Torneio Solidário recebeu cerca de 300 jovens jogadores
Ter, 10/10/2017 - 16:10
Artistas de palmo e meio mas com grande talento para o futebol mostraram-se solidários e não faltaram ao Vinhais Cup “IV Montes de Sorrisos”.
Ter, 10/10/2017 - 16:10
Artistas de palmo e meio mas com grande talento para o futebol mostraram-se solidários e não faltaram ao Vinhais Cup “IV Montes de Sorrisos”.
Ter, 10/10/2017 - 16:08
É caso para dizer que foi uma jornada para esquecer para o Clube Académico de Mogadouro. Os comandados de Artur Pereira sofreram uma derrota caseira bastante pesada, 3-10 com o São Mateus.
Ter, 10/10/2017 - 16:07
Depois da conquista da Supertaça José Manuel Amaro, no dia 30 de Setembro, o CTM Mirandela iniciou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão Feminina com uma dupla vitória.
Na jornada inaugural, realizada no sábado, as mirandelenses receberam e venceram a formação do GDCP Madalena por 4-0.
Ter, 10/10/2017 - 16:06
Faltam três provas para terminar a competição e a Vinhais Extreme está a uma prova de se sagrar campeã.
Ter, 10/10/2017 - 16:05
Com a organização do Monóptero Bikers, a vila de Mogadouro recebeu, no domingo, a segunda prova do Open Regional de Maratonas de XCM da Associação de Ciclismo de Bragança, onde competiram 135 betetistas.
Ora viva minha prezada gente. Há quanto tempo! Como vai essa saúde? E a família, tudo em ordem? Espero que sim! Ora parece que este ano o ditado que diz “em Outubro, fogo ao rubro” até soa a piada de mau gosto. Em vez de andar sossegado pelas lareiras anda aí à solta a dar trabalho e chatices fora de tempo. Isto hoje em dia já não está para ditados. Não dá para lhes fazer a atualização, por isso ficam descontinuados. Nem para ditados nem para castanhas! Compreendem agora para onde é que vai grande parte da taxa aeroportuária. São Pedro, ele mesmo, tomou-lhe o gosto. Chinelo no pé, barba bem aparada, smartphone, chaves do carro, maço de tabaco e óculos de sol em cima da mesa da esplanada, “era mais uma, se faz favor”, babes ao fundo a molharem os pés na orla da praia, isto merece uma foto, #não é fácil, #autumn of 2017. Sempre foi meio céptico, mas encontra-se completamente rendido às evidências, há quem diga que está a atravessar uma crise de terceira idade, outros dizem que foram os copinhos de chocolate da ginjinha de Óbidos. Primeiro a Secretaria de Estado do Turismo enviou-lhe uma carta, obrigado por toda a consideração e amabilidade que tem tido connosco nestes últimos anos, dentro seguia um bilhete de avião para vir cá em baixo ver isto com outros olhos. Tempos depois mandaram fechar o gabinete para lhe renovar o visto. Peixinho grelhado, copo de vinho branco, toucinho do céu. “Esta gente estraga-me com mimos”. Sacrilégio é não dar uma ajudinha para continuar a fazer de Portugal o país mais cool da Europa. Com o seu charme de sessentão renascentista tem sido visto no ginásio, consta que disse que o budismo até é uma cena fixe que não impõe nada a ninguém e que se não tivesse medo de agulhas até fazia uma tatuagem de uma daquelas mãos com olhos no meio das costas. Está a levar isto de ficar entre nós muito a sério e aos poucos vai ficando entendido na matéria, na sua opinião não havia motivo para grande penalidade, prefere o pão de Mafra ao pão alentejano, o bitoque não é bem nem mal passado e o café é sempre curto em chávena escaldada. Se for para ficar cá a viver ainda está indeciso entre um apartamento remodelado com ampla vista para o Tejo ou uma moradia na margem sul mesmo junto à praia. Diz que já andou a ver casas muito bonitas do outro lado do rio, mas todas têm o inconveniente de ficarem de costas para o Cristo-Rei e “isso é uma coisa que dá azar”. Enquanto e não, está a partilhar um quarto através do Airbnb, reconhece que podia estar num hotel com outras mordomias, mas assim “conhece-se pessoas e é mais humano”, embora o colega de casa agora tenha trazido a namorada para viver come ele e ela “deixe o lavatório