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Vendavais - Terra queimada

Eu tenho esperança de que todos queremos o melhor para este país sempre em ebulição informativa e quase sempre pelas piores razões. Mas ninguém julgue que somos todos uma cambada de totós que acredita em tudo o que se diz e que engolimos todas as patranhas que nos querem impingir. Isso leva-nos a sermos desconfiados, o que também não ajuda muito, mas pelo menos pode minimizar o impacto final.

Este Verão tem sido demasiado penoso para os portugueses. Depois de se anunciar uma melhoria na economia, o que nos fazia sentir mais animados e ir para férias mais descansados porque afinal o governo tinha feito bem o seu trabalho, eis que vem a público que a dívida pública tinha aumentado substancialmente, ultrapassando todos os valores anteriores. Uma no cravo, outra na ferradura!

Chegada a época dos incêndios e pensando que os anos anteriores tinham dado lições de como combater o flagelo anual, eis que surge a desgraça de Pedrógão e Góis e faz sessenta e quatro vítimas, cujos culpados não se conhecem, além do próprio fogo assassino. Quando ninguém quer as culpas, tenta-se encontrar um bode expiatório, mas nem o tal bode parece querer aparecer. Azar dos Távoras! É fácil falar de prevenção. É bonito e fica bem dizer que as coisas vão finalmente mudar e que se vai alterar o sistema e gastar mais dinheiro na tal prevenção e envolver mais instituições neste combate desigual que todos os anos consome o que de mais rico temos. Mas para trás fica a terra queimada que sustentava famílias inteiras que agora se sentam nos escombros que as cinzas deixaram e nos bancos do desespero e do abandono. Queira Deus que daqui a um ano as pessoas que perderam as suas casas e a quem tanto foi prometido, não se encontrem ainda no meio da rua à espera do teto promissor.

Como uma desgraça não vem só, eis que surge o alarme de Tancos. Chego a questionar-me se tal acontecimento não terá sido forjado com o objetivo de desviar atenções, mas a verdade é que se fosse positivo o que aconteceu, eu talvez duvidasse das notícias que foram dadas, mas mais uma vez vemos a culpas a ser arrastada pelas ruas da amargura e continuar solteira mesmo em tempo dos santos casamenteiros.

O que aconteceu com o paiol de Tancos foi realizado por quem sabe e tem capacidade para o fazer. Pode-se por-se a hipótese que, se por acaso, a ronda militar apanhasse em flagrante o grupo assaltante, muito provavelmente seria neutralizada ou até eliminada. E porquê? É que as sentinelas nos nossos quartéis andam sem carregadores municiados nas armas e apenas dispõem de um outro, nas cartucheiras, com poucos cartuchos e lacrado. Em resumo: não podem defender as instalações que lhes são confiadas, mesmo que o queiram porque retirar o carregador vazio, deslacrar o que levam na cartucheira, colocá-lo na arma e disparar é uma impossibilidade, porque antes já foram desta para melhor.

Por outro lado, se uma sentinela, no exercício da sua missão, disparar a sua arma em defesa do pessoal, das instalações ou do material que lhe estão confiados, uma coisa é certa: está metido numa encrencada que pode resultar na sua prisão e pagar grossa indemnização a um ou mais assaltantes. Resumindo, o nosso exército está a trabalhar com enormes dificuldades e as culpas não podem ser assacadas aos militares, simples comandados das elites e do governo.

Este ataque, se é que ele aconteceu, só pode ter ocorrido através da porta d'armas, a entrada principal, e não através de um buraco na vedação, que foi, segundo consta, por lá que entrou e que depois saiu a viatura pesada de transporte. Quem estava a comandar o portão principal, ou era conivente com a conspiração, ou tinha sido autorizado por algum superior a deixar entrar e sair aquele camião concreto sem fazer perguntas, nem pedir papéis, e que depois nem vasculhou o conteúdo à saída. E na cerca da vedação ninguém falou de rasto de pneus, nem de que género de viatura entrou e saiu por lá. Isto parece um filme de desenhos animados.

