Ter, 27/04/2010 - 10:38
Os terrenos, outrora trabalhados e cultivados, foram tomados de assalto pela densa vegetação que cresce livremente sem que alguém o impeça. Aqui, corre-se rua abaixo e aldeia acima sem que vivalma dê os “bons dias”. Não se vêem animais. Não se ouve o bater de portas e janelas. Não se sente o cheiro a lume ou a comida quase pronta. Apenas as casas típicas nos recordam um passado que dificilmente voltará.
Esta história é, no distrito de Bragança, comum a um sem número de lugares. Aldeias que, em tempos, acolheram dezenas e, mesmo, centenas de pessoas e que, nos últimos anos, ficaram vazias.
Em Mogadouro, só a freguesia de Valverde integra duas localidades totalmente desabitadas: Santo André e a Roca.
Santo André, que se divide em dois núcleos habitacionais, acolhia, ainda há poucos anos, cerca de meia centena de habitantes. Aos poucos, e porque as oportunidades de trabalho não eram muitas, aqueles que davam vida à aldeia foram embora. Agora, restam as casas de traçado típico e construídas à base de pedras de tonalidades ocre e bronze que, apesar dos actos de vandalismo perpetrados há cerca de quatro anos, ainda se encontram relativamente bem conservadas. Em pior estado está a capela, classificada de “maravilhosa” por Angélica Bastiano, que viveu em Santo André, já que a destruição e a pilhagem tomaram conta do templo.
Isolada na margem esquerda do rio Sabor, a aldeia terá com vizinha a barragem do Sabor, actualmente em construção. Um empreendimento que muitos acreditam que poderia ajudar a impulsionar o turismo na região.
“Santo André vai pertinho do espelho de água da albufeira, pelo que, quem tem poder, podia aproveitar para investir no turismo”, acrescentou Amílcar Freitas, natural daquela aldeia.
Populações acreditam que turismo pode ser solução para aldeias desertificadas
Recorde-se que esta localidade, em conjunto com Souto, Roca (na freguesia de Valverde), S. Pedro (Meirinhos) e Salgueiro (Paradela) integram o projecto “Aldeias Típicas”, promovido pela Câmara Municipal de Mogadouro. Trata-se de um roteiro por aldeias “desertificadas”, que propõe uma viagem pelas belezas naturais e tradicionais das localidades sobranceiras ao rio Sabor.
No concelho de Macedo de Cavaleiros, a aldeia “fantasma” mais conhecida é a de Banrezes, na freguesia de Vale da Porca. Um lugar repleto de ruínas e vestígios de edifícios típicos e que se conjuga na perfeição com o rio Azibo e a paisagem envolvente. Conta-se que uma epidemia dizimou grande parte da população e que aqueles que “sobreviveram” decidiram abandonar o local com medo, pelo que, há cerca de três décadas, que ninguém vive em Banrezes.