cheio de cabelos”. Já sabe pedir “água com gás” em português, para meditar e encontrar-se com Deus gosta de ir à Boca do Inferno, não é particular apreciador de bacalhau e diz que acerta “quase sempre” no preço da montra final. Mas além de andar por cá a levar uma vida santa São Pedro também tem de mostrar serviço. Está responsável por não fazer cair uma gota de chuva e deixar o Verão ficar por cá até lhe dar na real gana, ano após ano. Se os governantes nos vendem lá fora como o país com “mais de 200 dias de sol por ano” com São Pedro entre nós podemos ir até aos 300. Nem precisamos de chuva, só serve para espantar as pessoas. É como mudar de canal e aparecer a Teresa Guilherme. Para justificar o investimento está com algumas ideias em carteira: primeiro essa coisa do 21 de Setembro, dos solstícios e equinócios tem de acabar, isso é muito pré-história, não reflecte os tempos modernos. O Outono não precisa de 3 meses para nada, pode ceder um mês ao verão e ainda lhe sobra tempo para andar a varrer folhas do chão. Depois também não tem jeito nenhum fazer a juventude começar as aulas com mais um mês de calor intenso pela frente. Um aluno não se consegue concentrar quando poderia estar lá fora a apanhar umas ondas e a curtir um festival de verão para ser forever young. Festivais de Verão até Novembro claro, permitiria realizar mais uns 120, pelo menos. Noites e festas temáticas, publicidade com gente descascada, bebidas que não são carne nem peixe, etc, toda uma indústria que poderia ser melhor aproveitada se não fizéssemos de conta que o Verão acaba mais cedo. São Pedro até costumava ser amigo dos agricultores, dos pastores e de todas as coisas campestres e com cenários bucólicos, mas isso já foi chão que deu castanhas. Pode ser que seja só uma fase. Forte abraço!
Nasceu na vila de Mogadouro pelo ano de 1665. O pai chamou-se Belchior Fernandes e era “caseiro” na quinta do Vimieiro, termo da Torre de Dona Chama, Mirandela, de onde foi para Mogadouro casar com Beatriz Lopes. Esta era filha natural de uma Catarina Martins e de Francisco Lopes Pereira, o Papagaio, de alcunha, mercador, casado com Maria Dias. Embora fosse filha natural, o pai nunca a desamparou e sempre a reconheceu e tratou como filha e a casou e lhe deixou em herança as casas e propriedades que tinha em Mogadouro, nomeadamente uma Quinta que ainda hoje é conhecida pelo nome de Quinta da Papagaia e então se nomeava Quinta do Souto. (1) Para sua casa, a trabalhar com ele, entrou até o “genro” Belchior. E quando Francisco Lopes Pereira, por 1654, foi para Madrid, Belchior acompanhou-o. E em Madrid, no hospital real, este acabaria mesmo por falecer.
Criada em Mogadouro, (2) contando cerca de 20 anos, Beatriz Pereira foi para Castela onde casou com André Vareda, que ela tinha na conta de cristão-velho. Em volta deste homem há, no entanto, uma verdadeira nebulosa. Uns dizem que é natural de Roma, outros de Pádua e Gaspar Lopes da Costa, irmão de Beatriz afirma que ele era natural da vila de Mogadouro.
Facto é que, a vida de Beatriz e Vareda foi um constante peregrinar de terra em terra. E se por 1685 ela estava ainda solteira e “órfã de pai e mãe” a viver no Mogadouro, já em 1690 aparece casada, ocasionalmente “assistindo” em Lisboa onde lhe nasceu o filho José da Costa. Três anos depois morava em Castela, na cidade de Cádis onde nasceu o filho João de Vareda. Por 1698 viajava pela cidade do Porto, “pousando” em casa de sua cunhada Beatriz Lopes da Costa a quem foi pedir 4 000 cruzados, que esta recusou emprestar-lhe. No ano seguinte estava ocasionalmente em Lisboa, hospedada em “uma estalagem junto às Portas do Mar”. Teria então casa montada em Badajoz onde, pelo ano de 1700, Brites Pereira deu à luz a filha Luísa Maria Rosa. Quatro anos mais tarde a terra de morada era Viana do Castelo onde nasceu o filho António Lopes da Costa. Passou de novo pela cidade do Porto “pousando” então em casa de seu irmão Gaspar Lopes da Costa.
