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São Martinho resolveu de penálti

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Ter, 24/10/2017 - 17:10


Os alvinegros não foram felizes na jornada 7 do Campeonato de Portugal. A formação treinada por Rui Borges deixou pontos no terreno do São Martinho, depois da vitória por 3-2 frente ao Vilaverdense. Yerson regressou ao 11 inicial depois de ter cumprido três jogos de castigo.

Vitória caseira dá um novo fôlego aos brigantinos

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Ter, 24/10/2017 - 17:08


Um triunfo importante e que serviu para os brigantinos darem um pontapé na crise de resultados que se tinha instalado na equipa. Recordamos que o GDB contabilizava apenas uma vitória, frente ao S.C. Mirandela, na jornada 3, por 2-0.

Afinal quem chora por Chora?

A Auto Europa pretende produzir 190.000 VW t-Rock/ano na sua fábrica de Palmela. Para conseguir isso tem de criar 18 turnos/semana, o que quer dizer que tem de laborar ao sábado. Para laborarem ao sábado a Auto Europa fez, aos trabalhadores, uma proposta com contrapartidas para compensar o “incómodo” de perderem 5 em cada 6 sábados. Essa proposta, que teve a anuência (pré-acordo) da comissão de trabalhadores, foi liminarmente chumbada no plenário de trabalhadores. Bom, resumindo: um conflito laboral que parecia igual a tantos outros. Mas o que este conflito laboral tem de diferente dos outros não é pelo conflito em si mas sim pelas reacções que suscitou. A profusão de artigos de opinião foi desproporcionada e tinham uma particularidade curiosa. Não falavam mal, como é costume nestes casos, nem da proposta da Auto Europa nem da reação dos trabalhadores. Mas nesta pretensa neutralidade lá iam dizendo que a Auto Europa gera 1% do PIB, que é responsável por 4% das exportações, que emprega três mil e tal trabalhadores, que com o António Chora isto não teria acontecido, que podem deslocalizar a empresa, que o que estava a acontecer era uma manobra do PCP (chamaram-lhe o “assalto ao Castelo”, lembrando que o PCP não tinha mão na Comissão de trabalhadores e quer ter) e até o inenarrável Sousa Tavares (o turbo-comentador que um dia disse que os Professores eram os “absentistas mais bem pagos deste País”) lembrou que há trabalhadores que até ao domingo trabalham, caso da hotelaria, da saúde, das forças da ordem etc. (que esquecimento o nosso !!!).  Nem um só dos artigos que li analisava a proposta e/ou a reação a ela. Tudo visões periféricas embora com intenção evidente como quem diz “resolvam lá isso pelo melhor que a Auto Europa é muito grande, por todos não custa nada e não vá o Diabo tecê-las de forma a que ainda sobre alguma coisa para mim”.
Mas vamos aos factos. Se a Auto Europa precisa do Sábado podia pagá-lo em horas extraordinárias. Argumenta, para não o fazer, que as horas extraordinárias têm sempre uma componente de voluntariado e que portanto não garante a efectividade do grupo. Embora aceitando o argumento não se entende por que é que o vencimento proposto para o novo horário de trabalho não é calculado tomando as horas de Sábado como trabalho extra. Propuseram em contrapartida uma gratificação mensal. É essa gratificação que é o pomo da discórdia pois, dizem os trabalhadores, esse montante seria praticamente atingido com um só Sábado de trabalho extraordinário quando o novo horário de trabalho prevê aproximadamente 3,3 Sábados /mês. Além disso as horas de Sábado não são horas extraordinárias quaisquer, elas obrigam a toda uma reformulação das actividades no quadro familiar e a uma recalendarização de todas as outras, lúdicas ou não, com perdas mais que evidentes. Não bastou à empresa um ganho de produtividade na ordem dos 20% no investimento em fábrica (é mais um dia em cada 5) que ainda tinha que fazer saldos no salário dos trabalhadores. E se alguém pensar que o litígio possa ter ocorrido pela ganância dos trabalhadores eu lembro que, não há muito tempo, estes trabalhadores aceitaram uma série de condições gravosas, numa altura de aflição da empresa, afim de manterem os postos de trabalho mas que concomitantemente também mantinham a empresa para o patrão. Era na altura Presidente da Comissão de Trabalhadores António Chora o tal que agora, na reforma, é tido como o “D. Sebastião” da concertação. É-lhe atribuída a paternidade da fórmula que se por um lado manteve os postos de trabalho, embora em condições penosas, por outro resgatou a empresa para o patrão. Ainda estou para saber se conseguiu do patrão um bom acordo para os trabalhadores se conseguiu a anuência dos trabalhadores a um bom acordo para o patrão. E acresce a isto um pormenor curioso. António Chora não negociava sozinho. O seu interlocutor era o Diretor da empresa António Melo Pires que, possivelmente, é o elemento que falta nesta negociação. Miguel Sanches o actual director será, possivelmente, o elemento que sobra.
Tenho esperança que os trabalhadores dirimam esta contenda a seu contento. Se assim acontecer têm o meu aplauso. Se optarem pela cedência terão a minha solidariedade e a minha compreensão. Solidariedade porque sei que tiveram de “engolir um sapo”. Compreensão porque sei que constrangimentos vários, sobretudo familiares, impedem os trabalhadores, quando acantonados entre a espada e a parede, de optarem pela espada.
E se fosse consigo?

