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Ernesto Rodrigues: Habitar a Casa de Bragança

De há tempos a esta parte pensava escrever sobre o meu conterrâneo nordestino Ernesto Rodrigues, que desenvolve uma relevante carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, como autor, pertencendo ao restrito grupo dos que poderemos denominar por criadores literários completos. Apresenta obra de grande valia como ficcionista (nos três subgéneros da ficção), poeta, dramaturgo, crítico, ensaísta, tradutor, incansável pesquisador de temas da literatura e da cultura, sobre cuja investigação faz assentar, para além das obras ensaísticas, também alguns dos seus romances, como é o caso da obra que hoje nos ocupa, A Casa de Bragança (2013), ou O Romance do Gramático (2011), incidindo na figura marcante de Fernão de Oliveira, que com a sua Gramática da Língua Portuguesa de 1536 ganhou o justo título de primeiro gramático da nossa língua. A nossa primeira intenção era abordar a sua vertente de poeta através do livro Do Movimento Operário e Outras Viagens, antologia meticulosa dos seus 40 anos de trabalho poético, mas após a leitura de A Casa de Bragança concluímos que, sem deixar de falar do poeta pelo intimismo e modelo de linguagem que percorre este livro, poderíamos alargar essa referência ao notável romancista que Ernesto Rodrigues é, com um conjunto já vasto de romances publicados.
Embora natural de Torre de Dona Chama, a cuja terra dedica um dos seus romances mais conhecidos, precisamente Torre de Dona Chama (1994), a sua profunda ligação à cidade de Bragança, por vivências e afinidades familiares, que marcam de resto a diegese do romance homónimo, está pois bem plasmada na obra, que assenta em três vectores primordiais que incidem no lexema alegorizante casa: Casa de Bragança no sentido da linhagem dinástica, casa de Bragança no sentido de lar do narrador autobiográfico na cidade, casa ainda enquanto sinédoque, no sentido mais abrangente da cidade que o acolhe, cuja história se propõe narrar em decisivos momentos históricos e quadros sociais marcantes. Acrescentaríamos uma quarta asserção, como não poderia deixar de ser num ficcionista que nunca se esquece, mesmo escrevendo em prosa, da sua condição de poeta, através de uma linguagem intimista, reflexiva, meditativa e contemplativa, minuciosamente trabalhada; poética no primeiro sentido do termo. Linguagem poética também no sentido heideggeriano de casa do ser, porque este é um dos livros de Ernesto Rodrigues onde o ser profundo do nosso autor mais habita.
Do ponto de vista histórico, Ernesto Rodrigues defende três teses fundamentais no seu romance, divergindo, nessa defesa, de Fernão Lopes, entre tantos outros. A  primeira é que teria realmente havido casamento entre D. Pedro e D. Inês de Castro. A segunda é que esse casamento não se teria realizado em Coimbra mas, justamente, em Bragança. A terceira é que o legítimo rei de Portugal seria D. João de Portugal e Castro, segundo filho de Pedro e Inês, nascido precisamente em Bragança, e não o seu meio-irmão D. João, Mestre de Avis, futuro D. João I.
Não pretendemos aqui desvendar naturalmente o real curso da História, mas as peripécias romanescas e a lógica do seu encadeamento, não está na mão do crítico literário questionar ou testar os fundamentos históricos, mas decompor a arquitectura minuciosa da diegese. Assim, tratando-se de um romance histórico, interessará fundamentalmente analisar como o sujeito capta pelo tipo de linguagem esse lugar que ele procura dar a ver miticamente, espiritualizando-o com passagens também elas míticas captadas na História de Portugal, nos momentos em que esta se cruza com a história da sua cidade. Romance histórico simplesmente, com um forte veio estético e artístico. Não nos parece que a obra apresente características típicas do romance histórico pós-moderno, embora haja alguns pontos de contacto, como não poderia deixar de ser num autor de uma funda preparação teórico-literária também nesta área. Mas centrando-nos em determinadas prorrogativas que configuram o romance histórico pós-moderno, podemos constatar que este romance recusa a vertente paródica, bem como a mistificação voluntária entre o verdadeiro e o falso ; o autor quis uma obra elevada, austera, em tom maior, que, entre outros objectivos, homenageasse uma cidade na comemoração dos seus cinco séculos e meio de história. Naturalmente, este facto condiciona o seu horizonte de recepção, visto que é necessário o conhecimento do topos brigantino para uma plena descodificação da dimensão histórica e estética da obra.
Pretende-se, por conseguinte, a narração dos fundamentos da cidade até praticamente à actualidade, através dos narradores autodiegéticos Afonso Roiz e Afonso Rodrigues. O primeiro habita o velho burgo e movimenta-se no âmago dos acontecimentos de Quatrocentos e, numa visão abrangente, baseado em testemunhos orais e vivências, dá-nos as origens e a evolução do antigo burgo até esse momento. Sucede-lhe na retoma da crónica da cidade o segundo narrador, Afonso Rodrigues, que praticamente da actualidade nos reconstitui, baseado em fólios do primeiro, os momentos decisivos da história de Bragança ao longo de cerca de um milénio. Em simultâneo, através desta estratégia diegética, o autor deixa atrás de si, bem nítida, a caminhada da família Rodrigues, ou Roiz, fazendo corpo com a cidade que habita, não obstante suportar errâncias várias com o infante e futuro regente D. Pedro pela Europa e a participação nas campanhas de Ceuta e Tânger: viagens, vitórias, derrotas, exílios, inerentes ao percurso da dinastia de Avis que acompanhou. Mas, sobretudo, salienta o enraizamento nas circunstâncias do tempo e da história que marcam a cidade, e que lhe deram rosto e identidade. História nacional, local e linhagem familiar entrecruzam-se e suportam a composição romanesca. A realidade cruza-se com a ficção; esta serve-se da realidade como material primeiro da obra literária, conferindo-lhe verosimilhança, fisionomia, historicidade.
Talvez seja útil apresentar brevemente a estrutura diegética e dialógica do romance pelas palavras do próprio autor, que tem uma capacidade exímia de ler a sua própria obra, assumindo-se deste modo como seu primeiro e privilegiado leitor. (Já nos foi dado assistir a vários lançamentos de livros de Ernesto Rodrigues e, sistematicamente, é sempre o próprio que os apresenta, em tom pausado, pessoalizado e de certa forma intimista para com a assistência, sempre numerosa, que o ouve e lê os seus livros). Seguindo esta sua marca autoral, e preservando a fidelidade ao fio condutor da acção, servimo-nos então de excertos das suas próprias palavras para resumir o enredo e contextualizar o tempo histórico:

“[…] A narrativa é organizada por Afonso Roiz, cujo pai tanto pode ser D. João de Portugal e Castro como o sobrinho D. Afonso, primogénito do Mestre de Avis e primeiro duque de Bragança. […] As andanças de Afonso Roiz pela Europa, com o infante e futuro regente D. Pedro (1425-1428); a participação no desastre de Tânger (1437), logo companheiro de infortúnio de D. Fernando, Infante Santo, em Fez (1443), a amizade com o segundo duque, D. Fernando I, e presença no arraial de Ceuta, donde trouxe carta de foral dirigida à nova cidade (20 de Fevereiro de 1464) – tudo isso, aventuras ouvidas dos avós e aventuras de um raro observador, retrata o Portugal de Quatrocentos, no concerto europeu e marroquino.
Essas duas partes – quanto ouviu sobre a cidade e os amores de Pedro e Inês, quanto viveu – ficaram em fólios que outro Afonso Rodrigues (nascido em 1956), agora, colige: não só acompanha, aos oito anos, as celebrações do quinto centenário do foral (1964), como, 50 anos depois, no mesmo dia 20 de Fevereiro de 2014 – quando acaba a história -, resolve enigmas da sua vida, junto à Domus Municipalis, inaugurando vida nova com outra Inês do seu tempo de estudante (1974; uma Inês Rodrigues, cujo apelido fazia temer serem irmãos, o que não se confirma), reencontrada 40 anos depois… Será este final indicação suficiente de que, também pelo nome, Afonso Roiz é filho do primeiro duque, Afonso […].
Esta hipótese conjuga o pensamento inicial do livro: reunir, em 2014, as linhagens de Inês de Castro (até à mãe Inês de Castro e filha Inês Rodrigues) e D. Afonso, duque de Bragança (até ao colega Afonso Rodrigues, segundo narrador), subsumidas no facto de todos descenderem de D. Pedro, pai de D. João de Castro e de D. João I, Mestre de Avis.
Deste modo, História local, histórias de famílias e momentos altos da pátria conjugam-se em demanda de afectos e celebração de Bragança, nos seus 550 anos de cidade”.

Este segundo narrador, o já referido Afonso Rodrigues, cuja idade e transes de vida coincidem com o autor, configuram aproximadamente essa abrangência entre autor, narrador e personagem que Philippe Lejeune tem por necessária à presença conceptual no texto do pacto autobiográfico. Tal facto faz com que a mundividência histórica e a vivência pessoal se cruzem e interpenetrem, dando ao romance uma curiosa historicidade poética, numa linguagem também ela, em simultâneo, ágil, dinâmica e de intensa sensibilidade estética. Há pois, do ponto de vista dos narradores primeiro e segundo, um longo percurso dentro de uma genealogia geracional que coincide com a história de uma cidade, que em determinados momentos se funde e confunde com a história do país. A vividez descritiva, o intimismo biográfico, a descrição topográfica da velha vila e da cidade actual, os lugares que centralizaram os principais acontecimentos de Quatrocentos e os mais recentes, estes decisivamente marcados pela transição e consolidação democráticas, conferem à narrativa uma poeticidade que não colide, antes complementa a historicidade. O espírito do lugar, que Ernesto Rodrigues tantas vezes convoca e constrói na sua escrita, está desde logo bem patente na forma como é iniciado o livro, num presente que encerra à partida um enraizamento do sujeito no seu espaço identitário, espaço esse que é igualmente um espaço psicológico, gnosiológico e ontológico, visto que mergulha nas raízes do ser e é uma página escrita na pedra em vista ao conhecimento das origens da cidade e de si mesmo:

“Eu tinha oito anos e nada sabia de mim.
Vivia em rua de filósofo – Oróbio de Castro […] o empedrado desaguava na Rua Direita, que nem por isso, e se chama dos Combatentes da Grande Guerra, mas eu descia a paralela Rua dos Gatos, em sandálias lestas, não me caísse uma varanda em cima.
Dirigia-me à cidadela como quem vai atrás de enigma – enigma quase, quase a resolver-se, cinquenta anos depois.
Estava longe de imaginar que desvendaria alguns segredos: de família, da cidade, mesmo da pátria. Amo este chão, que me fez quem sou, e desejo refrescar-lhe dúvidas, certezas, raízes.
No Largo do Principal, tomava fôlego: obelisco soletrava vidas caídas na França de 14-18; da igreja de São Vicente nascera quadra, que minha avó recitava amiúde […] subir o S invertido da Costa Grande não era pêra doce, irregular nos calhaus de xisto delidos pelo tempo. Vencida a ladeira, ao cimo, um portal quinhentista na então Rua Larga lembrava o primeiro arrabalde deslizando para o rio. Era memória antiga de burgo determinado que já no século XV transbordara da cinza do medo guardado em barbacãs” .

E poderíamos continuar por muito tempo sobre o traçado do mapa da cidade desenhado pelas palavras comovidas do narrador, onde os espaços exteriores convivem, como se disse, intimamente com o itinerário da sua emoção. Através de um processo retrospectivo, os narradores, cada qual recuando no tempo com base em fontes testemunhais orais e escritas, vão portanto seleccionando, filtrando, relacionando, reconstruindo o passado familiar e a memória colectiva da cidade, valorizando essa intersecção com a memória histórica da nação no período decisivo de Quatrocentos. Estamos assim perante camadas temporais e sociais enquanto verdadeiros palimpsestos que segregam por sobreposição as diversas fases da cidade e da linha genealógica dos narradores. Percurso no espaço, no tempo entranhado na fisionomia dos lugares, e no ser da personagem autoral, pela filtragem emotiva e por uma consciência interna crítica e vigilante. Também um percurso iniciático de conhecimento enquanto reconhecimento dos lugares e dos narradores mesmos nesses lugares. Daí, mais que histórico, que o é, sem dúvida, o que ressalta ao leitor é a voz sensível, emotiva de um sujeito em demanda, errância e deambulação no espaço-tempo de Bragança, que perpassa em fundo de episódios, circunstâncias políticas, movimentos populares, reificação e revisitação de mitos. Pratica desse modo o autor uma refinada arte da memória afectiva, sob a elaboração de um meticuloso trabalho de linguagem, sem nunca deixar enredar o fio longo e labiríntico da narrativa, embora, pela poeticidade do texto, sistematicamente a imaginação aja sobre os episódios, a reflexão sobre a acção, a arte da escrita sobre a escrita do real. Parece ecoar aqui a lição proustiana filtrada pela durée de Bergson, na incansável acção do escritor em busca do seu tempo perdido, até às fontes primevas. Essa acção do tempo é de tal forma estruturadora da narrativa que parece-nos não ser despropositada a referência ao roman-fleuve enquanto rumo e intencionalidade. 
Em síntese, confluem na obra as várias facetas que no início do texto apontamos em Ernesto Rodrigues: o ficcionista (na memória inventiva, recriativa e afectiva), o poeta (no trabalho de linguagem e no intimismo descritivo), o dramaturgo (na vivacidade e propriedade dos diálogos, tendo sempre em conta a diversidade das personagens e a sobreposição dos tempos históricos, dando-nos assim uma verdadeira diacronia de falares, personificando igualmente por essa forma a cidade), o cronista, o historiador, o investigador que fundamenta a narrativa com uma sólida base factual e cultural. Essa voz narrativa, esse sujeito que se interna em temporalidades e espaços vários, parece ter como arquétipo orientador os antigos livros de linhagens, procurando dessa forma uma unidade pessoal e social que abarque o sujeito e a sua circunstância, sendo que esta é decisivamente marcada pela cidade que habita, ou, melhor, foi habitando, visto que em cada demanda longínqua, cosmopolita, se seguiu o regresso, o recentramento do “eu”.
Uma passagem crucial em que o narrador convoca o seu leitor não sei se ideal se implícito clarifica a arte romanesca de Ernesto Rodrigues, pelo menos a arte que permitiu a construção deste notável romance, e no qual, reitera-se, o literário e o estético são ostensivamente destacados. Igualmente na passagem que a seguir transcrevemos se pressente o pensamento poético-antropológico de Giambattista Vico: “para ti leitor posto em assédio, construo bairro de letras, onde seja agradável passear; instalo outra casa de água viva, borbulhante, que refresque e alimente, ergo um castelo de enigmas, como na infância dos homens, disposto a ser conquistado” ; ainda uma curta frase que clarifica a alegoria poética da casa: “vista daqui, essa casa é imaginação, como qualquer infância” .

 

[1] Cf., Marinho, Maria de Fátima – Romance Histórico em Portugal, Porto, Campo das Letras, 1999. 

[2] Ernesto Rodrigues, A Casa de Bragança, Lisboa, Âncora Editora, p. 11. 

[3] Idem, p. 17

[4] Idem, p. 16. 

NÓS, TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS - Miguel Cardoso (n. Bragança, 1598)

Nasceu em Bragança, por 1598 e tinha uns 2 anos quando foi levado para o Rio de Janeiro, onde sua mãe foi cumprir o degredo imposto pela inquisição de Coimbra. (1) Ali se criou e apenas terá feito uma curta viagem ao Porto, pelos 12 anos, ao início da vida ativa. Casou com Francisca Coutinho, da família Baeça vinda de Castela para o Porto, um ramo da qual estabeleceu ligação a Torre de Moncorvo. A profissão de Miguel era mercador, um mercador de sucesso. A ponto de, em 1649, quando se criou a Companhia Geral de Comércio do Brasil, ter sido escolhido para administrador e tesoureiro da mesma em terras da América Latina.
Na origem desta Companhia, esteve um membro da Companhia de Jesus, o padre António Vieira, que a inquisição elegeu como seu maior inimigo público. E a grande maioria dos capitais da Companhia, proveio dos bolsos dos mercadores da nação hebreia. Estavam, pois, associados nesta empresa os “judeus” e os jesuítas.
Na cidade do Rio de Janeiro, Miguel Cardoso era então um dos homens de mais consideração e respeito, com acesso ao palácio do governador da capitania, o poderoso almirante Salvador Correia de Sá. Tinha lugar cativo no coro da igreja do colégio dos jesuítas e eram filhos e netos seus que tocavam órgão e harpa nas festas e solenidades religiosas. Da sua casa levavam assentos para as pessoas fidalgas ouvirem os sermões na igreja e da sua botica saíam mezinhas e remédios para os enfermos do colégio. Membro de todas as confrarias da cidade, notabilizou-se como juiz da irmandade de Nossa Senhora da Ajuda, à qual presidiu por 34 anos, promovendo as maiores festas e romarias da cidade. “Até os seus escravos levavam vantagem na doutrina” em relação aos outros! – Diria um padre jesuíta.
Imagina-se o embaraço do reitor do colégio e comissário da inquisição quando recebeu ordem de Lisboa para o mandar prender, por judeu! E do capitão Francisco Monteiro Mendes, familiar do santo ofício a quem foi cometida a tarefa.
Era o dia 22 de Fevereiro de 1661 e o capitão Monteiro fazia-se acompanhar de outro familiar do santo ofício, chamado Diogo Correia, mais velho e experiente. E esta será mais uma prova do embaraço que a situação provocava.
O ato da prisão foi seguido pelo sequestro dos bens do prisioneiro, a começar pela casa, cujas portas foram fachadas e seladas. (2) Para fazer o sequestro e necessária inventariação dos bens, foi requerido o ouvidor-geral e o trabalho prolongar-se-ia por 2 meses, o que dá ideia da sua complexidade.
Foi o preso levado para o “cárcere mais secreto da cadeia”. Porém, 3 dias depois, o comissário e os familiares do santo ofício decidiram tirá-lo da cadeia e metê-lo em um “cubículo” do colégio. Era um tratamento de favor, coisa nada usual na inquisição e que o familiar Monteiro Mendes justificou em carta para Lisboa, do seguinte modo:
- Por não me parecer muito decente a prisão para tal preso e com o receio que poderia comunicar por escrito ou por palavras e não muito segura a tal casa, e mais com a alteração deste povo…
Mais elaborada foi a justificação dada pelo comissário e reitor do colégio, o jesuíta António Fortes:
- Não podia evitar-se que com o decurso do tempo iria a falar com alguém, arriscado talvez a lhe darem peçonha os de sua nação, se porventura alguns deles se sentissem culpados (…) fui forçado a mudar-lhe a prisão.
No colégio esteve o prisioneiro até ao dia 7 de maio em que foi confiado ao mestre do navio Nª Sª da Assunção, que o entregou em Lisboa em 2 de outubro do mesmo ano de 1661.
Na base da prisão de Miguel Cardoso estavam duas denúncias. Uma feita em 1658 por Domingos Pimentel, cristão velho, morador no Rio de Janeiro e então de passagem por Lisboa, hospedado na “Estalagem da Casa dos Bicos”. Apresentou-se na inquisição e disse que estivera em Amesterdão onde um tal Gregório Mendes lhe perguntou se no Rio de Janeiro ainda se fazia a festa da Rainha Ester na ermida de Nª Sª da Ajuda. Acrescentou que havia fama de a casa de Miguel Cardoso servir de sinagoga dos judeus.