A partir dessa altura, fixariam residência em Lisboa, na freguesia de Santo Estêvão, e pelo ano de 1713 / 1714, sofreria dois grandes desgostos. Um deles foi a morte de seu marido e o outro derivou da prisão do filho João da Costa ou Vareda (3) pelo tribunal do santo ofício.
Os anos seguintes foram para ela de alguma dificuldade económica e grande perturbação religiosa, vendo-se Beatriz seguir a pé, descalça, em procissões e romarias cristãs ou metida nas igrejas a rezar, o que muito escandalizava os seus correligionários. E acontecendo adoecer-lhe uma filha, Beatriz não se atrevia a ir ter com sua “tia” Beatriz Pereira Angel, filha do Papagaio e de sua mulher, (4) a qual era rica e morava em Lisboa. E indo pedir apoio a D. Paula Manuela, esta respondeu:
- Como queria ela que a dita sua tia Beatriz Pereira a socorresse quando cada dia lhe iam dizer várias pessoas que a encontravam fazendo romarias, descalça, à Madre de Deus, ora estando encomendando-se ao Menino Deus?
Argumentou primeiro que fazia aquelas coisas de cristã “para remir a miséria e vexação em que se achava”. Depois emendou e disse “que ela fazia as romarias para ser bem reputada da sua vizinhança”. Facto é que a tia a socorreu “pois dali por diante, ainda que a dita tia Brites Pereira Angel a não queria ver, lhe mandava assistir na doença da dita sua filha Luísa Maria Rosa, com médico, botica e meia galinha cada dia e lhe prometeu que lhe fazia os gastos do enterro se a mesma falecesse”.
Não sabemos se foram as dificuldades económicas que, por 1717, a levaram a mudar-se para Chelas, a viver em uma quinta, duas léguas distante de Lisboa, servindo ela e a filha em casa de D. Maria Bernarda de Vilhena.
Em 15 de Maio de 1719, embarcou com a mesma filha (Luísa Maria) para o Brasil, aportando na cidade da Baía em Julho e seguindo a morar na roça e casa do filho José da Costa. A viagem foi no navio Santo António de Pádua, dirigido pelo capitão António Antunes de Araújo.
Ali viveu por 7 anos e meio, até ser presa pelo santo ofício, dando entrada na cadeia de Lisboa em 22.11.1726. Começou por negar as culpas de judaísmo que lhe imputavam mas acabou por confessar que fora doutrinada quando tinha uns 20 anos, em Mogadouro, antes de ir para Castela, por Francisco Lopes, (5) mercador, casado com Leonor Dias. Depois, em Cádis, uma Isabel Vargas, originária de Vila Real continuaria a sua doutrinação judaica.
O processo de Beatriz tem algum interesse para o estudo do urbanismo da vila de Mogadouro. Veja-se, nomeadamente a informação que nos dá sobre as casas de sua morada sitas “abaixo da cadeia, que tinham quintal e dois poços, e pela parte donde ficava a cadeia partiam com casas de um irmão dela, Gaspar Lopes da Costa e da outra parte com umas casas caídas que haviam sido de duas pessoas da nação, e que o quintal partia com outro de Maria Machada”.
Igualmente interessante para o estudo da comunidade marrana da Baía que se juntava em grupos familiares alargados para a celebração do Kipur. Neste caso, no ano de 1719, por exemplo, em casa de José da Costa e Ana de Miranda, sua mulher, juntaram-se: Beatriz Pereira, Gaspar Fernandes, Luísa Maria, João Gomes Carvalho, António Lopes, Carlos Pereira, Gaspar da Costa e Miguel Nunes, que todos os 10 ali permaneceram todo o dia, conforme testemunho de Ana de Miranda, transcrito no processo da sogra, Beatriz Pereira.
