Qua, 13/04/2011 - 00:35
Na aldeia de Abreiro, no concelho de Mirandela, os marcos históricos saltam à vista em cada passo que se dá à descoberta desta localidade, situada aos pés do rio Tua. A Casa do Cruzeiro é um dos espaços que guarda as memórias de Trigo de Negreiros, que foi Ministro do Interior do governo de Salazar. Este filho da terra é recordado pelos idosos como um homem que sempre lutou pela aldeia que o viu nascer.
“Aqui, antigamente, moravam muitas pessoas ricas”, enaltece António Maria, um habitante de 77 anos.
A população da aldeia reconhece o valor histórico do património, mas gostavam que esta localidade fosse mais visitada por turistas.
Num périplo pelas ruas de Abreiro encontramos o cruzeiro, com uma beleza arquitectónica ímpar, que data do século XVIII. Ao cimo da rua ergue-se o pelourinho, uma construção em granito de 1514, que foi mandado erguer por D. Manuel I. No entanto, Abreiro teve foral em 1225, concedido por D. Sancho II, tendo sido confirmado por D. Afonso III, em 1250, e renovado, em 1514, por D. Manuel I.
No largo do pelourinho, Idalina Lima lembra que ainda há vestígios de postos de venda que remontam a tempos longínquos. “Há uma casa com as medidas na parede e, ao lado, encontraram a palavra botica na parede de outra casa que foi recuperada”, conta esta habitante de Abreiro.
A imponência das Casas Senhoriais também salta à vista de quem visita a aldeia. A Casa de Santa Luzia, a Casa da D. Túlia, a Casa do Padre Amílcar, a Casa do Cruzeiro e a Casa do Povo são os edifícios históricos preservados nesta localidade.
“Dizem que a Casa do Povo, construída em 1950, é a única com esta estrutura no País”, enaltece Idalina Lima.
Posto dos Correios mantém-se em Abreiro, facilitando a vida à população idosa
O valor histórico pode, ainda, ser apreciado na igreja matriz, que remonta a 1953, tendo sido restaurada em 2003, bem como na escola primária, um edifício que também se distingue pela traça arquitectónica.
No que toca a património arqueológico destaque para a Anta da Arcã e para o cemitério dos Mouros, bem como para as ruínas da ponte de Abreiro.
Esta aldeia tem, ainda, um posto dos CTT, onde as pessoas podem receber as reformas, pagar facturas, enviar correspondência ou encomendas, fazer carregamentos de telemóveis, entre outros serviços. Idalina Lima enaltece a importância do posto de correios para facilitar a vida às pessoas idosas, evitando uma deslocação de cerca de 25 quilómetros até à sede de concelho.
Mas se antigamente esta aldeia se distinguia pela sua grandiosidade e pessoas ilustres, hoje Abreiro precisa de gente. Nesta freguesia vivem cerca de 200 pessoas. Os jovens vão partindo para as cidades, visto que na aldeia não há empregos.
No que toca a projectos para o futuro, o presidente da Junta de Freguesia de Abreiro, José Viriato, afirma que vai apresentar uma candidatura para a requalificação da Casa do Povo e aguarda que a Santa Casa da Misericórdia transforme o Centro de Dia num mini-lar, tal como foi protocolado.
Relativamente à construção da barragem de Foz Tua, o autarca afirma que não vai trazer benefícios para Abreiro, visto que o espelho de água vai ficar mais abaixo. “Ficamos sem caminho- de- ferro e sem barragem”, lamenta José Viriato.