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Infiltrados

Na minha opinião o jornalista alemão Richard Sorge foi o mais arguto e clarividente dos espiões infiltrados de todos os tempos dadas as circunstâncias em que se encontrava num Japão infestado de caça espiões por parte da temida polícia secreta nipónica. Antes dos seus rivais do Ocidente e do Oriente decifrou os planos de ataque do alto-comando japonês, remetendo o resultado obtido através de perigosos trabalhos para o sanguinário José dos bigodes, entenda-se: José Estaline, o Pai dos Povos não acreditou no sagaz Sorge, deixou-o esturricar em lume brando, preso acabou executado no País das cerejeiras. O mundo da espionagem é rico em episódios semelhantes, além dos picantes em vários tons e sons que entre muitos, Graham Greene e John le Carré trouxeram para a ribalta literária a par do plastificado 007 de Fleming. Ora, nos últimos dias o país da maior segurança (Eduardo Cabrita dixit, sem magíster) foi abalado pela detenção de dois iraquianos suspeitos de terem sido membros da polícia religiosa do DASH, acusados de crimes hediondos sobre pessoas indefesas e sitiadas. Os ora presos obtiveram o certificado de refugiados, granjearam simpatias como pudemos ler em duas peças incertas no pulcro e entrelinhado matutino Público. As tomadas de opinião neste jornal cessaram inopinadamente, o Diário de Notícias retomou a manta já muito pintada e, soubemos muito mais, enquanto o Expresso se limitou a pintar a mesma manta do DN utilizando outras tintas (palavras). Novas e mandados vieram da ONU, aqueles «bons rapazes» nunca entrariam na Casa do Gaiato sem serem averiguadas as suas referências porque o Padre Américo era bom, mas não era parvo. Assim não aconteceu no restaurante Mezze cuja coordenadora é crédula e confiada nas aparências muito ao estilo de uma sua parenta. Um dos iraquianos conseguiu de mão-beijada ultrapassar a aura de Sorge que nunca esteve à beira do Imperador do Sol Nascente, pois andou lado a lado com o Presidente da República portuguesa, embaixadores e noutra ocasião, certamente, fez profunda vénia ao dono da bazuca cospe milhões de euros ao ritmo das armas automáticas doadas pelos fujões americanos aos vitoriosos talibãs. O embaraço dos responsáveis pela segurança das principais figuras políticas e do País é enorme, por assim ser, e é, está em marcha a operação tapa-tapa, interessa esquecer o badalar dos sinos a rebate cuja autoria é do SEF em má hora objecto de extinção dada a estúpida e assassina actuação de alguns membros desse Organismo. Na lógica cabrital uma negligência é punida destruindo a Instituição, a ser seguida vão desaparecer hospitais, quartéis, prisões e tutti-quanti na sociedade portuguesa, assemelhando- -se ao feito pelo ministro Rapazote à PVT na época da outra senhora. Os infiltrados vindos do Iraque viram em Portugal tal como os rapazes gulosos se vêm em vinha vindimada, lamuriaram dada a falta de uvas (documentos definitivos a atestarem boa conduta), as senhoras gostaram de ouvir as melopeias pensando nas óperas de Verdi e Puccini, tudo prometia acabar em ridentes conversões, porém as vítimas dos dois algozes tiveram a sorte que faltou a Sorge, serem escutados. Tudo isto se passou (e vai passar) ao modo de ópera-bufa, sendo a prova provada de os bufões colocarem a máscara de pessoas de trato e merecedoras de estima conseguindo alcançar patamares de mando e influência a obrigarem-nos a soletrar: Porca Miséria|

PS. Nem sempre estou de acordo com as considerações de Manuel Vaz Pires. No caso do seu artigo – Se eu fosse Presidente –, apenas escrevo: se eu fosse candidato lia-o com estudada atenção.

Estupidicídio colectivo

Boas tardes, meus caros. Espero que estas palavras vos encontrem com boa saúde e disposição, abrigados do calor destes meses de inferno nordestino. Como sabem não sou um consumidor de redes sociais além do WhatsApp e do seu sino-equivalente Wechat, mais os emails e alguns eteceteras que já são muitos. Nunca tive paciência para redes sociais. E até tenho conta no Facebook, embora não a use. Não apago o Facebook por causa do argumento estúpido de que há muitos contactos antigos que eu só tenho ali e um dia posso necessitar deles (embora se realmente precisar de algum, haverá sempre maneira de o encontrar). Eu que até tenho o Facebook desde muito cedo, 2008, numa altura em que, de tão primordial, ninguém sabia o que era. Abri a conta quase pelo mesmo motivo pelo qual Zuckerberg e os amigos o criaram, para colocar as fotos de um jantar. Lembro-me que depois de um jantar no Bairro Alto, uma amiga disse “abram conta numa nova rede social chamada Facebook, que eu vou pôr lá às fotos.” Face quê? Perguntámos todos.” Já não vou para novo, mas nem de mais novo achava grande piada. Ia lá uma ou duas vezes por mês e encontrava sempre tudo na mesma. Feita a minha declaração de desinteresses vou falar do que para mim é a forma mais evidente da taxa de estupidicídio em Portugal, e da humanidade em geral, o ser humano a revelar-se impotente contra a sua própria estupidificação. Vocês sabem também que eu vou acompanhando Portugal pela rádio. Ora, é interessante ver que os radialistas há uns largos meses falavam da chegada da rede social chinesa Tik Tok como sendo absolutamente estúpida, adolescente, fútil, desnecessária e dispensável. Algo de que eu não duvido. Acontece que as mesmas pessoas, meses volvidos, falam da mesma rede social, dos vídeos e do espaço que ela ocupa nas suas vidas com toda a naturalidade de quem a frequenta e a consome. Não sei se isto é o cúmulo da estupidez, ou se a estupidez está do meu lado e de mais quatro ou cinco gatos pingados como eu que ainda andamos a viver estes fenómenos de fora como se estivéssemos algures na década de 90, pensando que o mundo e os deuses estão loucos, quando de facto os únicos loucos somos nós. É uma seita, uma onda de estupidicídio coletivo. As redes sociais a serem muito mais fortes do que as pessoas. Perdemos a capacidade de escolha ou de live arbítrio diante de uma rede social por mais estúpida e inútil que seja. Consumimos tudo. “Olha, já leste esta: abriu o “Estúpido bar” aqui na cidade, um bar da parvoíce a escorrer azeite pelas paredes. Só para pirosos, até a decoração é pirosa, que parolice, que foleirada (Pierre Zago, 2019)”. Criticamos, gozamos, e, no entanto, semanas depois estamos todos ao balcão do bar da foleirada, dos fúteis e azeiteiros a beber uma cerveja com groselha e a olhar uns para os outros. É incrível, o grau de toxicodependência digital, o poder destes estupefacientes sociodigitais que nos têm completamente na mão. E nós a julgar que não, que deixamos esta droga quando quisermos, enganando-nos a nós mesmos como qualquer verdadeiro toxicodependente. “Não, isto da droga eu saio quando quiser, amigo. Eu estou no controlo, se eu quiser largar, largo num instante”. “Tik Tok?! que piroseira, isso até é uma vergonha para quem tem mais de 12 anos e usa isso” Após um par de semanas: “Por acaso, ontem vi um vídeo no Tik Tok muito fixe, tens de ver...” Mas a rede social mudou num par de meses? Ou foi o cidadão que não é capaz de dizer não às drogas que lhe passam pela frente, “agarrei-me a isto porque os meus amigos costumavam consumir. Eu tenho quase 50 anos, mas a minha personalidade digital ainda não está completamente desenvolvida”. Agora fala-se muito do ódio digital. Pergunta (absolutamente) estúpida: é assim tão difícil sair do digital e desfazer esse ódio ou reduzir substancialmente o uso de redes sociais? Ou mudar os usos da internet, pelo menos para não lá andar a destilar ódio, inveja e mesquinhez? Claro que é. Tão difícil como para um heroinómano deixar de usar heroína ou reduzir a sua utilização com um estalar de dedos. Para quem nunca andou metido no cavalo é muito fácil. Mas para quem anda agarrado, só Deus deve saber como é cruel estar enleado nas malhas do vício. Somos todos toxicodependentes, estupidificados, afogados em informação, completamente engolidos e manipulados por este admirável mundo novo do outro lado dos ecrãs. O grande irmão está a ver-nos, nós estamos a ver o grande irmão, estamos a dançar e a dar o nosso melhor para fazer a máquina deste grande irmão não parar. Unidos pela parvoíce e pela estupidez. Unidos por postiças sensações de empatia, proximidade, afecto. Vamos perdendo as valias do convívio, da interação. Praticamos a cidadania do teclado, somos cidadãos do like e do post, passamos a viver sentados na bancada. Nada aconteceu se não foi consumido no ecrã, tudo só vale a pena se for diretamente injetado nas veias dos ecrãs. Tudo o que de jeito e desenjeitado fazemos na vida tem de constar da tela. Todos os dias, minutos, segundos, de garrote no braço, entorpecidos, à procura de já nem sabemos o quê, a ter de estar a ali a ver caravanas a passar e cães a ladrarem. O ódio na internet é só a overdose. O evidente e incontrolável excesso. Mas não queremos ver, não queremos procurar ajuda, não queremos mudar. Aliás, vamos postar, partilhar, comentar, debater para que isto mude. A cada segundo que passa alimentamos e cometemos um incessante estupidicídio colectivo. Mas não há problema. Afinal, nós estamos no controlo, largamos isto quando quisermos.

Bom regresso letivo para todos!

O céu de porcelana reflete ondas de luz que ficaram demasiado tempo prisioneiras. Pela manhã, tudo é inundado de azul; a transparência do ar peroliza as ervas que cintilam. Ao cair da tarde, o ouro derrama-se e escorre sobre as colinas e os vales. A ceifa dos campos parece ter cansado as fouces, e os frutos superam a promessa das flores, os verdes- -violetas dos cachos de uva sob as borlas das ramadas, os figos roliços sob as suas folhas de bronze e o incomparável perfume das primeiras maçãs na sua queda ou no descanso da fruteira plácida da linda dona de casa. Tudo parece um pouco mais pesado, lento, lânguido neste verão que quase não o foi, que tenta recuperar e se atarda. Pela cidade, nalguns jardins, canteiros e vasos, os jardineiros compuseram para o regalo dos nossos olhos algumas paletes impressionistas, alguns jogos florais. Os bancos convidam-nos cordialmente a parar alguns instantes, só o tempo de dar graças à delicada educação dos espaços -alguns espaços novos na cidade - e sobretudo a escutar. Ouvem-se as polifonias da cidade voltar como sempre neste tempo de regresso às aulas – os gritos das crianças nos recreios das escolas e o piar dos enxames de estorninhos nas piedosas tílias. “ Meu Deus meu Deus, a vida está aí, simples e tranquila” ensina-nos o poeta, tranquila pela presença do céu, pela da árvore que balança os seus ramos. Simples ser vivo que participa por sua vez e com todas as suas forças no canto da criação em toda a sua evidência. A vida está bem presente, podemos louvá-la no oásis das igrejas abertas, no seu silêncio ou nos arbustos de velas, a oração sempre prestes a jorrar, em nós, em direção a Deus, para nós. E talvez a oração nunca tenha sido tão necessária e vital como hoje, nestas férias algo ao inverso, neste verão algo atípico em que os acontecimentos do mundo e os sobressaltos da terra reverteram, no sentido acima abaixo, e parecendo laborar, subtraindo dia após dia todos os símbolos destas férias tão esperados e cujas memórias embelezam as recordações – a despreocupação, os risos, a deliciosa leveza, os passeios, a pausa sobre a partição dos meses que passam. Certamente, os motivos das lágrimas, dos alarmes e da aflição não faltam, urbi et orbi, e talvez a nossa sobrecarga crónica os faça parecer mais pesados, mais temerosos ainda do que o rochedo de Sísifo que agora nos sentimos incapazes de empurrar, exceto a nossa contínua lamentação. É certo, temos muitas vezes o sentimento de ficar presos no tempo estático da infelicidade. E a nossa alma? O Espírito maravilhoso e móbil que a bafeja, se soubermos guardá-la porosa em relação à esperança e aos sinais dos quais o céu e os céus abundam? Sinais, coincidências, lições de coisas e de sabedoria. Os céus, vemos a sua suavidade voltar nos apaziguamentos do verão indiano. Quanto aos Céus, têm a sua agenda e as suas festas, e quem amuaria perante as mesmas. Mais afastados do profano desta vez, a Sra da Serra ou do Naso tão perto de nós. A do S. Gregório, mais longe, S. Jerónimo e sua amiga Santa Paula a quem devemos a Vulgata latina. Nenhuma resignação nestes ídolos festivos. Firmes no desmoronamento do seu século e ardentes no reverdejar da fé, e até outubro as festas das duas Santas Teresas, lutadoras cada uma à sua maneira, fortes contra as derrelições do seu tempo, abandonadas ao amor de Deus mas nunca resignadas, nada de capitulação com elas. A Castelhana e a Normanda. E a festa de Francisco de Assis e a sua lição de alegria perfeita (meus tempos de Cernache do Bonjardim!) – “ a força de vencer-se”. Vencer a nossa inclinação para a morosidade. Tantas vidas legadas por nós, cujos modelos purificam os nossos olhares, curam as nossas tentações de se afundar na acédia e convidando-nos, que digo eu, obrigando-nos a erguer-nos, a tomar na nossa vez o nosso tempo, custe o que custar, a fim de tentar, aguerridamente, prodigar um pouco dessa luz que revigora e ilumina, para que esta faça brotar sobre os nossos e mais longe ainda talvez a insubstituível fé naquilo que o homem tem de melhor - o amor, a alegria, a coragem da esperança. Recordemos estas palavras de Sta Teresa: “ Basta-me colocar os olhos no santo Evangelho, logo respiro os perfumes da vida de Jesus e sei para onde correr”. Corramos, corramos, mais admirativos e determinados sabendo ainda que esta frase da “pequena” Teresa foi escrita algumas horas antes de morrer, o corpo mortificado por dores terríveis, depois de pensar que Deus a havia abandonado. Teria ouvido nesse momento a profunda resposta que lhe lançava, através da noite dos tempos, posto no horizonte com todos os outros santos, santo Inácio que continua a lembrar-nos: “ Quem possui a palavra de Jesus pode ouvir mesmo o seu silêncio.”

