Ter, 23/11/2010 - 10:47
O seu nome baptiza um largo da localidade, junto à casa onde nasceu, mesmo ao lado da igreja matriz. São raros os ali nascidos que têm direito a tal honra e distinção. Apesar de o professor, político e escritor já não ser visita assídua da sua terra natal, os seus conterrâneos não escondem uma pontinha de orgulho por daquela aldeia humilde ter saído um homem que se conseguiu impor no panorama da política nacional, mesmo que em alguns momentos o seu percurso tenha sido controverso e alvo de ataques.
Adriano Moreira, nascido em 6 de Setembro de 1922, rumou cedo para a capital, na companhia dos pais que foram para Lisboa em busca de uma melhor sorte para os filhos, livrando-os assim da vida dura na lavoura.
Na localidade são já poucos os que se lembram desses tempos, mas os ecos que perduraram ao longo dos anos dão conta de que o jovem Adriano cedo se destacou na escola pela sua inteligência, chegando a ser apelidado de brilhante. O seu currículo vasto não deixa margens para grandes dúvidas. Destacou-se pelo seu percurso académico e pelo seu historial antes de se tornar Ministro do Ultramar durante o Estado Novo. O seu trajecto foi atribulado, tendo sido repudiado durante a era PREC e alvo de forte contestação.
Contestação em período eleitoral deixou estadista magoado com algumas gentes da terra
Durante muitos anos manteve a ligação à terra que o viu nascer, onde se deslocava com frequência. Acabou por se afastar por ter ficado sentido com um episódio desagradável. “Vinha muito, mas foi deixando de vir porque ficou magoado com a atitude de algumas pessoas que, na altura em que ele foi candidato pelo CDS, o trataram mal durante uma visita”, contou Valentim de Jesus, ainda parente do professor. São várias as pessoas que na localidade recordam o episódio, sucedido nos anos 80, em que os populares receberam mal Adriano Moreira. “Foi difícil pegar no povo, estavam revoltados com ele por ser de um partido de direita”, acrescentou o residente.
Até há poucos anos, o professor conservou a antiga casa dos pais em Grijó, mas vendeu-a a uns familiares há meia dúzia de anos. Foi restaurada há pouco tempo, mas ainda conserva traços da fachada original.
Junta de Freguesia tenciona organizar homenagem no próximo dia 11 de Dezembro
Na aldeia o estadista nutre simpatia por parte da maioria, enterrado que está o passado. São muitos os que ainda sabem enumerar os benefícios que Adriano Moreira levou para a terra, mas o marco mais importante foi a ajuda “fundamental”, garantem, que deu para a electrificação da aldeia, quando era ministro do Ultramar, ainda no tempo do Estado Novo. Aliás, Grijó foi das primeiras localidades a ser electrificada. Deu ainda pequenas ajudas para a recuperação da igreja. “Mas ele tem razão em ter deixado de ajudar, porque foi muito discriminado. Cada um deve ter direito a seguir a ideologia que entende”, afirmou Valentim de Jesus.
Os pais de Adriano Moreira, António José Moreira e a esposa Leopoldina do Céu Alves, ambos transmontanos, mantiveram sempre a ligação à terra que os viu nasceu e transmitiram esse amor aos filhos.
Segundo o Jornal Nordeste apurou na localidade, a Junta de Freguesia de Grijó tenciona distinguir o professor no próximo dia 11 de Dezembro. Na aldeia, porém, há quem diga que se deviam ter antecipado a Bragança, onde a Câmara Municipal o tem agraciado com várias homenagens.
Glória Lopes