Mogadouro perdeu 1220 habitantes numa década

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Ter, 20/10/2020 - 17:45


O autarca local acredita que só políticas de desenvolvimento e promoção do emprego podem ajudar a fixar a população.

O concelho de Mogadouro passou de 9657 residentes, em 2010, para 8437, em 2019, segundo dados avançados pela Pordata, perdendo 1220 na última década. O presidente da câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, diz que o envelhecimento da população e o número de óbitos leva a um saldo natural negativo, o que ajuda a explicar esta perda populacional. “É importante perceber a quantidade de óbitos que vai anualmente acontecendo no nosso concelho. A população continua a ser muito idosa e, por isso, estes dados devem-se aos óbitos que vão ocorrendo”, refere. Em 2018, morreram 132 pessoas, no concelho, e registaram-se apenas 40 nascimentos, sendo o saldo natural de -92. No ano passado, nasceram 26 bebés e morreram 139 pessoas. Mas este não é o único factor que contribui para o declínio populacional. “Infelizmente, os nossos jovens que tiram os seus cursos não têm possibilidade de emprego no concelho e têm que o procurar fora. Não há resposta, não há indústria”, apontou ainda. O autarca considera que, para tentar estancar esta perda de população, a solução deve passar pela criação de apoios à instalação de empresas e de emprego. “O Governo tem que olhar para os nossos territórios de outra forma. Já o disse mais que uma vez. O próprio município tem um pequeno apoio de incentivo à criação de emprego, mas isso não chega e não pode ser só o município a contribuir. Tem de haver vários incentivos e criar condições para que as empresas venham para o nosso território”, referiu. Apesar dos indicadores mais negativos, no concelho foram criadas 938 empresas, entre 2010 e 2018, duplicando as unidades, que são agora 1875 e empregam 2557 pessoas. “Têm vindo a instalar-se algumas empresas de pessoas que são da nossa terra. São pessoas que têm vontade que o concelho vá para a frente. A resiliência dos mogadourenses leva a que se vá construindo o desenvolvimento e vamos crescendo devagarinho”, sublinhou. O índice de envelhecimento aumentou, havendo 407 idosos por cada 100 jovens, mais 246 idosos do que a média nacional. E por cada 100 residentes, há 9 jovens com menos de 15 anos, 56 adultos e 35 idosos com 65 ou mais anos. Actualmente 0,9% da população é estrangeira, tendo este valor diminuído. O valor médio do preço das casas situa-se nos 792 euros por metro quadrado, quando o valor nacional é de 1192 euros. Por outro lado, o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é de 844 euros e a nível nacional é de 1167. Desde 2010, o concelho perdeu uma farmácia, 4 estabelecimentos do ensino pré-escolar (de 7 para 3) e metade dos estabelecimentos do 1.º ciclo (em 2010 havia 4 escolas primárias, passando a ser, entretanto, apenas 2: uma na vila e outra em Bemposta). Neste período, os alunos diminuíram de 1132 para 1074. Havia, no ano passado, 303 desempregados de Mogadouro inscritos nos centros de emprego, 24% a menos que os inscritos em 2010. As despesas da câmara municipal, entre 2010 e 2018, diminuíram de 12,6 milhões de euros para 11,2 milhões. As receitas passaram de 13,9 para 13,06 milhões de euros, no mesmo período. O saldo financeiro cresceu assim de 1,3 milhões de euros para 1,89 milhões. Em 2018, 18% das despesas do município foram destinadas à cultura e desporto, valor superior ao de 2010 (11% do total das despesas) e 9% das despesas do município são relativas ao ambiente, 1 ponto percentual acima do valor registado a nível nacional (8%) e 3 pontos percentuais em relação a 2010. Os números são avançados pela Pordata, no âmbito do 10.º aniversário do projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos, por ocasião do feriado municipal de Mogadouro, assinalado no passado dia 15 de Outubro. Devido à pandemia, os Gorazes foram cancelados, ainda assim aconteceu a feira anual na passada quinta- -feira. “Aproveitámos para ter o comércio ao longo do dia. O evento marcava a época de colheitas, não foi possível realizar, mas tivemos a feira, no dia 15, marcando o feriado municipal, e a feira habitual do dia 16”, afirmou o autarca.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro