Cooperativas Olivícolas discutiram soluções para o sector em Macedo

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Ter, 21/01/2020 - 10:18


A campanha olivícola deste ano passou por diversos problemas.

A época ainda não tinha começado e já as empresas extractoras de bagaço de azeite informavam os donos das cooperativas e lagares que o preço e o transporte deste produto iria aumentar. A juntar-se a este problema, o baixo preço da azeitona por quilo e do azeite por litro também assolaram o sector. Como tentativa de encontrar soluções para resolver estes dois problemas, que põem em causa o lucro dos produtores, algumas cooperativas reuniram-se, na sexta-feira, em Macedo de Cavaleiros. O preço do azeite ronda, actualmente, os dois euros por litro e para Patrícia Falcão Duarte, secretária-geral da Fenazeites, a oferta não cresceu o suficiente para provocar “esta quebra” do preço. “O preço do azeite é o grande problema”, afirmou, explicando que o valor praticado não paga os custos da apanha dos olivais tradicionais e leva a que tenham “rentabilidade negativa” e, por consequência, pode levar ao “abandono” dos olivais. Deste modo, a secretária- -geral da Fenazeites, vê como solução para o aumento do preço do azeite, também o aumento do consumo do produto. “Os países produtores, que são os grandes consumidores, têm visto o seu consumo baixar e para subir o preço temos que aumentar o consumo. Temos que trabalhar todos em conjunto, fazer umas campanhas e elucidar o consumidor para os diferentes tipos de azeite”, disse. Já a directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves, defende que o ideal seria os agricultores começarem a produzir com “marca própria”, ao invés de colocar o azeite no mercado como “indiferenciado”. Por outro lado, acredita que deve ser feita uma valorização do olival tradicional. “Não basta só separá-lo em categoria do virgem extra e do azeite normal, mas importa também saber o modo de produção e, quanto ao modo de produção, Trás-os-Montes tem que ter uma especificidade que não está a ser bem acompanhada. Só pela DOP já é pouco”, afirmou. A via da qualidade e da distinção é a solução apresentada por Carla Alves para a valorização do azeite e consequente subida de preço. Soluções como aumentar o consumo do azeite, valorizá-lo e distingui-lo dos restantes foram apresentadas na sessão, mas a criação de uma “cooperativa de grau superior” é a solução vista por Francisco Silva, secretário- -geral da Confagri, para o problema. “Algo que tem que ser feito a prazo, eventualmente, seria criar uma cooperativa de grau superior, em que haveria uma uniformidade dos azeites e uma capacidade de oferta maior”, explicou, referindo que a Confagri está disposta a “ajudar” e “colaborar” para que este projecto avance.

Estratégia de Marketing

Os representantes das cooperativas olivícolas da região apresentaram ainda questões relacionadas com estratégias de marketing que podem ajudar na venda do azeite transmontano. Uma vez que nem todos os agricultores têm a possibilidade de suportar os custos de Marketing, mais uma vez, Francisco Silva, sugere que seja criada uma “estrutura comum” para todas as cooperativas, sem que seja perdida a identidade de cada uma.

Bagaço de azeite: um produto orgânico

O armazenamento do bagaço de azeite foi outros dos assuntos tratados pelas cooperativas, uma vez que este ano os agricultores tiveram dificuldades em guardar o produto devido às medidas impostas pelas empresas extractoras. A proposta passa por utilizar o bagaço de azeite como um produto orgânico, uma vez que pode ser utilizado até ao último resíduo. A directora regional Carla Alves entende que o bagaço de azeitona pode ser utilizado como “fonte energética”, e o caroço pode ser utilizado para alimentação animal. “Vamos tentar que, numa próxima campanha, já haja uma outra solução que não seja estarem completamente nas mãos de quem hoje em dia está a recolher os bagaços”

Jornalista: 
Ângela Pais