PUB.

A festa não mata a dor

Ter, 16/05/2017 - 12:57


Houve festa de três dias por esse país fora. Enquanto muitos terão sentido as almas radiosas, com o “upgrade” no catálogo de santidades, outros terão deixado referver as vísceras numa marinada de cerveja, amendoins e batatas fritas gordurosas,

Como prevenir as alergias

Quais as causas das alergias?

Para além da genética, há muitos fatores de risco relacionados com o estilo de vida, como o sedentarismo, a poluição dentro e fora dos edifícios, o consumo excessivo de medicamentos, nomeadamente de antibióticos, e a exposição a alergénios.

Na Europa, estas doenças afetam cronicamente mais de um terço da população e Portugal não é exceção.

Estas doenças têm sempre a mesma gravidade?

“Todo o mundo desejoso do piquenicão em Vimioso”

Ter, 16/05/2017 - 10:59


Olá familiazinha! Aí está o sangue da terra que todos os agricultores esperavam. Depois da ‘negra’, que afectou muitas e variadas culturas e, na sua totalidade, as nogueiras, eis que a rega automática, vinda do céu, fez com que os agricultores tivessem uns dias de licença sem vencimento. Esperamos que a chuva que agora caiu consiga minimizar ainda alguns dos estragos na agricultura.
Quero também lamentar a perda de uma colega de escola, a Milinha, de Palácios da Lombada, em Bragança, que toda a vida sonhou e lutou para ser mãe, conseguindo-o aos 45 anos de idade e, ironia do destino, foi chamada por Deus no Dia da Mãe, aos 51 anos. Que em paz descanse a sua alma e que do céu proteja o seu filho.
Agora apresento-vos o 28.º Piquenicão da Família do Tio João.

 

NÓS: TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS - Francisca Fernandes (T. Moncorvo 15?? - 1576)

