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Potencialidades dos baldios mal aproveitadas

Qui, 19/12/2019 - 11:08


As potencialidades dos baldios são muitas, mas não estão a ser devidamente aproveitadas em Portugal, segundo Pedro Gomes, da Federação Nacional dos Baldios. Para este engenheiro florestal, um dos entraves está relacionado com o facto de as decisões sobre estes territórios, maioritariamente no interior, serem tomadas “no litoral” e por pessoas que estão que nem sempre conhecem bem a realidade do meio rural.

“É completamente diferente haver pessoas externas ao território a decidir o que ali se passa. Muitas das condicionantes que são impostas são por pessoas que não habitam no território”, salientou o responsável. Pedro Gomes sustenta ainda que “se não houver o cuidado de ter em atenção as populações e se se fixar apenas na parte biológica do território acaba por se promover a desertificação”, factor que considera o principal problema dos baldios. O engenheiro florestal aponta ainda que os habitantes destas áreas são “pessoas com bastante idade, muitas não têm a formação que deveriam, nem foram capacitadas para gerir os seus territórios da melhor forma e muitas das decisões que são tomadas acabam por ultrapassar essas pessoas”. Este representante da Federação Nacional dos Baldios critica também o turismo que se pratica em zonas de montanha, que, na sua opinião, “não está a deixar benefícios para as populações”, porque esses visitantes, “normalmente dos meios urbanos, olham para estes territórios como paisagem e voltam para as suas localidades sem promover o desenvolvimento de uma economia local”. Além de defender que as comunidades deveriam ser ressarcidas pelos serviços de ecossistema prestados, Pedro Gomes entende que deveriam ser também compensadas pelas actividades que são interditas nas áreas protegidas. “Toda a gente valoriza este tipo de território, mesmo com todas as questões condicionantes aplicadas pelo Estado, como o facto de estarem em parques naturais ou em Rede Natura 2000, mas que impedem as populações de ter acesso a muitos dos investimentos que deveriam ter acesso, tal como os parques eólicos, pedreiras, sem qualquer tipo de compensação”, afirmou. Este técnico reconhece que nestes sítios deve “ser preservado um conjunto de valores naturais”, mas defende que por outro lado “as pessoas têm de ser ressarcidas pelo impacto económico que tem a impossibilidade de outro tipo de investimentos”. Estas ideias foram defendidas nas “Jornadas  Montanha, desporto e desenvolvimento sustentável”, promovidas, dias 13 e 14 de Dezembro, pelo Instituto Politécnico de Bragança e pela Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada. O presidente desta última entidade, Carlos Gomes, considera que a região tem muito potencial neste tipo de actividades. “Nós vamos fazendo coisas por aqui, exploramos, escolhemos um percurso que tenha determinadas componentes desportivas e que tenha componente de aventura, nem sempre com muito risco”, explicou, referindo que no Parque Natural de Montesinho, há sempre alguns condicionamentos. João Azevedo, do Centro de Investigação de Montanha, explicou que o tema foi escolhido porque “as actividades de ar livre e montanhismo são interessantes e um promotor de desenvolvimento” e que na região “são pouco desenvolvidas”, apesar do potencial “ser enorme”. As jornadas serviram para comemorar o Dia Internacional do Montanhismo, que se assinala anualmente a 11 de Dezembro. Além das comunicações, o programa incluiu uma caminhada no PNM.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro