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Mirandelense já deixou marca no Académico de Viseu

Ter, 07/04/2020 - 14:38


Rui Borges já inscreveu o seu nome na história do Académico de Viseu. O técnico, de 38 anos, natural de Mirandela, treina o emblema da 2ª Liga há pouco mais de um ano e conseguiu o feito inédito de levar os “Viriatos” às meias-finais da Taça de Portugal, onde foi eliminado pelo F.C. Porto. Em entrevista ao Nordeste, Borges falou da paragem dos campeonatos e de como é treinar um plantel à distância.

 

- Rui como é que estás a lidar com esta paragem e este isolamento?

Vendavais - O mundo jamais será o mesmo

A humanidade pensava, até há pouco tempo, que os males do planeta se iriam ultrapassar com simples cimeiras sobre o clima, sobre a poluição e sobre os males que atingiam o próprio homem. Enganámo-nos. Todos. Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé.

É arrepiante pensar no que está a acontecer hoje no mundo inteiro. É horroroso imaginar a quantidade de mortes que avassalam os países e a enormidade dos atingidos por este vírus assassino e cobarde. Podemos usar todas as estatísticas possíveis para explicar a quantidade de mortes, de atingidos e a progressão geométrica ou aritmética que quisermos, para mostrar o que se está a passar no mundo inteiro, mas nenhuma delas afasta o perigo que nos assola diariamente. Invisível, mortal, assassino, ele espalha-se entre nós sem nos pedir licença para entrar.

É tempo de parar para pensar. Pensar a sério no que está a acontecer. Não tanto sobre de onde vem o vírus, do que o provocou, se foi inventado ou não, se surgiu por acaso ou simplesmente se apareceu como um aviso sério, intrínseco, do próprio planeta ou de um ente superior que nos quer alertar para uma imensidão de perigos que a todos nos atingem, direta ou indiretamente. Se assim for, talvez possamos agradecer ao vírus por nos ensinar que afinal, somos dependentes de algo muito maior do que poderíamos imaginar.

Todos tínhamos como certo o luxo em que vivíamos, a abundância dos produtos que possuíamos, a liberdade, a saúde, mas agora temos que reequacionar tudo. Estávamos sempre demasiado ocupados, sem tempo para as coisas mais simples, para os nossos problemas que nos pareciam tão importantes e agora temos que agradecer ao vírus o poder mostrar-nos o que realmente é importante. A enorme quantidade de automóveis que circulavam a toda a hora em todo o mundo, poluindo a atmosfera silenciosa sem que valorizássemos esse facto, o vírus veio lembrar-nos que afinal teremos de pensar seriamente em tudo isso. Pensar no planeta.

As guerras que, no mundo inteiro, destroem cidades, matam milhares de pessoas, desfalcam a economia dos países e as famílias, parecem agora problemas menores. Tudo parou. Ou quase. Esse medo da guerra, das bombas, das balas, das metralhadoras, é agora menor perante a ameaça de um assassino que se esconde dentro de nós próprios. É um medo diferente, mas o outro passou. Este medo novo tem o condão de nos unir mais, de unir a nossa comunidade, de nos ensinar a ajudar responsavelmente.

Há muito que se alertava para uma mudança do mundo. Sabíamos que que o mundo iria mudar. Não sabíamos como nem quando nem porquê. Era uma necessidade imperiosa.

Se fizermos um reward de memória, identificamos uma série de calamidades como os fogos que destruíram milhões de hectares de floresta na Austrália, no Brasil, em Portugal e das enxurradas que destruíram e mataram milhares de pessoas na Ásia. Sim, conseguimos lembrar-nos. Culpas? O homem destruiu tudo. Arruinou tudo e agora, depois do caos, o homem tem de aprender a construir tudo de novo.

Este vírus veio dar-nos a oportunidade de construir um mundo novo a partir do zero. Talvez custe agradecer ao assassino esse facto. A verdade é que ele está dentro de nós, entre nós e liga-nos tanto fisicamente como geneticamente. Destrói-nos, mas alerta-nos para o essencial. Mata-nos, mas obriga-nos a retorquir cientificamente. Temos de procurar a imunidade, mas não podemos esquecer as várias vertentes e perspectivas de lidar com o problema e isso depende de nós. Nós é que temos de escolher a melhor perspectiva e estar atentos a todas as outras.

O mundo está a mudar. Na realidade, o homem esteve sempre de sobreaviso para epidemias já que ao longo da História a sociedade mundial enfrentou pestes terríveis que dizimaram comunidades inteiras. É disso exemplo a Peste Negra que dizimou quase metade da população europeia no século XIV ou a Peste espanhola que há 100 anos matou milhões de pessoas em Espanha e na Europa. O mundo mudou? Não podemos ignorar o facto de alguma mudança ter acontecido. O mundo mudou, mas os tempos eram outros. Claro que sim. Hoje os problemas são diferentes e talvez mais graves e agressivos, quer para a sociedade, quer para o planeta. Afinal, estamos num mundo global.

