Alfandeguense cria banda e inspira-se em Trás-os-Montes para escrever músicas

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Qua, 18/05/2022 - 12:14


Kazoo é uma banda que surgiu há quatro anos e tem como mentor o alfandeguense Pedro Ochoa. Embora o projecto se esteja a desenvolver em Lisboa, Trás-os-Montes é fonte de inspiração. Recentemente lançaram o primeiro single, intitulado “Deixa Acontecer” e o videoclip já está no Youtube
Em que é que se inspirou para escrever este single?
Este single é um hino à vida e às coisas belas que a vida nos proporciona. Inspirei-me um pouco no Outono, aquela mudança de estação, quando os dias enormes desaparecem, vêm aqueles dias mais pequenos, mais tristes, mais carregados mas, no fundo, nada de entrar em depressões e stresses, porque é bom viver e é bom aproveitar as coisas boas da vida. Essa foi a maior inspiração eu tive para escrever esse tema.
 
Mas foi uma inspiração que foi surgindo? Como é que surgiu o single?
Na verdade sempre escrevi, gosto de escrever e surgiu naturalmente. Eu penso que o tema, eu deveria estar no local onde eu costumo escrever, onde costumo tocar, em casa, onde tenho uma janela para a rua, e fiquei um pouco contemplativo com aquilo que estava a ver, era Outono, e foi daí que surgiu. A escrita para mim não é algo que demore muito, ela flui muito naturalmente e surgiu assim.
 
O Pedro Ochoa é professor de música. Isso ajuda também a criar uma musicalidade com as palavras?
A musicalidade ajuda também, obviamente que sim, mas penso que o que ajuda fundamentalmente é ouvir boa música, tocá-la e ler, acho que é fundamental.
 
O single começa a ter sucesso, até já o apresentaram na televisão…
Sim. O contexto de pandemia deixou-nos em stand-by e não procurámos nem agências, nem promotoras, nem editoras, decidimos fazer um lançamento independente.
Isto começou no passa a palavra com amigos, posteriormente passou para a televisão, está neste momento a passar nalgumas rádios locais do país e lentamente as visualizações no Youtube do videoclip vão também aumentado, nas plataformas de streaming.
De uma forma muito tímida, porque não temos uma grande estrutura promocional, vamos conseguindo chegar aos nossos objectivos que é mostrar o tema ao maior número de pessoas possível.
 
Como diz a música, é deixar acontecer…
Exactamente. É deixar acontecer e será o público que irá decidir até onde é que ela vai. Este é um projecto que envolve músicos de vários pontos do país em Lisboa.
 
Cada um acaba por levar um bocado de cada região? Trás-os-Montes também está implícito no projecto?
Trás-os-Montes está todo implícito no projecto, porque as minhas raízes estão todas aí. É onde eu vou todos os meses, pelo menos um fim-de-semana, e também onde vou passar o Natal, o Carnaval, a Páscoa, onde vou passar grandes temporadas em Agosto, portanto, estou muito ligado à região. Digamos que eu estou com um pé em Lisboa e outro em Trás-os-Montes.
 
E que importância tem para o projecto manter esta ligação?
Eu noto que em Alfândega da Fé, onde toda a gente me conhece, há sempre muita curiosidade em saber mais. Eu noto que relativamente aos órgãos de comunicação da nossa região há uma maior atenção, nomeadamente da Rádio Brigantia e Jornal Nordeste, e penso que há esse retorno também.
 
Este é o primeiro single?
Os temas já estão todos gravados. Este é o primeiro single. Nós optámos por não lançar os temas todos de uma vez, irão ser lançados vários em formato de single e, como diz o tema, “Deixa Acontecer”, estamos a ver até onde é que ele vai. As gravações do videoclip do segundo single já começaram e iremos brevemente, num mês ou dois, lançá-lo.
 
E o que é que podemos saber sobre este segundo single? É também escrito por si?
Sim, a letra é minha, é produzido por mim e pelo Ricardo Ferreira, e é um tema que está dentro da sonoridade. As nossas influências andam muito pelo Soul, Funk, R&B, Hip Hop americano. Este primeiro tema tem muitas influências do Funk. O próximo tema é mais Soul mais lento, mais balada.
 
Não se prendem só com um estilo musical…
Não nos prendemos com um estilo musical. Todo estes géneros que referi são géneros americanos e são as nossas grandes influências. 
 
Porque decidiram não se focarem num só estilo?
Porque era demasiado redutor. Poderia eventualmente ter acontecido, mas como nós gostamos de ouvir imensa música dentro deste género, decidimos criar uma abrangência, porque o nosso objectivo será espectáculos ao vivo e, portanto, terá que haver toda uma dinâmica de espectáculo que não masse as pessoas e não as canse.
 
E relativamente aos espectáculos ao vivo, já têm algum marcado?
Neste momento não, nem estamos a trabalhar com agência, porque, uma vez que os temas não estão cá fora, para nós não faz grande sentido estar apresentá-los ao vivo primeiro.
Pensaremos que a partir de Outubro arrancaremos com alguns espectáculos.
 
Serão então os primeiros espectáculos?
De apresentação da banda, sim. Há uma estreia da banda. 
 
Porquê só passado quatro anos começam a revelar o vosso trabalho?
Dois anos foram passados em estúdio. Não foram dois diariamente. Há todo um processo e foram dois anos que demoramos a gravar os temas todos, por questões de disponibilidade, e depois entra a pandemia. Decidimos que não íamos lançar nada e atrasou-nos imenso, como atrasou toda a parte cultural e foi esse o motivo de levar tanto tempo.
 
E podemos esperar que venham até à região?
Eu tenho todo o gosto e todo o interesse em estarmos aí na região. É um orgulho muito grande podê-lo fazer. Muitos destes músicos já conhecem Trás-os-Montes.
 
A banda também pode levar a região a outras partes?
Obviamente que sim, porque sendo mentor do projecto e um transmontano de gema, os Kazoo irão sempre levar Trás-os-Montes aonde forem.
Jornalista: 
Ângela Pais