Ficara viúva de Bartolomeu Fernandes e tinha uns “40 ou 50 anos”- como a própria disse. Chamavam-lhe a Marzagoa, alcunha herdada do marido, possivelmente natural de Marzagão, termo de Carrazeda de Ansiães. Também lhe chamavam a Francisquinha das Cilhas, acaso porque vendia esses arreios utilizados para apertar as albardas das bestas. Com ela morava o filho Vicente Fernandes, de 25 anos, a filha Isabel, de 20, ambos solteiros e outro ainda pequeno. Havia mais um filho, já casado e morador em Carviçais.
Era o dia 22 de Abril de 1574. De casa de Francisca saíam gritos e impropérios. Acorreram estranhos, entre eles Francisco de Castro, um homem da nobreza da terra que prestou o seguinte testemunho:
- Passando à porta de seu irmão (Gaspar de Lobão), ouviu revolta à porta da mãe de Isabel Fernandes e acudiu com outros e acharam a dita Isabel Fernandes presa na casa, e a tinha presa um irmão que estava na casa com sua mãe. E o dito seu irmão apertava que ela chamasse o nome de Jesus e ela em vez de chamar assim, dizia: arrenego de Jesus; e o irmão deu nela e a dita Isabel disse: se tu és judeu, como me dizes que chame pelo nome de Jesus? (1)
Imagina-se o desespero da mãe e do irmão ouvindo-a gritar semelhantes impropérios, ainda para mais agora, na presença de gente cristã-velha. Com efeito, Isabel estava furiosa, como endemoninhada, e continuava a gritar:
- Os cães mataram ao Justo André Dias e o mataram na Praça! Eu sou judia e vós sois judeus e todos os da nação que há nesta terra são judeus!
A notícia do caso correu a vila, como fogo em rastilho de pólvora. O vigário geral, comissário da inquisição não estava e, por isso, competia ao juiz de fora (2) tomar as providências necessárias. E logo mandou buscar a rapariga e a interrogou. Depois mandou que a metessem na cadeia da comarca.
A crer nos testemunhos do carcereiro e da sua mulher, Isabel continuaria na cadeia a afirmar-se judia e a chamar por Adonay “que nascera primeiro que Jesus”. Dizia que não acreditava no santo sacramento e não queria confessar-se, antes “perguntava quando a haviam de queimar”.
Enquanto isso, o juiz de fora escreveu para a inquisição de Coimbra enviando os autos da prisão e interrogatório de Isabel Fernandes, bem como os depoimentos de várias testemunhas e dizendo nela:
- Vossas mercês ordenem dar ordem como seja levada a essa casa da santa inquisição com brevidade, e se faça o serviço de Deus, antes que outros semelhantes a corrompam, que, segundo ela diz, todos os da sua nação (que são muitos nesta vila) vivem na sua mesma lei. E eu por descargo de minha consciência, lembro a vossas mercês que convém ao serviço de Nosso Senhor dar-se remédio para se devassar nesta vila pela muita presunção que há de todos serem judeus.
Não chegou a prisioneira a sair de Torre de Moncorvo. Dias depois apareceu morta no cárcere, dizendo-se “que lhe deram peçonha”, se bem que o mesmo juiz escrevesse, em nova missiva para Coimbra:
- Não se sabe a causa da sua morte porque o corregedor me informou com muita curiosidade que não se pode saber se tivera alguém nisso culpa.
Enquanto Isabel era presa e interrogada e metida na cadeia, a mãe e os irmãos deixavam Torre de Moncorvo e metiam-se em fuga a caminho de Castela. Estes não conseguiram “dar o salto” pois foram presos em Freixo de Espada à Cinta. Aquela conseguiu alcançar Vilvestre, do lado de lá da fronteira. Ali foi presa pelo alcalde da vila. Porque a prendeu? Por ser judia e ir fugida? Talvez, que a fama de judeu corria mais veloz que o próprio “judeu errante”. Porém, a Marzagoa tinha uma explicação mais prosaica:
- Disse que a prendera o alcaide porque o seu burrico lhe fora à sua cortinha.
Facto é que o interrogatório feito pelo alcalde de Vilvestre tem data de 20 de Maio e a ordem de prisão emitida pelo tribunal da inquisição de Valhadolid só aconteceu em 21 de Junho seguinte. Dias depois era ali entregue a prisioneira.
Foi terrível a estadia em Valhadolid. A ponto de o médico do santo ofício escrever que “tiene gran cosa de sarna y cámaras”. Mas a sarna e as cámaras não impediram que ela fosse posta a tormento, de onde saiu “aleijada dos pés e quase das mãos”. Faziam-lhe perguntas as mais diversas e ela repetia:
- Dijo que no tiene que decir Y que la dejen.
Por conselho do médico, decidiram os inquisidores mandá-la tratar no hospital. Ali esteve uns 5 meses, com resultados muito pouco animadores e os médicos a concluírem que “Francisca Fernandez era mente capta y de poco juicio”.
Levada do hospital para as masmorras da inquisição foi apresentada aos senhores inquisidores em 23.1.1575. Vejam um pouco do que ficou registado na ata da sessão:
- Estando presente muy enferma y flaca mandaran ler las confesiones que hizo en la villa de Vilvestre ante Domingo Pérez alcalde ordinário en la dicha villa y leyendo y perguntando si entendía, unas veces decía que si otras veces decía que no, de manera que no se pudo entender de ella cosa de sustância diciendo que la dejasen, lo cual hablaba com mucha pena y flaqueza (…) e pareció estar desmayada y así los señores inquisidores la mandaran sacar de la sala de audiências en peso…
Certamente que desejavam ver-se livres da pobre mulher mas… também não haveria muita vontade de a receber em Coimbra. E isso explicará que tenham passado mais 5 meses para ao inquisidores de Valhadolid decidirem mandar ao comissário do santo ofício em Zamora que a fizesse levar ao bispo de Miranda para a entregar em Coimbra, onde chegou em 25.6.1575, 14 meses depois da fuga de Torre de Moncorvo.
No mesmo dia o inquisidor Diogo de Sousa tomou conta do processo e as primeiras diligências visaram saber se a ré “era mulher de perfeito juízo e memória”. Para isso começou por ouvir o alcaide dos cárceres que respondeu:
- Ela entrou neste cárcere aleijada dos pés e quase das mãos e que não se move de onde a põem (…) e sai da cama de gatinhas (…) ele testemunha a tem por melanconizada por ser presa e aleijada. E diz que a matem já, para que a querem aqui (…) e não tem conta de sua ração e toma o que lhe dão…
Idêntico foi o testemunho do guarda Francisco declarando:
- Da maneira que entrou neste cárcere está ainda agora; posto que aleijada, ao presente se sai da cama aos tombos, o que não fazia antes. E pela tal enfermidade, parece a ele testemunha que ela é melanconizada e anojada…
Pobre coitada, aleijada de corpo e a alma despedaçada, Francisquinha das Cilhas pedia que a matassem, para que a queriam ali?... Contudo, reunindo a Mesa em 18.8.1576, “pareceu à maior parte dos votos que a ré não estava em termos de ser despachada ao presente, por não assentar na sua confissão e haver dúvidas de seu juízo, que ficasse reservada no cárcere”.
E a estropiada ali ficou a apodrecer nas húmidas masmorras e escuras. Até que, em 3 de novembro de 1576, às 10 horas da noite, entregou a sua alma a Deus. Qual deles: o dos cristãos ou o dos judeus?
Era sábado, quando Francisca faleceu e a inquisição não funcionava e só na segunda-feira seria o feito retomado. Por isso o alcaide foi a casa do inquisidor Diogo de Sousa o qual mandou que o seu cadáver fosse “depositado dentro do cárcere em lugar secreto”. E assim foi enterrada “na casa antiga das diligências, como ele senhor inquisidor mandara”- no dizer do alcaide.
Algum cristão em Torre de Moncorvo terá rezado uma oração por sua alma? E algum judeu aceitará a oração marrana que sua mãe lhe ensinou e ela rezava ao lavar as mãos? Vejam, como consta do processo:
- Bento tu Adonay e Nosso Senhor rei sempre que nos mandou e nos encomendou nossas encomendanças santas e bentas para sobre lavadura de nossas mãos; e rezou nele o quos e os buracos descobertos e sabidos para a sobre lavadura de suas mãos.
NOTAS:
1-ANTT, inq. Coimbra, pº 445, de Francisca Fernandes.
2-Diogo Dias Cardoso se chamava o juiz de fora. Natural de Fronteira, matriculado na universidade de Coimbra em 1554, concluiu a licenciatura em Leis em 29-7-1560 – Arquivo da Universidade de Coimbra. O vigário geral, António Soares, encontrava-se no Felgar. Dias depois escrevia para Coimbra dizendo: - Se eu estivera na terra e dela tivera culpas, ao tal tempo, não se dilatara tanto na cadeia nem sua mãe e irmão fugiriam; no que foi para mim muita desconsolação. (…) E também falam em sua mãe a qual está presa em Castela  e se diz que nas perguntas que lhe lá fizeram descobriu muita terra.