Sobre o inventário de seus bens, para além da casa e da Quinta da Papagaia atrás referida, vejam a rúbrica seguinte, deveras interessante para se fazer um retrato da sociedade esclavagista da época:
- Tem uma escrava chamada Teresa Pereira, que terá 13 anos, a qual mandou vir de Angola com outra mais que mandou vir da Costa da Mina e faleceu, para com elas pagar uma dívida de cem mil réis a uma filha de D. Lourença de Soto Maior chamada D. Maria Bernarda de Vilhena, assistente nesta cidade (…) em razão de lhos haver emprestado sobre sua palavra, e lhe dizer, quando ela declarante foi para a baía, que dos cem mil réis, lhe mandasse duas escravas pequenas, e declara que a escrava que faleceu estava já por conta da dita credora e portanto é a mesma que perde, e a outra escrava a mandou ensinar a fazer rendas e estava com ânimo de a remeter.
Notas e Bibliografia:
1-ANTT, inq. Lisboa, pº 8766, de Gaspar Lopes da Costa; inq. Coimbra, pº 6790, de Francisco Lopes Pereira. ANDRADE e GUIMARÃES – Nós Trasmontano… jornal Nordeste nº 1082, de 8.8.2017 e n º 1090, de 3.10.2017.
2-Ao falar da sua genealogia, o filho João Vareda disse que sua mãe era “castelhana, não sabe onde nasceu, mas criou-se em Madrid” – informação da Drª Carla Vieira, a quem agradecemos.
3-IDEM, pº 7264, de João Vareda. Por 1712, em Lisboa, fazia “contas mui grossas e importantes” para um “judeu de sinal chamado D. Joseph Cortiços” que se encontrava em lisboa reclamando o pagamento de dívidas da fazenda Real “e lhe ficou muito obrigado o dito Cortiços, pela clareza e brevidade com que lhas fez (…) e vendo-se ele declarante nesta Corte pobre e desempregado e destituído de meios com que se pudesse sustentar, se resolveu passar para Holanda; e chegando a Roterdão, esteve ali 5 dias e passados eles, foi para Londres onde se encontrou com o dito judeu Cortiços que nos primeiros tempos da sua assistência o socorreu com alguma coisa e depois o desamparou…” Depois de processado, João voltou para Inglaterra onde vivia, casado com uma sobrinha de Luís Álvares de Oliveira.
4-IDEM, pº 8338, de Beatriz Pereira Angel; ANDRADE e GUIMARÃES – Nós Trasmontanos… jornal Nordeste nº 1084, de 22.8.2017.
5-Francisco Lopes terá o sobrenome Oliveira e será filho de Baltasar Lopes de Oliveira, irmão de Belchior Lopes, morador em Carção e “procurador” da firma dos Mogadouro em terras do Nordeste Trasmontano. ANDRADE e GUIMARÃES – Carção Capital do Marranismo, Bragança, 2008.
Frequentemente lançamos nas dúvidas algumas certezas que, na imponderabilidade da sucessão de determinados acontecimentos, julgamos ser o melhor para resolver certas situações. Não quer isso dizer que acertemos nas dúvidas ou que as certezas sejam realmente certezas. Contudo o futuro, sempre sábio, acaba por nos dar a certeza avançada no meio das dúvidas que nos surgem.
Foi o que aconteceu esta semana. Aliás já há muito que todos lançávamos dúvidas para ver se conseguíamos ter certezas, mas esta semana e depois do resultado das eleições, acabámos por lançar ainda mais dúvidas. Claro, dúvidas sobre a continuidade ou não de Passos Coelho à frente do PSD. A verdade é que apesar de ter somado mais votos, somou menos câmaras do que há quatro anos, mas o que conta é mesmo o número de municípios e esse foi muito menos.
Mas as dúvidas que todos lançavam eram se ele conseguiria manter-se à frente do partido perante um resultado que se adivinhava menos bom, se desistiria ou não, se arriscaria seguir em frente até às legislativas, enfim, dúvidas que toda a gente queria ver resolvidas. Mas também outras dúvidas se levantaram para elencar quem o substituiria se fosse esse o caso.
