Isaltino Morais, um transmontano com peso na linha de Cascais
ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES
Se já é Assinante, faça o seu Login
INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL
Qua, 20/09/2017 - 10:16
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qua, 20/09/2017 - 10:16
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qua, 20/09/2017 - 10:04
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qua, 20/09/2017 - 09:59
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qua, 20/09/2017 - 09:50
Ter, 19/09/2017 - 16:15
Olá familiazinha!
Estive de férias na região do Minho, em Vila Praia de Âncora, onde fui pai e marido a tempo inteiro, ganhando energias para o novo ano lectivo da universidade da vida.
Quem não deu férias à familia foi o nosso primo Rui,que mais uma vez esteve no comando do amor e da amizade da familia do tio João, brindando também os leitores deste jornal com a sua página. Já desde sábado passado que estou no activo. Os últimos aniversariantes foram o tio Duarte, pastor de Prado Gatão,Miranda que fez 3 dúzias(36 anos) e o Leonel Farruquinho de Coelhoso, que nos liga de Orly França, fez 41anos.Parabéns para ambos que são dois grandes ouvintes e participantes do progama.
Quem nos ouve diariamente também são os nossos meninos da Apadi que vai realizar mais um ano o almoço convívio no complexo do Geadas,na estrada do aeródromo. Todos os anos a familia está presente, contamos consigo! São ouvintes muito especiais e agora com ajuda da equipa técnica da Apadi vamos conhecê-los:
Tomé Guerreiro estava já há algum tempo à espera do seu amigo Júlio Manso e foi logo direto ao assunto sem qualquer introdução, brandindo o jornal Nordes de algum tempo atrás.
– Já viu o que vem aqui escrito?
– Não vi, mas o meu amigo vai dizer-me, com toda a certeza.
– Claro que sim. Diz aqui no jornal que a amêndoa coberta de Moncorvo obteve a certificação da União Europeia.
– Estamos então de parabéns.
– Claro, todos nós, a começar pela Câmara Municipal que em colaboração com o Agrupamento de Produtores de Amêndoa, elaboraram, promoveram e candidataram o processo. Só é pena que não se tenha acautelado a preservação do germoplasma da espécie autótone e tradicional.
– Agora é que eu não entendi nada!
– A amendoeira, como sabe, ao contrário da oliveira, é uma árvore de vida curta. Por isso é necessário ir renovando os amendoais.
– Claro. Mas isso não é natural?
– Naturalíssimo! O que acontece é que as novas árvores são de origem italina, espanhola e francesa, diferentes da tradicional.
– Provavelmente porque são melhores.
– Muito melhores! Por isso é que estão a ser preferidas às de antigamente.
– E isso é mau?
– Claro que não. É bom porque permitem maior rentabilidade, mais resistência às pragas e mais longevidade. Mas com o passar do tempo, com a substituição das árvores mais antigas pelas novas espécies, estamos, pouco a pouco a perder um património que é nosso.
– E para que queremos nós esse património, para que servem essas velhas árvores se existem melhores espécies disponíveis.
– Meu caro amigo, isso nem parece seu. Para que o queremos? Ora essa, para o conservar, exatamente pela mesma razão por que conservamos os castelos, os fortes, os castros e outras antigas construções.
– Isso é diferente. São monumentos antigos e com muito valor.
– Diferente em quê? A questão é exatamente a mesma. A conservação dos monumentos não impediu a modernização da habitação. Conservar as construções antigas não quer dizer que tenhamos de manter a técnica e a forma antiga de edificar as habitações. As casas de agora podem e devem ser mais confortáveis, ter outro tipo de estruturas e comodidades. Mas isso não pode implicar a destruição ou sequer a deterioração do património edificado só por não ter essas características.
– Ou seja devem os agricultores optar por novas variedades mas deve ser assegurado o património original da tradicional?
– Exatamente.
– Mas como?
– Assegurando a existência de alguns amendoais com as espécies tradicionais que embora tendo rendimentos mais baixos e menor resistência a pragas e doenças, garante que não se perdem as espécies que durante milhares de anos povoaram as encostas dos montes da Terra Quente.
– E porque hão-de os agricultores, cujos rendimentos são tão escassos, preocupar-se com essa questão em vez de aproveitarem todo o terreno disponível para plantações modernas e rentáveis?