A outra denúncia foi feita por Afonso Munhoz de Lima, morador no Brasil, dizendo que “em outubro de 1649 se encontrou com Manuel Gomes Inigo, e com Miguel Cardoso, sogro do mesmo (…) e com Henrique da Paz…” e se declararam seguidores da lei de Moisés.
Claro que Miguel Cardoso se defendeu dizendo que tudo era mentira e que ele era cristão exemplar, apontando como testemunhas de defesa as pessoas mais gradas do Rio, quantidade de padres, incluindo o vigário geral, o comissário e familiares da inquisição.
A inquirição das testemunhas foi feita pelo reitor do colégio que então era já o padre Francisco de Avelar. Obviamente que o caso alimentava todas as conversas e muitas movimentações político-religiosas se ensaiavam. Como a do 3º familiar da inquisição que havia na cidade, Manuel Francisco Franco de seu nome e que, talvez despeitado e tentando ganhar “peso” na inquisição, escreveu uma carta para Lisboa dizendo que todos os padres da Companhia de Jesus eram amigos da família e frequentadores da casa de Miguel e até o próprio escrivão da diligência era suspeito e muito chegado a um genro do prisioneiro. Acrescentava que os parentes e amigos e “a muita gente da nação que aqui há poderosa (…) se dão os parabéns de que muito cedo será solto”. (3)
A acusação era bem pouco convincente e os próprios inquisidores reconheceram a debilidade da prova. Mas também notaram que duas testemunhas eram “de parentesco com o réu” e que, na verdade “entre o réu e o contraditado (Munhoz Lima) havia trato e amizade” e não “embustes e tramoias”, como a defesa alegou. Por isso o condenaram a tormento e depois a cárcere e hábito a arbítrio, saindo no auto da fé de 21.7.1665.
Não caberá nesta folha do jornal falar de todas as linhas tecidas pela sua família no seio da sociedade Fluminense da época. Bastará dizer que uma das suas filhas casou com Manuel Lopes Morais que era Secretário da Junta do Comércio no Rio de Janeiro, outra com o advogado João Álvares Figueiró e uma terceira com Manuel Gomes Inigo, um grande mercador. Dos filhos, o mais velho foi “senhor de engenho”, o que significa poder económico e elevado estatuto social. Teve o nome de Baltasar Rodrigues Coutinho, o qual foi casado com sua prima Beatriz Cardosa. O casal teve uma filha que batizaram com o nome de Lourença Coutinho e casou com o advogado João Mendes da Silva. E estes foram os pais de António José da Silva, o Judeu, um dos maiores dramaturgos nacionais, processado também ele pela inquisição.
Impossível fazer uma descrição da fortuna e vida comercial de Miguel Cardoso. Diremos tão só que tinha adquirido 3 lotes de terreno na Rua Direita (atual Rua 1º de Março), que então seria a mais comercial da cidade, onde se preparava para edificar 3 casas. Para isso tinha já ali as pedras talhadas para os portais e as varandas, pedras mandadas ir de Lisboa! Tinha uma plantação de cana-de-açúcar onde trabalhavam 8 escravos e dava umas 8 ou 10 caixas de açúcar; uma xácara de terras, “com pomar, horta e frutas da terra” e 2 escravos adstritos ao seu cultivo; 100 “braças de terra” no rio Iguaçu, 6 léguas distante da cidade. Era proprietário de uma barca equipada em permanência com 3 índios (escravos “de cabelo corredio”) e um escravo negro; uma lancha movimentada por 3 negros da Guiné e um “cabra”, indiano, feitor da lancha, com sua mulher, escrava da Guiné.
Todavia, o grosso da fortuna de Miguel Cardoso traduzia-se em escritos, sentenças e dívidas, ascendendo estas a mais de 14 contos de réis. De outra parte, o administrador da Companhia que lhe sucedeu reclamava que Miguel era devedor de 10 contos de réis, enquanto o genro Álvares Figueiró reclamava o pagamento da escritura de dote casamento no montante de 2 contos, 610 mil e 535 réis.
Notas e Bibliografia:
1-ANTT, inq. Coimbra, pº 7945, de Brites Cardosa.
2-ANTT, inq. Lisboa, pç 17999, de Miguel Cardoso. O familiar Monteiro Mendes escreveu: - Assim que o prendi, mandei logo recado ao ouvidor-geral, lançando mão das chaves e pondo guardas nas portas de dentro, que tinha, por onde se comunicava com duas filhas casadas que têm paredes meias, e com a mulher e mais filhos os mandei retirar a um aposento, por não falar o preso com eles.
3-Na verdade duas testemunhas eram da família de Miguel: o juiz ordinário, capitão Matias de Mendonça e o padre jesuíta Manuel de Araújo, vigário-geral e provisor eclesiástico.