Os fogos e a negligência centralista de Lisboa

No rescaldo de um verão verdadeiramente quente a todos os níveis, terá passado ao lado dos representantes do nosso distrito, talvez demasiado ocupados com as autárquicas, um artigo no Financial Times revelador sobre o actual estado do interior do nosso país. Nesse artigo, esse jornal económico que é dos mais reputados a nível internacional, dedicou um artigo à problemática dos incêndios florestais em Portugal. O artigo, (https://www.ft.com/content/54fa495c-8bdc-11e7-a352-e46f43c5825d), é uma reportagem que integra a voz de autarcas que culpam a "centralização", o "êxodo rural" e o "abandono do interior" pelo drama dos incêndios que Portugal vive, particularmente no caso do grande incêndio de Pedrogão Grande de que matou 64 pessoas este verão. Nesse artigo, entre outras informações, foram dados os exemplos de que para organizar uma competição de Vólei é necessária a autorização do ministério do ambiente de Lisboa. Outro dado menos caricatural é o facto das autarquias locais representarem 14% do orçamento público e terem 17% do emprego público, o que contrasta com a média europeia de 25 e 36%, respectivamente. Infelizmente, esta tragédia voltou a repetir-se, com os mortos a ultrapassarem a centena. Talvez pela tragédia traduzida nestes números e pelo “raspanete” do Presidente Marcelo, o governo fez uma reunião este fim-de-semana onde, aparentemente, e de forma musculada apresentou um conjunto de medidas, ainda assim, muito teóricas, mas que, a realizarem-se, seriam o início de uma pequena revolução para nós residentes e investidores no interior. As tragédias deste verão poderiam ser assim o rastilho do tratamento do maior “tumor” que o nosso pais tem e que é a crónica desigualdade interior/litoral e que tem sido tratado com meia Aspirina, quando necessita uma forte operação de peito aberto. Assim sendo, deveríamos ter na região uma receptividade para esta oportunidade, começando pelos nossos autarcas, mas passando por cada um de nós. E não vejo, no passado recente, um alinhamento que nos seja tão favorável como o que potencialmente temos neste momento. Começando pelo incansável Secretário de Estado Jorge Gomes, pelos novos Presidentes eleitos no distrito, pelos recursos disponibilizados pelo PDR 2020, pelas novas licenças de centrais de biomassa que vão ser lançadas, pelo novo regime de cadastro florestal, etc. A nossa desertificação poderia ser, pela primeira vez, uma enorme vantagem. Poderia dar um exemplo. Na ausência da criação das comissões de compartes, ficaram as Juntas de Freguesia com a gestão das dezenas de milhares de hectares de baldios que o nosso distrito tem. Estas áreas, acrescentadas das ZIF´S e baldios existentes, dos terrenos públicos e privados que pudessem ser anexados, dariam escala a uma ou duas centrais que poderiam produzir significativas quantidades de electricidade e, sobretudo, centenas de postos de trabalho evitando assim os barris de pólvora em que se tornam as nossas florestas nos períodos mais quentes. Para tal seria somente a união dos municípios e dos poderes nacionais para criarem esta nova ordem florestal que desse futuro e sustentabilidade a um projecto que seria, para além da resolução de um problema que são os incêndios, uma oportunidade de desenvolvimento, modernidade e sustentabilidade da nossa região. Para comprovar esta teoria veja-se e compare-se as áreas ardidas genéricas com as áreas ardidas que alguns fundos de investimento florestal têm em sua gestão. A estes factos acrescente-se que, por exemplo, a hora de um helicóptero Kamov custa, segundo o jornal Expesso, 35.000€/hora. Não seria melhor investir parte destes tremendos custos de combate na prevenção e tratamento das nossas florestas? O que se pedia agora é que os nosso autarcas e forças da região pudessem dar as mão e ter uma estratégia conjunta para que pudessem ter uma estratégia global para viabilizar uma intervenção estratégica e de futuro alterando a sua visão da eterna “capelinha” do seu conselho. Porque assim sendo, ganharíamos todos e ganharia Trás-os-Montes.  