– Tem toda a razão. Não compete aos agricultores assegurarem esse objetivo. Essa é uma tarefa das instituições do setor com o devido apoio da autarquia!
– E não há outra forma de garantir esse desiderato?
– Sim, há outra forma que aliás é já usada em outros locais: isolando, conservando e preservando o respetivo germoplasma.
– E como é que se faz essa preservação?
– Isso é que eu não sei. Mas há, certamente quem saiba. Basta inquirir.
– Nem mais!
Lembrar o 25 de Abril é afirmar que Portugal virou uma página na sua história. Dizimada a ditadura, nasceu uma democracia, inicialmente, titubeante que alterou a vida de uma população clamando pela liberdade.
São palavras gastas que todos conhecemos e que vamos transmitindo aos vindouros.
Com a democracia, novos horizontes se abriram nas nossas vidas. Hábitos diferentes fomos conquistando. A escola proletarizou-se. O ensino ao alcance de todos. A cultura é para quem a quer. Bibliotecas, muitas, estão acessíveis para quem as deseja utilizar.
Férias para quem trabalha. Não há profissional que não as ambicione e as concretize. Uns por cá, outros repartem-se por terras nunca imaginadas.
O país enche-se de turistas, outrora só considerados aqueles que possuíam grandes meios. Hoje é ver praias pejadas de gente, onde o corpo ao léu, uns calções e uma roupa simples, torna o país mais democrático. Ricos e pobres misturam-se em suaves mergulhos nas águas atlânticas. Nada mais democrático que uma praia cheia de homens, mulheres e crianças banhando-se em piscinas, no mar ou no rio, esquecendo que o país, apesar de tudo, ainda vive num ambiente de ancestralidade. As formas de tratamento ainda são o estigma de classes sociais, que os partidos teimam em desconsiderar.
Falando de férias, não há quem não deseje o Algarve, ou não o escolha por destino. É o nosso desígnio. Para muitos, ir de férias é ir ao Algarve. E aí percorrê-lo todo, gozá-lo com avidez como se fosse o último dia da vida. Não há que escolher. Tudo é bom, belo, bonito, rico. O mar e o céu proporcionam um quadro edénico. Tudo fica na retina.
Olhão é também Algarve. Do mais puro e do melhor quilate. O peixe e o marisco devoram-nos o olhar. Mais adiante, as ilhas de ondas calmas, de lindas casas, de restaurantes que apaziguam a nossa ânsia de apreciadores habituados a outras iguarias. Difícil é dominar a frugalidade. As carnes que fumegam em fumeiros diferentes dos que antigamente existiam no Algarve, ficam para outros repastos. Esquecemo-nos dos chouriços, das alheiras, das postas mirandesas e com avidez, sentados, na Ilha do Farol, vamos saboreando sardinhas e tudo o que possa sugerir sabor a mar.
De Olhão à Ilha do Farol, num barco lotado de gente ansiosa pelo mar calmo, são quase quarenta e cinco minutos. Bilhetes baratos para o bolso do veraneante. A ilha faz lembrar as ilhas francesas diante de La Rochelle. As casas limpas, pequenas, primeira ou segunda habitação, recordam o aconchego e o carinho de quem à custa de sacrifício tornam o seu espaço uma espécie de paraíso terreal. E nós, habituados à leitura de jornais, lamentamos, repudiamos e censuramos aqueles que do Governo, alegando o ambiente, teimam em destruir um património inédito, ímpar e singular, baseados em critérios livrescos, que poucos conhecem.
Depois, a Televisão a fazer concursos de aldeias típicas! As ilhas são o que de mais genuíno existe. Deixem viver os que são felizes na pequenez/grandeza dos seus lares.
Depois, Olhão é terra de todos os mariscos. Das festas que não cansam e onde a alegria abunda, do Caíque que em 1808 zarpou a caminho do Brasil. Lá está uma réplica a recordar às gerações visitantes que a terra é grande e enorme. Da Restauração a denominou D. João VI. Para o Brasil demos a notícia a amigo nosso e de Portugal. Magistrado que um dia cá virá.
E de restauração é a terra modelada. Lindo hotel na orla marítima. Festival de marisco a fazer as honras da cidade, vila de antigamente, vai-se alindando. E nós veraneantes de um Portugal distante, prometemos que voltaremos a degustar aquele marisco que a empregada afirmou ser da costa, e terminar o repasto com uns figos, enxários de seu nome, ou enxários, conforme queiram, mas que os empregados, não sendo enciclopédicos, desconheciam. Não faz mal.
Até para o ano. Num Olhão que desejamos próspero, numa Ria Formosa que alimente o olhar e o coração dos que por lá se aproximam, ou num outro recanto deste país à beira mar plantado, recordando Tomaz Ribeiro.
E para memória futura, umas palavras com sabor a maresia, para mais tarde recordar!
Não foi adoptado o Acordo Ortográfico em vigor
Quem regressa à aldeia regressa às rotinas e à nostalgia das memórias. Logo pela manhã é preciso dar de comer às galinhas, aos peixes do tanque, ir passear o cão pelos caminhos desertos cheios de silvas e amoras, alimentar os gatos que perderam os donos, pois também eles são criaturas de Deus, ir à horta, cultivar a terra. Depois vem a conversar com os vizinhos, interpretar os sinais, olhar para o descampado dos montes, onde este ano, não se adivinha chuva, nem nuvem passageira lá par os lados da Senhora da Serra. Dizem os mais velhos que Deus e o Poder os abandonou e alguns partidos já nem fazem listas autárquicas nas freguesias. As juntas de freguesia capitulam paulatinamente. De seguida, para mim que também sou um aldeão, chega a hora da escrita, uma rotina diária. E como vivo cercado de livros tenho horas certas para o estudo, para me preparar, investigar e aprender com os outros que pensaram primeiro, pois nunca se sabe quando teremos que dar o nosso contributo público para bem da república, da autarquia, ou da cidadania.
Na aldeia ainda se ouve o toque das Trindades e das Almas, de tantas almas, pois cada vez somos menos no quotidiano da aldeia onde com regularidade toca o sino a finados. O parque infantil está uma beleza mas faltam as crianças que outrora povoavam a aldeia e jogavam ao fito, ao pião, ao esconde-esconde pelos medeiros, espreitando a cereja, ou a uva madura que se anunciava na frescura das propriedades. Eram tempos de miséria e servidão. Felizmente nas nossas aldeias as pessoas, salvo raras exceções, vivem com dignidade e bem-estar.
Mas as nossas aldeias também se estão a globalizar fruto da televisão e da internet. Soube pelo Facebook que recentemente se realizou a reunião da última Assembleia Municipal de Bragança antes das próximas eleições autárquicas. Fiquei surpreendido com os textos de despedida dos mais experientes deputados municipais do PS, como é o caso, entre outros, de Bruno Veloso, Pedro Rego, Francisco Marcos que se despediam da Assembleia Municipal de Bragança depois de durante 12 anos terem dado o seu melhor em prol do concelho e das suas gentes. Recordei-me que um dia também eu me despedi da Assembleia Municipal satisfeito com o humílimo trabalho que fiz e com saudade dos debates com os deputados da oposição com os quais mantive sempre uma enorme cordialidade que suplantava o ardor do discurso e da defesa das ideias e ideais. Na política não vale tudo.
Mas depois, numa análise mais aturada verifiquei que a larga maioria dos deputados municipais do Partido Socialista poderiam também escrever cartas de despedida, pois não constam da lista de candidatos à próxima Assembleia Municipal de Bragança. Já tinha ficado surpreendido quando Vítor Prada e André Novo foram dispensados, embora tenham desempenhado com mestria e competência o lugar de vereadores. Também não deixa de ser surpreendente que o Dr. Sampaio da Veiga, por quem tenho um elevado respeito e admiração enquanto profissional e humanista seja candidato à presidência da Assembleia Municipal, pois que se saiba não tem tido grandes ligações à atividade municipalista, contudo, pesa em seu favor a reconhecida experiência e mérito na gestão hospitalar.
