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Vendavais- Um soco no futebol

Acho eu que sempre o homem se relacionou mais com o ter do que com o ser. Erro tremendo. Ter muito e ter pouco, é sempre ter alguma coisa, mas isso não o qualifica como ser, principalmente se o querer ter é suportado pela inveja, pela ganância e pela opulência. Infelizmente, sempre foi isso que o homem procurou, ao longo dos tempos. O ter dá poder e pode sustentar o ser, seja de que forma for, se bem que isso seja o menos importante para quem se quer servir desse poder de forma aleatória e em proveito próprio. O que em tudo isto não parece soar nada é o facto desse poder se rodear de intenso fanatismo que obscurece a razão, vertente essencial que impede quem quer apenas ser. A comprovar isto estão os vários movimentos políticos e religiosos e até culturais que apenas querem mostrar o seu poder e não se importam com o que são. Em todo o mundo os exemplos são imensos e nada recomendáveis, desde os fanatismos religiosos aos separatistas passando pelos simples adeptos clubistas que, não tendo o poder dos outros, o querem mostrar através da agressividade, da irreverência, da irresponsabilidade e da estupidez. Simplesmente porque não são e querem ser e porque não podem e querem poder. A este respeito temos o exemplo do que tem surgido nos nossos campos de futebol e das situações que se têm verificado durante e depois dos jogos, por parte dos adeptos, dos árbitros e dos dirigentes. Em qualquer clube de qualquer divisão ou liga, tem acontecido manifestações que a nada levam e em nada alteram os resultados dos jogos, mas o clubismo natural, e o fanatismo exacerbado, nada recomendável, pensam que sim e não olham a meios para se fazerem sentir, amedrontando os árbitros e até os dirigentes federativos. Temos assistido, principalmente nos grandes clubes nacionais, a situações deste género que em nada favorecem este desporto e até o descredibilizam perante as associações estrangeiras. Na semana passada o caso mais ventilado e absurdo aconteceu com a agressão a um repórter da TVI no jogo entre o Moreirense e o Futebol Clube do Porto. O Porto empatou, mas não ficou contente com o resultado nem com a atuação do árbitro, segundo as informações posteriores. Tem o seu direito de reclamar e exigir a si mesmo mais e melhores prestações em campo para conseguir resultados mais positivos. O que não tem direito é a agredir um repórter de televisão que está a fazer o seu trabalho e que nada tem a ver com o resultado do jogo. Que culpa tem que o jogo tenha ficado empatado e que o resultado não agradasse ao Porto? E quem é esse senhor empresário que se dá o direito de vir “defender” com agressões, o “seu clube” como se fosse o dono de tudo, mesmo tendo ao seu lado o presidente Pinto da Costa? Este assistiu a tudo e depois disse nada ter visto. É cego? Ficou cego com o resultado ou com a indignação? Isto é inconcebível! Então o senhor Pinto da Costa não viu nada quando está a três metros da agressão e como quer que os árbitros vejam tudo quando estão a quinze ou vinte metros do que acontece em campo? Como é que ele diz que o árbitro não marcou três “penáltis claros”, que ele viu, e afinal não conseguiu ver a agressão que o seu amigo e correligionário fez ao repórter da TVI, mesmo ali ao seu lado? Pois é, a isto chama-se não clubismo, mas fanatismo clubístico. Também a atitude do treinador do Porto não foi a melhor ao agredir verbalmente a equipa de arbitragem, valendo- -lhe a expulsão, impedindo-o de orientar em campo a equipa até ao final da temporada. Isto é mau. Mau para o clube, mau para os jogadores, mau para a imagem que o Porto quer fazer passar e muito mau para o treinador. Mas todos sabem disso. Então por que razão agem com este fervor fanático, ultrapassando todas as barreiras do bom senso e da razoabilidade? Acabado o jogo, o resultado está definido e não há nada a fazer para alterar isso. As agressões posteriores só agravam a situação do clube e dos dirigentes e treinador. O caso do Porto é o mais recente, mas outros tem havido e que são noticiados por razões idênticas no que respeita ao clubismo, mas não a agressões aos trabalhadores que, fazendo o seu trabalho, nada têm a ver com os resultados dos jogos. É simplesmente inadmissível. Claro que me refiro a qualquer clube nacional. Todos têm culpas no cartório. Lembram-se o que aconteceu na Academia do Sporting. Claro. O fanatismo clubístico e qualquer outro, devia ser banido da mente humana, impedindo-a de agir desconformemente a uma realidade que todos querem que decorra para bem e divertimento de todos. É para isso que serve o desporto. A continuar assim, perde o desporto, perdem os jogadores e dirigentes e perdem os adeptos, principalmente aqueles que, embora vivendo as emoções naturais de um clubismo saudável e natural, esperam bons jogos de futebol. Estas agressões são autênticos socos no futebol e nos adeptos. Dispensamos o fanatismo, seja ele qual for. A luta é em campo e tem de ser lícita.