Para baralhar tudo e todos, Passos Coelho foi dizendo que não seria um resultado mais negativo que o faria recuar ou desistir e todos ficámos com uma dúbia certeza sobre ao assunto. Afinal ele iria continuar mesmo com um mau resultado? E o partido iria permitir que isso acontecesse? Será que ninguém se insurgiria contra esse mau resultado? Demasiadas dúvidas para poucas certezas. Mas se uma certeza já todos têm, muitas dúvidas pairam no ar.
A verdade é que Passo já disse que não iria continuar e que deixava o lugar em aberto para quem o quisesse ocupar. O Congresso vai ser a rampa de lançamento para o senhor que se segue.
No dia seguinte ao desaire eleitoral, logo se desenharam estratégias e logo se lançaram nomes para juntar às dúvidas que buscavam certezas. Parece senso comum que o nome de Rui Rio reúne a maioria dos apoiantes, mas outros foram apontados e ainda mais dúvidas se levantaram. No entanto, alguns como Montenegro ou o deputado europeu Paulo Rangel, soluções possíveis, demarcaram-se do interesse pelo cargo. Outros deixaram aberta a porta para uma possível entrada. Foram pensar. Ainda outros estão a preparar um programa para apresentar no Congresso o que significa puderem candidatar-se a presidentes do PSD. É o caso de Santana Lopes. Assim, as dúvidas subsistem e as certezas também.
A verdade é que as legislativas estão a dois anos de distância e Costa está em vantagem. Não só ganhou estas eleições autárquicas como, a nível nacional está a somar pontos com a situação económica a melhorar e com o alargar da bolsa neste orçamento, apertado pelo Bolo de Esquerda. Claro que se isto soma pontos, também lança dúvidas sobre quem vai pagar a fatura mais tarde. Não nos podemos iludir. Alguém vai ter de pagar tudo isto e não será o partido socialista certamente. Contudo e no imediato, Costa vai somando vitórias que lhe podem ser muito úteis dentro de dois anos. E quem é que vai querer arriscar a carreira neste intervalo de tempo? Quem for ocupar a liderança do PSD, terá duas possibilidades claras, ou é para se queimar (e será mais um), ou será para trabalhar muito e diminuir a vantagem do PS e ganhar as legislativas. Fácil? Não.
Assim sendo, o PSD terá de equacionar todas as possibilidades e avançar somente uma destas soluções. Quem der a cara vai ter de conseguir muita coragem para enfrentar qualquer desaire, pois é o que mais certo pode ter. E quem quer arriscar um tal futuro?
Quando Santana Lopes deixou no ar a possibilidade de voltar a ser presidente, abriu a porta à salvação de outro qualquer elemento do partido, pois não vejo que esse ato não seja simplesmente um suicídio político para salvar, quiçá, Rui Rio. E este se avançar como candidato, arrisca-se a ganhar com toda a certeza, mas terá de trabalhar muitíssimo para chegar às legislativas numa posição confortável para poder discutir com Costa quem vai liderar o próximo governo. E como as maiorias são indesejáveis e difíceis de conseguir, não nos podemos esquecer de uma Catarina Martins que até já admitiu que pode fazer parte do próximo governo. Não significa isto que o PCP está fora da geringonça, mas com o score que também lhe saiu na rifa das autárquicas, ficou com menos peso político e pode não ser suficiente para equilibrar a balança.
Pois é. Passos sai de cena finalmente. Mais vale tarde que nunca! Mas a herança que fica não é nada apetecível. Só mesmo um “desconhecido” poderá estar interessado nela. Valerá a pena?
Esta arma só é bem empregue quando nos convém; Júlia Rodrigues pode, finalmente, salientar a justeza do tiro, António Branco lamentará o não ter sabido defender-se a tempo e horas, certamente, ele nunca leu a A Arte da Guerra e, agora é tarde para o fazer.
Não vou a Mirandela há muito tempo, no último encontro no qual esteve o ora derrotado percebi-lhe a inobservância relativamente aos tiques provenientes do excesso de poder, tais tiques denunciavam alvoroto de ser dele a última opinião, discutia-se o movimento do slow-food, as cidades geradoras de lucros e emprego através das indústrias do ócio, no dia posterior uma possibilidade de introdução de um curso académico cujo mote seriam as artes culinárias segundo o modelo das Universidade John Wallis e Universidade de Florença, a pulsão da «soberania da sua sentença» acentuou-se quando procurei dar sequência ao analisado.
Os anos passaram, pelos jornais recebia indicações de Branco acumular destrunfes inconsequentes numa boa imitação dos posicionamentos de Passos Coelho e seus cortesãos, de soma em soma até à derrota do dia 1 de Outubro, fruto da acutilância e empenho de António Costa.
Num jantar de exaltação do butelo no restaurante da Dona Justa e do Sr. Nobre, fiquei defronte da vencedora. Conversa amena, divertida, até rememorei o apodo de Costa em determinados círculos, para lá do manto diáfano da aparente trivialidade da conversa registei a passagem de forte vontade de a sua mensagem estabelecer os fundamentos necessários a boa colheita de votos na devida altura. Os seus textos publicados neste jornal corroboram a impressão colhida no decurso da aludida refeição. E agora?
Agora, espera-se a concretização das promessas feitas e a consequente autocrítica de Branco, isto se não quiser engrossar a fileira de passistas perdidos no seu labirinto desprovido de húmus político engendrado pelo renunciante Passos Coelho. Noutro jornal, há dois anos anunciei a morte política do clamorosamente derrotado, na altura recebi palavras rancorosas e rançosas dos sins senhores da nomenclatura vinculada à burocracia laranja, ela ainda estava convencida de ir sobreviver à hecatombe provocada pela arma do povo.
Não estou em condições de opinar relativamente aos restantes concelhos exceptuando Bragança, o êxito de Hernâni Dias antecipei-o no artigo intitulado «Prognósticos…», não precisei de ir a Delfos (ilha de mar azul cobalto) consultar a pitonisa, muito menos «ler» nas estrelas na falta da bruxa de Quiraz, o candidato socialista derrotou-se num arrombo de antes de o ser já era, adivinha adivinhada por meninos de cinco anos. A pescada acabava e continua a acabar assada no forno, cozida, frita, grelhada ou guisada, Carlos Guerra salva-se de um qualquer salteado porque a civilização impede a antropofagia alimentar, já no que tange à antropofagia política tumultuosa e barulhenta deve ter começado na jornada nocturna da contagem dos votos a obscurecedora a parafernália do seu currículo.
O Sr. Carlos Guerra pode alegar em sua defesa a entrada no bornal socialista as Câmaras de Macedo de Cavaleiros e Mirandela, somadas à manutenção das restantes cor-de-rosa, sim é verdade, só que nesse colar rosa falta a joia principal – Bragança – concelho a propiciar grávida e grave derrota ao Presidente da Distrital, além de que os vencedores nos outros concelhos ciosamente guardam enfunam os louros dizendo serem sua pertença.
Julgo interpretar adequadamente os resultados se escrever que no Distrito, só existem dois projectos políticos a prenderem a atenção do eleitorado, a arma do povo gasta o grosso das munições nas áreas socialista e social-democrata, as restantes formações partidárias vão vivendo uma ronceira meia-vida alegrada no salão das vaidades nas autárquicas e legislativas.
O nó-Górdio está a estrangular o PSD, se assim continuar estão tem razão um dos responsáveis do seu definhamento quando fala da ruralização do Partido, Miguel Relvas não pode sacudir a água (não chove) do capote, o seu activismo político na prática da teoria do salame afastando todos os militantes não passíveis de se acomodarem ao localismo passista foi tremendo, podendo-se dizer quão benéfico o foi para si próprio (enriqueceu) e protegidos.
O enfunar ideológico neoliberal a ultrapassar a troica em proselitismo levou a um virar de costas dos eleitores laranjas dos núcleos urbanos onde mais se fez sentir a canga da terrível tríade, e, enquanto Passos e Maria Luís surgirem nas televisões pior é, assim o demonstraram os resultados em Lisboa, Porto, Sintra, Oeiras e Setúbal.