NÓS, TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS - Simão (Brandão) de Vivar (n. Mogadouro, 1637)

O disfarce está intrinsecamente ligado à condição marrana. Convertidos à força, viam-se obrigados a disfarçar a sua fé mosaica, cumprindo as regras do cristianismo “para contemporizar com o mundo”. Ao menor deslize, arriscavam-se a ser presos. Pois, Simão de Vivar foi um verdadeiro mestre do disfarce. Vamos ver:
Terá nascido em Mogadouro pelo ano de 1637. Em data não determinada, talvez no seguimento da prisão de seus pais e uma sua irmã, fugiria para Castela onde logo trocou o sobrenome Brandão por Vivar. Isso não impediu que fosse preso na inquisição de Toledo em cujo processo ficou escrito:
- Simon de Vivar, vicino de  Mora,  y natural de Mogadoiro,   en el  reino de Portugal (…) en tres de Abril  de mil seicientos y ochenta,   fue preso  por delitos de judaismo  y en su primera audiencia  que con el se tubo declaro  llamarse como dicho  y  de ser  de la misma vecindad y naturaleza de edade de  quarenta y tres años, mercader de lienzos, hijo de Francisco Rodrigues,  natural y vecino de Mogadoiro,  y de Clara Rodrigues, natural  de la villa de Moncorvo,  neto de Gregório da Paz  y de Inês Rodrigues naturales de la vila  de Mogadoiro y de Jorge Fernandes e Inês Rodrigues naturales de Moncorvo,  casado con Francisca Lopes,  natural de Mascaraque,  deste arcebispado (…) sus padres fueren presos por la inquisición de Coimbra (…) foi desterrado por cuatro años  de Madrid, Toledo,  Mora,  Mascaraque,ocho leguas  en contorno , no lle passe a los puertos de mar  ni secos ,  sin licencia  de la inquisición  (…) y en  quinientos ducados.
Passados 23 anos, em agosto de 1703, Simão de Vivar foi preso pela inquisição de Lisboa. Interrogado sobre a sua genealogia disse várias mentiras e omitiu informações: a saber:
Que tinha 70 anos, o que fazia recuar a data de seu nascimento para 1733. Que seu pai se chamava D. Afonso de Vivar, cristão-velho, cavaleiro castelhano, natural de Sevilha. Que seus avós, assim paternos como maternos eram já defuntos e ele os não conheceu, nem sabe como se chamaram. Que não tinha irmãos nem irmãs. Na verdade tinha 2 irmãos e 2 irmãs. (2)
Obviamente que o objetivo de tais mentiras e omissões foi o de esconder dos inquisidores o historial de sua família, um historial muito comprometedor. E muito em especial a história de seu pai, Francisco Rodrigues da Paz que foi preso em 29.1.1649 e acabou queimado por judeu no auto da fé de 31.8.1650. (3)
De seguida, em 14.1.1651, foi presa a sua mãe, Clara Rodrigues, a sua irmã, Maria Brandoa e dois tios maternos: João Rodrigues Brandão e Francisco Brandão. (4) E agora repare-se na desfaçatez de Simão de Vivar que, perante os inquisidores de Lisboa declarou:
- Não sabe que parente algum seu fosse preso ou apresentado!
