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CAB conquista segundo lugar em Espanha

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Ter, 05/12/2017 - 14:29


Terminou em grande a participação dos sub-17 do CAB no Torneio Eixo Atlântico em representação do município de Bragança. Os brigantinos conseguiram um excelente segundo lugar, naquela que foi a estreia da cidade na modalidade de hóquei patins nas provas da Associação do Eixo Atlântico. 

Memória coletiva em A Magia das Máscaras Portuguesas, de António Tiza

Um pecado ritual interrompeu a comunicação entre o céu e a terra,
e os deuses retiraram-se para céus mais elevados. Desde então,
os homens têm de trabalhar para comer e já não são imortais.

(Mircea Eliade, 2000: 106)

 

1. Enquadramento teórico-temático

Segundo Victor Jabouille, na introdução ao Dicionário de Mitologia Grega e Romana, é possível agrupar em três grandes tipos as teorias interpretativas dos mitos/ritos, a saber: funcionalistas, simbolistas e estruturalistas.
Para os funcionalistas, o mito fundamenta os usos e as normas primárias do convívio entre os elementos de uma comunidade. Assim sendo, os ritos cumprem funções essenciais, tais como: expressar e acentuar a crença, proteger e reforçar a moral e a ética, assumindo-se, desta forma, como um ingrediente vital da civilização humana.
O mito, na perspetiva simbolista, é encarado como uma forma diferente de expressar o pensamento, a cultura e a maneira de observar o mundo de uma determinada comunidade. Deste modo, o mito dirige-se não apenas para a intelecto, mas, sobretudo, para a fantasia e a realidade. Por isso, se institui na energia positiva da representação e da imaginação, criando significado. Neste sentido, o mito é o resultado da aprendizagem que o homem faz da divindade, e o culto mais não é do que a adaptação à diferença entre o humano e o divino. Se em termos psicanalíticos o sonho se explica pela libido pessoal, o mito/rito - sonho de um povo – explica-se pela libido coletiva. Isto leva-nos aos arquétipos de Jung, desenvolvidos por Freud para a noção de inconsciente coletivo. O mito é, pois, a projeção desse inconsciente coletivo transformado numa força - geradora de comportamentos - que irrompe de um desígnio real, concretizando-se na representação. Para Mircea Eliade, citado abundantemente pelo autor, o herói repete um gesto arquétipo que o homem, ao longo dos séculos, integrado na sociedade suportou sem cair no desespero ou na esterilidade espiritual.
Na sémita da Escola de Praga, Claude Lévi-Strauss, o grande investigador do estruturalismo, declara que se podem distinguir dois sentidos no mito, aquele que é percetível a partir da narração/representação do mito/rito; e outro latente que não é consciente. Partindo do princípio de que os ritos são um conjunto ordenado e sincrónico, constituindo um espaço semântico, a partir do qual se produz uma narrativa, é, sem dúvida, este o sentido que o etnólogo pretende em última análise decifrar. 
Sintetizando, o que são, afinal, estes mitos/ritos, que ao longo dos séculos se eternizaram no Nordeste Transmontano e nas outras localidades mencionadas nesta obra? Serão a forma de o homem, na esteira de Sócrates, se conhecer a si mesmo ou, no encalço de Pessoa, apenas “o nada que é tudo”.

2. Conteúdo da obra
Esta obra, circunscrita em termos geográficos ao Norte e ao Centro de Portugal, está estruturada em sete capítulo, organizados de forma diacrónica. O livro escora-se na seguinte metodologia: em primeiro lugar, apresenta-se uma sucinta informação histórico-geográfica da localidade; segue-se a descrição da celebração, no geral, e de alguns ritos, em particular; por último, explana-se a simbologia dos ritos. Este esquema, com algumas nuances, é, em nosso juízo, uma mais-valia para o leitor que dispõe de uma sinopse bastante concreta sobre a localidade e o ritual, sendo estimulado a prosseguir e a aprofundar o seu conhecimento.  

O itinerário da Magia das Máscaras Portuguesas começa com os ritos do Ano Novo Celta, festejados em Cidões, Vinhais, durante a festa da Cabra e do Canhoto, comemorada no dia 31 de outubro. Esta celebração milenar foi cristianizada na Idade Média, com a instituição da festa de Todos os Santos, continuando, todavia, a manter o cunho da Shamhaine celta, ou seja, a comunicação entre os vivos e os mortos. Infelizmente, esta tradição autóctone tende a ser suplantada pelo Halloween, o que configura uma importação acrítica e um desrespeito pela cultura e valores seculares, pois substituímos o culto e a veneração dos entes queridos, pelas nocivas, em termos culturais, travessuras das bruxas. 

Escoltando o carro de Apolo, encontramos o rito do Velho e a Galdrapa, celebrado a 13 de dezembro, na aldeia de Silva (Miranda do Douro) no limiar do advento do solstício de inverno. Em termos alegóricos, o “casal” constituído pela Galdrapa e pelo Velho encerra a essência da fertilidade da espécie humana e, por extensão, da natureza.

