Carção inicia pré-época a 3 de Agosto
Ter, 25/06/2019 - 16:19
O Carção regressa ao trabalho no dia 3 de Agosto, mais cedo do que o habitual, tendo em vista a participação na primeira eliminatória da Taça de Portugal.
Ter, 25/06/2019 - 16:19
O Carção regressa ao trabalho no dia 3 de Agosto, mais cedo do que o habitual, tendo em vista a participação na primeira eliminatória da Taça de Portugal.
Ter, 25/06/2019 - 16:17
Dados que mostram o número reduzido de atletas nas disciplinas técnicas do atletismo e que preocupam o presidente da Associação de Atletismo de Bragança.
Ter, 25/06/2019 - 16:12
Foi irrepreensível a prestação dos seis jovens atletas do Ginásio Budo Gym de Bragança, no passado fim-de-semana, na Taça de Portugal de Sport Kempo.
De Castelo Branco os brigantinos trouxeram um total de 20 medalhas, oito de ouro, seis de prata e outras tantas de bronze.
Ter, 25/06/2019 - 16:04
Num traçado de 9 km com um acumulado de mais de 400 metros, David Mayo Vivas impôs-se à concorrência e terminou a Crono-escalada em 19m21s, ficando a 01m23s do segundo classificado, Manuel Fernandes da UDAR Quinchães.
Ter, 25/06/2019 - 16:00
O piloto Flávio Gomes e o navegador Pedro Nascimento (Tábô Pacar Team) terminaram a prova no segundo lugar na classe de Super Proto.
O brigantino ainda teve alguns contratempos, nomeadamente uma avaria no guincho e na embraiagem do NPCRW Crawler.
Ter, 25/06/2019 - 15:31
A atleta do Ginásio Clube de Bragança ocupa o segundo lugar na classificação geral da prova e em boa posição para vencer a taça, apesar de estar a nove pontos de Luísa Soares, primeira classificada.
Fazer alguma atividade física é muito melhor do que não fazer nenhuma. Há dezenas de opções ao seu dispor para ser ativo/a.
Inicie com pequenos volumes/intensidades e vá aumentando gradualmente. Sabia que apenas 10 minutos diários de atividade física moderada já confere benefícios para a saúde?
Nunca é tarde para começar! Qual é a sua atividade física ou desporto favorito? Que atividade física pode fazer hoje?
Salvo indicação médica. Se sentir algum desconforto, consulte o seu médico.
Ter, 25/06/2019 - 12:03
A festa da “maior família radiofónica do mundo” está marcada para o Santuário da Nossa Senhora do Aviso, na aldeia de Serapicos, em Bragança, e decorre a par do XVI Encontro de Gerações, promovido pela Câmara Municipal.
Caros amigos, como tendes passado? Espero que esteja tudo bem convosco. Não sei como anda tudo por aí, mas há uma coisa que nunca perde actualidade, o futebol. No outro dia estava a ver uma equipa acabada de descer de divisão cujos dirigentes protestavam daquela forma caninamente raivosa tão característica em frente da cara impassiva do senhor árbitro. Nesse momento compreendi que as pessoas do futebol tem uma invejável vantagem em relação aos demais sectores da sociedade portuguesa. Um árbitro. Aquele senhor que anda ali no meio do campo a decidir coisas que acontecem por entre correrias de dezenas de pernas, enquanto, em simultâneo, uns amigos gozões a ver o futebol no café lhe vão dizendo coisas ao ouvido, ora para ajudar, ora para atrapalhar. O meio do futebol tem a sorte de ter um senhor árbitro, melhor, um trio de arbitragem. É um privilégio que convém muito ao português, ter um caixote para onde berrar culpas e cuspir impropérios enquanto assobia para o lado e leva a vida da forma mais desenrascada possível. Deveria haver um árbitro dentro de cada casa portuguesa. O marido é um mandrião, a mulher só sabe ralhar e os filhos acumulam gadgets e negativas: Palhaço! Sim, tu que estás aí sentadinho, ó cegueta, a culpa disto não andar para a frente é sempre tua. Agora sai do sofá que eu quero ver a bola, energúmeno! E pronto, estaria sempre tudo impecavelmente bem se houvesse sempre um árbitro disponível para descarregar a responsabilização. No trabalho, o