sírios saírem da sua cidade e das suas casas, as que ainda se conservam de pé, e abandonarem o seu país por culpa dos que ainda acreditam que ao morrer vão ter ao seu dispor sete virgens num campo de leite e mel. Como é possível matar tantos milhares de pessoas, destruir uma enorme cidade que tantos anos levou a construir, derrubar uma civilização marcante para a História da humanidade em nome de … nada? Os desejos dos que destroem não serão nunca os mesmos dos que não querem essa destruição.
Por cá, mais terra a terra teremos de ser e, os desejos além da saúde e paz que todos queremos, sempre vamos acrescentando que não queremos voltar a ver por aqui os tais três reis que nada trouxeram para pagar a dívida que ainda perdura. Despedimo-nos deles e do ano que acabou e desejamos que não voltem. Enfim, haja saúde! Feliz Ano Novo.

Onde pára a minha escola?

Em época natalícia seria bom que todos os presentes fossem animadores, interessantes, educativos e criassem uma empatia razoável entre todos os que dão e os que recebem. Infelizmente não é isso que se verifica na maior parte dos casos. 
É quase sempre nesta época que sai o ranking das escolas nacionais como se de um presente de Natal se tratasse, vá-se lá saber porquê! Todos os anos se ouvem as críticas acerca deste episódio classificativo e não são as melhores. As escolas são o que são e pertencem todas, ou quase, ao mesmo sistema de ensino e sujeitam-se aos mesmos currículos o que não é, de modo algum, termo de comparação entre todas elas.
Assim, têm-se ouvido críticas sobre o modo de comparar os estabelecimentos de ensino, sobre a autonomia de umas escolas face a outras, sobre currículos alternativos adequados à região onde se inserem e os alunos mais propensos a um profissionalismo futuro de razoável incerteza, sobre a capacidade dos professores e mais grave, entre os que lecionam no litoral e os que se limitam a andar pelas terras do interior onde a interioridade parece ser um handicap extraordinário nesta coisa das aprendizagens. Enfim, um sem número de premissas para uma conclusão nada lógica.
O que é certo é que, no meu modesto entender de professor deste sistema e deste interior há mais de trinta anos, não se compara o que deve ser comparável e não se diz muito do que se devia dizer. Fala-se muito, critica-se e posicionam-se as escolas numa escala que não traz nenhuma vantagem nem para as escolas nem para os alunos e, poderá servir para exacerbar o ego de alguns pais que conseguem colocar os seus filhos nos tais colégios particulares ou nas escolas que ocupam os lugares cimeiros da escala. Enfim! Será que no meio disto tudo não se estão a esquecer de coisas como o perfil dos alunos, a inclusão de alunos com deficiência em que algumas escolas fazem um trabalho extraordinário, ou mesmo do humanismo com que se devem tratar os alunos de modo a prepará-los e alertá-los para uma melhor sociedade futura através do desenvolvimento de projetos de promoção da cidadania? E já conseguiram aquilatar se o grau de pobreza de algumas famílias é ou não um redutor do sucesso que há em algumas escolas, nas tais que não recebendo um presente de Natal, se posicionam no fundo da tabela, mas não deixam de ser tão escolas como as outras?
Mas é facto que a comunicação social continua a divulgar os dados que recolhe e parece não questionar muitas das coisas que lhe dizem. Parece-me que é uma guerra entre o Ministério da Educação e a comunicação social. Aliás, esta guerra começou já em 2001. Este foi o ano em que pela primeira vez saíram classificações sobre as escolas embora só se referissem aos alunos do 12.º ano. E aqui levanta-se outro problema: até agora têm-se comparado as escolas e as notas dos alunos, sejam de 4.º ano, de 6.º ano, de 9.º ano ou de 12.º ano, mas penso que era relevante comparar as médias dos alunos que entram nas universidades e a média com que de lá saem. Será que têm medo de o fazer? Possivelmente seria uma desilusão e/ou a prova de que há algumas escolas que inflacionam as notas dos seus alunos para que entrem nos melhores cursos ou nas melhores instituições. Isto teria interesse para um ranking? Se calhar não.
Contudo e mesmo com todos os handicaps que possam estar associados a este interior desprezado, a verdade é que daqui têm saído dos melhores alunos a nível nacional e cujas médias rondam os 20 valores. Melhor do que isto, nem os do litoral, nem os das escolas particulares, nem dos colégios famosos que todos nós ajudamos a pagar.
A minha escola anda perdida neste ranking, mas os seus alunos dignificam tanto a escola como os professores que lhes transmitem o saber com a humildade de serem simplesmente professores e com a humanidade que eles merecem, porque são tão filhos deste país como os demais. Temos pena!