Seguem-se, no terceiro capítulo, as várias festividades realizadas durante o ciclo dos doze dias, que começava a 17 de dezembro com as Saturnais em honra de Saturno deus da agricultura. No dia 24 de dezembro tinha lugar a Juvenalia, isto é, a festa dos jovens, sobre a qual a Igreja estabeleceu a festa de Santo Estêvão, primeiro mártir, comemorada no dia 26 de dezembro no ocidente e 27 no oriente (ortodoxos). No dia 25 celebrava-se a grande festa do sol (Natalis Solis Invicti) ao qual, mais tarde, a Igreja associou o nascimento de Cristo, o novo sol. Convém, no entanto, referir que estas comemorações/tradições já veem do tempo em que os povos Celtas habitaram esta região, séculos VI a II a. C.
Neste apartado são escalpelizados os ritos de quinze localidades transmontanas, não se percebendo, em rigor, qual o critério de organização, uma vez que as descrições dos rituais dos Reis surgem intercaladas entre as do Natal e as de Santo Estevão, perdendo-se, desta forma, a sequência diacrónica a que se subordina a estrutura global do livro. Digno de registo são as belas quadras, em redondilha maior, declamadas pelos jovens, protagonistas destas celebrações, que lembram, em termos estilísticos, o paralelismo e o leixa-prem das cantigas de amigo.  Estes rituais desenrolam uma vasta e corrosiva crítica social, onde se detetam ressonâncias das cantigas de escárnio e maldizer do século XIII. Aristóteles definiu o homem como um animal que ri. Nietzsche, no século XIX, afirmou: “esta coroa de rosas é a coroa do homem que ri” (1988: 30). Estas sentenças levam-nos a asseverar, sem dissídios nem ambages, que o riso é porventura a forma mais impiedosa de sátira social.

O quarto capítulo narra os ritos celebrados em sete aldeias do planalto mirandês. A origem destes rituais perde-se nos umbrais da memória, associados aos povos Celtas, Gregos e Romanos. Cabe, aqui, sucinta referência ao ciclo de Deméter que simboliza a germinação, o crescimento e a maturação do trigo, e se desenvolveu nos mistérios de Elêusis, sustentado por um ritual complexo. Nestes sete ritos encontramos, com frequência, a luta dos opostos. O triunfo do bem é um prenúncio para a fertilidade da natureza, garante de paz e de harmonia entre os membros da comunidade.

No próximo apeadeiro, o leitor pode comprazer-se com a descrição dos ritos de Carnaval de oito localidades: Lazarim (Lamego), Podence (Macedo de Cavaleiros), Vila Boa de Ousilhão (Vinhais), Santulhão (Vimioso), Sambade e Alfandega da Fé, Aldeia do Xisto de Góis (Pinhel), Lagoa (Mira) e Vale do Ílhavo (Aveiro). Estes desfiles, uns mais rituais do que outros, uma vez que em muitos se sentem, segundo o autor, os efeitos da “turistificação”, estão carregados de sátira social, brotando da torrencial verborreia que sai da boca dos “testamenteiros”, numa clara reminiscência das cantigas de maldizer. Estes ritos conservam ainda alguns resquícios dos primórdios, associados à purificação da comunidade e à renovação da natureza, no momento em que se anuncia e celebra a chegada da primavera e se abandona a estação escura. O fogo, que queima o entrudo, tem o condão de consumir, também, os faltas dos populares que, desta forma, se sentem purificados para enfrentar com ânimo mais um novo ciclo.

No penúltimo capítulo são patenteados dois rituais celebrados na quarta-feira de cinzas: um em Vinhais - com a Morte e os Diabos à solta –, e outro em Bragança – com a tríade: a Morte, o Diabo e a Censura. Talvez, pelo facto de estes ritos se realizarem já em período quaresmal retire força à componente profana e acentue o cariz religioso dos mesmos. No entanto, as origens e a simbologia destes rituais são, no juízo do autor, as mesmas do Carnaval, pois provêm de rituais de fundo pagão, que consistiam na expulsão do inverno e na exaltação da fertilidade. Posteriormente, foi associada a ideia de purificação dos pecados da comunidade, em conformidade com os desígnios da religião católica propostos para o primeiro dia de Quaresma.

Na derradeira estação desta viagem pelos rituais com máscara de Portugal, tem o leitor oportunidade de se deleitar com o relato das festas de São João ou das Bugiadas de Sobrado (Valongo), em jeito de celebração do solstício de verão. Aqui se representa o “ciclo do pão” e o eterno combate entre o Bem e o Mal. A contenda termina com a derrota do Mal, representado pelo rei mouro, quiçá uma readaptação do rito/mito após as guerras da reconquista cristã.
Nos rituais com máscara dissecados por António Tiza, nesta obra, a alegoria, ao contrário do que sucedeu na antiguidade clássica cristalizando-se em logos, palavra, narrativa, manifesta-se em rito, dança, música, pantomina, elementos fundacionais da tragédia, na aceção Nietzscheana.