Cantigas do Maio

Há pouco tempo recebi a má notícia da morte do meu amigo João Barros, Madeira, natural e médico em Loulé, companheiro e membro da Tuna coimbrã ao lado de Zeca Afonso, o qual me ajudou a purgar o tempo da guerra colonial, dedicado amigo na bancada parlamentar do PRD, extinto devido ao grande e voraz apetite pelo poder revelado pelas vacas sagradas do eanismo, cruelmente exterminado dada a arguta vigilância do Dr. Mário Soares. O João cantava fados e baladas, contava os andares de andarilho do Zeca do traz um amigo também, tendo-me sido precioso conselheiro quando coordenava os trabalhos (depois alterados) do projecto Centro de Interpretação das Canções de Protesto em Grândola. O Maio de 68 encheu-nos de esperança, em Julho chegava à floresta virgem do Mayombe, o João já tenente médico aterrou meses depois, não tardou muito a cantar rugidos de protestos dos opositores do Botas de Santa Comba, naquele emaranhado de árvores, arbustos, de trepadeiras, cobras venenosas, elefantes, gorilas e multidões de mosquitos sedentos de sangue, o algarvio «baladeiro» constituiu-se numa enorme mais-valia para o Batalhão, a nível técnico sanitário porque estava sempre disponível a amparar e curar as populações nativas (fez o parto de uma mãe e uma filha ao mesmo tempo), no campo de «concentração» militar para lá dos benefícios e angústias de todos quantos ousavam murmurar dúvidas acerca da justeza da guerra colonial, deixando o exercício da caça ao preguiçoso pedante e reaccionário tenente capelão Diamantino. Não por acaso a rádio Angola Combatente apelidava-nos de As pombas da paz do Dinge. O professor Marcelo (Caetano) ao tempo ainda constituía uma esperança de democratização do regime, apesar das recomendações e receios dos anti-salazaristas, imperava o nacional-cançonetismo, além de Zeca ressaltava Adriano Correia de Oliveira, o Partido Comunista era a única oposição organizada (em Bragança pura e simplesmente era inane), a Igreja progressista agitava as águas para mágoa do alto clero, no sector estudantil, um aluno de Direito natural de Vinhais trazia de Coimbra panfletos, no distrito de Bragança os assinantes onde jornal República e da revista Seara Nova suscitavam notas pacóvias dos bufos da Legião e cartas anónimas de miseráveis seres humanos. Poucos assumiam a condição de adversários do Estado Novo, o regente agrícola Vicente, os advogados Salazar de Mirandela e Garcia de Miranda do Douro, o revilharista Alferes Fernandes, o farmacêutico Acácio Mariano, o comerciante Miranda Braga, o incomparável humorista Verbo, Cipriano Augusto Lopes, o dono da Casa do Povo, Sr. Arina, o patrão de si mesmo José Réis fechava o cortejo dos democratas. Imperava o aviso jesuíta: prudente como uma serpente. Estamos a comemorar o 46º aniversário do 25 de Abril, para lá das espúrias vanidades, para lá das distorções sofridas ao torto e ao direito consubstanciado no programa, importa levantarmos a voz e o pendão da revolta contra todas as iniquidades, tentativas de castração das liberdades, da imposição do pensamento único pensadas ao longo dos quarenta e seis anos. Felizmente votadas ao desprezo. O Zeca Afonso não sendo um modelo de compreensão do antagonista é um ícone da Revolução abrilista, o seu correligionário Padre Alípio Freitas, nascido em Moimenta, Vinhais, que participou na luta armada no Nordeste Brasileiro afirmava ser o autor de Venham mais cinco o único cantor de intervenção português de gabarito internacional. E, era!