Enfim. Tivesse sido um conjunto de responsáveis da Base a fazer uma “exportação” de material bélico a troco de muito dinheiro ou ser somente uma aldrabice para iludir ingénuos e tudo ser orquestrado para encobrir inventários mal feitos ou mesmo uma operação dos serviços secretos destinada a desestabilizar o jogo político e a criar medo e insegurança na opinião pública, o certo é que tudo o que aconteceu em Tancos dificilmente será investigado a fundo como quer Marcelo e nunca se chegará aos culpados verdadeiros.

Deste modo quase patético e inverosímil, Portugal vai continuar a ser simplesmente uma terra queimada onde a culpa arde lentamente ao sabor das vontades políticas.

Uma nota que representa … a vida

Que grande infelicidade constatar que certos professores e direcções de escolas secundárias permitam a certos alunos passar de ano tentando que por vezes as notas subam alguns pontos. Imaginem, fazer com que um aluno passe com 60%, enquanto na realidade só tinha obtido 58%? A fraude do século, muito longe à frente da dos paraísos fiscais ou da dos arranjos políticos. Por conseguinte, concentremos os nossos esforços neste problema endémico criando uma nova comissão de estudo honrada pelos professores mais experientes e sábios de cada escola.     

 

Srs. Professores, esqueçam as grandes expressões deslavadas “estamos a nivelar por baixo”, “ e a excelência?!”, claro que é importante, até porque com esses alunos é fácil trabalhar. Trata-se doutra realidade, vamos aos factos, sabem o que representam estes 2%? A vida.

A destes jovens adolescentes que, apesar das dificuldades maiores no plano da aprendizagem, perseveram bem ou mal, insistem para não desligar ou abandonar, com falta de apoios apropriados a todos os níveis. E nem todos os professores sabem do que falo. Uma vida que, sem o diploma de 12º ano, ficará condenada às maiores dificuldades; inexistência de possibilidade de emprego ou empregos muito precários e mal remunerados, uma estima de si próprio ou autoconfiança cada vez mais débil ligada ao profundo sentimento de não poder concretizar os seus mais pequenos sonhos, os da infância. Eis o que representam estes 2%, um diploma que possa, aqui ou lá longe, assegurar um certo patamar de decência na sociedade. 

 

Vamos ser justos e empáticos em relação a estes alunos que já sofrem bastante para além do mais lhes mostrarmos que continuamos insensíveis à sua situação. Esses jovens que obtêm 58% têm por vezes dificuldades diversas para não dizer problemas de aprendizagem, concentração etc. etc. que explicam o seu fraco rendimento. Em vez de os castigar em vez de os fazer reprovar por 2%, deveríamos valorizá-los e agradecer-lhes por ainda estar presentes, ligados aos estudos, habitados pela dor de aprender.

Sair da caverna é um exercício difícil, Srs. Professores! …

 

Conhecem muita gente que continua presa a uma tarefa dolorosa, e que continua mesmo assim a bater-se ano após ano? Felicitemo-los e paremos de adotar unicamente regras contabilísticas, frias e austeras.

 

Estes 2% devem ser abordados de forma quantitativa, e não qualitativa. Não cortemos as asas a estes jovens corajosos e perseverantes – não são todos sei! – com os nossos princípios racionais de adulto que incita unicamente à performance. Estes comités de pais da performance que se lamentam do Nível que “voa baixinho” e que já viram os filhos voar mas se esqueceram rapidamente de que também estes passaram por dificuldades e deixaram para sempre algumas penas na sua ascensão. Aqueles que inculcam aos seus filhos não a importância de ir além das suas forças, da entrega, do sacrifício, mas da importância de ultrapassar os outros seja qual for o método.

Animar as gentes com o “esfolador de beiços”

Ter, 18/07/2017 - 10:16


Olá familiazinha! Nesta última semana a temperatura subiu e não há novidades no que diz respeito ao líquido precioso vindo do céu. Por isso agora, nos escritórios da terra a maior preocupação é a rega, embora nalguns lugares a água já comece a escassear, como constatei na conversa com a tia Teresa, dos Alvaredos, do concelho de Vinhais que nos disse que as torneiras que existem na aldeia para a rega das hortas já estão fechadas por falta de água, mas nas habitações não falha. Claro que agora a agricultura está sedenta de água vinda do céu.