Sintetizando, o que se sublinha nestes rituais é a legitimação dos atos humanos através de protótipos extra-humanos, criados in illo tempore. É, sem dúvida, para essa época mítica fundacional que o ator/mascarado/careto, mal coloca a máscara, é transportado, abolindo, assim, o tempo cronológico. 
Estes ritos podem, lato sensu, reunir-se em dois grupos: no primeiro, a comunidade solicita o afastamento dos demónios e das doenças, pedindo, também, a remissão das culpas, através da ação renovadora e purificadora do fogo; no segundo, centrado nos rituais que precedem o Ano Novo, celebra-se a fertilidade e a prosperidade, tanto do homem/comunidade como da mãe natureza. Em síntese, todos estes ritos desejam a passagem do caos ao cosmos, que pela repetição cíclica (anual) configuram o eterno retorno, conferindo realidade aos acontecimentos.
A narração de António Tiza é analítica, permitindo intuir a sátira em que assentam os rituais, deixando, igualmente, espaço para o silêncio, visto que, como assevera Heidegger, o silêncio é o modo autêntico da palavra.
Os rituais, aqui descritos, criam solidariedade social, entrelaçam a moral divina e humana, fazendo com que a vida seja significativa para os membros dessas comunidades. Aceita-se, assim, recuperando a epígrafe inicial de Mircea Eliade, que o mascarado regresse, por instantes, aos céus, partilhando a imortalidade dos deuses.
Epilogando, esta obra ao auxiliar o leitor a pensar, dando-lhe a conhecer os ritos imemoriais, que ao longo das centúrias têm enformado a vida e a cultura dessas comunidades, contraria a sentença de Camus, lavrada na obra O Mito de Sísifo, “ganhamos o hábito de viver, antes de adquirirmos o de pensar” (2007: 19).
 

Bibliografia
Camus, Albert. O Mito de Sísifo. Trad. de Urbano Tavares Rodrigues, Lisboa, Livros do Brasil, 2007.
Eliade, Mircea. O Mito do Eterno Retorno, Trad. de Manuela Torres, Lisboa, Edições 70, 2000.
Grimal, Pierre. Dicionário da Mitologia Grega e Romana. Trad. de Victor Jabouille, Lisboa, Difel, 1992.
Nietzsche, Frederico. A Origem da Tragédia. Trad. de Álvaro Ribeiro, Lisboa, Guimarães Editores, 1988.
 

NÓS, TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS - Diogo Fernandes Pato (Vila Real, 1567 – Coimbra, 1620)

Por 1620, na comunidade hebreia de Vila Real, destacava-se um grupo de médicos, advogados e grandes mercadores, ligados por laços familiares: Branca Dias, casada com Manuel Capadoce era irmã do advogado Manuel Dias Catela, pai do médico João Rodrigues Espinosa e de Joana Dias, mãe do advogado Diogo Fernandes Pato e este era irmão de outra Branca Dias, avó materna do diplomata Manuel Fernandes Vila Real.
Diogo Fernandes Pato, o nosso biografado, nasceu em Vila  Real, por 1567, sendo filho de Joana Dias e Pedro Fernandes, o Pato, de alcunha. Aos 15 anos, Diogo rumou a Salamanca, em cuja universidade se matriculou em 1582. Por uma década aparece o seu nome nos livros de matrícula da universidade, estudando Gramática e Leis e saindo advogado em 1592. (1)
Do lado paterno, Diogo teve uma tia, chamada Joana Fernandes, que casou e morou em Vila Real, e foi presa pela inquisição, em 1569 e 1589. (2) E certamente foi por causa disso que os seus filhos e netos abandonaram a terra e foram viver para a Galiza.
Do lado materno falou-se já do tio Manuel Dias Catela e da tia Branca Dias, casada com Manuel Dias Capadoce. Dos filhos destes, vem ao caso referir um Francisco Lopes Capadoce, casado com Helena Rodrigues e uma Violante Dias que casou com Francisco do Vale. Isto porque, em Março de 1518, falecendo a mulher de Francisco Lopes Capadoce, a amortalharam com “uma camisa nova de pano de linho que nunca servira e no mantéu e punhos tinha pontas de renda (…) uma touca boa e formosa (…) e um gibão de canequim e uma coifa e uma fita” e a embrulharam em “um lençol de pano de linho fino de quatro tramos e que não havia servido”…
Na execução desta e de outras cerimónias de amortalhar e prantear a defunta, notou-se a participação de Violante Dias, irmã de Francisco e uma filha desta chamada Leonor do Vale. Aliás, já um ano atrás se fez notado o papel de Violante no amortalhar de um menino de 6 ou 7, como contou uma cristã-velha, dizendo:
- Em uma peça de pano de linho novo e se cortou uma camisa muito comprida, com umas mangas muito compridas que pareciam de roupão (…) e logo se coseu a dita camisa (…) e dizendo ela denunciante à dita Violante Dias para que eram as mangas tão compridas, que seria bom cortar metade delas, que ainda ficavam mangas bastantes; ao que Violante Dias disse que não, que era o dote de menino; mostrando-se muito colérica contra ela denunciante; e logo na dita tarde morreu o menino e o amortalhou a dita Violante Dias na dita camisa nova e em um lençol grande e ela estranhou porque sabia que o dito menino tinha camisas novas e muito boas. (3)
Em Março de 1620, o inquisidor Sebastião Matos Noronha visitou Vila Real e estas e outras cerimónias e comportamentos judaicos foram-lhe denunciados, seguindo-se uma vaga de prisões. Francisco Lopes Capadoce, que ficara viúvo de Helena Rodrigues, não foi preso porque, entretanto fugiu para a Galiza. Violante Dias e a filha foram presas e os seus processos revelem uma atroz crueldade. A filha saiu cega da prisão. E Violante ficou “com chagas no corpo e entrevada e com sinal de lhe ter dado o ar, e em razão de uma enfermidade oculta provável, que por honestidade se não podia ver, e é certo que há muito tempo está desta maneira no dito cárcere, impossibilitada (…) de sair em auto, salvo se a levar em uma cadeira, sem a dita se levantar, e no cárcere se não pode curar, antes ali se acabará de consumir”.
Este foi o testemunho deixado pelos médicos da inquisição, que a observaram, confirmando, aliás, a informação dada pelo alcaide dos cárceres dizendo:
- Depois que veio para estes cárceres está chagada e com muita enfermidade, que faz asco dizer…
Acabaram os inquisidores por deixá-la sair, com fiança abonada para pagar as despesas de alimentação e custas da cadeia, fiança dada pelo mercador Francisco Fernandes Vila Real, pai do citado Manuel Fernandes.