Vendavais - Um continente em ebulição

Durante muitos séculos desconhecia-se que outros continentes podiam existir para além do Europeu. Depois de descobertos e nós muito contribuímos para que isso fosse uma realidade, logo foi uma correria à procura do que na Europa não existia. A facilidade de aquisição de riqueza era um motivo muito forte e todos os países europeus tinha sede de riqueza.
Não demorou muito para que em cada um dos continentes descobertos, a realidade fosse outra. No continente americano, começou a corrida ao ouro e à prata e não foram só os americanos, foram igualmente os espanhóis e os portugueses. Onde havia paz, serenidade e quase nenhum progresso, nasceu a discórdia, a guerra, a escravatura e a corrupção. De facto, esta não é de hoje. Sempre existiu e continuará a existir.
Muitos outros séculos depois, deparamo-nos hoje com outros problemas, não muito diferentes dos antigos, mas as realidades são também elas diversas. O continente americano, todo ele, vive hoje momentos de muita conflitualidade e controvérsia.
Os Estados Unidos da América experienciam tempo difíceis. Na realidade as últimas eleições deram-lhes o que não esperavam ao elegerem Trump. Contudo, o que este ameaçava se não ganhasse, está a acontecer-lhe ao ser feita a recontagem em três dos Estados em que supostamente, Hillary ganharia. Agora vem dizer que é um complot contra ele! Antes não seria! Enfim. Mas claro que a parte mais difícil e indefinida é quando Trump começar o seu governo. Ninguém sabe o que ele vai fazer. Ou talvez alguns saibam!
No Brasil a situação é igualmente efervescente. Afastada Dilma por artes que indiciam manipulações a raiar o ilícito, vê-se agora Temer vaiado por todos e à beira de ataque de nervos. Quase não pode sair à rua com medo do que lhe possa acontecer. Prova disso é o dia em que chegaram ao Brasil, os corpos da equipa do Chapacoense. Temer estava presente no aeroporto de Chapecó, mas limitou-se a entregar as medalhas às famílias das vítimas e não foi ao estádio onde foi feita a cerimónia fúnebre. Os noticiários revelaram que estavam com receio do que lhe poderiam dizer as cem mil pessoas que estavam presentes. De facto, não era o momento mais propício para ouvir desaforo! Indecisões seguidas de indecisões é o que se vive no Brasil. Há quem exija a demissão de Temer e há quem peça eleições o mais depressa possível. O Brasil vive em ebulição constante. Está quase a rebentar!
Ali quase ao lado, o Presidente Juan Manuel Santos, da Colômbia, negociou a paz com as forças rebeldes, as FARC, com a promessa de alguns elementos integrarem o Parlamento Nacional. O processo não tem sido fácil e o curioso é que muitos colombianos não querem a paz e não querem que elementos das FARC ocupem lugares no parlamento. No entanto, o dia 1º de dezembro seria o dia D que marcaria o fim de 52 anos de violência e mais de 200 mil mortes e mais de 6 milhões de deslocados. Mais de meio século de constante ebulição. Será que vai arrefecer?
Na Venezuela vivem-se igualmente momentos muito conturbados e de indecisão. Perdida a maioria no Parlamento, Maduro tenta aguentar um governo demasiado contestado através da imposição da força e de uma série de manobras à margem do correctamente político. Por quanto tempo vai conseguir? Todas as ditaduras têm um final e nem sempre o mais agradável.
Um pouco acima, Cuba vê desaparecer o seu ídolo revolucionário. Fidel desaparece aos 90 anos e com ele vai toda a força que segurou um povo e um país durante mais de cinquenta anos. Um homem com um carisma enorme, com uma vontade férrea extraordinária que conseguiu incutir no povo cubano uma ideia de revolução constante. Mudou mentalidades, mas do Mundo recebeu muito pouco. Soube retirar-se a tempo e não levar com ele o rótulo de ditador eterno. Ao passar o governo ao irmão, pelo menos saiu de cena com alguns pontos a favor. E o mais importante, arrefeceu a efervescência em que vivia o país. No entanto deixou a sua marca na educação e na saúde. Neste aspeto, os cubanos não se podem queixar muito.
Mas a ebulição não é só apanágio da América. Por cá as coisas também andam a ferver. Atente-se no que anda a acontecer na Caixa Geral de Depósitos, ou melhor, na sua administração. Entra um e sai e entra outro e até parece um jogo do gato e do rato. Resta saber se o rato cai no caldeirão! É que ele está em ebulição!