 

Desculpem qualquer coisinha.

A coroar quarenta anos de escândalos e de crises, portadores dos piores males e misérias e nos quais a democracia mais genuína seguramente se não revê, Portugal acaba de ser devastado por catastróficos incêndios florestais que horrorosamente sacrificaram mais de cem inocentes cuja memória não está a ser devidamente respeitada. Que as suas almas descansem em paz!
Incêndios florestais sempre os houve mas não há memória de que tenham ardido tantas casas e morrido tanta gente e a culpa por tal não pode ser imputada às alterações climatéricas.
Seria de esperar que imediatamente a seguir a Pedrógão Grande se ouvisse o ruído das motosserras a desbastar as matas que sufocam as aldeias e as estradas mais críticas. Mas não! Prevaleceu o barulho dos discursos políticos feitos de palavras ocas e cínicas que não cortam árvores nem apagam fogos.
Inacreditavelmente, a Pedrógão Grande seguiu-se uma tragédia ainda mais devastadora o que levou o Presidente da República, a declarar, alto e bom som, num compreensível assomo de repúdio dos acontecimentos e das políticas, que o Primeiro-ministro, enquanto tal, deveria apresentar um pedido de desculpas público às famílias enlutadas em particular e aos portugueses em geral.
O chefe do governo, porém, que na véspera já havia proferido um discurso peregrino, frio e calculista, limitou-se a tirar partido de uma deixa do debate parlamentar para responder, a contragosto e contrafeito, como se cantarolasse o conhecido fado de Paulo de Carvalho: desculpem lá qualquer coisinha.
Depois disso, porque tomou consciência da gravidade do gesto e do desgaste da sua imagem e porque é verdadeiro mestre em golpes de rins, entendeu convocar, com popa e circunstância, um conselho de ministros extraordinário para anunciar um chorrilho de medidas e contramedidas urgentes, pondo vários ministros, como é seu timbre, a bolçar milhões. Falta saber quando, como e se tais medidas chegarão a ser postas em prática e se não acabaremos todos a contar tostões. A ver vamos como dirá qualquer ceguinho que veja.
Ficou ainda mais claro que, para o Primeiro-ministro, o que verdadeiramente importa é que se faça silêncio para que o seu naipe de fadistas e guitarristas possa continuar a cantar e a tocar o fado vadio da demagogia eleitoralista.
É de elementar justiça, contudo, que se diga que tudo que de mal tem acontecido a Portugal não é apenas da responsabilidade do actual governo e do Primeiro-ministro António Costa que, como sabemos, tem uma já longa vida dedicada à governança pública, com experiência comprovada em matéria de incêndios florestais.
Sobram motivos e é já tempo dos principais governantes, do presente e do antecedente, se reunirem na praça maior e mais simbólica do país para em uníssono pedirem perdão, não um mero pedido de desculpas, a toda a Nação, pelos muitas e sofridas provações e vergonhas a que submeteram a Pátria portuguesa.
Falta saber se perante a gravidade dos acontecimentos, que extravasam os incêndios florestais, não deveria já o senhor Presidente da República ter dissolvido a Assembleia pondo termo ao governo de “boys” e “teddy boys” que, ao arrepio da vontade dos eleitores, embora com a conivência da Assembleia da República, governam Portugal como se governar fosse uma festa de amigos e compinchas.
Falta saber se o próprio partido socialista não deveria já ter desmantelado a “Geringonça” que está a aproveitar-se da conjuntura económica favorável para iludir os portugueses com o aumento ilusório dos vencimentos públicos e das pensões, a bloquear reformas indispensáveis à sobrevivência da Nação e a reduzir a cinzas os símbolos maiores da História pátria.
Mas já não restam dúvidas de que é já tempo de restaurar a Democracia e de reformar o Estado por forma a torná-lo mais transparente, democrático, justo e melhor defendido do assalto de corruptos e aventureiros.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

DA CATALUNHA A CARVIÇAIS PASSANDO POR CASCAIS

Mais ou menos à mesma hora que em Barcelona no Parlamento Autónomo Catalão era proclamada unilateralmente a independência, na cidadela de Cascais, Teresa Patrício Gouveia questionava Rien Van Gendt sobre a legitimidade de se poder adaptar a vontade póstuma e fundadora, à realidade atual, necessariamente diferente, diversa e, seguramente, mais complexa que quando foi postulada. O consultor holandês afirmou claramente que não só era legítima como, provavelmente, seria necessária e conveniente, a incorporação do conhecimento atual para maximizar a relevância do legado. Estava certo que o próprio fundador seria o primeiro a promover uma tal reflexão. Contudo seria sempre necessário balizar as possíveis alteraçãos e adequações pelo estatuído no testamento fundacional.

O processo de independência é complexo, apaixonante e contraditório. Há seguramente razões, sobejamente conhecidas, de um e outro lado que suportam e justificam as tomadas de decisão. Compete aos interessados valorizarem as que mais lhe tocam. Há contudo duas, cujo relevo não pode ser ignorado e ambas estão do lado autonómico. A primeira tem a ver com a inviolabilidade do direito que todos os povos têm de poderem manifestar a sua opinião e vontade, de forma livre, genuína e sem que nada nem ninguém os impeça, seja de que forma for, muito menos recorrendo à violência institucional. A segunda tem a ver com ilegitimidade do argumento histórico. Legalidade e legitimidade não são a mesma coisa mesmo que andem, felizmente, muitas vezes de mão-dada. A norma constitucional impõe uma legalidade que só é legítima enquanto o texto fundamental representar, agora e não quando foi escrito, aprovado ou referendado, a expressão do povo que o sustenta e justifica. O facto de a Constituição ter sido aprovada maioritariamente, em referendo na Catalunha não pode impedir os justos anseios de gerações que entretanto surgiram e se afrmaram. Interpretar um texto datado, seja testamentário, fundamental ou instituidor, no tempo atual, sem ter em consideração as alterações que o tempo carreou é semelhante a citar uma frase polémica retirando-a do contexto.

Por igual razão de raciocínio se desvanece a “certeza” que querem fazer vingar os que garantem que o Abade Tavares ao referir explicitamente a vila de Torre de Moncorvo como o local onde pretendia que fosse instalado o Museu que guardasse e expusesse o seu rico legado. É necessário recuar oitenta anos para entender a forma como o clérigo via o mundo, o seu mundo e o interpretava. Fazer um Museu em Moncorvo era, para o investigador, colocar uma lança em África. De tal forma complicado e difícil que ele mesmo verificou da impossibilidade da sua concretização durante a sua vida. Fazê-lo em Carviçais era pura ficção. Impensável!
Não é assim agora. Pelo contrário. O Museu do Abade Tavares tem uma localização lógica e natural na Terra do Ferro e essa é uma e única: a aldeia de Carviçais. Refleti muito, recentemente sobre qual seria a genuína vontade de prior sobre o verdadeiro chão que deveria receber a sua riquíssima coleção. As poucas dúvidas que me restavam desapareceram quando, recentemente, “tropecei” num texto de Carlos d’Abreu sobre o processo de concurso para pároco de Carviçais. Apesar da sua origem, não me restam quaisquer dúvidas, nem restarão a quem quer que olhe para esta problemática da forma correta, que o padre José Augusto Tavares é um cidadão moncorvense de Carviçais. Nenhum local melhor que a sua aldeia de adoção para preservar a sua memória e reconhecer o seu mérito, talento e trabalho. Mesmo que os seus documentos contenham, em forma de letra, a expressão explícita à vila, sede do concelho.

 