Se eu fosse Presidente da Câmara (II)

Até aqui só falei de obras-emenda, isto é, obras a emendar outras obras onde se abusou do custo e se poupou demais em pensamento. Era evitável. Azeredo Perdigão dizia que “parecer que é de capelo que não de borla, de pouco servirá”. Falemos, então, de obras de iniciativa, que não compulsivas, a propor. A primeira nem obra é, nem custos tem e que me faz correr o risco de parecer obstinado pelo número de vezes que falo nela. É a exploração da caverna sita no subsolo do Castelo. Funcionários da Câmara com uma gambiarra eram o suficiente para ver (só) se na caverna há alguma coisa fora do comum. Em caso afirmativo o IPB teria todo o gosto e interesse em participar na exploração e aferir do valor histórico e/ou arqueológico dos achados. O mais normal é não haver nada, Bragança não costuma ser muito bafejada pela sorte, mas se houver pode ser o início de uma nova vertente turística. De qualquer forma eu gostava de ver o que Bragança tem por dentro. Criaria uma área de serviço numa das ligações de Bragança à auto estrada. Uma área de serviço com todos os requisitos que a logística rodoviária exige desde o Motel à restauração. (Repare-se que só Murça é que tem condições para fazer coisa parecida). Seria também o parque de estacionamento dos camiões que hoje se vêem espalhados pelas ruas da cidade e seria sobretudo um posto avançado na captação e recepção dos turistas que entram em Portugal. Seria uma montra e uma mostra do que Portugal e sobretudo Bragança podem oferecer. Ensaiaria a formação de um sindicato de municípios do nordeste para investir em força nas albufeiras do baixo Sabor. São mais de 100km de zona ribeirinha que tem todas os requisitos turísticos, desde o simples lazer, aos desportos aquáticos, à motonáutica de competição, à pesca, etc. Todos são interessados na captação de turistas além de ser um investimento, só por si, promissor como as praias do Azibo assim o atestam. Senhora da Serra. Custa- -me a crer que o fervor religioso e a pulsão turística em relação à Senhora da Serra só dure nove dias. Há que esticar essa novena por muitos mais dias, de preferências por todos. Criar um santuário permanente, já não digo todo o ano mas numa parte do ano relativamente grande. Para isso era preciso criar estruturas para albergar romeiros, turistas e afins e sobretudo criar condições para gerar uma espécie de ERASMOS religioso que penso seria muito bem aceite pelo mundo rural. Não sei se esta ideia cabe nos direitos canónicos, se a Diocese aprova, se a comissão fabriqueira gosta. Não, não sei. Mas ficaria a saber. Avaliaria da aplicabilidade em Bragança da iniciativa de alguns autarcas Italianos conhecida por “casas por 1 euro”. As casas do município são vendidas por 1 euro a pessoas com menos de 40 anos com a condição de serem recuperadas para habitação num prazo máximo de 3 anos. Os novos proprietários têm de manter a propriedade no mínimo de 15 anos e têm de deixar uma caução de 5 mil euros para garantir o cumprimento do regulamento. É uma tentativa de recuperar o património dos centros históricos com a consequente ocupação humana. Tem sido um sucesso. Envidaria todos os esforços possíveis para extirpar os cinco “cancros” de que Bragança padece. Claro que para estes 5 problemas, a Câmara não tem mão para os resolver por si só. Mas tem magistratura de influência e um capital de negociação inestimável que a coloca, se houver vontade, no centro de qualquer solução. Aliás, tenho para mim, que para qualquer problema que surja no Município, o gestor desse gigantesco condomínio tem de ter uma palavra a dizer. Assim: 1- Adega Cooperativa. Está desativada já nem sei há quanto tempo. Está hoje rodeada de construção e o seu fim é naturalmente esse pelo que hoje é um estorvo. Mas não se pense que sou adepto do seu desaparecimento. Antes pelo contrário. E uma vez que a Adega tem capitais próprios, embora imobilizados, poderia reconvertê- -los numa outra Adega, moderna, na zona industrial ou numa aldeia, e em apoios à produção da vinha e do vinho. Hoje, com castas apropriadas, com novos processos de fabrico inclusivamente, como nas adegas da Vinha Mayor do Nabeiro, onde cada um faz vinho com a mistura de castas que entende. Deveria ser uma actividade engraçada. 2- O armazém da batata de semente. Tudo que se disse para a Adega tem aqui igual cabimento. O armazém pode ser colocado em qualquer sítio que ofereça as condições exigidas e que seja barato, podendo ser eventualmente numa aldeia, porque no lugar onde está já não tem as condições logísticas exigidas caso se retomasse a actividade. O espaço agora bloqueado e sem qualquer serventia além de inviabilizar o normal desenvolvimento da cidade deve ser o espaço mais apetecido e mais caro de Bragança. Com capitais próprios avultados, embora imobilizados, far-se-ia um novo armazém e o remanescente da venda dos terrenos seria aplicado no fomento da cultura da batata de semente, desde a doce à preta, pois a sua descontinuidade sempre me pareceu um “crime”. 