Voltemos à visitação do inquisidor Noronha a Vila Real, em março de 1620. Perante ele apareceu um carpinteiro dizendo que, 10 anos atrás, fez uma obra de carpintaria em casa de Diogo Fernandes Pato. E nesses dias morreu lá em casa, uma cunhada do advogado, irmã de sua mulher, chamada Beatriz Dias, que com eles vivia, estando o marido, Gonçalo Dias Pato, emigrado na Galiza. E então, acrescentou o carpinteiro, notou que por espaço de 15 dias, naquela casa se não cozinhou senão peixe. E ele perguntou a uma criada porque ali se comia só peixe, respondendo esta que os amos não permitiam que se comesse carne por respeito da morte da dita cunhada. O carpinteiro contou ainda que em seguida à morte da mesma Beatriz, a mulher do advogado mandou lançar fora toda a água que havia nos cântaros.
Leonor Lopes, cristã-velha, apareceu também a testemunhar perante o inquisidor, dizendo:
- Havia 10 anos que, morrendo Beatriz Dias, cristã-nova (…) viu ela denunciante que a dita defunta foi enterrada em uma cova virgem no adro de S. Pedro, junto ao monturo, do que houve geral escândalo nesta vila (…) porque sendo a dita defunta rica se não enterrou dentro da dita igreja ou no mosteiro de S. Francisco, onde era fama pública nesta vila que os frades do mosteiro lhe ofereceram sepultura. E também foi pública voz e fama, no dito tempo, nesta vila, que por ordem do dito Diogo Fernandes Pato, foi a dita sua cunhada enterrada na dita sepultura virgem. (4)
A história foi confirmada pelo coveiro que acrescentou pormenores, dizendo que primeiro o mandaram abrir a cova no claustro de S. Francisco, o que ele fez. E que estando a cova aberta, recebeu ordens para a tapar e abrir outra “no adro da freguesia de S. Pedro, no meio de um caminho, em uma cova virgem, lugar onde se não costumava enterrar pessoas. E não quiseram que se enterrasse na cova que estava aberta no dito mosteiro, por não ir a dita defunta vestida com hábito de S. Francisco (como os frades exigiam), senão no lençol novo, como ela foi”.
Obviamente que a responsabilidade de tudo foi imputada ao advogado Diogo Fernandes, preso ao início de abril e que acabou por morrer 8 meses depois, em 9.12.1620, nos cárceres da inquisição de Coimbra.
Diogo morreu, mas o processo não parou e a sentença foi dada 18 anos depois, em 31.10.1638!!! E foi do teor seguinte:
-…Não sendo a prova bastante para condenação, o absolvem (…) e declaram que aos seus ossos se pode dar sepultura eclesiástica e fazer-se por sua alma sufrágios da igreja (…) os bens que lhe foram sequestrados, tiradas as custas dos autos, sejam restituídos a seus herdeiros.
Humor negro, certamente. Pois, onde estariam os bens, 18 anos depois?! E os herdeiros? Obviamente que tinham abandonado a terra que lhe foi madrasta e tinham ido dar vida a outros chãos. Dos 6 filhos que tinha, referência para o Luís Fernandes. Contava uns 4 anos quando o pai foi preso e ele foi levado para a Galiza onde vivia a maior parte da família. Em 1641 casou com Ana de Miranda Ayala, que morreu 3 anos depois. Casou segunda vez, em 1651 com uma filha de Francisco Lopes Capadoce, recebendo o fabuloso dote de 8 mil ducados de prata. A sua morada era então na cidade de Sevilha e o seu trato era a cobrança dos impostos das salinas da Andaluzia, que arrematou na Corte de Madrid. A propósito, diremos que na Espanha de então este sector de atividade era dominado pelo nosso advogado e pelo Fernando Montesinos, originário de Vila Flor.
Mas, os sonhos de Luís eram ainda maiores e, em 1657, liquidou o negócio do sal e foi a Madrid onde arrematou a “alcabala dos 3% de Córdoba”. Em 1663, porém, depois da sua mulher, sogro
e outros membros da família, o poderoso “hombre de negócios” Luís Fernandes Pato, foi preso pela inquisição de Castela. Ao cabo de 7 anos de cativeiro saiu absolvido! Tinha 54 anos.
Uma nota final: Os processos referenciados são deveras interessantes para o estudo do desenvolvimento urbano da cidade de Vila Real e moradas da gente cristã-nova.
Notas e Bibliografia:
1-DIOS, Angel Marcos de – Índice dos Portugueses en la Universidad de Salamanca, jn: Brigantia, vol. XII, nº 3, 1992.
2-ANTT, inq. Coimbra, pº 3705, de Joana Fernandes.
3-ANTT, inq. Lisboa, pº 6074, de Violante Dias.
4-ANTT, inq. Coimbra, pº 7374, de Diogo Fernandes Pato.
5-Francisco Lopes Capa doce nasceu em Vila Real em 1600 e morreu em Toledo em 16.12.1665.
ALMEIDA, A. A. Marques de – Dicionário dos sefarditas Portugueses Mercadores e Gente de Trato, Campo da Comunicação, Lisboa, 2009.
SCHREIBER, Marcus – Marranen in Madrid,  1600 – 1670, Stuttgart, Franz Steiner Verlag, 1904,  pp.  88- 95.

