Municípios de Macedo e Vinhais aprovaram moção a reclamar ligação à Gudiña

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Ter, 03/11/2020 - 11:53


Os municípios de Macedo de Cavaleiros e Vinhais protestam contra a não inclusão da ligação transfronteiriça entre Macedo-Vinhais-Gudiña no Programa Nacional de Investimentos 2030.

Para manifestar o seu descontentamento, vão enviar as moções ao Presidente da República, Primeiro-ministro e aos ministros da Economia, Finanças e do Planeamento e das Infra-estruturas. As duas câmaras consideram “prioritário” o prolongamento para norte do IP2, partindo de Macedo de Cavaleiros, passando pela Moimenta até à Gudiña, em Espanha, ligando à A52 e à estação do Alta Velocidade Espanhola das Portas da Galiza. O presidente da câmara de Vinhais entende que as vias de comunicação são “fundamentais” no desenvolvimento de uma região e destacou ainda que com a construção desta ligação rodoviária, o concelho passaria a estar a 20 minutos da Gudiña, onde está uma estação do AVE, para transporte de pessoas, mas também de mercadorias. “Claro que isto permitiria que mais empresas se instalassem na região e, por consequência, permitia mais emprego e mais pessoas viriam para esta região e não haveria cada vez menos população, como está acontecer”, afirmou Luís Fernandes, explicando que este investimento é importante para os concelhos de Vinhais e Macedo de Cavaleiros, mas também para a toda a região e até para o país. Recentemente, na Cimeira Ibérica, foi anunciada a construção da ligação Bragança-Puebla de Sanabria e Miranda da Douro-Zamora. Ainda assim, o presidente da câmara de Vinhais defende que “quantas mais ligações a região tiver, melhor”. “Não é uma questão de uma ligação em vez da outra, aquilo que reivindicamos é mais esta ligação, que é um erro não se fazer”. O presidente da câmara de Macedo de Cavaleiros acredita que esta ligação transfronteiriça iria diminuir as assimetrias entre regiões, nomeadamente entre o interior e o litoral e até o interior e a Europa. Benjamim Rodrigues frisou que, neste momento, “apenas são privilegiadas as ligações a Castilla-León”, onde não vê “francos benefícios de desenvolvimento económico”. “No PNI temos apenas as ligações a Castilla-León, através de Miranda do Douro-Zamora e através de Bragança-Puebla de Sanabria, aliás com as quais nós concordamos, quantas mais ligações tivermos ao território espanhol melhor, mas para nós esta ligação é primordial para o desenvolvimento económico”, afirmou. O autarca informou que tem havido intenções de instalação de “grandes empresários espanhóis”, da Galiza, na zona industrial de Macedo de Cavaleiros, mas que a “falta de incentivo e abertura do Plano de Mobilidade Regional” não fomenta esse desenvolvimento. “Apelamos ao governo [português] para que reinclua esta ideia, até porque da parte do governo autónomo da Galiza e da diputación de Ourense já foi feito um documento, assinado por cerca de 20 municípios, entre os quais os municípios transmontanos, em que eles se comprometem a fazer a ligação à fronteira até Vinhais, portanto resta que haja vontade e visibilidade acima de tudo”. Jorge Gomes, presidente da Federação Distrital de Bragança do PS, já tinha salientado a importância desta ligação. Ao Jornal Nordeste disse ter tido uma reunião com o ministro das Infra-estruturas, antes do PNI 2030 ter sido elaborado, tendo manifestado a importância desta ligação. Apesar de não ter sido incluída neste plano, o deputado considera que o “orçamento é dinâmico” e, por isso ainda pode sofrer alterações consoante as necessidades. “Nós vamos trabalhar nisso. Eu, enquanto deputado, estarei aqui à disposição dos nossos autarcas para trabalharmos para que isto possa ser uma realidade”, afirmou Jorge Gomes, reforçando que a construção da ligação Bragança-Puebla de Sanabria “não implica” que não se faça a ligação Macedo-Vinhais-Gudiña. “Esta ligação podia potenciar a criação de empresas. Por exemplo, a Faurecia, em Bragança, apanharia a Auto-estrada que vai a Macedo de Cavaleiros e depois o IP2 para a Gudiña e passava a ter um transporte rápido, de alta velocidade, ferroviário o que reduz imenso os custos e passaria a ser um pólo de atractividade”. Entretanto, a Conselheira de Infra-estruturas e Mobilidade da Junta da Galiza enviou ao ministro dos Transportes de Espanha uma carta em que considera que “a estação da Gudiña supõe um oportunidade que não se pode desperdiçar para apoiar o desenvolvimento e as oportunidades do que se chama “España Vacía” e para reforçar os vínculos transfronteiriços entre Espanha e Portugal”. Na carta pode ler-se ainda que todos os subscritores consideram que “foi um erro não ter em conta esta ligação internacional transfronteiriça que temos solicitado há muito tempo, mas também é certo que concordamos que ainda há tempo para que o Ministério a inclua nos planos de resiliência que Portugal e Espanha esperam apresentar à União Europeia para captar fundos para infra-estruturas transfronteiriças”.

Jornalista: 
Ângela Pais