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Covid-19 obriga CASC Freixo a pedir o adiamento de jogos de seniores e formação

Ter, 28/12/2021 - 15:40


Ao que apurámos o contágio não foi em contexto de treino, pois o clube suspendeu toda a actividade, seniores e formação, no dia 12 de Dezembro e ainda não foi retomada, até porque o Município de Freixo de Espada à Cinta decidiu encerrar as infra-estruturas desportivas no período das férias escola

Vendavais- Do Natal aos Reis, servi o que bem sabeis

É Natal, festa da família, do convívio e da degustação do trivial. Os tempos mudaram, mas a tradição é quase a mesma desde há um século. Parece ser no Norte que se verifica mais a exclusividade de uma tradição ligada ao bacalhau que à mesa acompanha as couves na ceia de Natal. Há mais de um século ele era a delícia dos mais pobres que o comiam cozido com as belas couves galegas e às vezes cebolas. No Sul, as coisas não são tão tradicionais. Aparece mais o peru e é o dia de Natal o mais celebrado. A consoada parece não ter tanta importância. Mas é em Lisboa que o Bolo-Rei surge e se transforma num sucesso tremendo, mesmo antes da implantação da República, em cujo regime se alterou o nome para Bolo de Natal, mas rapidamente veio a recuperar por vontade popular o nome real. O espírito de Natal esteve sempre envolto em animação na cidade do Porto e em todo o Norte. Se hoje na última feira antes do Natal, todos vão comprar o que precisam, o mesmo acontecia na última feira na cidade do Porto, onde as ruas se enchiam com a população da cidade e das regiões vizinhas, todas aperaltadas, passeando-se pelas barraquinhas dos vendedores de mel, do pão-de-ló, do pão de trigo e da regueifa. Era uma animação extraordinária que não se perdeu em todo o Norte, já que ainda hoje o mesmo se verifica nas feirinhas que por todo o lado acontecem. As pessoas são aos magotes, procurando as hortaliças e frutas secas para a ceia de Natal e enfeitar a mesa que, em muitos casos, não se desmancha até aos Reis. Se antes tínhamos o bulício das ruas onde podíamos encontrar os tocadores de gaitas de fole, hoje também os temos em muitos momentos, quer na cidade, quer nas aldeias do interior. Os garotos no Nordeste e não só, costumam “cantar os Natais” andando de casa em casa recebendo o que lhes é possível dar. Mas se há algum sentido profano nestas comemorações, enganemo-nos pois o espírito de Natal também acontecia nas igrejas. No século passado faziam-se as novenas ao Menino Jesus, não só na cidade do Porto, mas também em outras localidades. E não nos esqueçamos da Missa do Galo, que na noite da consoada é o ponto marcante das cerimónias religiosas da véspera de Natal. Reza a tradição transmontana e até minhota, que se deveriam alimentar as “alminhas” e para isso deixavam à entrada das portas uma “mesa posta” para que elas de alimentassem, participando da refeição natalícia. Outra tradição que se mantém é a construção do Presépio que já desde a Idade Média tem as suas raízes bem estruturadas. Faziam-se nas igrejas e em todas as casas. Era uma azáfama emocionante a sua armação, pois era necessário ir ao musgo e ter as figuras essenciais para a representação do estábulo e do que o circundava. A imaginação dos garotos era posta à prova para ver quem conseguia as melhores figuras e o melhor Presépio. A par do Presépio vinha a Árvore de Natal que se encontrava nos espaços públicos e nas casas mais tradicionais. Arranjar o pinheiro ajustado ao espaço disponível da sala e enfeitá- -lo era uma tarefa interessante. Antigamente, em que faltavam meios para adquirir os enfeites mais chamativos, tinham lugar o algodão, os rebuçados e as fitas coloridas. As bolas coloridas eram mais caras e por isso andavam arredias das Árvores de Natal em ambiente rural. Nos espaços públicos, hoje tão em voga, era diferente no século passado. A primeira Árvore de Natal parece ter aparecido no Porto no Palácio de Cristal, em finais do século XIX, enfeitada com brinquedos variados, balões e as fitas douradas. Hoje há quase uma concorrência entre as cidades para ver qual tem a maior e mais bonita Árvore de Natal. Ligado ao Natal está também o hábito de dar presentes. Essa tradição mantém-se em todo o mundo, apesar de há cem anos atrás só as famílias aburguesadas terem essa primazia. Hoje as crianças anseiam pelo Natal e invocam o Pai Natal como o distribuidor das prendinhas que caiem pela chaminé no dia de Natal à meia noite e vão parar ao sapatinho de cada um. Hoje podemos dizer que a tradição, na sua essência, se mantém. É a festa da família ligada pelo bacalhau cozido e as couves pencas e também o polvo que termina na Missa do Galo. O dia seguinte serve-se o peru e a roupa velha e a mesa está já posta com toda a doçaria onde não podem faltar as rabanadas, o Bolo-Rei, as filhós, os bolos de bacalhau, a aletria e o leite-creme. A mesa normalmente não é levantada até aos Reis. Quem quer serve-se e quem vier que se sirva também. De ontem até hoje, a tradição mantém-se. A única iguaria que não faz falta nesta festa, é o vírus que não permite que as famílias se juntem alegremente e à vontade. É pena.

A serpente emplumada

O famoso romancista D.H. Lawrence é autor de um romance «esotérico» com este título cuja figura primacial é uma mulher irlandesa de visita ao México onde encarna o Mito da serpente emplumada. Ora, esta serpente temida e adorada pelos crentes nessa Mitologia transladando-a para o nosso tempo, em Portugal, vendo nela o descarrilamento mental de elementos das forças de segurança cujas bolsos e bolsas contêm o letal curare extraído de plantas naquelas paragens. A descrição das malfeitorias daqueles sete militares revelam perversidade repelente digna dos torcionários nazis e comunistas. O nosso conterrâneo Padre Alípio Freitas, o Padre Alípio da canção de Zeca Afonso, contou-me o modo como foi torturado no Brasil após o golpe de 1964, os militares humilharam-no e torturaram-no barbaramente, da mesma forma que os migrantes vindos da Ásia sofreram no quartel de Odemira. A serpente emplumada mortífera e sádica mostrou-se na vila alentejana, todos nós cidadãos esperamos a justa punição dos criminosos fardados, no entanto, a lentidão da justiça qual jibóia acabada de deglutir um vitelo mamão, vai demorar uma eternidade a julgar os malfeitores, pois todos sabemos quão pachorrenta é, quão insólitas são algumas decisões tomadas aqui e acolá, divulgadas através da quebra sistemático do segredo de justiça, da estrídula exigência de milhões de euros a figuras salientes da sociedade portuguesa, do ostensivo corporativismo das magistraturas, da preguiça do poder político em analisar seriamente esse universo estruturante do Estado de direito. Há décadas vi por duas vezes no cinema da Póvoa de Varzim o filme O Homem na Pele de Serpente, nessa fita Marlon Brando serpenteava numa loja do sul da Améria entres mulheres em plena pujança física de eclatante beleza. As mulheres sucumbiram como se tivessem sido atingidas por uma flecha embebida no fatal curare, a terrível poção dos indígenas da selva sul-americana. Ora, instituições estatais não podem acolher no seu seio áspides (reza a lenda ter Cleópatra cometeu suicídio através de uma mordedura de uma áspide) capazes de obterem escalofriantes sensações de poder sobre seres humanos indefesos aturdidos e longe dos seus, das suas origens. As serpentes do mal levaram o genial Ingmar Bergman a filmar o Ovo da Serpente alegoria sobre o choco do nacional-socialismo, agora, no século XXI vão desfilando ante os nossos olhos acções a poderem ser enquadradas nessa pestífera ideologia, os homens na referida pele de serpente o demonstram a justiça lusitana simboliza a serpente emplumada, sinuosa e muitas vezes de difícil entendimento, noutras cristalina quanto é a água das coutadas transmontanas. A pergunta impõe-se: qual a razão desta dualidade? O factor humano? Responda quem souber, não sou jurista, porém causa-me náuseas o facto de homens de excepcional inteligência serem autores de leis mais que cruéis e extravagantes a sustentarem decisões a que a filósofa Hannah Arendt cunhou ser a banalidade do mal. Esta banalidade do mal suporta as atrocidades dos militares da GNR (da canhota dizia-se no salazarismo) estacionados na bonita vila alentejana. Uma nódoa para todo o sempre!