Para acabar de vez com a regionalização

A regionalização surge com os ideais liberais na rejeição ao poder absoluto e centralizado do Poder Real. E mesmo depois da nossa Monarquia passar a Constitucional a regionalização manteve a pertinência como dinamizadora das gentes no sentido de maior participação e da melhor gestão da coisa pública. Em 1836 Mouzinho da Silveira teorizou e Passos Manuel promulgou uma reforma do Código Administrativo que ainda hoje, na sua essência, mantém actualidade. Depois de vicissitudes várias, em 1914 os Republicanos fazem uma proposta de Código Administrativo onde é abandonada a ideia de descentralização. (Henrique Nogueira já tinha avisado que ser Republicano não queria dizer Regionalista.) Isso motivou reações e uma das consequências foi a realização do I Congressos Transmontano, do I Congresso Beirão e o Congresso do Municipalismo em 1922 como formas de pressão sobre o poder central a fim de lograrem a regionalização. Surge também o Mapa de Portugal de Amorim Girão, com o País dividido em Províncias, talvez a coisa mais bonita que a ideia de regionalização produziu (repare-se que uma abstracção, pois as Províncias nunca passaram de um pensamento, acaba por ser o País virtual que a todos cativou e que todos interiorizaram. Tanto orgulho há num que se diz Transmontano como noutro que se diz Alentejano apesar de não haver Trás-os-Montes nem haver Alentejo.). Também Salazar achou muita piada ao Mapa das Províncias. Promulgou-o e meteu-o na gaveta onde ficou até ao 25 de Abril. (Estava-se mesmo a ver Salazar partilhar o poder com os lideres regionais!) E se por um lado ignorou as regiões por outro passou as Câmaras a meras extensões do Poder Central, com Presidente nomeado. Com o 25 de Abril os órgãos de gestão dos Municípios passaram a ser eleitos e Sá Carneiro lançou, então, a ideia da Regionalização que passou a figurar como um objectivo constitucional. Não obstante ser um desígnio Constitucional, António Guterres, talvez o único regionalista convicto e sincero depois de Passos Manuel (digo isto porque uma coisa é querer a Regionalização como forma de obter daí algum poder outra é ter poder e querer a Regionalização como forma de o partilhar), entendeu que não havia condições para a implementar, de cima para baixo, uma vez que figuras com forte peso político como Mário Soares, Cavaco Silva e o consequente arrastamento, se manifestavam contra.”Um erro colossal” dizia Mário Soares da regionalização. Guterres submeteu a Regionalização a referendo. Aqui o PSD pela mão de Marcelo Rebelo de Sousa fez a figura de Pilatos. Era a favor da Regionalização, dizia, mas era contra o Mapa das Regiões. Ainda hoje não se sabe que Mapa defendia. A Regionalização perdeu em referendo. Eis-nos aqui.
Regionalização é a panaceia para todos os males segundo uns, fonte de muitos mais segundo outros. Não será nem uma coisa nem outra mas talvez um pouco das duas. Corresponde a uma subdivisão do território para fins administrativos e costuma ser aplicado em Países ou muito grandes, para agilizar a administração, ou multiétnicos, para respeitar as idiossincrasias das diferentes etnias. Ora, Portugal além de ser um País pequeno é também um País muito homogéneo. Mesmo naquele território, que até ao fim da Monarquia se chamava Reino dos Algarves, não se encontram marcas culturais, religiosas, linguísticas ou outras que o diferenciem do Minho ou das Beiras. Desse ponto de vista, a regionalização em Portugal seria, parafraseando O’neil , “ uma coisa em forma de assim”. Isso não obstou a que eu tivesse votado SIM à regionalização aquando do referendo. Fi-lo porque pensei que o velho chavão “para cá do Marão mandam os que cá estão” não era só fanfarronice (calou fundo o conselho do velho ditador: “se soubesses o que custa mandar, gostarias mais de obedecer”); Fi-lo porque pensei que os Transmontanos ficariam muito orgulhosos de exibir a sua “carta de alforria”, o atestado da sua maioridade cívica e política; Fi-lo porque me pareceu e parece que a distância, geográfica e de mando, entre as autarquias e o poder central é tal que justifica um elo de ligação, um poder intermédio, um interface de poder. Anteriormente esse interface de poder era preenchido pelo Governador Civil mas essa instituição foi completamente esvaziada de poderes e depois, naturalmente, extinta. Ficou aí um vazio de poder. E como não há fome que não dê em fartura não raras vezes assistimos, agora, a matérias tuteladas por várias instituições gerando crises de competências, conflitos de poderes que se sobrepõem e que são multi-distritais como as CCDR(s), as Áreas Metropolitanas, as Comunidades Inter-Municipais. Também não se entende que as regiões criadas por áreas de actividade não sejam coincidentes. As Regiões Militares não coincidem com a divisão que faz o Ministério da Saúde e esta não é igual à da Educação que por sua vez é diferente da da Agricultura. Parece mal que cada um retalhe o País a seu bel-prazer sem o mínimo respeito pelo sentir regional que nos enforma. As matérias supra municipais derivam entre o anárquico e o caótico por falta de coordenação. É esta falta de coordenação, este vazio de poder que a Regionalização iria obviar. Se bem que não é isso que a justifica porque há várias outras formas de resolução. De qualquer forma, para mim, a regionalização…já foi.
A não ser que…
Se se pensar a Regionalização não só como uma metodologia governativa mas antes como alavanca de desenvolvimento aí o caso muda de figura. Se já Trotsky falava na Regionalização como instrumento de correcção dos excessos da “concentração capitalista” também nós podemos falar da Regionalização como correctora das assimetrias regionais, que é dizer, rigorosamente, a mesma coisa. Pensar a Regionalização como uma forma de trazer o desenvolvimento ao Interior. Foi isso que Kubitschek de Oliveira, Presidente do Brasil nos anos 60, pensou quando decidiu erigir Brasília. Ele sabia que nada nem ninguém se deslocaria para o Planalto Central a mil e tantos Km do litoral sem uma motivação forte. E ele deu-lha, mudando para lá a sede do Governo. Brasília, que foi projectada para 500mil habitantes, tem hoje, com a sua cintura, 4,5milhões.
É este ensinamento que eu gostava de ver transposto para o nosso caso. Assim, se o País ficar dividido em parcelas mais ou menos iguais ás áreas de influência das CCR(s), como tudo indica, então a Capital do Norte seria, naturalmente, Bragança. (Não me venham com o argumento da falta de estruturas porque em Brasília não havia mesmo nenhuma.) Assim também a Capital das Beiras deveria ser a Guarda e a do Alentejo, Beja ou Portalegre. Só deslocalizando os Serviços para o Interior é que ele se pode desenvolver. Ora não é assim que pensam as chamadas “capitais naturais” como o Porto ou Coimbra. Esses querem a Regionalização não só para serem a Capital da Região mas também para fazerem dela o trampolim que os torne os “challengers” de Lisboa. E a Regionalização não pode servir para isso.
É evidente que a minha pretensão não tem, minimamente, pés para andar porque mal essa hipótese fosse avançada teria a oposição de toda a massa crítica, de todo o “think tank” portista (no nosso caso) e sobretudo daqueles que, parecendo uns adeptos fervorosos da Regionalização, não passavam, afinal, de uns meros candidatos a Vice-Rei do Norte.

