Municípios preocupados com o aumento do preço das refeições confeccionadas por empresas

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Ter, 07/06/2022 - 11:52


Perante a inflação que se sente no país, com os preços dos bens alimentares e combustíveis a subir, as empresas de confecção de refeições também querem aumentar o preço cobrado aos municípios pelas refeições servidas nas escolas

Segundo avançou o Jornal de Notícias na semana passada, o Governo paga aos municípios 1,40 euros por cada refeição. No entanto, as empresas pedem o dobro, ou seja, cerca de 3 euros. Os municípios ficam assim com um défice que esperam que o Governo resolva. No entanto, o Orçamento de Estado já foi aprovado e não houve uma rectificação do valor. Os municípios mostram- -se preocupados com a situação, porque caso o Governo não tome medidas, parte do orçamento municipal tem que ser usado. Em Macedo de Cavaleiros, os alunos do agrupamento de escolas são servidos por refeições confeccionadas por uma empresa em dois dos refeitórios disponíveis. De acordo com a vereadora responsável por este pelouro, no ano lectivo que decorre, o valor base de lançamento do procedimento concursal já foi superior ao praticado. Sónia Salomé falou em dois euros. No entanto, no decorrer deste ano, a empresa já pediu uma revisão. “A empresa que está contratada já nos fez uma abordagem no sentido de fazer uma revisão de preços no actual contrato”, disse. Se os preços continuarem a subir, a vereador teme que este seja um problema terá um “impacto considerável”. “Não vou dizer se vamos cobri-lo com o orçamento municipal porque estamos aguardar também alguma posição por parte do Governo”, referiu. Neste agrupamento, os pais pagam 1,46 euros por refeição, caso o aluno seja isento de apoio social. Este valor é entregue ao município, que também é responsável por pagar as refeições dos alunos com escalão A, ou seja, com refeição gratuita, e alunos com escalão B, que pagam metade da refeição. O município de Mirandela, que contratou também uma empresa para servir as refeições escolares no agrupamento de escolas, foi contactado para falar do assunto, mas disse que preferia não comentar, até que o Governo se prenunciasse.

Preço pago pelos pais é baixo mas e a qualidade?

O preço por refeição nas escolas mantém-se praticamente inalterável ao longo dos últimos anos. Tal como no Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, também no Emídio Garcia, em Bragança, os encarregados de educação sem apoio social pagam 1,46 euros pela refeição. Mas nem sempre estão satisfeitos com a comida servida. Contactámos alguns pais que têm crianças a frequentar o Centro Escolar da Sé, pertencente ao Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, onde a comida é servida por uma empresa contratada pelo município de Bragança, que não a confeccionada na escola. Depois de alguns contactos percebemos que nem sempre a comida é servida da melhor maneira. Por vezes chega fria e a comida podia ser mais variada, ainda que confeccionada com os mesmos ingredientes. Alguns pais sugerem que estas crianças comam na escola Paulo Quintela, também pertencente ao agrupamento, e onde as refeições são mesmo confeccionadas no refeitório da escola. Numa entrevista dada ao Jornal Nordeste, em Maio, o presidente da Associação de Pais do Agrupamento Emídio Garcia referiu também que há “constantemente problemas” no Centro Escolar da Sé, relativamente às refeições. “Há constantemente problemas ou por falta de comida, ou porque a comida não tem grande qualidade de confecção ou porque existem problemas adicionais, porque há falta de funcionários para servir os miúdos ou o material não é melhor, ou seja há constantemente problemas”, apontou, acrescentando que já foram feitos relatórios, que foram enviados para o município a alertar para a situação. Ainda que chegue haver aumento do preço cobrado aos municípios pelas empresas, para o dobro, os pais não acreditam que a qualidade melhore, visto que esta subida de preço se deve à inflação. No Agrupamento de Escolas de Mirandela, a situação também já foi idêntica. Segundo a presidente da Associação de Pais, até ao passado mês de Novembro, havia “bastantes” queixas sobre a comida no refeitório do primeiro ciclo e segundo ciclo da escola Luciano Cordeiro. “Queixavam-se do sabor, a qualidade era fraca, havia alguma fraca selecção nos alimentos das refeições. Era escolhido peixe com espinhas, não era escolhido peixe adequado para a faixa etária dos alunos”, disse Sofia Cardoso. Durante dois anos este cenário foi-se repetindo e a Associação de Pais veio sempre alertar o município para que em conjunto com a empresa o serviço fosse melhorado. Nos últimos meses parecem ter conseguido ganhar esta luta, uma vez que a qualidade melhorou, mas a empresa mantém-se. Já no Agrupamento de Escolas de Mogadouro a qualidade é “boa”. Neste caso, não é uma empresa contratada, mas sim funcionários que pertencem agora ao município, depois da transferência de competências. Por vezes a opinião das crianças e jovens pode não ser a mais fidedigna, em relação à comida, porque os gostos são dos mais variados, mas a Associação de Pais do agrupamento fez questão de criar um projecto para perceber se realmente as refeições são boas. “Os pais são convidados a aparecer de surpresa para aferirem a qualidade e o serviço das cantinas. É preenchida uma grelha de parâmetros a avaliar. Das visitas que fizeram, a qualidade era boa”, afirmou a representante dos pais, Teresa Pêra. Referiu ainda é feito um “esforço na apresentação da comida” e para tornar alimentos, como o peixe, mais apetecíveis.

Jornalista: 
Ângela Pais