Ter, 29/10/2019 - 11:11
As roupas são costuradas por voluntários e depois vão sendo enviadas às crianças através de pessoas que se deslocam aos territórios onde são entregues. Camila Coelho Santos, designer de moda e natural de Vimioso é, por agora, a única voluntária no distrito e está a angariar tecidos para ela mesma dar vida às peças. Entre linhas e agulhas, além de pôr mãos ao trabalho, também vai entregar a roupa a quem dela mais precisa, na Guiné-Bissau. A ideia já lhe tinha surgido em 2017, altura em que pensava ir àquele país africano mas, segundo contou, a viagem foi, na altura, impossível de fazer. Entretanto surgiu uma nova oportunidade e não pensou duas vezes: “tinha que ser agora”. “Fiz a minha proposta, eles (os responsáveis pelo projecto em Portugal) aceitaram e acharam interessante”, acrescentou ainda a jovem. A doação de tecidos, que “devem ser de algodão, resistentes e não muito claros”, pode ser feita até dia 20 de Novembro e as peças chegarão a África em Dezembro pela mãos de Camila. A ideia do projecto não é doar roupa usada porque se pretende que estas crianças possam ter um peça nova para vestir, já que, muitas delas, possivelmente nunca o puderam fazer. Para já, será apenas a jovem a dar vida ao tecido que lhe entregarem. Ainda assim, quem o entender, pode juntar-se a Camila para costurar estas peças, que têm de ser feitas com base nas normas estabelecidas pelo projecto. “Os moldes estão na página do projecto, portanto é uma boa ajuda. Eu seguirei os moldes e só custa o primeiro”, esclareceu a designer de moda, salientando que agradece a “ajuda” a quem lhe queira juntar-se. A jovem de Vimioso que, desde pequena, foi fascinada pelo corta e cose, formou-se em Design de Moda na Universidade da Beira Interior. Depois da formação académica trocou a Covilhã pelo Fundão onde muito aprendeu com Carlos Gil, tendo participado numa das colecções do estilista. Após a passagem por aquela cidade rumou a Milão onde estagiou. Terminado esse percurso voltou às origens. Vimioso voltou a servir-lhe de casa e por lá quis abrir um atelier, tendo lançado também a própria marca, a Afro Genesis, cuja grande inspiração está na cultura africana e que junta as cores associadas às gentes deste continente com um estilo mais casual. Ajudar agora quem lhe serve de inspiração é o que frequentemente ouvimos como “cereja no topo do bolo” porque “faz todo o sentido”. Camila já deixou Vimioso mas não quis sair do interior porque é aqui que quer “investir” e “é preciso desenvolver a região”. Agora está por Bragança e tem um atelier no Brigantia Ecopark, onde está a trabalhar na marca que lançou em Fevereiro. “Estamos sempre a consumir o que é das grandes cidades e quero que essas grandes cidades consumam o que aqui fazemos”, justicou. Para já, a jovem está a vender e divulgar a marca nas redes sociais mas já estabeleceu uma parceria com uma barbearia, em Bragança, onde vai ter algumas peças à venda.