Ter, 12/07/2011 - 15:07
Perante a situação, o veterinário João Rodrigues lançou mãos à obra e tem em curso, na região raiana de Trás-os-Montes e Castela (Espanha), um estudo científico que pretende divulgar o estudo “epidemiológico comparativo da patologia estomatológico-dentária presente nos efectivos da Raça Asinina de Miranda e Burro Zamorano-Leonês”.
Segundo o investigador, o objetivo do trabalho prende-se com a aplicabilidade dos conhecimentos da Medicina Dentária Equina no estudo de raças asininas autóctones ibéricas ameaçadas. A obtenção de resultados pode contribuir com novos e importantes elementos que permitam um aumento do seu bem-estar.
“Ao mesmo tempo levamos a cabo uma gestão mais eficaz dos efetivos, contrariando a tendência para a sua diminuição e consequente preservação da biodiversidade e deste importante património genético, mas também histórico-cultural, único no mundo”, acrescentou João Rodrigues.
O consultório do veterinário é o largo principal de cada aldeia que visita, o local onde os proprietários se juntam, levando os seus animais pela “rédea” para serem observados. Da visita também fazem parte os dentes dos animais, para que sejam tratados, limados, extraídos ou corrigidos.
Veterinário João Rodrigues vai percorrer mais de 40 mil quilómetros para ajudar amigo das gentes do campo e da lavoura
À medida que a manhã passa, o número de clientes aumenta, e só na pequena aldeia de Freixiosa (Miranda do Douro) contribuíram para a tese de doutoramento do veterinário mais de uma dezena de animais, uma situação que se repete um pouco por toda a região transfronteiriça.
O trabalho tem como base um estudo de doutoramento promovido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia, cujo principal objetivo é investigar a incidência da patologia estomatológico-dentária que afecta a população do burro de Miranda e do burro Zamorano-Leonés, através da realização de um estudo epidemiológico comparativo.
“Pretende-se examinar 400 animais de cada uma das raças, o que representa aproximadamente 50 por cento do total do efectivo. Até ao final do trabalho de investigação serão vistos cerca de 800 animais (400 de cada raça) e percorridas mais de 90 aldeias dos dois lados da fronteira”, avançou João Rodrigues.
A raça está classificada como “muito ameaçada” e o seu efectivo está reduzido e envelhecido, pois não ultrapassa as 300 fêmeas com capacidade reprodutiva e 20 a 30 garanhões (num total de aproximadamente 800 animais registados).
Por este motivo, João Rodrigues tem em mente percorrer mais de 40 mil quilómetros para ajudar o fiel amigo das gentes do campo e da lavoura.