Qual discriminação, qual carapuça!

Discriminação é uma palavra feia. Por isso os políticos a adjectivam de “positiva” quando tratam as assimetrias regionais que resultam, principalmente, da relapsa subalternização das terras do interior.
Embora outros factores menores haja a considerar e que, por isso mesmo, requerem iniciativas governamentais justas e patrióticas e não a governança irresponsável, tão-somente ao sabor do capital e da demagogia eleitoralista, essa sim a verdadeira causa da concentração massiva de populações no litoral, e o consequente ermamento do interior, a que os políticos também chamam “desertificação”, para iludir o problema, como se a culpa fosse do clima.
É interessante que, nesta matéria, contrariamente ao que acontece com os comuns pobrezinhos, não se ouve falar de regiões “menos favorecidas”, o que é significativo, porque há regiões, como Lisboa e Porto que são escandalosamente privilegiadas, o que descredibiliza os governantes, e porque Trás-os-Montes, por exemplo, não é uma região pobre e antes possui consideráveis recursos naturais, e inexploradas potencialidades agrícolas, turísticas e humanas.
O discurso da discriminação positiva é, portanto, falacioso e racista, apesar dos transmontanos terem a mesma cor de pele que os lisboetas ou os portuenses, embora sejam, regra geral, mais rosados, por causa do ar puro e da superior qualidade das comidas e das bebidas.
Ainda que não sejam portugueses de segunda, os transmontanos são tratados como tal por muitos políticos, particularmente por todos que sistematicamente preconizam a fantasiosa “discriminação positiva”. Porque entendem que os transmontanos devem ser, por isso mesmo, ajudados ou esmolados. E donde resulta que os transmontanos acabam sempre por ser ironicamente amolados.
Trás-os-Montes e os transmontanos, porém, não precisam nem de esmolas nem de favores, de descontos mixurucos em certos impostos, inutilmente para aliciar empresas a instalar-se na região, ou para tornar certos produtos mais competitivos, ou de bónus inócuos a casais para procriarem como coelhos, muito menos de bonitos discursos de circunstancia, entre duas garfadas de alheiras e grelos em paga da legendária hospitalidade transmontana que, hoje em dia, também serve para encobrir muito regabofe custeado pelos municípios.
Trás-os-Montes e os transmontanos precisam, bem pelo contrário, de projectos e investimentos com dimensão, escala e consequência que, em princípio, compete à Administração Central promover e financiar mas cuja ausência nada abona em favor dos poderes locais.
Como é o caso de um abrangente projecto de rega integrado da Terra Quente, destinado a valorizar uma vastíssima e fértil região agrícola, potenciando múltiplos empreendimentos e negócios, designadamente nos domínios do turismo, lazer e cultura. Projecto que, além do mais, não tem que ter o gigantismo do Alqueva.
Ou de um apropriado e consequente programa de recuperação para fins hoteleiros, culturais ou mesmo de administração pública, das centenas de palacetes, com história, que se desfazem em ruínas em todas as aldeias transmontanas.
Descriminação positiva cheira a esmola, portanto. E é um logro.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.
 

Pedro e o lobo

Em algumas versões da obra de Sergei Prokofiev, o pato, quase no final da história, faz “quac” no estômago do lobo. Não sendo melómano foi esta encantadora história infantil que me apresentou dois instrumentos musicais surpreendentes, ambos da categoria dos sopros e feitos em madeira, o fagote e o oboé, que naquela obra traduzem as vozes do avô e do pato, respetivamente.
Lembrei-me da obra do compositor russo ao ouvir recentemente Pedro Passos Coelho na Assembleia da República. Tendo, por diversas vezes, criticado o antigo Primeiro Ministro, não podia deixar de vir aqui elogiá-lo quando, a meu ver, esteve particularmente bem na sua última interpelação ao atual chefe do Executivo.
O líder do PSD quis saber quais as razões que estiveram na base da recusa de dois nomes propostos para o Conselho de Finanças Públicas. Andou bem porque a legitimidade que os governos têm de decisão, entre estas incluindo, obviamente o direito de recusa, suportados na legislação em vigor, não os exime, de forma nenhuma, da obrigação, constitucional, de prestar contas e justificar os seus atos. É seu dever fazê-lo, perante os portugueses, como é óbvio e, sobretudo, a solicitação dos Deputados de acordo com os preceitos constitucionais. É bom frisar que o Governo responde perante a Assembleia da República. Submete-se ao veredito do coletivo, nas deliberações e propostas, mas tem de se justificar perante cada um dos Deputados, não lhes podendo negar o direito que têm de ser esclarecidos em todas questões que pretenderem. O facto de haver uma maioria de suporte do Executivo garante-lhe, à partida, o apoio e aprovação nas suas ações, mas não o desobriga de esclarecer e explicar os seus atos perante todos e cada um dos representantes populares que se sentam no hemiciclo de S. Bento.
É, infelizmente, muito comum que os que obtêm o mandato para governar entendam que tal os legitima para o executarem a seu bel-prazer e sem disso darem qualquer elucidação quando a propósito e convenientemente interpelados. É uma falta de respeito, um grave erro político e, quase apostava, uma ilegalidade. Tal atitude desqualifica quem a toma e dá autoridade moral a quem se lhe opõe para poder discorrer livremente sobre as eventuais verdadeiras razões para tal escusa. Fica legitimado a levantar suspeições que, de outra forma, poderiam ser sempre olhadas com desconfiança e eventualmente abusivas ou exageradas.
As eleições legitimam o exercício do poder mas não retiram a todos os outros, oponentes, apoiantes ou simples interessados, o direito constitucional de escrutínio, constante, permanente e completo sobre as ações, por mais legais, lícitas e adequadas que sejam, na ótica de quem as pratica.
Andou bem Passos Coelho.
Andou mal António Costa.
Podia ter sido pior? Podia. O chefe do governo podia ter sido tentado a desresponsabilizar-se, a dizer que nada tinha a ver com a questão, a passar a bola ao seu ministro ou a esconder-se atrás de algum dos seus colaboradores.
Mas esse é um erro que o líder do PS não cometeu e, estou certo, seguramente não cometerá!

“Em Alfândega da Fé falta uma política consistente para apoiar os agricultores”

ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES

 

Se já é Assinante, faça o seu Login

INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL

Qua, 10/05/2017 - 11:45


Vítor Bebiano, 38 anos, é técnico superior de desporto e é o candidato à câmara municipal de Alfândega da Fé, numa lista de coligação entre o PSD e o CDS/PP. O candidato diz que conhece os problemas e as potencialidades do seu concelho e que isso é um ponto de partida para a mudança. Acredita no potencial da terra, onde tem as suas raízes e as suas prioridades são a aposta nos jovens, no empreendedorismo e no desenvolvimento do sector primário.