Gestão florestal nas áreas protegidas continua a ser um problema

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Ter, 07/07/2020 - 10:22


A gestão dos baldios na região foi o principal problema levantado por Armando Pacheco, presidente da Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais, entidade que, no sábado, promoveu a discussão da gestão florestal em áreas protegidas.

“Temos milhares de euros nestes baldios e não há retorno”, explicou. No colóquio foi dado o exemplo de uma aldeia, com dez habitantes, que “tem um dos maiores baldios do concelho de Bragança”, que “deve valer para cima de 30 milhões de euros”. Armando Pacheco não compreende “porque é que não há rentabilidade e não se dá condições a estas pessoas, que viveram a proteger esta floresta”. O presidente da associação, com sede em Mogadouro, referiu que “a gestão florestal não existe” e lembrou que se se passar a fronteira se percebe que “aquelas aldeias vivem bem com os baldios”. Também Hernâni Dias, presidente da câmara de Bragança, denuncia as dificuldades na gestão florestal do seu concelho, na àrea protegida. O Parque Natural de Montesinho integra uma boa parte do concelho e, segundo o autarca, “há projectos para ser implementados, nomeadamente ao nível das Zonas de Intervenção Florestal, com verbas muito significativas, a rondar um milhão de euros, e não o podem ser porque há um conjunto de restrições associadas a estas áreas, o que é absolutamente condenável”. No colóquio também esteve a directora regional do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas do Norte. Confrontada com as limitações que tem sido criadas no Parque Natural de Montesinho, Sandra Sarmento frisou que “áreas como esta, que precisam de manter o seu nível de conservação, necessitam de um conjunto de orientações e de regras, que são importantes e é necessário cumprir”. Sendo que “é sempre possível compatibilizar com alguns ajustamentos”, reiterou que intervenções no âmbito das ZIF poderão ser avaliadas, dependendo das situações. A secretária de Estado da Valorização do Interior também marcou presença no colóquio. Isabel Ferreira lembrou que há vários programas para estas áreas, destacando o cadastro simplificado, a medida implementada para mapear os terrenos sem proprietários e identificar se os mesmos pertencem ao Estado ou a privados, que tem já abertos os avisos para a região norte e centro. “Temos que olhar para estes territórios de forma diferente e fazer programas adaptados”, explicou a governante. Este colóquio teve lugar no BrigantiaEcopark, em Bragança, no fim-de-semana. Nele participaram ainda o ex-secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Regional, Miguel Freitas, e o presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes, Artur Nunes.

Jornalista: 
Carina Alves