Vendavais Quem terá razão?

Não sei se é razoável fazer previsões sobre um futuro próximo. Certamente será sempre uma previsão e nada mais do que isso. A ninguém interessará até porque possivelmente poderá falhar. Afinal, as previsões são o que são e nós já estamos habituados a elas. No entanto e apesar de tudo e como somos supersticiosos, queremos sempre saber se saíram acertadas ou não.
Muitas vezes fazem-se previsões sobre coisas tão banais que é fácil acertar, contudo outras há que falham redondamente. Foi o caso das eleições americanas. Ao longo de semanas todos seguimos atentamente as sondagens e previsões tanto de agências como de personalidades que a esse respeito se pronunciavam e concluímos o quê? Que certamente Hillary venceria e que se os americanos escolhessem Trump, seria uma loucura. Dos americanos tudo se espera e estas eleições foram prova disso. Teve mais votos Hillary Clinton, mas arrecadou menos delegados. Perdeu, pois, as eleições e ninguém contava com isso. Resta agora fazer previsões para o que aí vem.
Como será então o mandato de Trump? Depois do que ele disse e desdisse, fica-nos pouco espaço para prever seja o que for. Realmente o que hoje é dito, amanhã ele desdiz e o que hoje promete, amanhã já não promete. Quem se aventura a fazer uma previsão sobre o que ele vai fazer ou que atitudes tomará em relação ao mundo que o rodeia e aos compromissos que existem? Penso que ninguém. Mas é esta incerteza que nos leva a prever uma coisa: de Trump, tudo pode vir. Esperemos pois, tudo e mais alguma coisa.
Uma coisa ele conseguiu até agora e não é muito agradável para a Europa e para muitos países em outros continentes. Pôs todos em sobressalto e ainda nem sequer começou o seu mandato. Durante a campanha atirou em todas as direcções e ameaçou tudo e todos. Prometeu o que não é de prometer e ameaçou quem não deve ameaçar. Depois das eleições esqueceu-se do que disse e moderou o discurso, mas penso que não engana ninguém. Afinal ele é e será sempre um prepotente, ditador e não admite que ninguém o contradiga. E como tem o Congresso e o Senado nas suas mãos, pelo menos a maioria deles, quem o vai travar? Claro que os americanos têm outras armas e são muitas as surpresas que podem aparecer, mas que alguém tem de ensinar este senhor a governar, lá isso tem. Afinal, como é que foi possível eleger uma pessoa que não tinha experiência de governo, que não conhece os países com quem tem de tratar assuntos de Estado, que não conhece os assuntos de Estado e que comete erros de palmatória ao referir-se a assuntos políticos? E ainda por cima um vaidoso de primeira. Só na América, realmente!
Mas há sempre uma questão que fica no ar: quem terá razão? Estamos habituados a eleger sempre o que nos parece mais plausível e talvez por isso dizemos que esta eleição foi um enorme erro. Será que foi? Não arrisco previsões, mas duvidando muito das capacidades governativas de Trump sempre espero não me enganar muito nas minhas apreciações, contudo como as surpresas existem, pode ser que este senhor não seja mais um Bush disfarçado e consiga ir contra todas as previsões possíveis. Pelo menos sai do esquema normal das eleições facilmente previsíveis. Depois do que disse em campanha, o que todos previmos foi que ninguém elegeria tal pessoa. Enganámo-nos. Todos, incluindo os americanos, esperavam que Hillary ganhasse. Enganaram-se. Será que nos enganamos todos se arriscarmos dizer que esta administração vai ser um desastre? Quem arrisca?
Pois se for um desastre, todos perdemos, se for bem sucedida é porque afinal uma vez mais nos enganámos a fazer as previsões. Futurologia é disciplina arriscada.
Mas à lais de conclusão, sempre arrisco dizer que possivelmente os americanos votaram em Trump para não verem uma mulher na presidência. Deles tudo se espera! Certamente seria mais agradável terem uma mulher democrata na presidência do que um arrogante independente republicano, mas quem escolheu foram eles. Vamos esperar para ver quem terá razão.