O mais estranho de tudo isto é que os inquisidores tivessem passado ao lado de todas estas falsas declarações, tendo à sua frente a certidão vinda de Toledo e tão organizada que era a máquina inquisitorial, no registo dos processos. Devemos explicar isto pelo muito trabalho que então se registava, com as inúmeras vagas de prisões que atulhavam a inquisição de Lisboa, com inúmeros cristãos-novos regressados de Castela? Talvez.
O regresso de Simão a Portugal aconteceria ao início da década de 1690. Vinha casado, com Violante Francisca Gomes, ou Lopes, cristã-velha, disse ele. O casal não tinha filhos e a casa de morada, em Lisboa, era no Beco da Mizarada à Rua dos Espingardeiros, uma zona bastante nobre da cidade. Tinham ao serviço uma criada, natural da Galiza e, a avaliar pelas pessoas com quem se relacionava, fica-se com a impressão de que Simão de Vivar era um homem de boa sociedade, muito bem relacionado com gente militar, do Estado-maior, inclusivamente. Dizia-se tratante, mas há quem o defina como contratador.
Sabemos que “fazia chocolate” mas não conseguimos definir os contornos da sua “empresa” e quem nela trabalhava. Porém, o essencial do seu “trato” era o negócio entre Portugal e Castela, especialmente comprando e vendendo fardos de tafetás. A rota costumada era por Campo Maior em cuja alfândega registava as mercadorias transacionadas e pagava os respetivos impostos. De Campo Maior era também o almocreve Manuel Fernandes que ele contratava para “lhe levar muitas vezes cargas para o reino de Castela”.
Em 23.8.1703, Simão foi metido na cadeia da inquisição de Lisboa, com base nas denúncias seguintes:
José Francisco, espingardeiro, seu vizinho em Lisboa, preso em Évora, contou que, falando em guerras, Simão lhe disse “que era tempo de vir o encoberto e de haver um só rei e uma só lei”.
Pedro Álvares, preso em Lisboa, disse que Simão de Vivar o informava a ele e sua mulher quando vinha o dia grande do mês de setembro, para o guardarem, explicitando:
- Há 3 anos, em casa dele confitente se achou com Simão de Vivar e Branca Cardosa, mulher dele confitente, e cunhados Heitor Dias da Paz e Clara Maria, estando os 5, por ocasião do dito Simão de Vivar lhes vir a dizer quando haviam de fazer alguns jejuns judaicos pelo decurso do ano e o mesmo Simão de Vivar lhes vir a dizer a casa quando caía o jejum do dia grande, e quando haviam de fazer outros jejuns judaicos e lhes disse o mesmo, haverá um ano, havia mandado um pouco de dinheiro para Holanda por via de João da Silva Henriques, que tinha lá seu pai e que o havia mandado pelo segurar em razão de que temia ser preso pelo santo ofício.
Esta era a acusação mais comprometedora pois o dava como conhecedor do calendário judaico e judeu praticante e como homem que temia ser preso e por isso se precavia mandando dinheiro para a Holanda, com o objetivo de fugir antes que o prendessem.
Foi vigorosa a defesa apresentada por Simão, conseguindo provar, por documentos da alfândega de Campo Maior que, no tempo da culpa, nem sequer estava em Lisboa pois “despachou a sua fazenda com que entrou para o reino de Castela em 24 de Março de 1700 e outrossim consta do livro das fianças fl 14v que entrou o réu Simão Vivar neste reino aos 7 de Outubro de 1700 e foi para a Corte da cidade de Lisboa, para despachar na Mesa Grande”.
Em simultâneo, lançou suspeitas sobre o denunciante Pedro Álvares dizendo que este lhe encomendara um carregamento de tafetás que ele foi buscar a Castela e despachou na alfândega e levou para sua casa. Porém, não se acertando no preço, Simão foi tirar-lhe a mercadoria, ficando a partir daí muito inimigos, pelo que o seu testemunho não devia merecer crédito.
Quanto à denúncia do espingardeiro, defendeu-se dizendo que “são inimigos do réu José António e seu irmão João Rodrigues, espingardeiro, em razão de lhe encomendarem que lhe trouxesse de Castela uns canos de espingarda e por ele réu não lhos querer trazer pelo risco que tem, lhe ficaram com grande ódio”.
A defesa e mais contraditas apresentadas por Simão Vivar são ainda muito interessantes do ponto de vista das suas relações com alguns cristãos-novos de Trás-os-Montes, muito conhecidos e deveras importantes do seio da comunidade sefardita da época, devendo referir-se os irmãos José e João da Costa Vila Real, (5) João da Silva Henriques e seu irmão Mateus de Sousa Henriques, (6) Francisco Soares da Fonseca, corretor do número, morador na Rua das Mudas, Manuel Henriques de Lucena, procurador da Casa dos Cinco…
Facto é que a sentença foi relativamente branda, pois que o processo foi despachado em Mesa e não em auto público da fé, condenado em cárcere a arbítrio dos inquisidores e pagamento de custas.
Notas e Bibliografia:
1-ANTT, inq. de Lisboa, pº 3677, de Simão de Vivar. Em tif 13 e seguintes apresenta-se uma certidão enviada pela inquisição de Toledo.
2-Irmãos de Simão de Vivar: Maria Brandoa, que foi presa com a mãe, pela inquisição de Coimbra; Ana Brandoa, casada em Vila Flor com Luís Vaz; António, nascido por 1633, que foi para Castela e Domingos, nascido por 1639.
3-IDEM, inq. Coimbra, pº 7397, de Francisco Rodrigues da Paz. Com ele foi preso o seu irmão Domingos Rodrigues Frade – IDEM, pº 9309.
4-IDEM, pº 3641, de Clara Rodrigues; pº 2231, de Maria Brandoa; pº 7395, de João Rodrigues Brandão; pº 6785, de Francisco Brandão. AFONSO, Berta – Subsídios para o Estudo da Comunidade Judaica de Mogadouro no século XVII. O processo de Maria Brandoa, in: Brigantia, Vol. V, 1985.
5-ANDRADE e GUIMARÃES – João (Abraham) da Costa Vila Real (1653 – d. 1729) e José (Isaac) da Costa Vila Real (1689 – 1730) in: jornal Nordeste, nº 1046 e 1047 de 29.11.2016 e 6.12.2016.
6-IDEM – De Sambade para Bayonne, Londres e Jamaica, in: Marranos em Trás-os-Montes Judeus-Novos na Diáspora, o Caso de Sambade, pp. 105 – 112, ed. Lema D´Origem, 2013.

