Governo recua no Baixo Sabor

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Ter, 07/06/2005 - 15:24


O ministro do Ambiente, Nunes Correia, revelou ontem que a barragem do Baixo Sabor corre o risco de não ser financiada por Bruxelas, o que pode levar o Governo a recuar na construção do empreendimento.

Recorde-se que o aproveitamento hidroeléctrico chegou a ser anunciado pelo anterior Governo, pelo que se aguarda a reabertura do processo.
As declarações feitas ontem por Nunes Correia, em Barca d´Alva, à margem à margem da apresentação do Plano de Ordenamento do Parque Natural do Douro Internacional, vêm, contudo, ensombrar o avanço da empreitada.
De acordo com o governante, existem dúvidas por parte da Comissão Europeia sobre o financiamento da barragem, atendendo às consequências ambientais que a construção do empreendimento acarreta.
Nunes Correia não admite a hipótese do processo regressar à estaca zero, dado que existem inúmeros estudos feitos nesta matéria. De qualquer forma, o governante não garante que a alternativa à barragem de Foz Côa, interrompida em 1995, venha a nascer no concelho de Torre de Moncorvo.

Ministro rejeita pressões

Regressa, assim, à ordem do dia a alternativa de Pêro Pinheiro, a barragem que abrange os concelhos de Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo e que faz parte do estudo de impacte ambiental comparativo elaborado para conhecer as vantagens e desvantagens do Baixo Sabor e Alto Côa.
Questionado sobre alegadas pressões de grupos ambientalistas, o ministro afastou todos os cenários. “Aqui não há questões de cedência, mas um interesse em preservar o meio ambiente de forma equilibrada e de acordo com os valores defendidos pelo Governo”, afirmou Nunes Correia.
Recorde-se que a organização ambientalista Plataforma Sabor Livre apresentou uma queixa na União Europeia com base nos danos para a fauna e flora implicados na construção da barragem do Baixo Sabor.
Confrontado com esta situação, o presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, considera que o argumento do financiamento não é suficiente para deixar cair o empreendimento. O edil alega que a posição do ministro do Ambiente “foi precipitada”, alegando que Nunes Correia falou como se já houvesse uma decisão da parte de Bruxelas.