Vendavais - O nome das coisas

Não sei, mas possivelmente a palavra “coisa/s” deve ser a que mais usada é na língua portuguesa para nos referirmos a tudo e a nada, especialmente em ocasiões onde a necessidade de nos expressarmos rapidamente falha a expressão conveniente e lá teremos de chamar a “coisa”. Deste modo, todas coisas são coisas e qualquer coisa é uma outra coisa qualquer.
Mas a verdade é que seja qual foi a coisa a que nos queremos referir, o melhor mesmo é chamá-la pelo nome e mesmo quando não nos lembramos dele, fazer um esforço de memória para que ele surja. Mas não é fácil. Tentar não custa! E não adianta rodear o assunto invocando “aquela coisa” uma série de vezes à espera que outra pessoa pronuncie o nome e nos livre de termos sido nós a chamar pelo nome o que deve ser chamado pelo nome. Enfim! Felizmente ainda há quem chame os bois pelo nome.
Todos sabemos o que é a Caixa Geral de Depósitos. Todos sabemos que é um Banco público. O maior Banco público nacional. Todos sabemos que tem uma nova administração que está a dar que falar e muito. Tanto que está a pôr em perigo não só a sua própria credibilidade como a de toda a banca portuguesa e do governo. Todos sabemos que a culpa de toda esta celeuma é a teimosia do novo administrador não querer declarar os seus rendimentos. Todos sabemos que isso “cheira muito mal”. Pois é.
Quando se advogam razões para que tal não se faça, temos de invocar outras que contradigam aquelas e até referir o porquê de elas existirem numa instituição pública que quer ser diferente de todas as outras instituições públicas. Quero eu dizer com isto que o facto de se querer justificar a atitude do senhor administrador com uma legislação que permite ou torna legal a ocultação dos seus rendimentos, não deveria existir pois não se compreende que um banco público não seja objecto de igual legislação que os outros ou tenha de ser diferente. Se todos são “obrigados” a declarar os seus rendimentos em situações análogas, por que razões o administrador da Caixa não é ou não pode ser sujeito ao mesmo procedimento? Que “coisas” haverá por trás de toda esta complicação que tanto impedem o administrador de cumprir o que se lhe exige e continuar a bater o pé, como se de uma birra de garotos se tratasse? Ora como diz o povo e com razão, quem não deve não teme e sendo assim, o senhor administrador, se nada teme, que declare os seus rendimentos e os torne públicos, já que está numa instituição pública e que a todos nós diz respeito. E não adianta o ministro das finanças reclamar de sua justiça, porque ele é um dos culpados de tal situação. O mesmo se passa com todo o governo ao querer defender o indefensável. Não sei se isto tem um nome mais apropriado. Digam vocês. Experimentem, mas não recorram à “coisa”.
No meio de tanta hipocrisia lá apareceu alguém com vontade de esclarecer todas estas “coisas” e adiantou que o melhor mesmo é o senhor administrador declarar os seus rendimentos. Bom Marcelo. É assim que se exprime um Presidente da República. Com verdade e pondo o nome nas coisas. Sempre quero ver o que é que ele vai fazer agora. Como ameaçou que se ia embora se o obrigassem a declarar os seus rendimentos, pode ser que o faça perante esta sugestão presidencial. Caso o não faça, o governo deveria ter a coragem de o demitir do cargo e ir saber que “coisas” estão a impedir que o senhor não cumpra o que lhe pedem ao mesmo tempo que o impedem de ganhar mil euros por dia, ou seja 30 mil por mês, ou seja quase meio milhão por ano. Quem assim faz e corre risco de não receber tal salário, é porque tem muitos outros rendimentos e não precisa de mais. Haja coragem de pôr o nome nas coisas e de dizer o que se passa afinal com este senhor. É assim tão importante e tão brilhante e indispensável na Caixa? Não haverá mais ninguém que não tenha segredos e não queira ocultar certas “coisas” como os seus rendimentos? Certamente que haverá. Ainda temos gente séria neste país e com vontade de ganhar um bom salário. Acabemos com as hipocrisias e já agora com os salários chorudos num país que passa os dias a contar tostões para pagar milhões a quem não deve.