Bragança : A Nação Judaica em Movimento - 4 Fernando da Fonseca Chaves, homem de negócios, natural de Bragança

Corria o ano de 1707. Em Lisboa, em casa de Manuel da Costa Miranda, um boticário de Bragança que ascendera a contratador, juntaram-se 11 homens da “nação de Bragança” envolvendo-se em cerimónias e práticas de judaísmo, que o declarante não especificou. Mas vejamos em concreto a denúncia feita por António da Costa Chacla, um dos participantes na reunião: - Haverá 4 anos, em Lisboa, ao Lagar do Sebo, em casa de Manuel da Costa Miranda, contratador, boticário, solteiro, com ele e com João da Costa Vila Real, contratador, casado, e com dois filhos deste, chamados José da Costa e João da Costa, irmãos, contratadores, e com Fernando da Fonseca Chaves, casado com Micaela da Silva e com Félix Leandro Pereira, corretor, solteiro e com António Sá Carrança, tecelão de sedas, casado e com João Lopes, sem ofício, casado e com Luís Henriques, tecelão de sedas, casado, e com Belchior Mendes Fernandes, tecelão de sedas, casado, todos de Bragança exceto João Lopes que é de Chacim… Esta seria uma simples e normal ocorrência, que poderia repetir-se em outras moradias de Lisboa, com outros judaizantes brigantinas. E poderia repetir-se em Faro ou Torres Vedras, Porto ou Beja, Setúbal ou outras mais localidades de Norte a sul de Portugal, e também em muitas localidades estrangeiras que, por toda a parte, se dispersava então a “nação de Bragança”, acossada pelo santo ofício. Aquele parece ser um encontro de poderosos homens de negócios e endinheirados fabricantes de sedas. Mas poderia ser um encontro de ourives ou letrados, que a ascensão social era objetivo sempre perseguido e a “nação de Bragança” é verdadeiramente exemplar a este respeito. Voltemos atrás, à casa de Costa Miranda, no Lagar do Sebo, ao convívio daqueles 11 brigantinos que, obviamente, todos eles foram estagiar nas celas da inquisição. Tentaremos seguir o percurso de cada um daqueles fabricantes de sedas e homens de negócio nascidos em Bragança na segunda metade do século XVII, mas por agora trataremos do caso singular de Fernando Fonseca Chaves. Em textos anteriores apresentamos já os seus ascendentes, paternos e maternos e alguns tios e primos. Faltará dizer que ele nasceu em Bragança pelo ano de 1667, sendo filho de Jacinto Ferreira e Isabel da Fonseca, fabricantes de sedas, como uma grande parte da gente da nação de Bragança à época. Se bem que no ano anterior o seu pai se fosse apresentar a Coimbra confessando culpas de judaísmo e não obstante as 4 dezenas de “judeus” de Bragança que foram sentenciados naquele tribunal em 1670, podemos dizer que Fernando cresceu num ambiente de relativa acalmia, no que respeita a perseguição inquisitorial naquela cidade. O choque terá surgido quando completou 18 anos de idade e vários judaizantes brigantinos, entre eles o seu pai, foram chamados a Coimbra e saíram sambenitados no auto de 4 de Fevereiro de 1685, com dois condenados à morte: Francisco Nunes, Raba e Isabel de Faro, mulher de seu tio Manuel Santiago Pimentel, conforme vimos em texto anterior. Adensava-se de novo o ambiente religioso em Bragança, com as nuvens do medo a encher as ruas e as casas, pois a inquisição amedrontava especialmente aqueles que, na terminologia inquisitorial, tinham sangue judeu. E o medo semeava em muitos espíritos da gente da nação projetos de fuga para outras terras de Portugal e países estrangeiros. Não conseguimos precisar a data em que Fonseca Chaves decidiu abandonar a terra, mas terá sido ao findar do século de 600, depois de casar e tendo já dois filhos, o mais velho nascido em 1697. Aliás, durante alguns anos, ele mantinha uma casa em Bragança e outra em Lisboa, conforme consta das suas confissões. E, morando em Lisboa, continuou a ter interesses em Trás- -os-Montes, como haveremos de ver quando tratarmos do inventário de seus bens. Por agora, fiquemos em Bragança para conhecer uma irmã de Fernando, chamada Catarina Pimentel, casada com António Mendes, ourives da prata, que em Novembro de 1716 foi preso pela inquisição de Coimbra e antes dele, em Março do mesmo ano, foram levados para o mesmo tribunal o seu filho Gaspar de Faro e a sua filha Maria Mendes Pimentel. Uma outra filha, Mariana Pimentel, que então contava 20 anos e se fora para Lisboa, logo que soube da prisão dos irmãos, foi também apresentar-se ao santo ofício. Fernando Fonseca tinha também uma meia-irmã, nascida fora do casamento, 22 anos mais nova que ele, filha de seu pai e de uma cristã-velha chamada Maria Sanches. Dava pelo nome de Catarina Ferreira e também ela abandonou