Qua, 13/02/2013 - 09:37
Em 2011, a médica recebeu cerca de 85 mil euros. 42 mil euros referem-se a um contrato de prestação de serviços celebrado com o Centro Hospitalar do Nordeste (actual ULSNE), ao passo que o restante foi pago a título de relatórios não contratualizados. Ou seja, como os exames realizados pela especialista excederam o número contratado, o CHNE pagou o trabalho extra à parte.
A especialista em causa é filha do deputado do PSD, Adão Silva, e pertence ao quadro da Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Além da ULSNE, também presta serviço no HPP – Hospital da Boavista e no Serviço Médico de Imagem Computorizada (SMIC), ambos no Porto.
Catarina Silva foi contratada em 2010, pelo então Centro Hospitalar do Nordeste, após o pedido de reforma antecipada de Telmo Moreno, o único profissional desta especialidade que prestava serviço na Unidade Hospitalar de Bragança.
O caso já foi levado à Assembleia Municipal de Bragança, pela mão do PS e do Bloco de Esquerda, que questionaram a ULSNE sobre a remuneração da médica. Posteriormente, um comunicado anónimo começou a circular na Unidade Hospitalar de Bragança, o que levou a administração liderada por António Marçôa a reagir.
Administração reage
Num documento interno, a que o Jornal Nordeste teve acesso, o presidente do conselho de administração da ULSNE confirma vencimento de Catarina Silva: “a referida médica tem um contrato de prestação de serviços mensal com a ULSNE de 3.500€ mensais. É um contrato que remonta a 2010, estabelecido com o então Centro Hospitalar do Nordeste, e decorreu da extrema necessidade de um médico radiologista, por reforma antecipada (e, por esse motivo, legalmente impossibilitado de manter a colaboração com o ex-CHNE) do único profissional dessa especialidade na Unidade Hospitalar de Bragança”.
Segundo António Marçôa, os cerca de 85.000 euros pagos à profissional relativamente ao trabalho prestado no ano de 2011 correspondeu à realização e/ou relato de 3.337 exames, sendo 1.517 ecografias e 1.820 TAC’s. “É de referir que a mesma prestação de serviços, se realizada ao abrigo dos contratos celebrados pelo CHNE anteriormente à contratação da Sra. Dra. Catarina Silva, teria ascendido ao montante de 89.523,00€ + custo com transporte dos doentes. Salienta-se também que, para além de assegurar que o recurso à prestação de serviços da referida colaboradora é financeiramente mais vantajosa para a ULSNE, é ainda assegurada a prestação de serviços “in loco”, muito mais cómoda e rápida para os utentes”, considera o administrador.
De acordo com António Marçôa, a ULSNE “só poderá avançar com a internalização do serviço de Imagiologia com a admissão de pelo menos dois médicos radiologistas, a tempo inteiro, na Unidade Hospitalar de Bragança.
Foi o que aconteceu, recentemente, com a abertura de uma vaga no Concurso de Vagas Carenciadas Hospitalares. “Lamentavelmente, ninguém concorreu a este lugar, apesar de ser um concurso onde apenas podiam abrir vagas as unidades de saúde do interior (no caso da Região Norte, a ULSNE e o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro)”, explica o responsável.