empregado não faz nenhum, o ordenado não sobe, o chefe aperta cada vez mais. O que fazer? Um árbitro em cada posto de trabalho: És um urso! Sempre a mesma m…, estás comprado, não fazes nenhum, é só cafezinhos e empurrar com a barriga e quem se lixa sou eu! Vai mas é enrolar-te com o chefe, seu larilas, que é que o que tu sabes fazer! Em repartições também daria bastante jeito. Por exemplo, na segurança social. É que mandar vir com a pobre coitada que está do outro lado do computador por vezes custa um bocado. Dá um certo constrangimento porque afinal a culpa não é exactamente daquela pessoa, ainda que haja algumas que se prestam particularmente bem a esse papel. A solução? Um árbitro, claro está: Ó estúpido! Sempre a decidir para o mesmo lado. Eu aqui f… duma perna, de baixa em casa há mês e meio e já é a terceira vez que tenho de cá vir por causa da porcaria do papel, ó monte de esterco. E tu nunca resolves nada! Mesmo no supermercado a presença de um árbitro não seria de enjeitar: Ó boi, sim tu aí, anda cá. Então eu estou aqui há meia hora com a senha do fiambre e chega-me esta gaja não sei de onde e diz que tem uma senha antes da minha. Mas tu andas a comer iogurtes gregos com a testa ó quê? Isso é que é ganhar dinheiro fácil, ó cabeça de porco. Ou ainda: Então aqui nesta caixa está uma fila do c… e as outras caixas estão todas fechadas? Mas andas a brincar com isto ou quê? Queres que eu passe aqui o fim de semana todo a olhar p’rá tua fronha? Estás à espera de quê para mandar abrir as caixas do lado, seu borrego? Inclusive junto às caixas multibanco: ó unha rachada, então andas-me a gastar o dinheiro todo em tabaco e raspadinhas e agora eu como o quê até ao final do mês? Seria muito melhor do que salas de stress para partir a loiça toda ou do que o submundo encantado das caixas de comentários da internet. Teria a incomparável vantagem de ser alguém em carne e osso, um ser humano, disposto a fazer a sua melhor cara de urso e assumir-se omni-responsável por tudo o que deu e dá para o torto. O rosto da culpa, o corpo da incompetência, o saco (de escroto) de todas as falhas resultantes, na grande maioria, do demérito próprio. O português não precisaria de mudar um milímetro na sua vida se em qualquer esquina houvesse um árbitro sempre presente e disposto a ser veementemente mandado para as urtigas enquanto se manteria naquela posição direita e amovível de fim de jogo, fitando impávido os indivíduos nos olhos para que o nível dos impropérios fosse subindo sempre de tom e o cidadão português pudesse descarregar as suas frustrações até ao último perdigoto de saliva. O português andaria muito mais feliz. Porque para o português é sempre o outro, foi sempre o outro. Reparem que, tal como neste texto, os portugueses nunca somos nós. O português é. Isto e aquilo. Já eu não. Aliás, quando falamos há os portugueses e há o eu, que não são farinha do mesmo saco. O eu que fala não só tem pouco ou nada a ver com os outros como é alguém que roça quase sempre a perfeição. Bem vistas as coisas, nem sequer há portugueses, só há eus. Só não há é árbitros por todo o lado porque o português não sabe ter ideias de jeito. E quando tem alguma não dá para se fazer nada por causa… de labregos como este que está aqui ao meu lado vestido de preto!
Um abraço e bom Verão para todos!
Tomé Lopes era um cristão-novo de Vinhais, tratante de profissão. Foi casar a Rebordelo, com Ângela Cardoso, também ela nascida em Vinhais. Em Rebordelo estabeleceram morada e ali, pelo ano de 1652, nasceu uma filha que batizaram com o nome de Guiomar Lopes. Poucos anos depois, a família rumou a Castela.
Ficando viúvo, Tomé Lopes, casou segunda vez, com Filipa Rodrigues e deste casamento nasceu Diogo Lopes Marques, pelo ano de 1665, na povoação de Méndez, termo de Oviedo, região das Astúrias.