Vendavais - Dinheiro a rodos

Todos sabemos a dificuldade que Portugal atravessa para conseguir sair do buraco financeiro em que está metido há já muitos anos. Todos sabemos quanto tem custado aguentar a austeridade a que todos, ou quase, fomos submetidos para conseguir mandar embora o FMI e continuar a tentar equilibrar o barco completamente sem rumo certo e ainda bem longe do porto de abrigo, ainda em lugar desconhecido. Todos sabemos, mas parece que há quem não se importe muito com isso.
Depois de se terem efetuado cortes nos salários dos funcionários públicos, de haver despedimentos por insustentabilidade financeira em muitas empresas, depois de haver uma redução imensa de empregos e efectivos na maioria das fábricas e empresas em Portugal, poderíamos pensar que agora tudo iria entrar no bom caminho da recuperação, tal como o governo tem anunciado. Realmente já chegava de austeridade! Mas não.
O Orçamento para 2017 está aí e não está fácil haver uma concordância entre os vários players políticos, mesmo os que suportam o atual governo. Hoje disse uma coisa, amanhã outra, hoje está bem assim, amanhã, nem por isso. No entanto, parece que quanto ao facto de o Orçamento ser aprovado, não há dúvidas. Para já as ondas revoltas de uma imensa tempestade para logo a seguir se passar a um mar calmo, plano e sereno onde se pode navegar ao sabor das marés. De facto, o que interessa é estar na onda, na grande, aquela que é imensa e que permite ganhar campeonatos, que o mesmo é dizer estar à frente, comandar, dar o mote.
Pois é. É de bom tom defender o aumento das pensões ainda que seja só de uns míseros 3 euros, ou dizer que o salário dos funcionários fica reposto como estava em 2011 (isso era bom!), ou agendar para 2017 todo um processo de entendimento a três e deixar passar uma quantidade enorme de assuntos graves e que deveriam ser já solucionados. Mas como não interessa entrar em colisão com o governo ou este com os parceiros, levanta-se a lebre e depois vamos a ver quem é capaz de dar o primeiro tiro. Francamente!
Na realidade, como se pode permitir pagar a um presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos mais de mil euros por dia num país que tem uma dívida tremenda, que tem de manter um défice no limiar do lixo e que tem a mesma Caixa Geral de Depósitos a precisar de um financiamento de mais de três mil milhões? Como é que isto é possível acontecer? Afinal, quem analisar isto tudo, pode chegar à conclusão que Portugal tem dinheiro a rodos e que só o governo é que sabe disso. Será que andamos a ser todos enganados?
Eu tenho para mim que ninguém neste país deveria ganhar mais do que ganha o Presidente da República. Mesmo as empresas particulares deveriam reconsiderar os salários dos seus administradores, pois não basta querer não aumentar os salários de quem realmente trabalha e recompensar extraordinariamente os que se sentam à secretária. Todos são necessários, mas não precisamos de abusar!
Nos últimos anos tem entrado muito dinheiro em Portugal para vários projetos, sejam do governo sejam para distribuir pelos vários sectores que o Quadro Comunitário de Apoio comporta. É dinheiro a rodos, mas que não chega à maior parte das regiões deste país. Fica no litoral, em Lisboa, Porto, Setúbal, Leixões e locais semelhantes, mas no interior, despovoado, continua a ser marginalizado completamente por todos os governos. Promessas, muitas. Nada mais. Pois bem, se querem aumentar as pensões e reformas, comecem por retirar aos administradores os milhões que lhes dão e distribuam por quem realmente precisa. Assim, talvez Bruxelas ficasse mais contente, as agências de rating talvez tirassem Portugal do lixo onde o meteram e… os reformados ficariam com mais alguns tostões para além dos três euritos que dão para enganar o pessoal. Nós não somos ricos, metam isso na cabeça.

Vendavais - Alertas vermelhos

Li num diário que o governo e a oposição estavam de acordo e como achei que deveria ser uma piada, acabei por ler mais um pouco para perceber que premissa me estaria a falhar para ter uma conclusão tão óbvia. Fiquei decepcionado.
Na verdade, estavam de acordo sobre a queda do investimento público, o que é um enorme problema. Mas mais admirado fiquei ao ler que o PS assegura que as coisas vão melhorar com a execução do Portugal 2020. Caramba! Exclamei para mim próprio. Então temos de esperar mais quatro anos para ver crescer o investimento público e a economia nacional? E será que os portugueses vão ficar sossegados à espera desse momento? E como irá funcionar a geringonça daqui para a frente com um Orçamento à porta para aprovar?
A oposição acredita que “neste momento” o primeiro-ministro está a travar a fundo para conseguir as tão almejadas metas do défice. A verdade é que parece que há uma série de pagamentos em atraso e a economia está mesmo a asfixiar. Como é possível o Estado estar com pagamentos em atraso? Então não é suposto ser uma pessoa de bem?
Seja como for, nem as desculpas com os atrasos na execução dos fundos comunitários que o governo está a usar, servem para acalmar a onda enorme que se está a levantar contra esta geringonça. Nem Costa ainda encontrou a forma de lhe dar a volta! Embora tenha andado a aprender, a verdade é que não é um mestre do surf. Esta onda é pior que a da Nazaré que deu fama ao americano. Aqui, na Europa, os surfistas andam mais por baixo.
António Costa está cercado. Nem os parceiros do entendimento “pouco sustentável” lhe dão o apoio esperado. Da Europa vêm exigências para mais austeridade em 2016. Como é que ele se vai acomodar com as exigências de toda a extrema-esquerda? Ela não quer mais austeridade. Antes pelo contrário. Já pedem aumentos para inserir no Orçamento. É preciso ter em conta as promessas feitas.
Nos últimos dias, o Parlamento foi palco de uma esgrima confusa. Enquanto a oposição acusava o governo referindo que a economia está em estagnação, António Costa defendia-se dizendo que está em recuperação. Assim, a economia estaria a crescer segundo o governo, mas do outro lado dizem que o investimento está a cair e as exportações a descer. Quem fala verdade?
Se tudo estivesse bem, Costa não se sentiria cercado por todos e acossado pelos próprios parceiros e ainda mais por Bruxelas. Estes pedem mais austeridade, a estrema-esquerda pede aumentos e a oposição acusa Costa de não saber entender-se com ninguém.
O primeiro-ministro tem de se defender de qualquer modo e para isso servem também as crises que se vivem no Brasil e em Angola, que diminuíram as suas importações. Talvez tenha razão, pois a esse nível houve um decréscimo das importações, mas a economia de um país não se restringe às importações e exportações de dois países. Há muito mais do que isso.
Não sei se os portugueses já se aperceberam de todos estes alertas que são realmente vermelhos. A verdade é que nem tudo o que parece é. Se por um lado os portugueses ficam agradados com as promessas de reposição de salários e aumentos de pensões e descida de impostos, outros vêm aí o perigo de ter de suportar tais encargos quando a Europa exige que se façam cortes. Os sinais vermelhos piscam constantemente e quando o sinal está vermelho, manda o bom senso, que se pare. Parar para reflectir e decidir bem.
De um modo ou de outro, as coisas não estão bem para os lados do governo. Costa tem um Orçamento para apresentar e aprovar e os seus parceiros só aprovam se lá constarem as suas exigências e até este momento ainda não se vislumbram. A quem Costa vai dar ouvidos?