Vendavais - A Vergonha não é combustível

Não fosse a ajuda celestial e a solução para o problema gravíssimo que o país vivia não chegaria certamente pela mão dos homens. Estes viram o país a arder, por entre arrepios de dor e lágrimas de sangue, sem soluções apesar do muito esforço de alguns. Esforço meritório de quem, no meio das chamas infernais, lutava contra o demónio, tentando impor-lhe um travão que pouco resolvia. Razões? Culpas? Porquês?
Tremenda ignomínia e insensatez na apoucada inteligência de quem no obscurantismo do seu parco pensamento, o resolve iluminar com o fogo infernal que tudo destrói e mata quem não tem culpa de nada. Esta realidade é muito triste, mas é a realidade. Desolação. Dor de alma consentida. Atrasada, a ajuda veio dos céus em forma de gotas, breve e mansa, mas eficaz. Aqui, pode sobrepor-se uma questão de alguma forma pertinente. Porque razão os fogos surgiram quase todos ao mesmo tempo, um pouco por todo o centro do país, quando se anunciou que iria chover dentro de dois dias? E ainda podemos perguntar, quais as razões que estão subjacentes ao facto de todos ou quase todos os fogos, terem começado por volta da meia noite? Será que já alguém sabe a resposta a estas questões? Eu quase tenho a certeza de que muitos as saberão, mas paira no ar uma vergonha tão intensa que não há a coragem para desabafar.
É pena que a par de toda esta miserável panóplia de acontecimentos tenham sucumbido 44 vítimas que não tiveram culpa alguma da culpa que motivou alguns mentecaptos que, ou por interesse e motivação próprias ou de terceiros, se prestaram a incendiar um país lindo, com o qual eles não se identificam certamente, mas que é o nosso há muitos séculos. Que motivações estarão por detrás desta ações tão ignominiosas? Negócio? Interesses económicos? Vinganças surdas?
O meu orgulho está a arder. É pena que a vergonha não seja combustível. Podia virar-se o feitiço contra o feiticeiro! Mas a vergonha não arde. Lamentavelmente. Acabou de arder uma página importante da História de Portugal. Incúria ou distracção ou outra coisa qualquer contribuíram para que o pinhal de Leiria se extinguisse nas chamas imensas que rapidamente se propuseram apagar o que a História tinha escrito há cerca de quinhentos anos. E agora? Era património do Estado. Infelizmente pouco cuidado! Culpas? Claro que quem acendeu o fósforo foi o diabo! Mas um fósforo só, sem nada mais, extingue-se de seguida e não foi isso que aconteceu! Resta esperar 75 anos para que o pinhal, a ser reposto, possa estar em condições de ser utilizado. Uma vida! Uma vida para escrever esta página que acabou de arder. Francamente!
Há sempre lições que se extraem das coisas que acontecem inesperadamente e com consequências más como foi o caso, mas será que cento e tal vítimas mais tarde se vão aprender bem essas lições? Que soluções se vão apresentar para evitar novos reacendimentos no pouco que ainda resta deste país negro de tanto fogo e tão pouco claro na vergonha que ilumina os renegados?
As muitas manifestações que surgiram no país contra os fogos, parecem-me terem um propósito e um sentido positivo, mas de nada adiantam pois não contribuem para envergonhar quem por iniciativa própria ou a mando de terceiros, risca o fósforo fatal que vai destruir vidas e bens, mas que não consegue destruir quem o acende. E aqui, a justiça dos homens de pouco vale! Talvez a justiça divina fosse mais eficaz! Nem tudo pode ser assim tão mau!
Ardeu a árvore de Natal de muitas crianças! Fico frustrado! É triste. Desesperante na incapacidade de apanhar os culpados. O governo está a falhar. Costa falhou. Em vários aspetos. Talvez por orgulho ou por despeito ou mesmo incapacidade. Talvez, mas falhou. Agora, depois da tentativa de remendar o que estava errado, adiantam-se soluções futuras. Exército, plantações organizadas, reflorestação ordenada, enfim, um sem número de aspetos a ter em conta, hoje, porque aconteceu ontem o que não podia ter acontecido. Basta.

 