Água mole... O meu jardim

Aproveitando é certo para desviar um pouco a água para o meu moinho, não quis deixar passar em claro o facto de os vários candidatos às recentes eleições mencionarem nas suas propostas o cuidado com as zonas verdes. Por isso este texto é especialmente endereçado ao edil vencedor desse pelouro, para quem, não tendo o gosto de o conhecer, vão também as minhas desculpas.
Como os quintais e os jardins das nossas casas (ou mesmo as plantas que expomos nas varandas), as alamedas e as áreas ajardinadas públicas surgiram como evocação e reflexo do campo. No fundo são recantos que lembram com nostalgia, no meio da inquietude árida das grandes cidades, a natureza aberta e livre, a terra pacata e a paz bucólica deixadas para trás, para muitos talvez para sempre. Não é o nosso caso. Bragança é pequena e o campo é mesmo aqui mas, ainda assim, a forma como pensamos e tratamos desses espaços não deixa de revelar o maior ou menor carinho pelo paraíso perdido, o papel que a beleza ocupa nas vidas enfadonhas e em geral um pouco da nossa mentalidade.
Por outro lado, a cidade também se erigiu sobre ideais, valores e modos de vida opostos aos do meio rural e em choque com este. Campónio, rústico, parolo, tosco, saloio, pacóvio, matarruano, são adjetivos que não deixam dúvidas quanto a isso. Portanto é de crer que, almejando civilizar-se, os primitivos citadinos renegassem as suas raízes, exibindo uma atitude parecida à dos novos-ricos: como a ruralidade lhes sugeria as origens humildes ignoravam -na, desprezando quase tudo que os ligava a ela.
De forma que quando se tratou de enfeitar os jardins, foram em busca de espécies estranhas, quanto mais longe melhor. Não por serem mais bonitas, até porque as mais das vezes se calhar nem reparavam muito nisso, mas por darem ares de progresso, evolução, cosmopolitismo. E foi assim que se criou uma tradição, mesmo se ela implica, como aqui, muito tempo depois, plantar magnólias ou palmeiras, como sabe árvores bem adequadas ao nosso clima, perdoe-me o sarcasmo.
Lembro-me, curiosamente, de há um par de anos, uma pessoa do norte europeu que estava de visita (fascinada, de resto, com tudo o que ia vendo) me ter feito certa vez parar na estrada para sair do carro e se deixar maravilhar com os verdes e amarelos de um freixo em finais de outubro. Todavia, para nós, os freixos fazem lembrar lameiros, hortas, cortinhas, a aldeia em geral, assim como os amieiros, os salgueiros, os alfenheiros, os sanguinhos, as aveleiras, os sabugueiros, entre outros (todos um encanto para quem se dignar reparar e não tiver a vista gasta pelo uso), e por isso nem pensar em trazê-los para o meio da urbe.
Pois já que estamos em maré de valorizar e promover tudo o que é nosso (e muito bem, diga-se), deixe-me lembrar-lhe que as ripícolas que referi no parágrafo precedente, algumas incluindo várias subespécies, para além de tolerarem bem as geadas também fazem parte do património. Mas se ainda assim quiser nutrir o irreprimível gosto pelo que é invulgar, o que entendo lindamente, sugeriria, se me permite, algumas outras que sendo indígenas são mais raras, não se ficando atrás em termos de potencial embelezador: zelhas, mostajeiros, fuseiras, lentiscos, tramazeiras, cerejeiras-de-santa-lúcia, azereiros, cornalheiras, etc. etc. Por isso, com o devido respeito, gostava de deixar ao ilustre autarca o desafio de começar a dar às nossas árvores o lugar que por direito lhes pertence nos jardins da cidade.
Há de ter notado que não aludi aos choupos. De facto foi propositado. Já há muito percebi que são uma causa perdida. A aversão a eles é um preconceito tão poderoso como qualquer outro, como o que consiste por exemplo em achar que as correntes de ar provocam gripes. Por mais que se martele não há meio de os afastar, é daquelas coisas que entram na mente popular e para saírem de lá é um caso sério, não vale a pena.
Mas ao menos, senhor vereador, abulam-se definitivamente esses tão malfazejos seres de uma vez, eles e os seus incómodos. Não se insista em plantá-los para, uns anos depois, quando já estão crescidinhos e nos mimam com a sua sombra no verão tórrido, os abater tontamente, como ainda há pouco se fez a umas boas dezenas no jardim da braguinha. A menos que seja mesmo, sabe-se lá, pelo prazer perverso de os cortar. (continua).

 

“Bom Dia Tio João”, há 28 anos no seu coração

Ter, 31/10/2017 - 10:26


Olá familiazinha!
Quando comecei a dizer “bom dia, familiazinha”, ninguém dava duas c’roas por nós. Passados que são 28 anos, continuamos no coração do nosso povo, que nos ouve diariamente.
No dia do aniversário da nossa família, dia 29 de Outubro, estivemos em directo na 3.ª Feira da Castanha e dos Produtos da Terra de Avelanoso, Vimioso, com um “Domingão” especial das 6 às 10 horas da manhã, e a participação e as “prendas” radiofónicas da nossa família, que incluem cantigas, versos, música e muito miminho da manhã dos nossos mais-que-tudo, os melhores ouvintes do mundo.
Gostei muito de voltar a Avelanoso, aldeia que já conheço há mais de 25 anos, porque um grande elemento da família, natural desta localidade, é a tia professora Isabel Campos.
Já falámos das alegrias, vamos agora falar das tristezas. No dia 25 faleceu o tio Manuel Maria Lopes, de Salsas (Bragança), aos 92 anos de idade. Há muitos anos que já não participava em directo no programa, mas ficou conhecido mundialmente na família porque acertou na data do fim da guerra do Golfo, num concurso que fiz na altura para ver quem adivinhava o dia do fim do conflito. O tio Manuel, no início de 1991 disse que sonhou que a guerra acabaria no dia 28 de Fevereiro de 1991, o que viria a ser verdade, pois neste dia, às 6 horas da manhã, quando iniciava o programa, foi decretado o fim da guerra. Por este motivo, o tio Manuel sugeriu que se fizesse uma grande peregrinação à N.ª Sr.ª do Aviso, em Serapicos (Bragança), pois foi ela que o avisou. Agora que tantos anjos o acompanhem como milhares de pessoas participaram nessa peregrinação. Os sentimentos à família enlutada.
Hoje vai ter uma operação delicada ao seu grande coração o intitulado na família “presidente do amor e da amizade”, o nosso Fernandinho Moita, o da expressão “és tão linda ó minha aldeia” (Felgar – Torre de Moncorvo). A família está a rezar a todos os santinhos para que iluminem as mãos dos médicos.

O abismo catalão

Ter, 31/10/2017 - 10:22


Às vezes dá-nos vontade de proclamar, aos gritos, pois claro, que a única solução para o desprezo a que nos tem votado o poder central lisboeta é tornarmo-nos independentes. Geralmente acrescentamos que seria bem melhor se fossemos espanhóis.