Ter, 01/02/2011 - 11:05
Açorda de peixe ou peixinhos do rio fritos com molho são duas especialidades que podem ser apreciadas no restaurante “Lameirinhas”, um dos pontos gastronómicos procurados por quem se desloca ao Baixo Sabor para degustar esta iguaria. “Esta época do Inverno é fraca. O rio também tem muita corrente e os pescadores não conseguem tirar o peixe pequeno. Na época das amendoeiras em flor vem muita gente e temos sempre pratos a sair”, afirma Lucinda Rodrigues, a proprietária do restaurante.
É nos meses quentes de Verão que a aldeia recebe mais turistas e é nesta época que Lucinda não tem mãos a medir para satisfazer tantos pedidos. Há dias, em que a proprietária do restaurante cozinha mais de 50 quilos de peixe, que são garantidos pelos pescadores que todos os dias saem para o rio Sabor.
A população afirma que a pesca não é uma actividade de futuro, mas garante que o facto de viverem próximo do Sabor traz vantagens para quem sobrevive dos rendimentos do peixe retirado das águas.
“Na Foz do Sabor ainda há sete pescadores. E há dias que há mais gente que vem de outras aldeias”, conta Lucinda Rodrigues.
Para além do peixe fresco, Cabanas de Baixo também beneficia com as quintas que se estendem por aquela zona do Sabor. A Quinta de Vila Maior e a Quinta da Granja são dois exemplos de grandes propriedades que dão emprego a um grande número de pessoas das aldeias de Cabanas.
Grandes quintas dão trabalho à população de Cabanas de Cima e Cabanas de Baixo
Aliás, na freguesia de Cabeça Boa encontramos Cabanas de Baixo e Cabanas de Cima. Estas duas povoações são relativamente próximas e, antigamente, até havia rivalidades entre os rapazes novos das duas aldeias por causa das raparigas. Hoje em dia as disputas entre as pessoas das duas localidades estão ultrapassadas, mas é em Cabanas de Baixo que encontramos mais movimento.
“Nós aqui temos ligação à Foz do Sabor e temos saída para Moncorvo, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor. Cabanas de Cima não tem saída”, conta Zulmira Carpinteiro, natural de Cabanas de Baixo.
Esta habitante, de 71 anos, fala, ainda, sobre a lenda relacionada com o nome das duas aldeias. Os mais antigos contam que tudo começou no tempo dos mouros, dos quais ainda existem vestígios no termo. Naquela época, este povo terá construído cabanas para se abrigar junto aos terrenos, umas mais em cima e outras mais em baixo. Foi a partir desta altura que terão surgido as localidades de Cabanas de Cima e Cabanas de Baixo.
Em comum estas duas aldeias têm o fenómeno da emigração, que tem originado, por um lado, a diminuição da população, e, por outro lado, a construção de casas novas pelos filhos da terra que partiram e regressam para passar férias.
Em relação ao património das duas aldeias destaque para as igrejas, que ressaltam à vista de quem visita estas terras tipicamente rurais.