O PSD a continuar na senda do desastre irá contribuir para o aumento de influência dos socialistas, irá resvalar na ribanceira da pequenez, irá colocar em perigo os núcleos onde ainda é poder, pois como dizia o autarca do distrito de Viseu, quem não pertencer ao partido do governo não recebe benesses. Ora, o PSD nos últimos tempos tem feito grandes progressos no sentido de ficar relegado desse mesmo poder durante muitos anos. E, a refundação/reformulação não ocorrerá com um qualquer D. Sebastião. Bem podem os saudosistas sonharem, em política o sonho não comanda a vida. Será que os discípulos de Passos não entendem o significado do dito pelo emérito filósofo a respeito de Platão: sou muito amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade.
A renúncia de Passos a recandidatar-se era inevitável, deixa o Partido fragilizado e anémico, só doses cavalares de vitaminas conseguirão recuperá-lo. A acontecer, os socialistas têm de sopesar a gula da maioria absoluta.
Cinco de outubro é também o Dia Mundial do Professor. Durante séculos, os dias assinalados no calendário serviam para, em clima festivo, venerar a divindade e, em alegria, a comunidade esquecer-se dos trabalhos rotineiros. Já o século XX foi pródigo na criação de dias especiais não para que os cidadãos festejassem, mas para que tomassem consciência dos problemas e os transformassem em causas. Não será por acaso que o Dia Mundial do Professor foi criado pela UNESCO já no final do século (1994) para que as sociedades ganhassem consciência da importância desta profissão no desenvolvimento das sociedades.
No que a Portugal se refere, bastou uma meia dúzia de anos para que a imagem do professor fosse levada par as ruas da amargura: foram as passagens administrativas, os saneamentos, o desrespeito pela dignidade do professor enquanto pessoa que rapidamente o destronaram do pedestal. Se, antes de 74, era obrigatório qualquer um levantar-se à sua passagem e as crianças pedirem a bênção – o que seria excessivo, o sarcasmo que se seguiu em nada dignificava os intervenientes. Os anos passaram, e cada vez faz mais sentido que o dia cinco de outubro continue a ser o Dia do Professor: a populaça arvora-se o direito de mandar nas escolas, nos professores e impor regras; as sucessivas tutelas, numa onda de populismo balofo, acompanham-na e reforçam esse sentimento com políticas discriminatórias e intervenções pouco abonatórias. Não valerá a pena referir factos passados, basta olhar para o presente.
Ao congelamento das carreiras há mais de dez anos, ao imbróglio que têm sido os últimos concursos juntam-se agora as declarações da Secretária de Estado da Educação que, embora reconhecendo terem errado, deixa para o próximo ano a resolução de um problema criado pelo próprio ministério, sendo que a fundamentação do erro é ainda mais sui generis, dado considerar que os professores do quadro, já que recebem um salário completo, têm de ter um horário completo. Esqueceu-se a Secretária de Estado que os professores do quadro de que dispõe, são, na sua maioria, profissionais com mais de cinquenta anos, e que os horários completos que hoje lhe atribuem correspondem aos horários que há duas décadas eram dados aos professores em início de carreira. Como se tal não bastasse, a invenção da “componente não letiva” é mais um embuste usado para haver trabalho direto com alunos, seja por imposição das direções, seja porque a moda da “preparação para os exames” já chegou a todos os cantos e é preciso agradar.
Também o descongelamento prometido pelo governo para 2018, ao que parece, vai deixar de fora os professores porque o tempo de serviço prestado desde 2011 não irá ser contado para efeitos de progressão, o que, na prática, se traduz em mais uma desvalorização da carreira à luz da lei evocada. No entanto, e em abono da verdade, o artigo 38º da lei do Orçamento de Estado não poderá ser aplicado a uma classe onde a progressão não depende apenas do decurso de determinado período de prestação de serviço, na medida em que qualquer professor tem de apresentar um relatório anual da sua atividade, frequentar ações de formação, ter aulas assistidas e ser avaliado por uma comissão eleita entre os membros do Conselho Pedagógico.
A dignidade começa no reconhecimento, embora o mais relevante seja o modo como cada professor age na sua profissão. No Japão, o professor é o único que não tem de se curvar diante do imperador, em Portugal obrigam-no a curvar-se diante de tudo.