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“Criar coelhos é como jogar na bolsa”

Ter, 21/08/2007 - 10:49


Com 2 mil fêmeas em produção intensiva, José Carlos Teixeira é o maior empresário na área da cunicultura do distrito de Bragança. A paixão pelos animais, nomeadamente pelos coelhos, levaram este jovem a enveredar por esta área, tornando-se num caso de sucesso na pecuária portuguesa. Apesar de não ser filho de agricultores, José Carlos Teixeira, estabelecido na aldeia de Frechas (Mirandela), afirma que sempre gostou da criação de animais. “O gosto pela agricultura nasceu comigo. Tirei um curso na Escola Agrícola de Carvalhais e, posteriormente, fiz um estágio na Quinta do Valongo, relacionado com ovinos”, recorda, acrescentando que optou pela cunicultura pelo facto de não necessitar de uma grande área de terreno.

O negócio teve início em 1992, com 250 fêmeas e 44 machos, que resultavam numa produção mensal de mil coelhos. Com um investimento de 125 mil euros, a empresa “Cunifreche” começou a utilizar um sistema de alimentação manual e de reprodução natural. Passados quatro anos, José Carlos Teixeira efectuou a primeira ampliação, introduzindo o sistema de inseminação artificial e, em 1999, modernizou as instalações com a implementação da alimentação automática.
Actualmente, o jovem cunicultor comercializa seis mil coelhos por mês, que são abatidos em Espanha e regressam a Portugal para serem distribuídos por cadeias de hipermercados e empresas distribuidoras de carne.
“Alguns animais são vendidos para Mirandela, outros vão para as grandes superfícies. O nosso País não é auto-suficiente na produção de coelhos, pelo que há uma grande percentagem de carne que vem de fora”, salienta o empresário.

Explorações de grande dimensão são o futuro da agricultura portuguesa

O motivo que levam a “Cunifreche” a trabalhar com uma linha de abate espanhola prende-se com a profissionalização dos serviços. “Num determinado dia há uma determinada quantidade de coelhos prontos para sair e não é possível adiar. Com esta empresa tenho garantias dos dias em que me vêm buscar os animais e garantias de pagamento”, justificou.
Apesar de ser considerado um caso de sucesso, José Carlos Teixeira afirma que produzir coelhos é quase como jogar na bolsa. “Há uma grande discrepância de preço entre o produtor e o consumidor. Temos que estar sujeitos aos preços praticados pelo mercado, porque não podemos guardar o produto e esperar que o preço aumente, como acontece com o azeite ou com as batatas”, explica. Para ter uma ideia, acrescenta o empresário “há nove meses que tenho vindo a perder dinheiro, porque estou a vender o produto a um preço inferior aos custos de produção”.
A falta de subsídios, devido ao facto de se tratar de um modo de produção intensivo, aliada à falta de apoio técnico, apresentam-se, igualmente, como dificuldades. “Quem nos dá apoio são as fábricas que nos vendem os alimentos. Os coelhos são um animal muito sensível. Por isso, hoje pode estar tudo bem e amanhã estar tudo mal”, afirma o responsável.
Na óptica de José Carlos Teixeira, a inovação e modernização das instalações e as explorações de grande dimensão representam o futuro da agricultura. “Só assim conseguimos competir com os maiores produtores, como é o caso da França, da Itália e Espanha”, conclui o cunicultor.