Por isso, aqui do canto da minha aldeia só posso suspeitar que o Presidente da Distrital Socialista e candidato à Câmara de Bragança, tem uma novíssima estratégia política e partidária, afastando alguns dos velhos militantes, os militantes da colagem dos cartazes pela noite dentro, os militantes que sempre serviram o partido nas bases, ou como dirigentes, os militantes que ainda hoje se emocionam à beira do abraço, quando encontram os seus camaradas e desta vez convida para o combate político outros militantes e independentes revigorados pelo descanso e bem informados pelo estudo, para obterem uma enorme vitória autárquica no concelho de Bragança. Na verdade o Partido Socialista não apresentou listas às juntas de freguesia num número significativo de aldeias. Mas aqui, também já ouvi comentar que os militantes dos partidos que apresentaram listas, sabendo que os seus candidatos aos órgãos autárquicos das freguesias serão sempre eleitos, descurem o ato de votar e isso pode favorecer outros partidos, o que convenhamos é mau de mais para a democracia.
Fico expectante, como um cientista em trabalho de campo para poder confirmar se a estratégia política dos novos dirigentes do Partido Socialista está certa, ou errada se se confirma, ou rejeita a hipótese e isso serão os eleitores que o irão dizer no próximo dia 1 de outubro.
Sempre que um acto eleitoral se aproxima, a maior parte dos eleitores não sabe, à partida, em quem votar ou está predisposta a não o fazer. A questão coloca-se com maior acuidade aquando da eleição de uma nova Assembleia da República.
Por isso as forças políticas habilitadas ao acto eleitoral em jogo respondem com encenações vistosas baseadas em cartazes com fotografias cuidadosamente retocadas e chavões ridículos, que pouco ou nada dizem, mas sempre despertam a curiosidade dos transeuntes, como se de um produto de supermercado, detergente ou pasta de dentes, se tratasse.
No próximo dia 1 de Outubro vão ser eleitos novos e reeleitos velhos autarcas em processos eleitorais que continuam a ser, em muitos casos, deturpados pelas forças que detêm o poder.
Tanto assim é que o hábil exercício do poder autárquico conferia claramente aos seus detentores o condão de se fazerem reeleger até se fartarem, razão pela qual a limitação de mandatos veio pôr fim, justamente, à gesta heroica dos chamados autarcas dinossauros. O que ainda não acontece, lamentavelmente, com os deputados vitalícios.
A decisão de votar ou não votar, e em quem, não é linear para a maioria dos eleitores, portanto. Vários amigos meus, confrontados com este dilema, porque não se sentem devidamente informados e pensam, erradamente, que eu o estarei, ou porque nenhum candidato ou partido seja de seu agrado ou lhes inspire confiança, vêm ter comigo para, em privado, me fazerem esta pergunta embaraçosa: Diga-me lá em quem devo votar? Situação que, por certo, não só a mim é colocada.
Apetece-me dizer-lhes que também eu não sei e tenho as mesmas dúvidas, mas resisto à tentação de aconselhar que não votem, que se abstenham, porque entendo que devemos ir às urnas sejam quais forem as circunstâncias. Porque, mesmo se for inconciliável a aversão pelas forças partidárias e candidatos em presença sempre nos é dada a possibilidade de chegar à mesa de voto e escrever no boletim uma mensagem, politicamente correcta, do género “Viva a democracia” ou “ Abaixo a mediocridade”.
Também porque a lei em vigor e a inteligência política instalada olham os abstencionistas como cidadãos de segunda categoria e os tratam como comodistas, marginais, ausentes em parte incerta ou mesmo defuntos, não lhe reconhecendo a justa relevância política.
É por tudo isto que eu partilho a ideia de renomados estudiosos destas questões de representatividade que defendem, face ao peso esmagador da abstenção, que deveriam ser deixadas vagas nas Assembleias as cadeiras correspondentes aos abstencionistas.
De facto, se a abstenção não conta como voto, então, se não há votos não deve haver atribuição de mandatos, pelo que é abusivo os partidos elegerem deputados excluindo os abstencionistas. E o que se diz para a Assembleia da República diz-se para as Assembleias Municipais. Seria, além do mais, uma forma simples e espontânea das Assembleias mais fielmente espelharem o sentir da Nação e de reduzir o número de deputados e os gastos correlativos.
E mais! Entendo que os boletins de voto, da mesma forma que têm quadradinhos para colocar a cruzinha correspondente ao partido preferido, também deveriam ter um, de igual tamanho, com o dizer “ Abstenho-me”. Ou mesmo “Não voto em ninguém”.