Cedo ficaria órfão, dizendo ele mesmo que nunca “alcançou (conheceu) o pai”, criando-se Diogo com os tios maternos, Manuel e José Rodrigues. Este último, sapateiro, casado com Maria de Melha, morador no lugar de Santibañes de Vidriales, bispado de Astorga o terá iniciado na lei de Moisés, explicando-lhe as cerimónias que devia fazer, jejuns, etc. e ensinando-lhe várias orações, como esta que devia rezar de manhã:
Bendita la lux del dia
E el Senhor que nos la imbia
Para nos dar pax e alegria
E saber e entender
Para depues de morirmos
Bolbermos a aparecer
Neste mundo de claridade.(1)
De acordo com o seu testemunho, este ensino aconteceria por 1682, quando ele contava uns 20 anos e trabalharia com os tios, em Astorga. Quatro anos depois, foi a Benavente visitar sua irmã Guiomar Lopes e seu cunhado João Dias Pereira que ali moravam. Com eles, além dos filhos, vivia também um sobrinho de João Dias Pereira, chamado Luís Lopes Penha, que então contava uns 14 anos. Vejam como, anos mais tarde, em 1702, ele descreveu a visita de Diogo:
— Depois de estar um mês em Benavente, veio a casa do dito seu tio Diogo Lopes Marques, hoje de 37 anos, então solteiro e residente em Astorga, estanqueiro do tabaco, meio irmão de Guiomar Lopes, que veio a ver sua irmã, que não via há muitos anos. E na tarde do dia seguinte que chegou à dita casa o dito Diogo Lopes, estando detrás da tenda dela, ele declarante e Guiomar Lopes, os três sós, a dita Guiomar Lopes perguntou se ele Diogo Lopes Marques era cego, ou estava cego. A isto respondeu que não estava cego, porque seu tio Manuel Rodrigues, de Astorga, mercador, e sua mulher Josefa Ramires o haviam ensinado nas coisas da lei de Moisés.(2)
Demorou-se na visita à irmã pouco mais de uma semana, posto o que regressou a Astorga. Algum tempo depois, dirigiu-se a Trás-os-Montes, a Lebução, para casar com Clara Nunes, filha de Álvaro Mendes, mercador e neta do Dr. Manuel Mendes, importante médico natural de Lebução, residente em Chaves.(3)
Em simultâneo, ajustou-se o casamento de Manuel Dias da Mesquita, irmão de Clara, com Isabel Dias Pereira, filha de Guiomar Lopes e João Dias Pereira. Seria pelo ano de 1688.
Regressaram a Espanha os dois casais, indo ter a Benavente a casa de Guiomar e João. A filha e o genro ficaram morando em sua casa e para Diogo e Clara tinham reservado uma casa à parte.
Por essa altura marcava o calendário o dia do Kipur, que foi celebrado em casa de Diogo e Clara, “por ser uma casa sem negócio” enquanto na casa do cunhado havia “muitos criados, que pelo dito tempo tinha”. A celebração incluiu dois dias de jejum à maneira judaica, estando todo o dia sem comer e ceando coisas de “viernes”, lavando as mãos antes de comer e enxaguando a boca com água no fim. Participaram nas celebrações os 9 membros da alargada família. Luís Lopes Penha, sobrinho de João Dias e que fazia parte da família ficou durante o dia a tomar conta do “Peso” do tabaco, que o tio trazia arrendada, indo a casa de Diogo apenas à hora de cear. Os outros passaram ali o dia em rezas e cerimónias judaicas.
Os jovens casais detiveram-se em Benavente por meio ano, regressando a Lebução, certamente com planos combinados em rede familiar de negócios, que giravam sobretudo em volta do tabaco e da seda, num constante intercâmbio transfronteiriço. Em Lebução viveram alguns anos, regressando a Benavente.
Por volta de 1698 Diogo Lopes empreendeu uma viagem de maior delicadeza a Placência, em apoio a seus cunhados António Correia e Pedro Álvares a quem o corregedor terá feito um “descaminho” de quantidade de prata. Por essa altura, Clara Nunes adoeceu e pouco depois faleceu. No dia seguinte, Diogo e Pedro a enterraram na igreja de S. Nicolas em Benavente.
Passados 7 dias, Diogo Lopes, Manuel Dias, Pedro Álvares e Luís Lopes, estando sós na dita casa, fizeram um jejum por alma da defunta, estando sem comer nem beber durante 24 horas ceando “viernes” e rezando a oração da “Folganza compuesta…”
Toda a família se empregava na venda de tabaco, arrendando estancos pela região de Salamanca e Zamora. A concorrência era forte e, por 1700, depois de lhe terem “tirado e pujado” o estanco de Benavente, Diogo Lopes regressou a Portugal.
