Ter, 14/10/2008 - 10:45
As potencialidades desta zona rochosa foram reveladas, no passado sábado, no Museu do Ferro de Torre de Moncorvo, pelo professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Alexandre Campos Lima. Durante a palestra subordinada ao tema “Minas de Ouro Romanas em Portugal”, o estudioso baseou-se na tese de mestrado da autoria de Carla Martins para falar sobre o “castro” de Nossa Senhora do Castelo de Urros e do “Buraco dos Mouros”.
Na óptica de Alexandre Lima, este local encontra-se na zona de charneira de uma dobra geológica, onde há intercalações de rocha negra, havendo fortes possibilidades de ocorrência de precipitação de fluidos ricos em ouro. Este metal terá sido explorado durante a ocupação dos Romanos.
De acordo com alguns historiadores, as minas de ferro têm ligação às explorações de ouro, até porque o ferro permite a criação de ferramentas para extrair o ouro da rocha. Na época da mecanização esta teoria está completamente ultrapassada, mas fazia todo o sentido há milhares de anos atrás.
Ainda no concelho de Torre de Moncorvo, o encarregado do Museu do Ferro, Nélson Campos, revela que, de acordo com uma fonte do século XVIII, houve aproveitamento de ouro aluvial no rio Douro, no termo de Peredo dos Castelhanos.
Estudioso recomenda prospecções geológicas nas encostas do rio Sabor, para detectar vestígios de ouro
Além disso, o responsável salienta ainda que, à luz de documentação do século XIX, terá existido uma mina importante de ouro entre o chafariz de Lamelas e o rio Sabor. Aliás, em prospecções realizadas por uma equipa do Projecto Arqueológico da Região de Moncorvo, em 2006, foi descoberta uma escombreira muito antiga junto a um valado, que, actualmente, está coberta por densa vegetação.
Perante estes factos, Alexandre Lima sugeriu a criação de uma equipa multidisciplinar, formada por geólogos e arqueólogos, para estudar o fenómeno do ouro numa terra rica em ferro.
Na óptica do estudioso, estes locais também podem ser aproveitados para fins turísticos, tal como já acontece noutros pontos do País. Exemplo disso em Trás-os-Montes é o caso de Jales e Três Minas, onde o município de Vila Pouca de Aguiar investiu na criação de um Centro Interpretativo, que disponibiliza visitas guiadas ao complexo mineiro.
Recorde-se que no concelho de Bragança há, igualmente, vestígios de exploração de ouro nas localidades de Guadramil e França, onde foram levadas a cabo prospecções geológicas recentemente.
Durante a palestra, Alexandre Lima falou, ainda, de diversas explorações de ouro de Norte a Sul do País e falou, em especial, do complexo de Castromil, no concelho de Paredes, do qual é responsável pelos estudos realizados.