3- A moagem da Avenida. Está desativada há já muito tempo. O seu destino será naturalmente a construção seja lá do que for. Claro que é de um particular com todos os direitos de propriedade. Mas a Câmara é confiável, pode fazer parcerias, até com o proprietário, pode comprar, pode negociar contrapartidas, em suma, tem mil e um requisitos negociais que, se quiser, pode tirar aquilo do impasse. 4- A moagem do Loreto. É um caso igual ao anterior só que esta ainda labora. Era preciso pensar primeiro na sua deslocalização. Nada que o poder negocial da Câmara não consiga. 5-O prédio conhecido por Torralta é um edifício datado, muito bem concebido e que deveria ser preservado e mais que isso, plenamente utilizado. Mas o que vemos é uma construção esquecida, abandonada e até vandalizada. Há que devolvê-la à sua antiga actividade ou pensar na sua reconversão que são coisas que a sociedade civil já mostrou que não sabe ou não quer fazer. Mas a Câmara não pode pactuar com este impasse indefinidamente. 5-a) Os silos. Este seria o 6º cancro mas como está em resolução não conta. A sua reconversão em Museu da Língua acho-a um erro que já expus neste jornal. As duas fiadas de 7 meias canas (aquilo que pretende vir a lembrar as lombadas de livros) que é o que fica depois de toda a demolição e que é a base do projeto, foi um espartilho à criação do projectista que deveria ter tido toda a liberdade de concepção de uma obra que se pretenderia icónica. Além disso, abdicar de uma estrutura onde se poderiam acondicionar 50 a 60 quartos de estudante, de que o município precisa como do pão para a boca, com custos bastante reduzidos não me pareceu boa opção. Não há cinema em Bragança já não sei há quanto tempo e não me parece que isso tenha incomodado minimamente os poderes municipais. O cinema deixou de dar dinheiro e os privados abandonaram a actividade. Mas cinema não é só uma actividade lúdica, de tempos livres mas antes um acto cultural. Ministrá-lo seria, pois, um serviço público. Bragança que tanto dinheiro gasta em Museus (quantos tem?) não é capaz de dispensar uns tostões na actividade cinéfila. Não que ache que os Museus não são peças de cultura mas são-no de uma cultura a jusante por outras palavras, não se pode ir a um museu como quem vai ver material exposto na feira da ladra, tem de se carregar um grau cultural que permita entender o material exposto. O cinema é uma ferramenta de aprendizagem para esse grau cultural. E se alguém disser que a cultura é cara respondo com os dizeres do cartaz da livraria Gwrizienn-“…experimentem a ignorância”. Comigo haveria cinema. De preferência com tertúlia. A forma como Bragança recebeu os estudantes do Politécnico não foi das melhores. Deixados entregues a eles mesmos é fácil formarem-se clãs, ghettos e outros microcosmos sociológicos. A prova de isso é o aparecimento de uma equipa de futebol “os Africanos”. Se se tivesse pensado a tempo na sua inserção na nossa sociedade podíamos ter hoje, talvez, uma “Académica”. Pode ser que ainda se vá a tempo. Há anos fiz uma proposta num orçamento participativo de um campo de golf no lameiro do Albergue e quinta da Trajinha. São duas áreas agrícolas, propriedade do Estado logo não deve ser difícil conseguir a concessão. Seria um campo pequeno e só seria regada a área do “green” Não seria um campo para torneios do Grand Slam mas faria uma entrada bonita em Bragança e seria uma vantagem comparativa. As atribuições formais do Presidente da Câmara são por demais conhecidas. Mas outras há que não estando vertidas no papel são para mim igualmente importantes. Tudo que são contrariedades, anseios, desconfortos dos munícipes, mesmo que a Câmara não tenha com isso relação direta, devem ser alvo da preocupação do Presidente. Posto isto, sabendo que a Câmara não tem diretamente a ver com o problema que se gerou nas Conservatórias, não posso deixar de criticar uma situação que talvez já nem se passe no Uganda. A Câmara tem de obviar esse problema pois é a última esperança dos munícipes.

António Reis - 80 anos a trabalhar

Ter, 21/09/2021 - 09:15


Estamos a fechar as portas ao Verão. Quarta-feira, 22 de Setembro, às 19h21 é o equinócio de Outono, que vai reinar até 21 de dezembro, às 15h59. Até lá os dias continuam a mingar. Na semana passada as hortas ficaram bem regadas com a rega automática vinda do céu, o que fez com que se adiassem algumas vindimas. Já é tradicional, no terceiro domingo do mês de Setembro, centenas de pessoas fazerem a caminhada a pé à Santa Rita de Cássia, em Terroso. Um bem-haja à comissão de festas por proporcionar todo o apoio ao peregrino.