Aliás, o mesmo aconteceu com seu cunhado João Dias Pereira que o precedeu no regresso, indo fixar-se em Torres Novas, onde conseguiu arrendar o estanco do tabaco. E também aos outros membros do clã, nomeadamente a Manuel Dias de Mesquita que regressou acompanhado de sua mulher Isabel Dias, com Diogo Marques, passando por Rebordelo, antes de se dirigirem a Lisboa. Com eles, viria ainda Leonor Henriques, irmã de Manuel, também cunhada de Diogo, solteira, de 30 anos.
Ali, Diogo Lopes estabeleceu morada na Rua das Arcas e com ele ficariam morando a dita Leonor Henriques, sua cunhada, com a qual casaria em segundas núpcias e “um sobrinho do mesmo chamado Manuel que Diogo Lopes tinha em sua casa, para lhe vender pelas ruas”.
Em Castela ficou Luís Lopes Penha, que foi preso pela inquisição de Valhadolid ao início do mês de fevereiro de 1702. Obviamente que Diogo Marques e os mais que com Luís se tinham declarado ficaram apreensivos, pois a inquisição espanhola depressa mandaria para a de Portugal cópia das confissões de Luís, o que efetivamente aconteceu.
Antecipando-se à prisão que pensaria certa, Diogo Lopes Marques procurou fugir para Inglaterra, embarcando-se em uma nau daquele país. Veja-se como Graça Henriques, moça de seus 12 anos, que também pretendia fugir, se referiu ao caso, perante os inquisidores:
— Depois de estarem embarcados na dita nau, passados 20 ou 22 dias, foram para a mesma nau, mas para outro camarote, um Diogo Lopes, duas mulheres que não sabe o nome, uma rapariga e uma criança de que não sabe o nome, que seria de 1 ano e meio, se acomodava em outro camarote, em outro sobrado debaixo da mesma nau, as quais não conhecia mas eram portuguesas, e estavam embarcadas na mesma nau, para irem para os portos de Inglaterra, e desembarcaram na praia do Cais do Tabaco dia de Natal que foi o dia em que os ingleses os trouxeram à dita praia vindo todos embarcados na lancha dos mesmos ingleses.(4)
Graça e os parentes foram presos naquele mesmo dia de natal e logo denunciaram também Diogo Lopes Marques que foi preso em 3 de janeiro seguinte. Veja-se a denúncia feita por Diogo Rodrigues Dias, do Sabugal, “tutor” da Graça:
— Disse que se achou no mesmo navio com Diogo Lopes Marques, castelhano, (…) e a mulher do mesmo, que lhe parece se chama Leonor, e com uma irmã desta e cunhada do dito Diogo Lopes, e estando todos os quatro no mesmo navio, por ocasião de os mesmos não quererem comer uma galinha assada com manteiga, sem dizer a razão, porém ele confitente ficou entendendo que os mesmos a não queriam comer por serem observantes da lei de Moisés, por ele ter ouvido em outras ocasiões, que era proibido na mesma lei comer lacticínios com carne, de cuja prática ele confitente se aproveitou, não mandando, dali em diante, assar carne com manteiga.(5)
Outros passageiros embarcados, em fuga para Inglaterra eram da família dos Medina, nomeadamente Manuel Lopes Pinheiro e Leonor Henriques, sua sobrinha, filha de Isabel Henriques Laguna e Simão Rodrigues Nunes.(6)
Resta dizer que Diogo Lopes Marques saiu condenado em cárcere e hábito no auto-da-fé de 9.9.1703, a que assistiu D. Catarina, que foi rainha de Inglaterra. E depois de penitenciado, acabou mesmo por fugir para Inglaterra, onde aderiu abertamente ao judaísmo.
Notas:
1 - ANTT, inq. Lisboa, pº 4551, tif 96.
2 - Idem, tif 45.
3 - Inq. Coimbra, pº 6018, de Violante Nunes.
4 - Inq. Lisboa, pº 532. Graça era filha de Domingos Lopes Ferreira, contratador, e Francisca Lopes, ausentes já em Inglaterra.
5 - Idem, pº 4551, tif 21.
6 - ANDRADE, António Júlio; GUIMARÃES, Maria Fernanda, Judeus em Trás-os-
-Montes A Rua da Costanilha, p. 191, Âncora Editora, 2015. VIEIRA, Carla, Nation Between Empires.