Devemos pois, ter consciência do que há que fazer, que atitudes tomar e aprender com o que este vírus nos veio ensinar. Devemos agradecer-lhe por isso? Talvez, apesar das muitas mortes. Mas as outras guerras de que nos esquecemos, não matam muito mais?

A verdade é que o mundo jamais será o mesmo. Nada será como antes.

Os primeiros dias

Boas tardes, meus caros. Nestas alturas em que só se fala do mesmo e em que pouco mais há a saber se não cumprir o que tem de ser feito, deixo-vos uma letra alternativa para uma música famigerada. Para serem ainda mais atingidos pelo vírus do desespero, não vale a pena dedicar-se tanto tempo este tema. Já basta ter de vivê-lo. Muita notícia, nenhuma novidade. Tirar daí a atenção e esperar que o tempo passe focando-vos noutra coisa qualquer. Serviço público neste momento, mais do que bater na mesma dolorosa tecla, é manter as pessoas o mais distraídas possível. Fácil falar, bem sei, quando todos estamos no mesmo barco sem dele podermos sair, mas façamos um esforço. Mais um, de esforço em esforço, todos os eternos dias até ao final da tempestade. Uma globalização vestida de pandemia que atingiu todos os cantos, mesmo os mais improváveis. Quem diria que uma batalha que nos pede para ficar no sofá nos faria ir tanto ao fundo de nós. Ir e voltar umas quantas vezes. Paradoxos de um mundo actual onde todos os dias são primeiros em emoções e todos se querem o último de uma vez por todas. Aí vai, para distrair, adaptado de Sérgio Godinho e para se ler ao ritmo da música:

A principio é simples, chega de mansinho, É coisa de terceiro, não do nosso mundinho,

Está-se bem nas ruas e no burburinho, Quem sofre ao longe não é o nosso vizinho.

E onde não há história, uma ideia esquecida

Hoje é mais um dia por entre a nossa vida

Hoje é mais um dia por entre a nossa vida

Pouco a pouco fica o olhar mais profundo, Algo se aproxima a cada novo segundo

Não há de ser nada aqui neste mundo, Sai mais um whatsapp como pano de fundo.

E assim se leva a história meio entretida

Hoje é mais um dia por entre a nossa vida

Hoje é mais um dia por entre a nossa vida.

E é então que o pavio se torna mais estreito, Finalmente anunciam um caso insuspeito

Será que não é nada ou leva tudo a eito?, De qualquer das formas não há plano perfeito.

E nesta história meio mal entendida

Hoje é quase o primeiro dia do resto da nossa vida

Hoje é quase o primeiro dia do resto da nossa vida.

Depois surge o respeito por menor que seja, Olhem que isto é sério e a todos bafeja,

Não, para mim é só nos velhos, salvo seja, Não vou deixar de ir beber a minha cerveja.

E a autoridade igualmente perdida

Hoje é quase o primeiro dia do resto da nossa vida

Hoje é quase o primeiro dia do resto da nossa vida.

Depois tomam-se medidas de fio a pavio, Perdem-se muitas vidas na corrente do rio,

Emoções dançam, constante rodopio, Engole-se o medo até c'um copo vazio

E a gente lembra a canção conhecida

Hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida

Hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida

E entretanto o tempo finge que não passa, O que parecia fácil o coração nos trespassa

Nasce um novo dia e ninguém se abraça, Todo o mundo gira mas só dentro de casa

E puxamos à memória uma prece sentida

Que hoje seja o último dia desta pausa na nossa vida

Que hoje seja o último dia desta pausa na nossa vida

Pedimos ao incerto que nos devolva o futuro, O mundo não seja outra vez um muro

Ao medo dizemos-lhe que já estamos por tudo, À vida que apenas venha em estado puro

E puxamos à memória uma prece sentida,

Que hoje seja o último dia desta pausa na nossa vida

Que hoje seja o último dia desta pausa na nossa vida.

 

Porque hoje são os primeiros dias do resto da nossa vida. Foi para o que me deu pessoal. Aliás, a própria letra original assenta perfeitamente a esta situação. Neste lado continuamos à espera que as instituições de ensino abram, há uma ou outra escola aberta “à experiência” para ver se corre bem e se se pode voltar ao normal, mas é complicado. Vê-se que o pessoal ainda não circula em força, meio por desconfiança e meio por que as pessoas levaram um grande rombo nas carteiras. Vê-se muito restaurante e muita loja às moscas. Aqui as famílias não dependem tanto dos serviços como nós, mas dos negócios porque tudo se compra e se vende num mercado enorme que dá para quase todos. Vamos ver. Mantenham-se ocupados e o mais distantes de tudo isto que conseguirem. Um abraço muito apertado para todo o Nordeste e em especial para a aldeia de Avelanoso!