Bragança e se foi morar em Lisboa, certamente em casa do irmão que administrava os 200 mil réis que o pai lhe deixara de herança. O nosso contratador era casado com Micaela de Morais, de uma família de grandes contratadores, a família Silva (Polindro), da qual falaremos em próximos textos. Por agora diga-se que, quando o prenderam, Fernando trazia consigo uns papéis que lhe foram tomados. Trata-se de um memorando, em forma de requerimento aos inquisidores, em seu nome, no de sua mulher e filhos, queixando-se de seu cunhado Duarte da Silva, que era falto de juízo e que lhe roubara de casa umas peças de prata e umas fazendas, e, possivelmente, se quisera vingar dele inventando-lhe culpas de judaísmo. Efetivamente, uma das testemunhas de acusação foi Duarte da Silva que, estando preso em Évora, em 1710, confessou que fora doutrinado na lei de Moisés por seu cunhado Fernando Fonseca Chaves, morador em Lisboa, junto ao Paço do Bem Formoso. Curioso: os inquisidores que valorizaram esta denúncia foram os mesmos que, ao despacharem o seu processo, escreveram: - Pelas respostas disparatadas que tem dado na Mesa, em que deu mostras de não estar em seu juízo perfeito, mas antes ter alguma lesão nele (…) pareceu a todos os votos que o réu não tinha razão alguma no entendimento, mas sonoroso, como perplexo nas falas e respostas que deu nas matérias em que se lhe toca. Uma terceira acusação foi enviada de Coimbra, tirada do processo de Salvador Pimentel dizendo que, 8 anos atrás, em certa ocasião, estando o seu parente Fernando Fonseca doente, o foi visitar e o encontrou “molestado na cama, lendo um livro” que continha orações judaicas e lhe leu algumas “e se ofereceu para lhe ensinar todas as vezes que quisesse fosse a sua casa”. Terminou a confissão recitando a seguinte oração que Fernando lhe ensinara e deviam rezar no Kipur: Do nascente ao poente Bendito e louvado seja Deus para sempre. Do poente ao nascente Louvado seja Deus para sempre. Senhor, que o sol detivestes Cinco horas naquela serra Quando Josué venceu Aquela temerosa guerra, Vós sois o Senhor dos senhores A quem se dão louvores. Ofereço-Vos, Senhor, Esta minha alma, pois sois Deus, minha alegria. E depois, a terminar o jejum do Kipur, olhando ao para o céu, deviam rezar: Aqui venho Senhor Diante de Ti oferecer Este meu jejum que hoje fiz Em santo louvor teu Para que Tu, Senhor, Te lembres de mim E dos maus apertos me livres E me favoreças, Senhor, com teus bens, Como favoreces os escolhidos. Bendito e louvado seja O Teu santíssimo nome De hoje para todo o sempre. Ámen. Sobre o processo de Fernando Chaves, queremos realçar a importância do inventário de seus bens, o que trataremos no próximo texto. Agora adiantamos que os mesmos lhe foram confiscados pela sentença lida no auto da fé de 7.7.1713 que o condenou ainda em cárcere e hábito penitencial perpétuo, penitências espirituais e 50 mil reis para alimentos. Resta dizer que Fernando e Micaela tiveram dois filhos. Um deles, Alexandre da Fonseca Morais, seguiu o caminho do pai, tornando-se contratador. O outro, José da Fonseca Morais, estudou para advogado na universidade de Coimbra e morava em Lisboa, a S. Jorge, em 1728, quando decidiu apresentar-se no tribunal da inquisição a confessar culpas de judaísmo. Veja-se a forma como iniciou a sua confissão. Trata-se de um exemplo concreto e flagrante do que afirmámos ao início, sobre o convívio entre os membros da dispersa “nação” de Bragança: - Disse que haverá 9 anos, em Lisboa, em casa de seu primo-segundo por via paterna, José Rodrigues Pimentel, ourives do ouro, casado com Isabel Pereira, natural de Beja e morador em Lisboa, donde se ausentou, não sabe para onde, se achou com ele e com dois primos inteiros dele confitente, chamados Gaspar de Faro, solteiro, ourives da prata, natural de Bragança e morador em Faro, filho de António Mendes, ourives da prata e Catarina Pimentel e com Manuel de Santiago, ourives da prata, solteiro, reconciliado, filho de Brites da Costa e não sabe o nome do pai, natural de Bragança e morador em Lisboa, donde se ausentou, não sabe para que parte, e estando todos quatro lhe disseram que ele confitente andava errado na lei de Cristo e para se salvar devia seguir a lei de Moisés…

Vale Madeiro e GD Torre Dona Chama vão disputar o acesso à 3ª Divisão de futsal

Seg, 03/05/2021 - 00:06


Depois de ter ficado definido em reunião da A.F. Bragança, realizada no passado dia 10 de Abril, que o campeonato distrital de futsal não iria começar esta temporada, a solução para encontrar o campeão foi a realização de jogos concentrados com as equipas com objectivo de subida.