Rio acima, Rio abaixo

O seu posicionamento ideológico é de um cidadão que assenta com base na razão do estudado num colégio de disciplina e língua alemã, na ordem de um determinado Mundo, que por vezes se cruzam secura no trato e comedimento nos gastos e surgem ideias e formulações que chocam contra interesses, burocracias instaladas e acomodadas, a abstrusas práticas dos aparelhos partidários. Estou a falar de Rui Rio.
Bem sei, dentro do PSD há quem o acuse indeciso, de o sotaque dele ser pronunciado, de ter afrontado e vencido um homem poderoso na altura, conhecido em determinados meios pelo apodo de Papa, concretamente Pinto da Costa, de preferir as boas constas ao «ponha no livro», de os carros nas suas mãos durarem anos a fio.
É verdade, também é, para desgosto meu defensor da regionalização, aprecio o seu empenho na aplicação da justiça de forma célere e rigorosa, a defesa da doutrina social-democrata antítese do espúrio neoliberal de má memória, personalizado em Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque. A continuada aparição das suas imagens na televisão lembrou aos eleitores os cortes nos salários e pensões, eles entenderam castigar duramente os visíveis rostos da pungente austeridade.
Para lá da lógica dos burocratas laranjas, os eleitores de modo geral aguardam uma ruptura decidida com a prática seguida pelo PSD nos dois últimos anos, a não se concretizar o seu emagrecimento eleitoral continuará a proporcionar réditos avantajados a António Costa. E, quem está mais habilitado a romper a inócua prática?
O trumpista versão portuguesa entenda-se o menino na incubadora, o rapaz de lenço na cabeça ao modo dos piratas em iates capitalistas, o playboy das santanetes, o sportinguista militante e fugitivo, o primeiro-ministro do nosso descontentamento, Pedro Santana Lopes não me parece crível. Sim, eu sei, nós sabemos, o caminhante de andar por aí ganhou a Câmara de Lisboa, e antes a da Figueira da Foz, e apetece perguntar: e o que sobrou de tais vitórias? Uns lugares consignados a amigos, tal como a gritante reserva de o cadeirão de deputado a um seu prosélito antigo autarca em Ourique.
Sim eu sei, nós sabemos, tem sido louvado o seu desempenho na Santa Casa, não coloco em causa a exibição, quisesse eu arranjaria cuidados implicativos, o tempo é grande escultor dizia a Yourcenar.
Está em jogo o poder, não discricionário, no PSD. Está em jogo a solvência em alta do Partido interclassista, de raízes populares urbanas e rurais, de veios cristãos e respeito pelos laicos, detentor de lastro nacional, não nacionaleiro, capaz de fazer frente ao Partido Socialista. Caso não consiga e se acentue o seu definhamento o sistema político acabará no modelo mexicano do PRI, com nefastas consequências daí advindas.
Está nas mãos dos militantes escolherem o guia dos seus destinos políticos, a escolha deve e é livre, cabe-lhes sopesar tudo quanto está em jogo, o arrependimento nestes casos e estilo apertar a orelha é ela não deitar sangue, importa que os decisores de base coloquem a paixão na arca e deixem a razão prevalecer.
Há antecedentes de insensatez, recordo um, o modo como Manuela Ferreira Leite foi defenestrada, lembro a sua lucidez na análise da situação económica e modos de obstar à aplastante caminhada em direcção ao abismo, a Senhora não gostava de andar no circuito da carne assada e puré de batata, de distribuir beijos e abraços a esmo, no entanto, tinha razão. O País pagou duramente o não ter sido ouvida. Dizem-nos ter regressado o tempo das vacas gordas, ainda bem, conviria que esse ciclo ultrapassasse os sete anos, conviria darmos plena expressão à terra de leite e mel, conviria nunca mais voltarmos a termos de suportar a agonia da austeridade. Ora, a coexistência de dois partidos sólidos e entregues a dirigentes bem estruturados, afastados dos jogos da corda saltitante e da macaca do pé-coxinho, são imprescindíveis, a não ser assim venha o Diabo quando quiser para gáudio de Passos Coelho.

PS. Barcelona não é só dos independentistas, dos que votaram sem cadernos eleitorais, com trapaça, insultando os adversários catalães do surto da independência. A ganga propagandística aposta na radicalização. Os custos que os paguem os outros! Se vingasse a tese da independência nós íamos pagar muito, com língua de palmo. A vesguice é atroz.
 