Será pedir demais? Será que os portugueses, mesmo não gostando, são obrigados a engolir a caldeirada do regime e a render-se à lei do “come e cala-te”, apanágio da generalidade dos nossos políticos?
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.
Não é a voz do diretor a pedir que se respeitem os limites da mancha gráfica, também nada tem a ver com aquela característica que dizem tipicamente portuguesa de encontrar no lado negativo da vida uma zona de conforto; trata-se de constatar que, quando há dois anos, o eleitor depositou o seu voto queria, mais do que uma mudança na governação, virar uma página da história recente do país. Decorridos dois anos, até o cidadão mais distraído verifica que nem meia se virou. E tudo isto seria menos gravoso se se resumisse a mera demagogia; no entanto, tal ilação decorre do que o cidadão comum vive, observa e sente pelo que, contra tais evidências resta formular votos de que, no que resta da legislatura, se inverta o ciclo que nada aportou de bom. Não admira pois que os índices de popularidade tenham caído tanto no último mês.
Num regime democrático consolidado, pretende-se que a dinâmica social se alicerce na saúde, na educação e na economia. Sendo a ordem dos factores arbitrária, há pois governos que privilegiam mais um sector do que outro, sendo que persiste a ideia de que, tendencialmente, a educação e a saúde saem a ganhar com governos de esquerda, enquanto a economia, numa perspetiva liberal, assenta à governação da direita. A ser verdade que a economia já recuperou e que o crescimento económico está a uma velocidade de cruzeiro, era suposto que, neste momento, quer na saúde quer na educação todos sentíssemos melhorias consideráveis. Deixemos de parte a educação, pois ainda a procissão vai no adro, e, que me recorde, será a primeira vez que os professores irão avançar com providências cautelares para travar o concurso de mobilidade interna.
Na saúde, nada sopra de feição. Se ainda há pouco tempo era notícia o aumento da dívida do sector hospitalar, sendo que há meio ano a dívida, só ao sector farmacêutico, rondaria os 844,6 milhões de euros, o certo é que deixaram de se ouvir as reivindicações das administrações hospitalares, não sendo este silêncio acompanhado pelo sentimento dos utentes do serviço nacional de saúde que vivem o drama da negação sistemática dos cuidados básicos. Porque de realidade se trata vamos aos factos.
1.Utente do SNS, 78 anos, queda no banho, sem traumatismos aparentes. Encaminhada para as urgências da unidade local de saúde, realizam-lhe uma TAC à cabeça. Regressa ao domicílio com dores no cóccix; volta ao hospital; administram-lhe analgésicos e só por insistência de familiares é que, passados mais de trinta dias, é submetida a um exame que deteta lesões ósseas. Mera negligência ou indicações para reduzir custos nos exames que o médico pode prescrever?
2.Sala de cirurgia obstétrica encerrada no hospital de S. João por causa de uma praga de piolhos. Fez manchete. A notícia culpa os pombos. Nós, utentes, responsabilizamos a falta de recursos, do mesmo modo que, na ignorância do senso comum, se pode afirmar que a proliferação de bactérias em meio hospitalar resulta da escassez de profissionais que possam realizar um trabalho com qualidade e possam prevenir situações gravíssimas para a saúde pública. Estima-se que em Portugal morram doze pessoas por dia vítimas desta praga.
3.Dia vinte e um de agosto, o paradigma do que acontece por terras de Trás-Os-Montes: dia de festa e noite de arraial em Bragança, capital de distrito. No serviço de urgências dois médicos de clinica geral, e três ou quatro enfermeiros à beira do esgotamento. Uma urgência a abarrotar com casos graves que foram chegando e a impossibilidade de reforço das equipas por falta de recursos. Gritam os seguranças, berram os médicos e correm os enfermeiros.
É do conhecimento geral que o SNS sofre, desde há muito, de um subfinanciamento que o coloca longe dos patamares de excelência que seriam desejáveis. Contudo, sendo uma tarefa fundamental do estado promover o bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos, espera-se menos propaganda, mais democracia e que na doença haja, pelo menos, o conforto de um tratamento adequado. Bem queríamos ver a página virada, mas nem sequer meia se virou e, cada vez mais, há a sensação de que o conteúdo continua igual, o que mudou foi a forma de se fazer política.