class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-180185 node-type-noticia">

            

Barragem submerge recordações do Baixo Sabor

Sex, 24/04/2015 - 00:32


Empreendimento hidroeléctrico fez desaparecer uma vasta mancha de olival e amendoal

Considerada uma das mais intocáveis do País, a paisagem envolvente do rio Sabor nunca mais foi a mesma com a construção da barragem. As praias fluviais, as zonas de pesca e os parques de merendas já estão submersos e deixam saudades nos habitantes das localidades próximas da zona ribeirinha.
Luís Bento tem 24 anos. É um dos habitantes de Felgar, no concelho de Torre de Moncorvo que cresceu com o rio Sabor aos pés. Agora tudo mudou. Deixou para trás os dias de pesca com os amigos ou os passeios à beira rio. Grande parte das amendoeiras, que estariam agora em flor, foram também engolidas pela água. Agora são apenas lembranças. “Tínhamos um acesso a toda a volta do nossso termo junto ao rio e hoje nem o acesso que nos estragaram nos compuseram”, constata o jovem.
Barbo, escalo, carpa ou percas são algumas das espécies que eram pescadas no rio Sabor. Numa manhã, Luís Bento chegava a pescar cerca de dois quilos destes peixes, agora não chega a 200 gramas. Apesar de terem sido repostas na barragem, os pescadores queixam-se do excesso de libertação de peixe, que facilita a pesca de rede e faz com que desapareça a pesca desportiva.“Houve muita libertação de peixe que não dá para ele se repor. Os pescadores de rede retiram-nos todo esse peixe que foi fornecido para a barragem. A pesca de rede devia ter estado bloqueada durante algum tempo para a reposição dos peixes. Antes da barargem conseguíamos fazer uma boa pescaria, mas hoje em dia não temos esse prazer, porque a pesca está a ser governada pelos pescadores de rede. Isso traz-nos muita revolta”, frisa o pescador.
Mas o jovem vai também recordar para sempre os bons momentos que passou nas margens do rio, agora submersas. “A barragem é prejudicial na pesca e no convívio que as pessoas tinham ao fim-de-semana, que se juntavam à borda do rio. As crianças podiam tomar banho, tinham pé, e hoje em dia não temos nada. Vamos ter um clima totalmente diferente, tínhamos uma paisagem bonita. Crescemos com as amendoeiras em flor e, hoje em dia quase nem existem”, repara.