SÓCRATES E SEUS DISCíPULOS

Não, não venho falar do Sócrates, o filósofo da antiga Grécia que ensinou os homens a olhar para dentro de si e que condenado ao exílio ou à morte, preferiu a segunda bebendo cicuta !
Este Sócrates, de seu primeiro nome José, destacado socialista a quem os portugueses confiaram no passado o governo da Nação, bebe champanhe do caro, veste roupa de marca, tem apartamento de luxo em Paris e deslumbrado pela Gália, para dar a bota com a perdigota, gastava à grande e à francesa! E gastou tanto ou tão pouco, que dando demasiado nas vistas, jornais e tribunais foram no seu rasto para saber onde ficava a árvore das patacas.
Decorridos que estão já quatro anos de complexas e demoradas investigações e um mar repleto de sucessivas noticias, chegou agora à mão dos portugueses o despacho de acusação, um gigantesco volume de mais de quatro mil páginas, que o deverá levar a juízo.
Finalmente o castelo ruiu e na enxurrada esbracejam e sobrenadam também ilustres e poderosas figuras da banca e da política que há bem poucos meses desfilavam vaidosos na passerelle das grandes empresas e regurgitavam frases feitas pelos aparentes sucessos alcançados. Zeinal Bava laureado nas academias, o bem remunerado Granadeiro e o empertigado Ricardo Salgado se não foram acólitos, souberam pelo menos zelar pelos seus pessoais interesses. E como foram brilhantes nessa espinhosa missão!..
Face a este lamentável episódio cuja dimensão e gravidade não tem paralelo no Portugal renascido em Abril longínquo, o que me ocorre em primeiro lugar é gritar bem alto e repetir quão importante é a justiça num país que se deseja equilibrado e justo, e deixar aqui uma vénia de agradecimento aos magistrados, inspectores judiciais e fiscalistas que, esses sim, dedicados e zelosos cumpriram a sua missão.
Depois que os tribunais julguem com celeridade, serenidade e segurança. E finalmente, que os políticos corrijam os circuitos promíscuos que permitem vantagens em proveito próprio à custa dum labirinto legislativo, algumas vezes elaborado tendo no horizonte objectivos à margem do interesse público.
Neste já longo percurso de quatro décadas de liberdade e menos responsabilidade, abundam os casos de corrupção que têm enchido os nossos jornais, sendo certo como muitos se recordam que a culpa morreu solteira, ou por dificuldades de prova face à muita experiencia e astúcia dos advogados ou usufruindo da permeabilidade do nosso generoso código de justiça.
Ainda por uma questão de justiça, como seria interessante recuperar quanto se disse e protestou, por causa das sucessivas prorrogações do prazo das investigações e constatar hoje como ele foi importante ou mesmo determinante para apanhar na rede mais uns tantos figurões que a coberto duma aparente boa imagem pública são agora arguidos no processo.

Mirandela, 15 de Outubro 2017
 

Quem pensa que a distância faz esquecer, esquece-se que a saudade faz lembrar

Ter, 24/10/2017 - 11:15


Olá familiazinha!
“Que saudades eu já tinha da tão preciosa chuvinha!” Embora tardio, já chegou o sangue da terra. Veio a ajudar a terminar com o flagelo dos incêndios e na agricultura ainda lhe pode valer à castanha mais tardega e à azeitona.
Afinal, o nosso magustão da família do tio João é sábado, dia de S. Martinho, 11 de Novembro, na Rural Castanea, em Vinhais, no maior assador de castanhas do mundo. Já sabe que contamos com a sua presença.
Na última semana estiveram de parabéns a tia Ana Abuim, de Tuizelo (Vinhais) fez 84 anos; a tio Glória, de Alimonde (Bragança) e a tia Deolinda, de Sendas (Bragança) completaram 81 anos; a tia Ludovina, de Outeiro (Bragança) festejou 62; o tio Delmino Ferreira, de Freixedelo (Bragança) comemorou os seus 54 anos.
E sabem quem já entrou nos “entas”? Foi o tio Rui Mouta
que chegou aos 40. Parabéns a todos e muita saúde.
Neste número vamos abordar o tema da saudade, “doce poema que ninguém entendeu, vontade de ter de novo aquilo que se perdeu”.