Tempo de Rojões

Aqui, no Ribatejo, também a matança do porco desprovida dos normativos de Bruxelas é revestida da carga simbólica da convivialidade familiar e dos amigos, no entanto, o semblante da festa é outro, embora a garridice das falas jocosas e vernáculas seja forte nas intonações e entoações.
Só que estou agarrado às variações imanentes dos prelúdios e da festa que eram as matanças nas aldeias da Terra Fria deleito-me a evoca-las num consolo de doçura a apaziguar a ausência da fruição directa e empenhada. As matanças são uma bela parte da construção dos ritos e rituais onde o porco assumia a tripla condição de agregador dos parentes e vizinhos chegados, a de se constituir reserva alimentar de sedosas gorduras na maior parte do ano e a no dia do seu finamento proporcionar pitanças preciosas pela natureza sápida, logo prenhas de sapidez. Encontram-se nessa categoria os rojões.
Estamos em tempo de rojões. Estamos em tempo de ver os porcos atados por correias a traves que suportam telhados, os recos esventrados a pingarem gotas de sangue para um barrenhão. Estamos, devia escrever estávamos, a usura do tempo e as consequentes transformações nas usanças assim o determinam.
No pote de cântaro os bocados de carne coziam lentamente na sua própria gordura, uma colher comprida de pau, um colheroto, não os deixava descansar evitando o agarrarem-se, lentamente, ganhavam a cor dourada/acastanhada até estarem prontos a saírem do assanhado calor que não os devia esturricar. Noutro pote, um potinho ladino dos ladinos, afeito a dar consistência a canjas, caldos de unto, côdeas guisadas com cebola, papas e arrozes, rechinavam os rojões do balho, outros nomes têm como torresmos do entretinho, do rissol, e por aí adiante que Portugal não é tão pequeno assim.
Numa travessa grande repousavam os rojões maiores, alguns dos intervenientes na matança, normalmente o sangrador atrevia-se a pedir um já a noite crescia. Dava salivada inveja e refinado gozo ver o homem da faca pontiaguda, após ter colocado o rojão (rijão) sob uma fatia de pão trigo (naquele dia comia-se níveo pão desse cereal), auxiliado por uma navalha de meia-lua o feliz contemplado fatiar em finas fatias aquele carne magra entremeada com gordura leitosa que se derretia na boca retirada do animal mais amigo do homem porque se come da ponta da cabeça ao fim do rabo.
Os rojões do balho no dia imediato, exibindo impecável fritura – dourada, estaladiça e seca –, comiam-se frios, trazendo agarradas partículas de gordura branca só por si a proporcionar sensações de excelsa agradabilidade palatal tão difícil de explicar quão intensa foi no momento da degustação.
Sim, estas notas de felicidade colhi-as em casa da minha avó materna, sim estou a cometer o mesmo erro de todos quantos a propósito de tudo, a propósito de nada, só sabem elogiar os comeres da lavra das suas avós e mães, na ausência da minha mãe prematuramente falecida trago a terreiro a Avó figura tutelar, mas podem acreditar sem farroncas disparatadas, ela cozinhava primorosamente no quadro da cozinha oral e rural. E, eu conheço bem do que opino neste campo.
Os rojões constituíam uma reserva alimentar de enorme importância, conservavam-se durante bastante tempo imersos na sua própria gordura, os do balho amenizavam a primeira refeição do dia e do espaço intervalar chamado o taco, os d maior dimensão, da cobiçada febra, emprestavam consistência a uma dieta alimentar monótona devida à falta de outras matérias-primas num quadro de forçada parcimónia rodeada de penúria e fome a atingirem larga fatia das comunidades.
Aquando da Norcaça edição deste ano passei fugazmente pelo certame devido à apresentação de um livro da minha autoria, dada a hora do acontecimento jantei na nave do Nerba, no restaurante Javali, o jovem Fábio Gonçalves ao modo de entretém de boca enquanto não surgiu sobre a mesa uma excelente lebre já não saltarilha, serviu-me rojões de graciosa catadura. Amenizou a saudade dos rojões, todavia a hora não era a mais propícia para os honrar como mereciam.
Ser possível é, se é negócio rentável não sei, no entanto, seria cliente fiel se encontrasse à venda rojões de porco bísaro enlatados ou enfrascados da mesma forma que encontro perdizes e outros mimos nas casas de venda de delicadezas gastronómicas. Os galegos exportam grelos medidos nos frascos, os da Cantábria ovas, filetes de anchova, manteiga e queijos, os de Múrcia as aludidas perdizes, não vale a pena continuar senão obrigava-me a deter-me nos patés, nos peixes fumado e tutti-quanti das especialidades de toda a Europa. E os rojões?
Não sei responder à interrogação, sei, isso sim, clamar no deserto a recordar os rojões louros, de febra magra, prenhos de filamentos destinados a nos concederem momentos de felicidade neste vale de lágrimas caídas em terras sedentas que as chuvas recentes não apaziguaram a sede.
Escrevo interesseiramente, na esperança do meu amigo Alberto Fernandes estudar a possibilidade de apresentar rojões fora do seu restaurante, certamente, outras pessoas pesarosas pela ausência de rojões originários do terrunho transmontano também os incluiriam no seu cesto de compras satisfazendo desejos não provindos de gravidez uterina, sim plasmados no hipotálamo recebedor dos estímulos cerebrais. O casal Damásio explica agudamente tal tipo de sentimentos, suas raízes e ramos.

Vendavais - Os Homens do leme

Nas voltas que o mundo dá e no dia-a-dia de cada um de nós, sucede de tudo um pouco. Sucessos e desastres, vitórias e derrotas.
As derrotas não são muito lembradas embora algumas sirvam de exemplos para que outros as não imitem pelo menos no que elas têm de menos bom. As vitórias, essas são mais saborosas, mas nem todos as consideram assim tão dignas de serem referenciadas.
Na verdade, as vitórias apesar de serem sempre vitórias, são vistas quase sempre com olhos críticos e mesmo até acusadores. Tudo depende de quem vê e o que pretende ver. Os olhos de um político não vêm o mesmo que os olhos do vencedor, especialmente se ao político não interessar esse tipo de vitória ou se esta for contrária ao seu objetivo político. Do mesmo modo, se a vitória ou o sucesso for de índole diferente da económica, os olhos que a vêm podem não gostar da vertente em análise e que é considerada um sucesso.
Há pois, deste modo, quem analise tanto os sucessos como as derrotas de um modo diferente. Mas tudo isto tem uma outra análise bem mais profunda quando o derrotado ou o vitorioso deixa o mundo dos críticos e se vai juntar aos que nada têm a dizer. Nessa altura são referenciados pelo que fizeram, pelo que deixaram, pelo que viveram, enfim, pela sua obra. E é esta obra que passa a ser analisada e discutida. Diz o povo que todos depois de morrer se tornam boas pessoas. Pois é. Infelizmente é assim mesmo, com algumas exceções como é óbvio.
Durante muitos anos ouvimos falar, com mais ou menos críticas, de Belmiro de Azevedo. Muitos o elogiaram pelo que fez e pelo modo como o fez. Homem simples, que subiu a pulso toda a sua vida e que conseguiu ajudar milhares de pessoas e foi um dos maiores empregadores deste país nos últimos trinta anos. É verdade que era um homem muito rico, mas soube sê-lo e soube usar essa sua capacidade com toda a imparcialidade política que todos lhe reconheceram. Aqui residia a sua maior riqueza. Não estava nem nunca esteve refém de nenhuma política nem de nenhum governo. Soube ser isento e deu disso exemplo. Era um homem de negócios e ao longo da sua vida também teve algumas derrotas, mas foi afinal um vencedor nato. Morreu novo, mas deixou uma obra extraordinária em termos económicos por todo o país, obra essa que emprega milhares de pessoas. Exigente, mas reconhecedor do esforço e do trabalho dos seus empregados. Afinal quem critica este homem? Quem critica a sua obra? Evidentemente só o poderiam fazer os políticos de esquerda ou extrema-esquerda que vêm a riqueza como o submundo das vivências humanas, como o lamaçal da vida que proporcionam a quem se cruza por essas bandas. Mas não tem de ser assim e não foi assim. Depois da sua morte, quase todos reconhecem o homem íntegro, trabalhador, direto e imparcial que foi. Resta agora à família, continuar a sua obra com a dignidade e o reconhecimento que ele merece. Afinal de contas ele foi um dos homens do leme da economia deste país!
Mas não foi o único. Deixou-nos e partiu para sempre outro homem do leme. Zé Pedro deu um Xuto na vida e neste mundo e, com a imensa mágoa que recordamos esse momento, ele morreu. Não era homem de negócios. Não era homem de arrebanhar derrotas. Não era criticado pelo que fazia ou deixava de fazer. Era um homem de consensos. Era um homem que navegava no meio de colcheias e semifusas. Foi o fundador, ou um dos fundadores do grupo que ao fim de tantos anos no meio musical português ainda se mantém ativo. Agora com menos um elemento. O rock português perdeu um músico fantástico. A sua viola calou-se. As notas com que marcou canções como o Homem do Leme, acompanharam-no na despedida. Ele foi de facto, o homem do leme dos Xutos e Pontapés. Mas não foi o único. Claro que não. Que diríamos hoje se em vez dele tivesse partido um outro elemento do grupo? Seria outro homem do leme certamente, que perderíamos.
Tanto na despedida de um como de outro, esteve um outro Homem do Leme. Talvez porque era muito importante que estivesse nessa despedida e em comunhão com a dor sentida por todo o país, Marcelo, o Presidente da República disse presente. Outros não tiveram essa coragem! Os interesses pessoais ou intenções políticas, impediram-nos de fazer jus à importância dos Homens do Leme! Paciência.
No meio de toda esta azáfama política e social, resta agora ver quem se tornará o próximo Homem do Leme. Novamente por razões políticas, há quem concorde e quem discorde de ver que a possibilidade de Mário Centeno ser eleito para o Eurogrupo. E quem discorda? Quem são os que não lhes diz nada que tal aconteça? Sempre os mesmos. Os partidos de extrema-esquerda. Porquê? A Europa não lhes diz nada! Como é possível? Que ignomínia! Afinal, o que mais necessitamos são Homens do Leme neste país à deriva.

Está no tempo de as bater, bem batidas!...

Ter, 05/12/2017 - 10:41


Olá familiazinha!
Somos chegados ao último mês do ano, o mês do Natal.
As geadas marcam presença assídua nas madrugadas frias, o que faz com que muita gente da família já comece a pensar na matança do seu cevado, embora uns por problemas de saúde e outros por falta de tempo, cada vez haja menos quem possa criar porcos, pois dá muito trabalho e despesa.
No dia 30 de Novembro quem fez anos foi o nosso ministro dos parabéns, nomeado assim por ser ele que, durante todo o ano, canta os parabéns a quem está de aniversário.
É ele o meu João André: João porque eu não sou e André por ter nascido no dia deste santo.No dia do seu aniversário não lhe faltaram muitos miminhos de toda a família.
Na semana passada também esteve de parabéns a nossa avó Laurinda, de Bragança, que festejou a sua juventude dos 90 anos, a matriarca dos Farruquinhos; também a tia Otília, de Coelhoso (Bragança), a tal ‘riquíssima’ que tem sete casais de filhos, completou 78 anos e o tio Mendonça, de Canavezes (Valpaços) fez 82 anos de vida. Parabéns a todos e que tenham muita saúde.
Para a semana trago-vos o almoço de natal da família do tio João, mas por agora vamos à azeitona!...