Ter, 07/04/2009 - 11:54
“Eu considero que tudo o que é classificado é meio caminho andado para a ruína, porque o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) não faz nem deixa fazer”, denuncia o presidente da Junta de Freguesia de Vilarinho de Agrochão, Amílcar Vaz.
Segundo o autarca, aquele organismo chegou a ter orçamentos feitos para intervir no templo, mas a falta de recursos financeiros obrigou os técnicos a efectuarem, apenas, alguns trabalhos. “Na altura em que ainda se falava em contos, o então Instituto Português do Património (IPPAR) fez um orçamento de 40 mil contos para as obras necessárias, mas não avançou porque não havia dinheiro”, conta o autarca.
Nessa altura fizeram-se, apenas, algumas obras no telhado e ao nível do restauro do tecto, composto por caixilhos com figuras da época da construção do templo. Os altares, que são verdadeiras relíquias devido às folhas de ouro na sua composição, continuam a degradar-se ao sabor do tempo. “A inclinação e a degradação das madeiras que os seguram demonstram bem a urgência de uma intervenção. Mas não fazem nem nos deixam fazer”, lamenta Amílcar Vaz.
O autarca salienta, ainda, que a igreja é muito visitada pelas pessoas que se deslocam à aldeia e até faz parte dos roteiros turísticos criados pela Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros.
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Os moinhos que ainda resistem no rio, as fontes de mergulho e os vestígios de um antigo castelo (que se conta que terá sido erguido pelos mouros na tentativa de desviar o curso do rio) também fazem parte da história da freguesia.
Aqui vão-se mantendo as tradições. Prova disso é a revitalização do hino da aldeia, que foi apresentado no passado fim-de-semana. “Foi feita uma recolha por pessoas antigas, que se lembram de cantar esses versos como sendo o hino. Depois de alguns ajustes foi gravado em CD”, realça o presidente da Junta.
Com cerca de 300 habitantes, Vilarinho de Agrochão contrasta com a tendência para a desertificação que assola grande parte das localidades do distrito. Aqui têm-se fixado bastantes jovens. “Estão a ser construídos quatro lotes por pessoas jovens e isso agrada-nos bastante”, acrescenta o autarca.
Questionado sobre o segredo para cativar a juventude, Amílcar Vaz afirma que a localização poderá ser um factor favorável, visto que a freguesia fica relativamente perto de Macedo de Cavaleiros, Torre D. Chama, Mirandela e, até, de Bragança.