Icardiar

Muito bom dia a todos. Espero que estas palavras vos encontrem de boa saúde e de bom ânimo e que o advento traga mais paz e calor aos vossos dias. Hoje venho contar-vos um episódio ocorrido comigo no ano passado. Como nessa altura foi noticiado pelos meios de comunicação, a Itália referendou a população sobre a redução do número de deputados e de senadores. Após a votação, 65% dos cerca de 50 milhões de votantes disseram “sim” e o parlamento foi reduzido em cerca de um terço dos deputados. Concretamente passou de um total de 945 deputados e senadores para 600. A partir da próxima legislatura a Câmara dos Deputados terá 400 deputados (630, atualmente) e 200 senadores (em vez dos atuais 315). A questão é que de forma inesperada também acabei por ter voto nessa matéria numa história que envolve três países e três continentes. Um dia fui levantar o correio de um casal amigo, a pedido de uma família de argentinos que vive aqui, mas que neste momento está na Argentina. É uma família que também tem nacionalidade italiana por via dos progenitores, aliás, eles também já viveram vários anos em terras transalpinas. Acontece que entre as cartas recolhidas estava uma proveniente do consulado de Itália em Cantão, embora não fosse essa a missiva que o destinatário andasse ansiosamente à procura. Quanto à carta endereçada pelo consulado italiano, o destinatário mandou- -me abri-la para ver do que se tratava. Depois de tomar conhecimento do seu conteúdo, disse- -me para eu me livrar dela e dar- -lhe o destino que eu bem entendesse. De modo que, depois de a abrir e perceber do que se tratava, entendi destiná-la para aquilo a que estava destinada. Além do mais, todo o trabalho que requeria era pegar numa caneta e fazer uma cruz no lugar do sim ou do não, o resto já vinha tudo pré-cozinhadinho, era só seguir as instruções, pôr uns envelopes mais pequenos dentro de outros maiores e colocá-la no marco do correio mais próximo. Um voto por correspondência de longa distância, submetido por quem à partida não era para ser tido nem achado sobre o assunto. Por cartas e travessas, senti-me um verdadeiro cidadão europeu, embora sob o nome de outro menos interessado. Não foi bem icardiar, foi só submeter um boletim, fiz apenas o subscrito seguir o seu secreto e cívico destino. A propósito do verbo que utilizei na frase interior, informo que leu bem e que foi mesmo isso que eu quis dizer. “Icardiar”, uma palavra que vos trago precisamente da Argentina, e que tem uma história que merece ser contada, envolvendo como principal protagonista o jogador Mauro Icardi, avançado da seleção alviceleste, anteriormente no clube italiano Inter de Milão e, presentemente, no Paris Saint-Germain de França. Este jogador, há coisa de meia dúzia de anos, roubou a esposa a outro futebolista igualmente famoso na Argentina (Maxi López) arrebatando para ele a mulher e os três filhos dela e deixando o ex- -companheiro em evidente fora de jogo. De criança que pedia autógrafos ao ídolo, até jogar no mesmo clube e passar a ser amigo de trazer por casa foi um passinho, ou um passe fácil, se quisermos. Após o drible, a nova mulher tornou-se agente de Icardi e a sua condição de (literal) influenciadora, assumiu ainda maior visibilidade depois deste romântico conto de farpas. Uma novela com todos os ingredientes ao melhor estilo Pôr-do-Sol, com um elenco composto por ricos e famosos, e como cenário do fundo o fervoroso e religioso mundo do futebol. É deste guião que fez correr rios de viperina tinta (e continua a fazer até hoje) que brotou o termo “icardiar”, comummente usado pelos argentinos. É hoje usado nesse país nas mais diversas circunstâncias como sinónimo de roubar (passionalmente), aldrabar, trapacear, mentir, etc... O vocábulo é tão correntemente utilizado que segundo outro amigo que aqui esteve (não o da cidadania italiana) e com o qual tinha épicas conversas sobre futebol (defendia que os programas “sobre futebol” ao estilo CMTV estão hoje para os homens como as revistas cor-de-rosa estavam para as mulheres), segundo ele, “icardiar” é tão usado na Argentina que “deve estar muito próximo de ter uma entrada no dicionário”. É verdade que do futebol se extraem muitas palavras e expressões aos países que não chutam este desporto para canto. No entanto, apesar de termos tido jogadores lendários dentro e fora das quatro linhas nunca nenhum deles se tinha ativa e coloquialmente transformado em verbo. No princípio era o futebol, agora é o verbo. Da terra da “Mão de Deus” e do próprio Diós em pessoa abençoado pelo número dez da glória eterna, chega-nos o contributo de um jogador deveras improvável dadas as suas pouco impressionantes exibições. Não sei se é a primeira vez que o nome de um futebolista se verbaliza ou entra por um idioma adentro para ficar, mas com toda a certeza será a primeira vez que acontece não pelos seus atributos dentro de campo, mas pelas suas aventuras fora dele. É também a primeira vez, até prova em contrário, que este inspirado e semanticamente redondo vocábulo pisa relvados portugueses. Por isso, companheiro leitor, tente não icardiar o homem ou a mulher do próximo nem ande por aí a icardiar os outros, porque é provável que mais cedo ou mais tarde o apanhem. Agora em relação ao vocábulo, use e abuse dele enquanto for original nestas paragens. Se não o entenderem faça como eu, sempre tem uma história para contar. Um abraço e bom advento!